Teste seu ceticismo

Você é um cético, e se orgulha de seu pensamento crítico desenvolvido. Responda então ao seguinte teste:

Há quatro cartas acima, e cada uma delas possui uma letra em um lado e um número no outro lado. Temos então a alegação nada extraordinária de que “se uma carta tem uma vogal de um lado, então tem um número par do outro lado”. A questão é: quais cartas você precisa virar para descobrir se a alegação é verdadeira ou falsa?
Apenas 5% de 128 estudantes universitários deram a resposta correta. E mesmo em um famoso congresso cético, apenas 26 céticos entre 156 — pouco mais de 15% — resolveram o problema da forma correta, mostrando que mesmo a carteirinha cética não o tornará imune a falhas muito humanas. E você, superará as expectativas e fará juz ao legado crítico? A solução você confere aqui em três dias.
Reposta
É preciso virar as cartas “A” e “7” para descobrir se a alegação é verdadeira ou falsa. Quase todas as pessoas acertam que é preciso virar a primeira carta “A” para confirmar a alegação de que “se uma carta tem uma vogal de um lado, então tem um número par do outro lado”. Muitas cometem então o erro de tentar confirmar que uma carta com um número par, como “4”, deva ter uma vogal em seu verso, mas a alegação sendo testada não atestava tal. Ela tampouco alegava que cartas com consoantes deveriam ter números ímpares do outro lado, assim a carta “D” é igualmente irrelevante para testar a alegação. A outra carta que deve ser virada para falsificar a alegação é “7”, que não pode revelar uma vogal no verso. Virar todas as cartas seguramente testaria todo o enunciado, mas é uma malandragem
Este é o problema de seleção de Wason, apresentado pelos psicólogos Peter Wason e Philip N. Johnson-Laird em um livro em 1972, onde apenas 5% de 128 estudantes testados forneceram a resposta correta. Nada menos que 59 estudantes responderam “A e 4”, enquanto 42 responderam apenas “A”. Como os psicólogos notaram, isso sugere que a enorme maioria tentou apenas confirmar a alegação sendo testada, esquecendo-se de também tentar prová-la falsa. É uma falácia muito comum, Popper que o diga, e é especialmente relevante a pensadores críticos. Mas como a aplicação do teste em uma Amazing Meeting demonstrou, mesmo céticos não se saem muito melhor. Que muitos céticos digam que seria bom virar todas as cartas talvez não deva surpreender 🙂
Curiosamente, a taxa de acertos melhora consideravelmente, para céticos de carteirinha ou não, se exatamente o mesmo problema lógico é dado em uma variante ligada a relações sociais. Por exemplo, suponha que o dono de um bar alegue que das quatro pessoas servindo-se de bebidas em seu estabelecimento, as que tomam cerveja são todas maiores de idade. Você vê uma pessoa bebendo cerveja e outra bebendo água em um canto, e de outro canto um senhor de idade bebendo algo e finalmente uma criança bebendo um líquido que pode ser tanto guaraná quanto cerveja. A maior parte das pessoas acertará quais pessoas devem ter sua idade ou bebida checadas para testar a alegação do dono do bar.
Psicólogos evolucionários sugeriram que esta facilidade se deva a adaptações evolutivas que nos permitem resolver com maior desenvoltura problemas lógicos ligados a relações de contratos sociais, especialmente em situações onde o sujeito testado deva aplicar uma regra e apanhar infratores. Isto porque variantes aplicadas igualmente ao “mundo concreto”, mas lidando com relações físicas como pratos de comida e dores de estômago ou viagens e meios de transporte, ainda que levem a certa melhora no desempenho dos sujeitos testados, não chegam próximas da taxa com aplicações a relações de contratos sociais: 75% de acerto. Veja mais, em inglês, PDF, em “Cognitive Adaptations for Social Exchange“.
A taxa de acerto entre listeiros e visitantes do 100nexos foi bem maior do que cinco, ou mesmo 15%, o que é excelente. Se você errou, console-se com o fato de que realmente ninguém sabe ao certo o que faz com que tantos errem, tampouco exatamente porque variantes como a acima alteram tanto a taxa de acertos — há trabalhos contestando a ambiciosa hipótese de adaptação evolutiva, defendendo que o problema aqui estaria simplesmente em detalhes sutis da apresentação da alegação. Conhecer a resposta desta pequena brincadeira de “testar seu ceticismo” leva a questões muito mais interessantes, que ainda não têm resposta clara.

Vídeos em câmera lenta

Seis minutos e dezenas de clipes que você talvez não tenha visto. Mais dez minutos em câmera lenta aqui, outros sete minutos, e finalmente seis minutos (alguns clipes repetidos).
[via haha.nu]

CeticismoAberto.com atualizado 21.05.2007

:: Fotos de fantasmas

Há algo aí! Há algo aí! (Tucumán, Argentina)

Ônibus Ônibus (Brasil)

Vela Vela (Brasil)

Espectro Espectro (Mafra, Lisboa, Portugal)

Cabelo Cabelo (Brasil)

Criatura estranha na marginal Criatura estranha na marginal (São Paulo, Brasil)

Vareta luminosa Vareta luminosa (Brasil)

Como endireitar a Torre de Pisa


Imagem ganhadora de melhor ilusão visual de 2007, é um novo efeito descoberto por Frederick Kingdom, Ali Yoonessi e Elena Gheorghiu da Universidad McGill, Canadá.

Aqui está uma nova ilusão que é tanto surpreendente quanto simples. As duas imagens da Torre Inclinada de Pisa são idênticas, mas tem-se a impressão de que a torre à direita está mais inclinada, como se fotografada de um ângulo diferente. A razão para tal é que o sistema visual trata as duas imagens como se fossem parte de uma só cena. Normalmente, se duas torres adjacentes se erguem no mesmo ângulo, elas convergem com a distância devido à perspectiva, e isto é levado em conta pelo sistema visual. Assim, quando confrontado com duas torres com linhas paralelas, o sistema visual supõe que devem estar divergindo enquanto se elevam, e isto é o que percebemos.

O mais notável é que se você espelhar a imagem, poderá fazer com que a Torre de Pisa pareça ficar quaaaase reta… o que é apenas uma ilusão, já que como vimos, as duas imagens abaixo são idênticas!

Outras imagens finalistas no concurso de ilusões da Neural Correlate Society podem ser vistas aqui. via o incomparável MarcianitosVerdes.

CeticismoAberto.com atualizado 17.05.2007

REFERÊNCIAS ATUALIZADAS
Fotos de Fadas – Elsie Wright e Frances Griffith
Em um domingo de 1917, as primas Elsie Wright, de dezesseis anos, e Frances Griffiths, de dez, se atrasaram
FOTOS DE OVNIs
Paraipaba, Ceará, Brasil
Siderópolis, Santa Catarina, Brasil
Mauá, São Paulo, Brasil
Tomsk, Rússia
Natal, Rio Grande do Norte, Brasil
Zdany, Polônia
Salvador, Bahia, Brasil

Isto é… incrível! Terrível dor-de-cabeça

Antes de mais nada, o duplamente incrível: Shafique El-Fahkri, o sujeito que teve uma perna de cadeira atravessada pela cabeça, está se recuperando sem maiores complicações à parte uma voz rouca e a visão levemente prejudicada; e Liam Peart, o sujeito que fincou a perna na cabeça de El-Fahkri, foi condenado apenas a prestar 400 horas de serviço comunitário.
A briga aconteceu em um clube noturno na Austrália, e Peart teve a sorte de não acabar na cadeia porque apenas jogou a cadeira a três metros de distância de El-Fahkri. Que teve o azar de ter uma perna da cadeira atingindo seu olho direito, entrando pelo seu crânio e saindo pelo seu pescoço. Mas sem atingir nenhuma parte vital, não houve maiores seqüelas.
O caso, e principalmente a tumografia de dar calafrios, lembra o caso clássico de Phineas Gage, que no século XIX teve uma barra de metal atravessada em sua cabeça em uma explosão. Gage não teve tanta sorte quanto El-Fahkri, e a barra atingiu seu olho e cérebro, mas talvez com mais sorte, sobreviveu. Mas com muitas seqüelas, tornando-se “extravagante e anti-social, praguejador e mentiroso, com péssimas maneiras, e já não conseguia manter-se em um trabalho por muito tempo ou planejar o futuro. ‘Gage já não era Gage’, disseram seus amigos. Ele morreu em 1861, treze anos depois do acidente, sem dinheiro e epiléptico”.
Em casos assim é comum enfatizar a sorte, o azar, mas isso não tem nada a ver com intervenção divina, destino ou o que for — ou pelo menos, não há qualquer evidência disto. MIlhares de pessoas têm barras de metal atravessadas na cabeça, a enorme maioria morre, e é esperado por mero acaso (ou mera sorte, como acaso), que alguns casos raríssimos sobrevivam. O que seria realmente sobrenatural seria que não houvesse nenhum caso de sobrevivência, ou que todas as pessoas fossem salvas. Como está, é apenas mais um caso para que Silvio Santos diga… isto é… incrível! (E quase que totalmente inútil).

Cuidado com o que deseja


“Quantos elétrons de valência tem um átomo de hidrogênio?”
Dois Um
Depois…
“-Você pode ter o que desejar!”
“- Eu queria ter acertado aquela questão”.
“BOOOOM!”
[via Cosmic Variance]

Comprar óculos on-line: nada ruim, muito barato


Há tempos o BoingBoing indicou o blog GlassyEyes:

“Tudo começou com um post proclamando minha satisfação com meus óculos novos — óculos que comprei a um preço excelente, online. Causou uma sensação, e abriu caminho a um monte de informação que (se os emails e comentários que recebi são verdadeiros) poupou a centenas de pessoas dezenas de milhares de dólares”

Considerando o preço que paguei pelos meus óculos da última vez que comprei, e já de saco cheio desse óculos, ainda que não estivesse com nenhum problema, resolvi arriscar e comprar um óculos de “reserva”. O GlassyEyes lista logo no topo as lojas online e suas classificações, baseadas nas resenhas recebidas pelo proprietário. Da lista, acabei escolhendo um dos óculos mais baratos, que no final saiu por apenas 39 dólares, lente, armação, envio, tudo incluso, na Optical4Less. Nessa loja, na compra de dois óculos o envio para qualquer parte do mundo é gratuito, e combinei de arriscar junto com um colega — claro que ele pagou os óculos dele, e no final nós dois não pagamos nada pelo envio.
O óculos que comprei é o que você vê na imagem acima. Bastou inserir os dados de minha receita, escolher o formato das lentes e tudo mais — saber inglês é essencial, ou você pode acabar errando um item importante — e pouco mais de uma semana depois os óculos já estavam nas minhas mãos. Veio em uma caixa de papelão pequena, dentro da qual está o porta-óculos de plástico e seu óculos (dentro do porta-óculos, claro!) envolto em plástico-bolha e um paninho de limpeza.
Fiquei bem satisfeito, os óculos são extremamente leves, e para minha surpresa, têm uma qualidade melhor do que os que havia comprado em uma ótica tradicional de minha cidade, por mais de R$200,00. Principalmente as lentes, que são muito mais finas e leves, com exatamente o mesmo grau. O único problema foi que os óculos são um pouco menores do que imaginava, mas então, deveria ter prestado mais atenção nas medidas exatas listadas no sítio. Não poder experimentar é claramente o maior problema de comprar óculos online, mas se você já usar óculos há um bom tempo e tiver idéia do que quer, não será nada muito incômodo. Acabei me acostumando assim mesmo com o óculos, recebi elogios, e o que era apenas um teste-reserva para quem sabe depois comprar um óculos mais caro de titânio acabou se tornando o óculos que uso com mais freqüência. Ainda não levei o óculos a meu oftalmologista para conferir suas lentes, mas tudo parece normal, não tive qualquer mal-estar ao usá-lo. Na verdade como estes novos óculos são sem armação, praticamente não me sinto desconfortável usando eles.
Enfim, a partir de minha experiência pessoal, comprar óculos pela internet, de uma loja em Hong Kong, provou ser muito barato, e não tenho qualquer grande reclamação. Talvez se você tentar o mesmo as coisas não saiam tão bem, mas pessoalmente recomendo tentar.
PS.: Apesar do que possa parecer, não estou ganhando nada por este post — o Optical4Less tem um programa de afiliados, mas os links e tudo mais não me beneficiam em nada, deliberadamente. Estou só partilhando uma experiência positiva, e espero que você também fique feliz em economizar uma boa grana com seus próximos óculos. Claro que se economizar, espero que também se sinta eternamente em dívida comigo e passe a visitar o 100nexos diariamente. Se as coisas derem errado, bem, passe a enviar um comentário me xingando todo o dia (ou até mais, se quiser).

Documentários científicos legendados em português

Acima você confere o spot de seis minutos, “O Campo Profundo do Hubble:a imagem mais importante já tomada”. É apenas um dos vinte e nove documentários curtos que Carlos Portela legendou em português e podem ser acessados no sítio Mojiti. O sítio Mojiti, por sua vez, é interessante por si mesmo: permite que você adicione legendas, comentários, figuras, imagens e até outros vídeos em clipes já existentes no Youtube e outros serviços de hospedagem. O resultado final é como você confere acima. Bom programa!

Afogando o ganso

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