Bicho Bizarro: Tubarão serra


E você achava o seu nariz engraçado?
Fonte: arkive.org

Como se tubarões já não fossem bizarros o suficiente, este membro da Classe desponta. O tubarão serra é um tubarão de formas peculiares, seu focinho se prolonga suportando dentes na margem, o que o torna parecido com uma motosserra. O peixe o usa para chafurdar no fundo arenoso que habita em busca de pequenos invertebrados. Ele também pode capturar peixes na coluna d’água com o apêndice. O milhonário mercado de nadadeiras de tubarão para sopas afrodisíacas na Ásia tem levado essas espécies de reprodução lenta à redução populacional, outro problema é a captura acidental em redes camaroeiras. Sua distribuição é global e alguns exemplares foram capturados muitos quilômetros para o interior de continentes em rios. O que eu usei nas minhas aulas de faculdade havia sido pescado em Manaus.

Powered by ScribeFire.

Ganhador do Sorteio

E o livro “O Museu” vai para o Sal, Lúcio Saldanha. Parabéns Sal, logo você receberá seu prêmio.
Ele sugeriu como holótipo de Homo sapiens a Juju Panicat, que eu tive que conferir e acho que representaria bem nossa espécie.
Enquanto isso, não deixem de votar no Ciência à Bessa para Topblog Brasil!

Powered by ScribeFire.

Bicho Bizarro: Rato toupeira pelado


Quem o feio ama, bonito lhe parece.
Fonte: http://www.sandiegozoo.org

No alto da lista dos animais mais feios do mundo figura o rato toupeira pelado. Esse roedor (e não um Insectivora, como as toupeiras verdadeiras) habita o subsolo do Nordeste africano. Essa é a única espécie conhecida de vertebrado eusocial, ou seja, com divisão morfológica do trabalho, sobreposição de gerações e partilha de ninhos. Os ratos toupeiras pelados cavam seus túneis usando dentes incisivos que nunca param de crescer e são resistentes a ponto de cortar acrílico e telas de aço. Seus olhos reduzidos e a ausência de pelos sugerem adaptações à vida subterrânea. Apenas a rainha dessa espécie se reproduz, inibindo a fertilidade das outras fêmeas através de feromônios. Outras bizarrices da espécie é que são extremamente longevos para roedores e aparentemente resistentes ao câncer.

ARKive video - Naked mole rat - overview

Powered by ScribeFire.

Sorteio: “O Museu”

Só faltam três dias, pessoal! Elejam nos comentários quem seria o espécime tipo para Homo sapiens e concorram ao livro “O Museu” de Veronique Roy (Bertrand Brasil).
Vou falar um pouco sobre o livro para instigar vocês. “O Museu” conta a história de uma série de crimes que vêm ocorrendo no Museu de História Natural de Paris (viu como o tema do sorteio tem a ver com o livro?). Após anos os amigos Osmond e Magnani se reencontram como colaboradores  no museu  para investigar um meteorito que pode trazer luz à questão da origem da vida na Terra. Ainda nos primeiros passos da pesquisa crimes sórdidos começam a ocorrer nas dependências do museu, mobilizando a polícia francesa. Tudo remete a extremistas religiosos ou querelas entre catedráticos e a investigação dos amigos troca o foco científico pelo criminal.


Meta a mão no seu prêmio!
Fonte: livrariacultura.com.br

“O Museu” prende o leitor do início ao fim num thriller com o grau de realismo que só quem vivenciou a rotina do Museu de História Natural de Paris por tantos anos poderia conferir. Também adorei os diálogos, principlamente aqueles entre os dois amigos (“A Ciência é uma amante ciumenta.” responde Magnani quando Osmond repara a falta da aliança no dedo do amigo).
Participem!

Powered by ScribeFire.

Bicho Bizarro: Lhama


Essa lã me produziu um casaco bem legal e quentinho
Fonte: http://www.bio.davidson.edu

Imagine um camelo que, além da escassez de água, seja adaptado ao frio. Você deveria estar imaginando uma lhama. Este mamífero aparentado dos camelos e das girafas vive no alto da cordilheira dos Andes alimentando-se de gramíneas e suportando o frio rascante e a falta de oxigênio. Lhamas são peculiares por serem facilmente criadas por humanos, aprenderem truques como um cão aprende, são até usadas para cuidar de rebanhos de carneiros, são excelentes animais de carga (levando até 30% de seu peso, ou seja, 40 kg de carga) e ainda podem ser criadas para produção de lã ou carne. A Lhama pode passar dias sem beber água, resiste bem ao frio graças a sua lã e a um mecanismo de aquecimento do ar inalado que existe em seu nariz, seu sangue possui mais hemoglobina, com maior afinidade pelo oxigênio e capaz de capturar oxigênio a baixas pressões atmosféricas. Como o camelo, a lhama tem o péssimo hábito de cuspir como sinal de superioridade. Diferente destes, sua gordura corporal não está concentrada em corcovas, ajudando a mantê-la aquecida, o que o camelo certamente não quer.

ARKive video - Guanaco herd feeding, juveniles play-fight; guanaco grazes and shelters during a snowstorm
Guanacos, parentes próximos das lhamas.

E não deixem de votar no Ciência à Bessa
Melhor blog sobre o tema “Bichos e Animais”

Powered by ScribeFire.

Sorteio: um tipo para Homo sapiens


O que a Scarlett Johansson tem a ver com a taxonomia zoológica?
Fonte: www.sjohansson.org

Centenas de espécies novas de animais são descobertas todos os anos. Tratam-se de seres desconhecidos pelos cientistas que nem mesmo receberam um nome científico que os identifique. O processo de descrição de uma espécie nova é trabalhoso e num país megadiverso como o Brasil a carência de cientistas voltados para esta área da zoologia, o taxonomista, é imensa.

Ao coletar um animal diferente de todos os outros daquele grupo o pesquisador primeiramente precisará certificar-se de que é uma espécie nova. Para isso ele precisará compará-lo com as demais espécies conhecidas. Sendo confirmada a novidade da espécie inicia-se o processo de descrição.
Será necessário esmiuçar profundamente as características físicas da espécie nova, enfatizando-se em que ela difere das outras. Descrições de diferenças comportamentais ou genéticas também têm sido comuns. Adiciona-se ainda a área de ocorrência, em alguns casos suas relações de parentesco, seu habitat e a explicação da escolha do nome científico (etimologia). Para tudo isso utiliza-se um exemplar dentre aqueles coletados da espécie nova. Esse exemplar receberá a designação de tipo.
Certamente deriva da filosofia platônica que antagoniza o mundo ideal e o real. Em taxonomia toda espécie deve ter seu exemplar tipo, ou o holótipo, aquele que definirá os padrões do que há de mais puro e perfeito naquela espécie, o parâmetro que guiará outros cientistas. Ao lado do verdadeiro holótipo os outros integrantes daquela espécie não passam de meros parátipos ou lectótipos. O holótipo é protegido nos museus a sete chaves, curadores os tratam com mais zelo do que uma filha virgem ou uma ferrari 0 km. A única espécie no mundo que não possui um holótipo é Homo sapiens.

Assim sendo, está lançada a pergunta:
QUEM DEVE SER O ESPÉCIME TIPO DE Homo sapiens?

Respondam nos comentários até o dia 19 de agosto, quando sortearei o ganhador que receberá em casa um exemplar do livro “O Museu” de Veronique Roy. Para isso não esqueça de deixar junto ao comentário o seu e-mail.

Fonte: www.livrariacultura.com.br

Minha resposta, é claro, está no início desse post.

Powered by ScribeFire.

O dourado esquizofrênico

ResearchBlogging.org
Naquela manhã, no consultório psicanalítico…
-Doutora, está aqui alguém para vê-la, mas não é o cliente da vez. – Anunciou a secretária novata. A última havia pedido demissão quando descobriru que não havia um adicional por insalubridade mental.
-É ele mesmo, pode pedir que entre.
-Mas este aqui diz ser uma piraputanga. Na agenda consta que o próximo cliente é um dourado. – Protestou.
-Ele é um dourado, apenas não sabe disso. – Cochichou a doutora. – Vamos entrando, dona piraputanga! – Convidou a analista em voz alta.
O peixe esticado sobre o divã, àquela hora tão próxima do meio-dia, fez a doutora imaginá-lo sobre uma tábua de cortar, cercado de cebolas fatiadas, tomates, pimenta e coentro à espera da grelha. A doutora tentou afastar aquele pensamento da cabeça, agora o cliente a olhava com um sorriso ameaçador de um pré-opérculo ao outro. Não era ainda um dourado adulto, mas suas escamas já apresentavam um leve reflexo dourado, no mais tinha a cor das nadadeiras e manchas no corpo que realmente lembravam uma piraputanga. Somente aquele sorriso ameaçador entregava sua natureza predatória que nada remetia às dóceis piraputangas de hábitos vegetarianos.


O dourado e seu sorriso de dentes cônicos, típicos de um piscívoro
Fonte: wdicas.com

-E então, dona pêra, como vai a vida no rio?
-Tudo muito bem, as águas continuam límpidas e frescas. A comida é abundante…
-Hmm, deve ser mesmo muito bom viver nos riachos, ser um piraputanga. – Instigou a doutora ao dourado à sua frente.
-É sim, não trocaria minha vida por nada no mundo. Como sou inofensiva, todos desfrutam minha companhia agradável.
-É mesmo? Mas deve haver desvantagens também, não?
-Que nada, doutora. Sou bem vindo aonde vou, querido por todos.
-Tem comido muitos frutinhos caídos das matas ciliares? – Ao escutar a pergunta o peixe se revirou de leve no divã como se a reacomodação física fosse aliviar o desconforto mental da pergunta.
-Ah… é… quer dizer, até tenho.
-Você não gosta muito de comer frutos, não é mesmo?
-Ah, isso é tão horrível! É como confessar um crime. Doutora, não conte a ninguém, por favor! Mas gosto mesmo é de comer peixinhos menores que eu. – Confessou o dourado.
-É um costume um tanto diferente para uma piraputanga, não acha? Talvez ser outros peixes como um dourado ou uma traíra também tenha lá suas vantagens. – Xeque!
O cliente fez uma careta de peixe morto, mas nada disse.
-Sabe, adimiro muito os dourados. Sua força, sua agilidade. São peixes muito bonitos. Impõem respeito nos rios que vivem. Não são como as traíras que vivem se escondendo em locas, vivendo no obscurantismo, e precisam emboscar suas presas de surpresa ou morrem de fome. Os dourados são veloses, subjugam suas presas numa disputa justa, vencendo-as pelo cansaço. – Jogou a isca a psicóloga.
-E as piranhas, umas covardes, só mesmo em cardume conseguem intimidar suas presas. Os dourados não, são caçadores solitários! – Mordeu o cliente.
-Pois é, só tem um peixe que eu adimiro mais do que vocês piraputangas. São os nobres dourados.
-Doutora, preciso lhe contar um segredo. Não sou uma piraputanga, sou um dourado. – Xeque mate!


Dourados (acima) mimetizam piraputangas (abaixo) para se alimentarem
foto de José Sabino

-Puxa vida, não me diga! – Fingiu-se de surpresa a psicanalista. – Mas e essas nadadeiras avermelhadas? E essa mancha na cauda?
-São um disfarce apenas. Assim me infiltro entre as piraputangas e consigo chegar mais perto das minhas presas sem ser percebido. Fica bem mais fácil me alimentar.
-Uau, que esperto você! Deve se orgulhar de ser um dourado tão astuto, não? Nosso tempo se esgotou, mas por que não volta semana que vem?
O dourado foi até o balcão onde estava a secretária e pediu para agendar uma sessão dali a uma semana. Quando a secretária lhe perguntou em nome de quem marcava a consulta ele respondeu sem vacilar: “Sr. Dourado”.

Bessa, E., Carvalho, L., Sabino, J., & Tomazzelli, P. (2011). Juveniles of the piscivorous dourado Salminus brasiliensis mimic the piraputanga Brycon hilarii as an alternative predation tactic Neotropical Ichthyology, 9 (2), 351-354 DOI: 10.1590/S1679-62252011005000016

Powered by ScribeFire.

Bicho Bizarro: Axolotl


Adulto com carinha de bebê
Fonte: axolotl.org

Essa semana nosso animalzinho será está mais distante da nossa realidade, o axolotl é uma salamandra que se mantem aquática até a fase adulta. Essa manutenção das características da larva no adulto ganhou o nome de pedomorfose, no axolotl ela inclui brânquias ao lado da cabeça e uma cauda provida de nadadeira. O axolotl vive em lagos no México (daí esse nome com um quê de Asteca) e para se reproduzir macho e fêmea dançam em círculos, depois o macho se afasta deixando uma estrutura gelatinosa contendo os espermatozóides sobre o qual a fêmea se senta para ser fecundada. Recentemente cientistas injetaram hormônios de metamorfose em axolotls forçando-os a perderem as brânquias e saírem da água, o que gerou um animal diferente das outras salamandras conhecidas, mas vagamente semelhante à salamanda tigre mexicana. Ontogenia e filogenia ou apenas genes homeóticos em ação.

ARKive video - Axolotl showing amphibious adaptations for life swimming under water (external gills) and crawling on land (loses gills)
E não deixem de votar no Ciência à Bessa
Melhor blog sobre o tema “Bichos e Animais”

Vencedor do sorteio

E o ganhador do livro o terceiro chimpanzé foi o Marcelo com a frase:
Assim como retratado por Stanley Kubrick em 2001 Uma Odisseia no Espaço, me vejo como um curioso e sempre aprendo com a minha curiosidade(não saiu batendo nos outros com ossos).
Parabéns, Marcelo. A equipe da editora record entrará em contato contigo Obrigado a todos os que responderam a enquete.

Pensamento de Segunda

Acho que iremos à lua porque é da natureza humana encarar desafios.

Neil Armstrong