Cadaverina, ou a beleza da ciência pura
Ontem estava no departamento onde trabalho quando as secretárias, ao mover um móvel, descobriram um fortíssimo cheiro de animal morto que empesteou o ar. Era a cadaverina, uma amina derivada da putrefação de proteínas animais, especialmente do aminoácido lisina.
Não cheguei a arrotar em voz alta minha erudição sobre o fedor, mas ela poderia ter até impressionado. Ou não. Poderia simplesmente soar arrogante e besta, o que provavelmente me fez manter a boca calada. Fato é que o fedor continuou ali, e nós, fora da sala.
A ciência básica é assim, às vezes te oferece uma série de informações que não resolvem em nada seu problema prático. Mas, como dizia Richard Feymann, ‘é como o sexo”, não é pelo resultado prático que a fazemos.