A Inteligência é uma Força Fundamental da Natureza
Existem quatro forças fundamentais na natureza. Tudo que conhecemos interage fundamentalmente através destas quatro forças: gravidade, eletromagnetismo e as forças nucleares forte e fraca. Cada uma se comporta e é modelada de forma diferente, e depois que Albert Einstein unificou massa e energia, seu grande sonho passou a ser unificar todas as forças fundamentais em um só modelo, de forma a atingir uma Teoria de Tudo. Todo o Universo modelado fundamentalmente por um conjunto único de equações.
Que as forças nucleares forte e fraca fossem descobertas – Einstein iniciou seu projeto apenas com a gravidade e eletromagnetismo – e a física quântica demonstrasse que em escala subatômica tudo se comportava de forma, digamos, quântica, significou que seus sonhos permaneceram inacabados. A fotografia de como deixou seu escritório em Princeton para a posteridade de certa forma reflete sua obra sem fim.
Desde então, não descobrimos mais forças fundamentais na natureza, e de fato conseguimos unificar duas delas: a força nuclear fraca e o eletromagnetismo podem ser modelados como formas diferentes da mesma interação fundamental, a força eletrofraca. Já há alguns anos a teoria de Supercordas promete terminar o serviço, mas a Teoria de Tudo permanece ainda assim um sonho.
Quando se ouve falar de uma “Teoria de Tudo”, um dos pensamentos mais naturais é imaginar quão estranho ou mesmo insano seria que tudo que conhecemos, que tudo que existe, seja modelado por um conjunto único de equações. Compreenderíamos instantaneamente todo o Universo? Onde estariam nossos sonhos, seriam eles reduzidos a simples equações?
O espetáculo de uma revoada de estorninhos deve nos ajudar a entender melhor o que exatamente o sonho de uma Teoria de Tudo representa.
Em uma revoada de estorninhos, mais de mil indivíduos podem voar em conjunto. Cada um deles interage apenas com aqueles próximos a si e reage de acordo com regras simples, porém coletivamente exibem um comportamento emergente hipnotizante. A simplicidade de cada agente individual, e a complexidade emergente do conjunto, foi modelada e demonstrada inicialmente no campo da Inteligência Artificial com os “Boids” de Craig Reynolds.
Inteligência Artificial modelando o comportamento da inteligência natural de estorninhos é algo fascinante com resultados como o que você vê acima.
Talvez ainda mais fascinante é a abordagem tomada por físicos da Universidade de Roma: eles modelaram o comportamento de revoadas de estorninhos baseados no magnetismo. A forma como estorninhos mudam de direção em revoada pode ser modelada exatamente com as mesmas ferramentas matemáticas que descrevem partículas de metal mudando seu spin em reação a campos eletromagnéticos.
O que os físicos italianos indicaram é que estorninhos podem se comportar como partículas e sua interação pode ser modelada como uma das forças fundamentais. Mas é a inteligência de tais estorninhos que reproduz a interação fundamental, não há realmente nenhum campo de força à distância entre um e outro estorninho. Não além daqueles que existem também entre duas pedras, que sem inteligência podem colidir livremente se lançadas ao ar.
Se por um lado o estudo dos físicos italianos demonstra a aplicação de um modelo matemático simples a um comportamento complexo, ele deve ressaltar como a metáfora também funcionaria no sentido inverso. Há muitos outros comportamentos complexos que não são modelados matematicamente. A forma como a inteligência pode reger o comportamento de um sem número de seres poderia ser interpretada como um universo de diferentes “forças fundamentais” que dificilmente seriam unificadas. Se a inteligência é uma força fundamental da natureza, há infinitas forças fundamentais na natureza.
Além das forças fundamentais, há uma infinidade de epifenômenos que emergem a partir daí, adicionando e multiplicando a complexidade do Universo em todas as formas que conhecemos – e a infinitude de outras que ainda iremos descobrir.
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