Em busca da Verdade


Você já deve ter visto esse filme: sujeito nasce pobre e aprende tudo que sabe sozinho, enquanto trabalha para sobreviver. De repente, vê uma oportunidade de ser algo mais. Ele agarra a chance, mas nada é fácil nesta vida. Para chegar lá, deve penar mais do que jamais sofreu. É testado, humilhado, chega à beira do desespero. No final, supera todas as dificuldades para se tornar simplesmente “o cara”. Como Will Smith “Em Busca da Felicidade”, mas a fórmula é muito antiga.
No século 19, Michael Faraday foi este cara, na vida muito real. Nasceu pobre, filho de ferreiro, e trabalhou como aprendiz de encadernador desde os catorze anos. Aprendeu sozinho com os livros que encontrava, até que conseguiu um convite para palestras na Royal Institution. A nata da ciência freqüentada apenas por nobres.
Faraday anotou tudo em seu caderninho, como sempre fazia. Imagine, é a típica cena dramática de Hollywood, mas isso realmente aconteceu. Nosso herói enviou então suas notas ao palestrante, com tudo que havia entendido. Eram trezentas páginas. Deu certo: Faraday foi chamado para uma conversa. Mas nada é fácil nesta vida.
Faraday só foi convidado para ser um ajudante em experimentos algum tempo depois. Teve que servir de valete – algo como um empregado servindo cafezinho. Foi humilhado, e quando começou a fazer descobertas e experimentos científicos por si mesmo, tentaram lhe passar a perna. Mas Faraday era tão genial que se tornaria não só membro da nobre Royal Society, como chefe do laboratório de experimentos e um dos maiores cientistas de todos os tempos.
O computador que você usa neste momento e de fato tudo que sabemos sobre eletricidade e magnetismo deve algo às descobertas de Michael Faraday. Ele é homenageado como a unidade de capacitância elétrica: se você abrir seu computador e ver alguns cilindros coloridos – os capacitores – talvez veja um “F”. F de “Farad”. Farad de “Michael Faraday”.
Por que estou contando esta história? Porque Faraday também fez descobertas variadas como químico, e também descobriu como a brincadeira do copo funciona, estudando as mesas-girantes. Os parágrafos acima foram escritos para a coluna Dúvida Razoável desta semana. Acabei retirando-os da coluna final para não fugir muito do assunto — falar sobre a universalidade da ciência e as sondas Voyager pareceu mais apropriado. Mas lembrar um pouco da bela história de Faraday sempre é apropriado, e as linhas tortas vão publicadas aqui mesmo.

Discussão - 1 comentário

  1. [...] um nome que deve soar familiar. É a instabilidade Faraday, em nome de seu descobridor, o próprio Michael Faraday, um dos grandes nomes da ciência e que já chegou à cultura popular como lenda [...]

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