A curiosidade e o bebê de sete meses

Desde os três meses que meu bebê dorme a noite inteira. Quer dizer, dormia. Nesse último mês ele passou a ter dias muito mais ativos, interagindo com todas as pessoas ao redor e interessado nos mais diversos tipos de objetos. O problema, para mim, é que essa sede de novidades não cessa mais à noite. Pegar no sono é um sacrifício e mesmo quando isso acontece, assim que o bebê descansa um pouco ele já desperta cheio de energia querendo explorar mais um pouquinho o mundo ao redor. Por isso que digo que esse é um problema para mim, para meu bebê é uma deliciosa oportunidade de aprender mais.

O cérebro do bebê é uma esponja que suga experiências de tudo ao redor. Sons, cores, texturas, cheiros, imagens, sabores. Tudo invade o cérebro que está formando uma imensa biblioteca de sensações que acompanharão o bebê por toda a vida. Quanto mais o bebê for estimulado nessa fase inicial, mais seu cérebro se desenvolverá. Esse desenvolvimento não está relacionado a crescer em tamanho, na verdade ainda não está bem claro como essas experiências transformam fisicamente o cérebro. A transformação talvez esteja mais na esfera da mente.

Toda experiência que o bebê adquire entra para um repertório que ele tem de compreensão sobre o mundo. Isso irá permitir que ele faça previsões sobre os fenômenos. Quanto mais experiências tem, mais preciso será esse modelo de mundo que ele forma. Isso é bastante útil, por isso a seleção natural favoreceu mentes inquisitivas, a despeito delas manterem os pais acordados até a hora em que esse post está sendo escrito.

curiosidade

O mundo é uma realidade a ser comida, por isso é bom deixá-lo seguro.

Um revés disso tudo é que o mundo nem sempre é seguro, e isso a curiosidade do bebê ainda não sabe. Cercar o bebê de cuidados exagerados irá cercear suas experiências. O ideal então é tornar os ambientes que o bebê circula tão seguros quanto possível e deixá-lo livre para experimentar em todos os outros sentidos. Restrinja o acesso ao fogão e a gavetas com objetos pontiagudos ou substâncias tóxicas, cubra tomadas e esconda fios, proteja quinas e portas, mantenha longe objetos pequenos ou sacos plásticos que possam causar sufocamento, afaste também as coisas pesadas que o bebê possa derrubar sobre si. Tomados os devidos cuidados pode deixar seu bebê livre para experimentar o mundo e aprender com isso.

Participe do sorteio – De cabeça aberta

cabeca aberta

Fonte: www.zahar.com.br

 

Estou voltando de viagem. Uma dessas viagens muito interessantes, mas que nos custam tão pouco. Fui conhecer o cérebro através do livro “De cabeça aberta” de Steven Johnson, publicado pela Jorge Zahar. Johnson expõe uma mescla da vivência em ser cobaia de alguns experimentos em neurociências com seu cotidiano em seis capítulos que versam sobre: a interpretação da expressão facial pelo cérebro, a experiência de traumas, como o cérebro se concentra, empatia e vida social, a química das sensações e imagens cerebrais por ressonância magnética.

Ler “De cabeça aberta” me lembrou daquele clássico do Spielberg nos anos 80, a “Viagem Insólita”. A cada capítulo visita-se uma habilidade do nosso cérebro. Nosso não, na verdade o livro é uma autobiografia do cérebro de Steven Johnson. Como diz a Ana Arnt, uma amiga minha autora do Cultura, Educação e(m) Ciências (acho que parafraseando outra pessoa), o cérebro é o único órgão capaz de pensar sobre si próprio. E se tem um órgão que não deixa de me surpreender é ele, nem o fígado faz tanta coisa legal diferente com tanta complexidade. Leitura fluida de um escritor com formação jornalística, mas muito entendido de neurociências. Mais uma demonstração de que os jornalistas estão com tudo na divulgação científica, vide xis-xis. O livro é desses para se ler com lápis e post-its do lado, já que coloca seu cérebro para ter idéias o tempo todo. Até sugeri mudanças no projeto de uma aluna à luz de um trecho do livro! Valeu a leitura.

 

 viagem insolita

Em breve na Sessão da Tarde

Fonte: www.warner.com.br

 

O livro é ainda integrante da série “Ciência da vida comum”, cheia de outros títulos para quem gosta de ver o que há de científico por todos os lados. Contou também com a revisão técnica da Suzana Herculano-Houzel, neurocientista da UFRJ que deve ser o melhor exemplo de cientista bem sucedido na tarefa de divulgar ciência.

Agora a brincadeira é a seguinte, o Ciência à Bessa está promovendo um sorteio deste livro que me foi doado pela editora. Para participar basta postar um comentário abaixo declarando amor ao próprio cérebro. Publico os comentários e depois nos comunicamos por e-mail para eu pegar um endereço para enviar o livro. Boa sorte…

PS: Esqueci de colocar uma data limite para o sorteio, né. Dia 13/10 faço o sorteio e posto aqui o ganhador. Beleza?