Damaris Cudworth Masham

(1659 – 1708)

por Tessa Moura Lacerda, professora do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) – Lattes

e Vivianne de Castilho Moreira, professora do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Lattes

Damaris Cudworth Masham – PDF

Por Todd Whitesides – http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=102819325, CC0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=54043683

Informações biográficas

Damaris Cudworth Masham, também conhecida como Lady Masham, nasceu em Cambridge, em 18 de janeiro de 1659, e faleceu em Londres, em 20 de abril de 1708. Era filha de Ralph Cudworth, filósofo platônico que lecionava na Universidade de Cambridge. Casou-se com Sir Francis Masham, de quem assumiu o sobrenome, conforme o costume da época. Já viúvo, Sir Masham trouxe do primeiro casamento nove filhos. A estes se somou o único filho do casal, Francis Cudworth Masham.

Como a maioria das mulheres de seu tempo, Lady Masham não recebeu educação formal. Em contrapartida, teve o privilégio raro de transitar, desde a infância, em círculos acadêmicos: primeiro graças ao ambiente intelectual de que seu pai fazia parte; depois de adulta, em virtude da profunda amizade com o filósofo John Locke. Locke chegou a morar por 14 anos na residência dos Masham em Oates, onde, aliás, veio a falecer em 1704, deixando uma biblioteca de mais de 4.000 livros, além de vários instrumentos científicos. Durante esse período, foi preceptor do filho do casal, para quem legou em testamento uma vultosa herança. Graças a Locke, a família Masham pôde também frequentar um círculo seleto de intelectuais interlocutores do filósofo. Sir Isaac Newton foi uma das visitas ilustres que Locke recebeu quando residia com a família Masham.

Essas circunstâncias permitiram que Lady Masham tomasse parte, como poucas mulheres de seu tempo, em debates filosóficos. Mas seu protagonismo nesses debates e a reputação que conquistou estão longe de se explicar apenas pelas circunstâncias. Ao contrário, eles atestam o interesse que, desde muito jovem, a filósofa manifestou pelo conhecimento e pelas novidades científicas do seu tempo. Foi sozinha e já adulta, por exemplo, que aprendeu latim, seguindo o método recomendado por Locke em sua obra Some Thoughts Concerning Education [Algumas Reflexões Sobre Educação] cf. (Hutton, 2020). Masham era, naturalmente, profunda conhecedora do pensamento de seu pai, bem como de outros platônicos de Cambridge, como Henry More e John Smith. Mostrava também desenvoltura nas obras de Descartes e Malebranche.

Todo esse estofo transparece nas correspondências que trocou, bem como nas duas obras que publicou, embora anonimamente, sobre filosofia moral, metafísica e educação das mulheres: Discourse Concerning the Love of God [Discurso sobre o amor de Deus] (1696), no qual se posiciona a respeito da teoria da causalidade contra a tese ocasionalista; e Occasional Thoughts in Reference to a Vertuous or Christian Life [Pensamentos ocasionais a respeito de uma vida cristã virtuosa] (1705). Dentre os pensadores e cientistas com quem Lady Masham manteve correspondência sobre temas filosóficos, morais e metafísicos diversos, destacam-se G. W. Leibniz, Jean Le Clerc, Philip Van Limborch, Lord Shaftesbury, além, naturalmente, do amigo John Locke.

Obra

1. Discurso sobre o amor de Deus (1696)

O Discourse Concerning the Love of God [Discurso sobre o amor de Deus] foi publicado anonimamente por Masham em 1696. É de se presumir, porém, que sua autoria era conhecida, já que quando, quase dez anos mais tarde, a obra foi publicada na tradução em francês (Amsterdã: 1705), recebeu um prefácio de Pierre Coste que faz alusão à autora. O tema central do livro é a causalidade e a crítica ao ocasionalismo. Em síntese, Masham sustenta a efetividade das relações causais entre as criaturas, nessa mesma toada dirigindo críticas à perspectiva ocasionalista. De acordo com esta última, as interações entre as criaturas que aparecem como relações causais seriam, no rigor metafísico, frutos da intervenção direta divina, destinadas a manter o equilíbrio do todo. Dito de outro modo, as criaturas não exerceriam influência direta umas sobre as outras, mas corresponderiam apenas às ocasiões em que Deus produziria efeitos nos existentes.

No tratado, é sobretudo a versão do ocasionalismo sustentada por um jovem autor, a quem nomeia “Senhor N.”, que a filósofa critica. Segundo Masham, o autor, que é provavelmente John Norris, defende que só percebemos as coisas em Deus e que é só a Deus que devemos ter amor (Masham, 2017, p.30). Masham rejeita ambas as teses e sublinha que a primeira jamais foi provada. Aliás, ela vai além, declarando suspeitar que talvez jamais possa sê-lo (Masham, 2017, p.20). E rebate a segunda tese sustentando que, quando dizemos amar um filho ou um amigo, queremos dizer que sentimos prazer neles; e quando dizemos amar a Deus sobre todas as coisas, é porque Ele é o maior bem existente e que, portanto, há um deleite ainda maior do que haveria no amor a um filho ou um amigo. E completa:

“Quando digo que me amo, também quero dizer que meu ser é querido e agradável para mim. Dizer que se ama uma coisa, e que é nisso que se tem prazer, é o mesmo. ‘Amor’ é apenas um nome dado à disposição ou o ato da mente que encontramos em nós mesmos para qualquer coisa que nos agrade”. (Masham, 2017, p.5)

Portanto, dizer que amamos as coisas criadas é dizer que elas nos dão prazer e que contribuem para nosso bem. Se essas coisas forem meras causas ocasionais, ou seja, se nossa relação com elas não for direta, fruto de uma causalidade eficiente entre nós e elas, mas apenas uma relação mediada pela ação de Deus, o papel que elas desempenham em nossa vida prática desaparecerá. E desaparecerá, com ele, o próprio amor por elas, ou, mais precisamente, o prazer que o embasa, já que este deveria ser entendido, então, como efeito da ação divina sobre nós, e não como um sentimento que aquelas coisas suscitam em nós. A filósofa rejeita essa consequência e é severa contra os ocasionalistas:

“Dada a sua ignorância de qualquer outra maneira de explicar a natureza de nossas ideias e percepções, eles — as pessoas com quem estou discutindo — dificilmente podem perceber o que significam seus próprios argumentos, a menos que tenham uma ótima opinião sobre suas próprias habilidades ou uma péssima opinião a respeito do poder e da sabedoria de Deus!”. (Masham, 2017, p.8)

Lady Masham prossegue em sua crítica ponderando que, se percebêssemos em Deus todas as nossas ideias, os órgãos do sentido em sua maravilhosa construção seriam supérfluos. Partindo dessa ponderação, ela contesta com veemência a tese ocasionalista no Discurso sobre o amor de Deus,considerando que essa tese culmina por limitar a infinita sabedoria divina. Ainda segundo ela, a tese tem consequências indesejáveis para a vida em sociedade, pois se apenas Deus é objeto de nosso amor, e tudo o mais é uma causa ocasional de amor, então, no rigor, os próprios laços que fundam a vida social estão comprometidos, assim resultando inviável a vida em sociedade. Segundo ela:

“Não pode haver evidência mais forte da falsidade da premissa de que o amor de Deus deve estar fundado em que ele é a causa imediata de todas as nossas sensações do que o fato de que ela destrói todos os deveres e obrigações da vida social”. (Masham, 2017, p.33)

Assim, segundo Masham, a tese representa um duplo abalo: ela abala a verdadeira piedade quando limita Deus cf. (Masham, 2017, p.20); e é demolidora da vida em sociedade quando limita nosso amor. Ela arremata: “É certo que, se não tivéssemos nenhum desejo exceto para com Deus, as várias sociedades humanas não poderiam se manter unidas por muito tempo, e nem mesmo a humanidade poderia continuar” (Masham, 2017, p.22).

2. Pensamentos ocasionais a respeito de uma vida cristã virtuosa (1705)

Em seu segundo livro publicado, Occasional Thoughts in Reference to a Vertuous or Christian life [Pensamentos ocasionais a respeito de uma vida cristã virtuosa] (1705), Lady Masham advoga em favor da educação das mulheres, tomando parte na polêmica que ficou conhecida por “querela das mulheres”. Esta querela opunha misóginos e feministas desde o século XV, mas ganha força durante o século XVII.

Lady Masham defende o acesso das mulheres à educação de uma maneira particularmente irônica: ela dirá que a educação das mulheres é fundamental, não apenas porque as mulheres têm almas racionais e imortais (que, como as almas masculinas, precisam da salvação), mas também porque são as mulheres — as mães — as responsáveis pela educação das crianças. Se as mulheres não receberem educação adequada, como poderão educar os futuros cidadãos ingleses? Reconhecendo o poder da educação para o desenvolvimento de reinos e comunidades (Masham, 1747, pp. 7-8), a filósofa critica fortemente a negligência e a omissão da sociedade em relação à educação das mulheres:

“Esta omissão em relação a um Sexo mostra que os sofrimentos infligidos ao outro [sexo] amiúde se revelam, como de fato acontece, ineficazes. Pois a assistência atual das mães será (em geral) considerada necessária para uma boa formação da mente das Crianças de ambos os Sexos; ademais, as Impressões recebidas naquela tenra Idade, muitas das quais vivenciadas entre as Mulheres, têm extrema importância para os Homens ao longo de todo o resto de suas Vidas, porque têm uma forte influência, muitas vezes inalterada, sobre suas Inclinações e Paixões futuras”. (Masham, 1747, pp. 7-8)

A filósofa considera que há uma lei universal e eterna do Direito (Masham, 1747, pp. 23-24), mas afirma que a religião é o único suporte seguro para a virtude:

“A crença em um Ser Onipotente Superior, que inspeciona nossas Ações, e que nos recompensará ou nos punirá de acordo com elas, é (…) na verdade o único argumento estável e irresistível para submeter nossos desejos a uma regra constante, que é em que a Virtude consiste”. (Masham, 1747, p.15)

Por essa razão, mulheres e homens devem receber uma educação religiosa. Afinal, se pessoas que não entendem da religião ensinam sobre religião, essa instrução irracional ou essa falta de instrução pode levar ao ceticismo cf. (Masham, 1747, p. 32). Se as verdades sagradas das quais a salvação depende não são ensinadas e se as pessoas nas quais as crianças confiam não podem ensiná-las, o resultado para sociedade é desastroso cf. (Masham, 1747, pp. 37-39).

Masham julga que a Lei da Razão ou a Lei da Natureza é o resultado da constituição imutável das coisas, a religião cristã apenas torna isso mais evidente cf. (Masham, 1747, p. 54). Em sintonia com a tradição inglesa, a filósofa considera que a “garantia racional da autoridade divina das Escrituras e a liberdade de examiná-las são absolutamente necessárias para a satisfação de qualquer pessoa racional, no que concerne à certeza da religião cristã” (Masham, 1747, p. 45). Com efeito, se uma criança pergunta por que se diz que as Escrituras são a palavra de Deus, e recebe como resposta que é pela majestade e pureza do texto ou coisas semelhantes, a criança pode com razão duvidar das Escrituras como a palavra de Deus: “pois como é possível, não apenas para um menino ou uma menina, mas até mesmo para um homem ou mulher indígena ficar mais convencido por esta resposta (…)?” (Masham, 1747, p. 49). Só é possível ser racionalmente convencida disso, afirma Masham, se a criança souber “que as Escrituras foram de fato escritas por aqueles cujos Nomes elas carregam; que essas pessoas foram testemunhas inquestionáveis e historiadores fiéis dos assuntos que relatam” (Ibidem). A filósofa tem, portanto, uma concepção de história que, remontando a Heródoto e à ideia de testemunho, fundamenta sua leitura da Bíblia e dos princípios religiosos. Em resumo: segundo ela, é preciso explicar racionalmente as Escrituras.

Masham se serve também da crítica às regras sociais a fim de argumentar em favor do acesso das mulheres à educação. Ela questiona, por exemplo, o modo como a sociedade inglesa do período vê o casamento: os homens ingleses escolhem suas esposas pensando na fortuna, quando deveriam pensar no quão educadas nos preceitos religiosos as mulheres são:

“As mulheres são muito mais dignas de pena do que de culpa. O cultivo da Razão, embora necessário às Senhoras para sua Realização como Criaturas racionais, e embora necessário para que elas deem boa educação a seus filhos e sejam úteis em suas famílias, raramente é recomendado aos homens. Pensando, tolamente, que o Dinheiro atenderá a todas as coisas, eles não se preocupam, no geral, com nada mais na Mulher com quem hão de se Casar. E visto que nem sempre encontram o que não estão procurando, não é de admirar que a sua Descendência não herde mais Razoabilidade do que eles próprios”. (Masham, 1747, pp. 161-162)

Masham sugere ironicamente que manter as mulheres sem acesso à educação, e particularmente à educação religiosa, é uma forma de controle e de poder: “Mas o que é dito aqui implica que as senhoras devem entender sua religião tão bem a ponto de serem capazes de responder tanto aos que se opõem a ela, quanto aos que não a representam adequadamente” (Masham, 1747, p. 165). Esses “patronos da ignorância”, que consideram desnecessário que as mulheres recebam educação adequada, são homens que agem contra os preceitos cristãos: “ou não devem estar persuadidos da Verdade do Cristianismo, ou então devem acreditar que as mulheres não se preocupam em ser cristãs” (Ibidem).

As mulheres também precisam ser convencidas da necessidade de sua educação. E reconhecer a opressão em que se vive é o primeiro passo para lutar contra ela. Masham é dura em seu discurso:

“É de se temer que poucas senhoras (devido à desvantagem de sua própria educação) estejam tão bem preparadas quanto deveriam para cuidar de seus filhos, e que mesmo assim não estejam dispostas a fazer o que puderem para tanto, seja por pensar que seria muito difícil (…), seja por uma questão de orgulho — tão sem sentido (…) que alguém poderia ser tentado a questionar se tais mulheres ainda são capazes ou dignas de ser as mães de criaturas racionais”. (Masham, 1747, pp. 178-179)

Segundo a filósofa, nascemos todos para contribuir com o bem da comunidade, e não para desfrutar do trabalho alheio e viver de maneira ociosa: Deus nos criou “para a sociedade e a comunhão mútua, como membros do mesmo corpo, úteis uns aos outros em seus respectivos lugares” (Masham, 1747, p. 179). Nenhuma pessoa, nenhuma mulher pode se colocar acima das necessidades coletivas, como a educação e a instrução das crianças; logo, as mulheres devem estar concernidas em aprimorar sua própria educação.

A correspondência com Leibniz

O debate epistolar com Leibniz se dá nos anos 1704-1705. Nessa correspondência, Masham se engaja na defesa da obra do pai, Ralph Cudworth, contra a interpretação que Pierre Bayle sustenta a seu respeito. Bayle afirmara, em uma controvérsia com Le Clerc, que as “naturezas plásticas” de Ralph Cudworth levariam ao ateísmo. Ao sustentar essa interpretação, ele se ampara no livro The True Intellectual System of the Universe [Verdadeiro sistema intelectual do universo], um tratado de metafísica que Cudworth havia publicado parcialmente em 1678. O livro angariou consolidada notoriedade a Cudworth, mas suscitou, concomitantemente, intensa controvérsia, da qual a crítica de Bayle é um dos eixos. Nesse tratado, Cudworth critica o mecanicismo dos atomistas e dos cartesianos e propõe as naturezas plásticas como uma mediação entre o mundo divino e o mundo natural, para manter a constância das leis do universo. Ele sustenta a hipótese do mediador plástico (plastic medium), que seria como uma “revisitação da alma do mundo platônica” (Ferreira, 2010, p.18). O mediador plástico seria “uma entidade, um princípio orgânico, que estabelece a unidade entre corpo e alma” (Marinho, 2021, p. 588). Cumpria-lhe unir espírito e matéria, para o que ele partilharia as naturezas de ambos.

Segundo Cudworth, pelas naturezas plásticas, Deus manifestaria sua vontade sem intervir diretamente no mundo. Como destaca Ferreira (2010, p. 18), com esta tese, “Cudworth pretende fugir do ocasionalismo de Malebranche e simultaneamente afirmar a existência de uma ordem no Universo. Há como que uma imanência de Deus no mundo, o que leva a que sua ação se manifeste no quotidiano sem que se torne necessário recorrer à sua vontade”.

A ideia de um princípio orgânico como mediação entre o mundo natural e o divino remete às concepções vitalistas de Leibniz. E isso pode ter sido a motivação para que Lady Masham visse no filósofo um possível aliado na defesa do pai contra a acusação de ateísmo erguida por Bayle. Ela toma a iniciativa de lhe enviar um exemplar do tratado de Cudworth e é em agradecimento a esse presente que Leibniz redige a primeira das doze cartas que comporão o comércio epistólico entre Masham e ele.

Ainda que na correspondência com Leibniz compareçam formas de decoro, que envolvem a modéstia e a humildade características do gênero epistolar — como por exemplo, “apesar de não me incluir entre aquelas que podem confirmar a ideia favorável que tendes das senhoras inglesas (…)” (Masham, in Cardoso e Ferreira, 2010, carta 29/3/1704, p.56 – LEIBNIZ, 1996, p.337), ou “uma interlocutora tão pequena como eu neste tipo de especulações” (Masham, in Cardoso e Ferreira, 2010, carta 3/6/1704, p.69 – Leibniz, 1996, p. 349) –, a firmeza das posições sustentadas por Masham, a acuidade das objeções e observações que faz às afirmações de Leibniz, dão testemunho de que os temas abordados lhe são familiares e sua complexidade não a surpreende e nem intimida. Sobre a tese leibniziana da harmonia universal, que explicaria a causalidade entre as substâncias de maneira ideal, Masham afirma, por exemplo:

“(…) não vejo nada estranho que pareça não ser possível. Encontro nisto uma uniformidade que me agrada: e as vantagens propostas por esta hipótese são muito desejáveis. Mas ainda me surge apenas como uma mera hipótese; porque os caminhos de Deus não são limitados pelas nossas concepções; o caráter ininteligível ou inconcebível para nós de todos os caminhos menos um, não me convence (…)”. (Masham, in Cardoso e Ferreira, 2010, carta 3/6/1704, p.70 – Leibniz, 1996, p. 350)

E arremata em tom provocador, insinuando que Malebranche, o rival de Leibniz nesses assuntos, teceria alegações similares em favor do ocasionalismo: “lembro que o Pe. Malebranche (ou qualquer outro defensor de sua hipótese) teria feito uma inferência como esta a partir da nossa ignorância no interesse das causas ocasionais” (Masham, in Cardoso e Ferreira, 2010, carta 3/6/1704, p.70 – Leibniz, 1996, p. 350).

Vemos que não parece ter exagerado o filósofo John Locke ao dizer de Lady Masham que:

“Esta senhora é tão versada nos estudos teológicos e filosóficos, e tem uma mente tão original, que não se encontrarão muitos homens aos quais ela não seja superior em riqueza de conhecimentos e em capacidade para dela tomar partido”. (apud. Ferreira, 2010, p.11)

Referências bibliográficas

Obras de Lady Masham:

Leibniz, G. W. (1996). Briefwechsel zwischen Leibniz und Lady Masham. In: Die philosophishen Schriften, Vol 3, pp. 331-375. Hildesheim: Georg Olms Verlag.

Leibniz, G. W. (2010). Correspondência entre G. W. Leibniz e Lady Masham. Tradução de Adelino Cardoso e Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Coleção Translata 6 – Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Lisboa: Universitas.

Masham, D. (2004). Occasional Thoughts in Reference to a Vertuous or Christian life. [E-book versão online] The Project Gutenberg, EBook #13285. Recuperado de https://www.gutenberg.org/ebooks/13285. Acesso em 08 de abril de 2022

Masham, D. (1747). Occasional Thoughts in Reference to a Vertuous or Christian life. London: T. Waller. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=KmsIEU0XpfkC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false Acesso em 01 de outubro de 2022.

Masham, D. (2017). A Discourse concerning the Love of God. [E-book versão online] Copyright © Jonathan Bennett 2017. Recuperado de: https://www.earlymoderntexts.com/assets/pdfs/masham1696.pdf. Acesso em 02 de março de 2022

Obras sobre a filósofa:

Ferreira, M. (2010). Quando as mulheres obrigam os filósofos a explicar-se. Lady Masham e Leibniz. In Cardoso, A.; Ferreira, M. Correspondência entre G. W. Leibniz e Lady Masham; pp. 11-31. Lisboa: Universitas.

Lacerda, T. (2021). Sobre Lady Masham e alguns pensamentos ocasionais sobre o cânone em filosofia moderna. Seiscentos, 1 (1), pp. 40-58. Recuperado de: https://revistas.ufrj.br/index.php/seiscentos/article/view/47929/25894. Acesso em 10 junho 2022.

Marinho, A. (2021). Damaris Cudworth Masham e a construção da metafísica moderna. In: Aggio, J.; Araújo, C.; Faustino, S.; Sombra, L. (org.). Filósofas; pp. 587-608. Curitiba: Kotter Editorial.

Hutton, S. “Lady Damaris Masham”, The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Winter 2020 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL = https://plato.stanford.edu/archives/win2020/entries/lady-masham/ . Acesso em 01 de outubro de 2022

Outros recursos:

Cudworth, R. The true intellectual system of the universe. The first part wherein all the reason and philosophy of atheism is confuted and its impossibility demonstrated. [E-book versão online] Recuperado de: https://quod.lib.umich.edu/e/eebo/A35345.0001.001?view=toc Acesso em: 20 julho 2022