Dentes e o bebê de 5 meses
Nossos dentes contam uma história interessante sobre a evolução humana, e isso fica muito evidente na dentição dos bebês. O próprio fato de termos uma mandíbula com dentes recobertos de um esmalte, o tecido mais mineralizado e duro do nosso corpo, demonstra que compartilhamos uma característica com todos os outros vertebrados mandibulados, incluindo os tubarões, peixes ósseos, anfíbios, répteis, aves e os outros mamíferos.
Entre os vertebrados mandibulados, somos característicos por termos dentes diferentes de acordo com a parte da mandíbula na qual eles crescem. Também é peculiaridade dos mamíferos que os dentinhos que nascem nos bebês de cerca de cinco meses duram uma parte da vida e depois são trocados por dentes definitivos.
De fato, a dentição dos mamíferos é muito diferente da dos demais vertebrados e existe grande variação interna ao grupo. Dentes adaptados a uma dieta onívora, com a presença de incisivos, caninos, pré-molares e molares largos e com cúspides baixas, são típicos de primatas. Os 32 dentes que carregamos na boca são semelhantes aos 32 apresentados por chimpanzés.
Em nossa história mais recente nossos dentes encolheram, especialmente os caninos. As causas disso ainda são discutidas, mas dentes menores podem decorrer de uma mudança da dieta para itens mais moles ou da introdução do fogo e do cozimento de alimentos.
Os dentes que começam a nascer por volta do quinto mês de vida do bebê são marcas indeléveis de seu passado evolutivo e suas relações de parentesco com tantos outros animais.
Tudo em um ano 13 – Hominídeos
Imagine-se em um barco num rio com pés de mexerica e um céu de marmelada. Alguém te chama, você se vira lentamente e ali está uma primata esticando-se para alcançar algumas dessas mexericas e comer. O animal que você vê (sim, um animal) lhe parece em tudo um chimpanzé, o fato dela estar de pé não impressiona porque ela estava apenas colhendo os frutos, mas vê-la afastar-se de pé em meio à savana para além dos pés de mexerica causa certo furor. Aquela primata um dia viria a morrer à beira do rio Etíope em Afar, seria recoberta por sedimentos finos na cheia seguinte e se fossilizaria para só ser descoberta por pesquisadores ingleses daqui a várias horas de anos cósmicos, ou 4,4 milhões de anos do nosso tempo normal.
A postura bípede é só uma das características humanas que nos diferencia de outros animais e é compartilhada com esta garota com olhos de caleidoscópio e cara de chimpanzé. Ainda há muito o que mudar até o final do dia agora que nosso ano cósmico vai chegando ao fim.