O crescimento e o bebê de seis meses
Não sei se é porque fiquei muitos dias longe do meu bebê no sexto mês de vida dele, mas é espantoso ver como eles crescem depressa. Existem os chamados estirões na adolescência nos quais a pessoa cresce mais centímetros absolutos por unidade de tempo, mas em proporção ao tamanho total do corpo é nesse período que mais crescemos. Esse crescimento se deve a mudanças importantes no esqueleto do bebê.
São os ossos longos os principais responsáveis pelo crescimento do bebê. O esqueleto do feto é formado principalmente por cartilagens. A diferença desse tecido para o osso propriamente dito é que ele é bem menos mineralizado, a matriz que circunda as células na cartilagem é formada por fibras de colágeno, e não por carbonato de cálcio. Por isso o esqueleto do bebê é tão mais flexível que o de um adulto, a ponto dele poder colocar o pezinho na boca facilmente.
É na passagem de cartilagem para osso que ocorre o crescimento dos ossos longos. Primeiro vasos sanguíneos começarão a depositar cálcio no meio do osso longo, formando tecido ósseo em substituição à cartilagem. À medida que o centro do osso se torna tecido ósseo, as extremidades cartilaginosas se alongam. Com o passar do tempo dois pontos novos de formação de tecido ósseo surgem em cada extremidade do osso. O crescimento termina quando o tecido ósseo no centro do osso longo se encontra com aquele formado em cada extremidade, fazendo desaparecer o espaço cartilaginoso que existia antes, a chamada sínfise.
O crescimento do bebê é motivo de preocupação para muitos pais. Ele é um bom indicador da qualidade alimentar do bebê, mas é importante ter calma na análise da curva de crescimento, aquela que o pediatra vai marcando mês a mês. Os pais tendem a ver a linha média de crescimento como uma meta para o bebê. Ora, uma média significa matematicamente um ponto no qual metade da população localiza-se acima e metade abaixo, pelo menos considerando-se uma distribuição normal de dados. Estar abaixo da média é esperado para metade dos bebês. Outro problema é que alguns pediatras usam curvas de crescimento importadas. Não faz sentido esperarmos que no meio da zona tropical nossos bebês respondam a uma curva de crescimento escandinava. A pessoa mais indicada para dizer se o crescimento do seu bebê está ou não normal (e o que fazer a respeito) é o pediatra. Recentemente um extenso estudo propôs uma curva de crescimento universal. Fico um pouco desconfiado dessas generalizações, mas o volume de dados é assombroso, então aponta uma perspectiva confiável.
Outra transformação interessante que ocorre no esqueleto do bebê durante o crescimento é a mudança no número de ossos. No esqueleto axial (crânio e coluna) ocorre a fusão de ossos como os do crânio e do sacro, na bacia. Já no esqueleto dos membros surgem novos ossos no pulso e tornozelo. Ao todo o esqueleto do bebê passa de 270 ossos para 206 até por volta dos dois anos.
Nem sempre o crescimento nesses primeiros meses interferirá na estatura final da pessoa. Não deixe de acompanhar o desenvolvimento do seu bebê, mas evite ficar paranoico com ele. A amamentação proverá o bebê do cálcio tão importante para seu crescimento.