Divulgação científica: o ponto de vista do “usuário final”


Este Blog não nasceu com a idéia de fazer “divulgação científica”, mesmo porque eu não sou um cientista. A idéia era apenas tornar pública minha indignação contra tudo que anda errado, todo o mundo sabe quais são as soluções, só que ninguém faz… O próprio nome do Blog traduz bem a minha quase desesperança, acumulada nesses quase 56 anos de vida.


Aproveitando minhas habilidades como tradutor técnico (adquiridas por auto-didatismo e necessidade de complementar o régio estipêndio que a nação me pagava – e ainda paga – para ser uma competente máquina de destruição), me dediquei, principalmente, a traduzir artigos publicados em periódicos do exterior sobre diversos temas. Como eu sou um frustrado por não ter seguido minha verdadeira vocação: professor, é apenas natural que a maior parte dos artigos contenha material de divulgação científica. Talvez a “pedra de toque” tenha sido a idéia de traduzir os Boletins Physics News Update da AIP, que apresentam as novidades no campo da física, e divulgar este fato pelos grupos de discussão sobre física no Orkut.
Mas meu enfoque sobre a ciência e a divulgação científica é aquele do (ávido) leitor sobre novidades das ciências. Eu gosto de brincar, chamando o Daniel de “meu professor particular de Física de Altas Energias”, porque não deixa de ser verdade. E tive a “cara-de-pau” de me inscrever no “Roda de Ciência” exatamente para representar os leigos, em meio aos cientistas.
Eu me considero um cara particularmente afortunado, porque minha educação formal é bastante… digamos “sofrível”. Mas minha curiosidade e prazer em aprender me fizeram ter o caradurismo de me dirigir a um dos principais colaboradores do site “Queremos Saber” da Universidade Federal do Ceará e manter uma correspondência pessoal para esclarecer minhas dúvidas, nascidas das imperfeições inerentes à “divulgação científica”. Por mera sorte, o Daniel é daqueles que, se não respondem direta e pacientemente às perguntas, lhe encaminha aos links onde você pode obter informações básicas sobre os assuntos. Uma coisa leva a outra e eu me tornei “sócio atleta” do Blog dele.
Mas chega de falar de mim e voltemos ao assunto: o papel da “divulgação científica”.
Eu compreendo a dificuldade de transmitir informações aos totalmente leigos (como eu) porque o leigo não tem condição de aquilatar da veracidade da informação que lhe é passada por um “doutor”. Recente exemplo disso foi a tradução que fiz de um artigo do The Times, e tive que encher a paciência da Maria Guimarães para que ela comentasse sobre certas passagens do artigo que me pareceram suspeitas.
Mas a única fonte de acesso que a maioria possui é exatamente esta: os “divulgadores”, cujo preparo é – para dizer o mínimo – duvidoso. Como pode o leigo discernir se o que está lendo (escrito com foros de autoridade) procede ou não? Nos grupos de discussão do Orkut, este apedeuta aqui é chamado de “professor” por diversas pessoas.
O que me leva a outra triste constatação: o sistema de ensino parece ser estruturado para fazer com que as pessoas percam a vontade de aprender. Fora os CDF (como eu), todos parecem ter a idéia de que “estudar é chato”. E a maioria deles têm razão. (Eu gostaria de que esse fosse um tema a abordar na Roda). Eu costumo dizer que, em matéria de botânica, de vez em quando, eu consigo distinguir um pinheiro de uma bananeira. Biologia, para mim, sempre foi um ramo extremamente árido e o pouco conhecimento que tenho do assunto que tenho, foi obtido para não me deixar impressionar pelos médicos com seu jargão (até hoje eu me divirto dizendo que “Rota-Virus de etiologia desconhecida” é a maneira do médico dizer “não faço a menor idéia do que possa ser, mas não vou confessar isso a você”).
Eu cresci lendo Isaac Asimov, Heinlein e Clarke. Além dos devaneios sobre “impérios galáticos”, me interessava o conhecimento do universo, de como esta geringonça funciona e – a eterna pergunta – “para que isso serve”? Mas é muito difícil encontrar boa “divulgação científica”. E um problema que pode até parecer menor (e que me perdoe Caio de Gaia) a maior parte dos bons livros sobre o assunto é traduzida em português de Portugal. Agora, experimente ler Hawking (que já escreve muito mal) em um idioma razoavelmente parecido com o seu para lhe confundir mais ainda as idéias, e veja o resultado. Sorte minha que, ao lidar com traduções técnicas, eu aprendi a reverter as traduções para o idioma original e compreender (ao menos em parte) o que o autor queria dizer. (para ser um bom tradutor, não só é imprescindível ter um total domínio sobre a língua original, como de sua própria).
O certo é que – aos trancos e barrancos – eu venho tendo um razoável sucesso nessas traduções (e – é claro – aproveito para expressar minhas próprias opiniões). Pelo menos, até agora, ninguém me corrigiu qualquer erro crasso. E tenho conseguido interessar pessoas sobre o andamento das questões científicas mais atuais.
Só a título de curiosidade: o artigo mais visitado em meu Blog (logo após os Physics News Updates) tem sido a tradução do “Crackpot Index” do John Baez…
Talvez o maior problema com a “divulgação científca” seja a de expressar em termos acessíveis aos leigos, coisas que têm, por trás de sua formulação, todo um arcabouço científico inacessível àqueles que não tem a formação de cientista.
Paciência… Talvez seja essa a virtude maior a ser cultivada por aqueles que optam por fazer “divulgação científica”. Paciência para ouvir asneiras e explicar aos asnos onde está a interpretação errada.
E fica por aqui.
Coloque seus comentários aqui.

Physics News Update nº 788

PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 788, de 10 de agosto de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi Physics News Update
ÁTOMOS EM UMA ARMADILHA MEDEM A GRAVIDADE ao nível micrométrico. Atualmente, muitas das medições mais sensíveis na ciência, dependem de algum fenômeno quântico que seja muito sutil e possa ser explorado para obter a máxima precisão. Eu uma experiência realizada na Universita di Firenze (Universidade de Florença, Itália) o fenômeno quântico em questão é a chamada Oscilação de Bloch. Este estranho efeito ocorre quando partículas, sujeitadas a um poetêncial periódico (tal como elétrons sentido o efeito regular dos intervalos da força elétrica em uma grade cristalina de átomos), são expostas a uma força estática adicional – por exemplo, uma força elétrica unidirecional – o que ocorre é que os elétrons não se movimentam todos, como seria de esperar, na direção da força, porém ficam oscilando para frente e para trás, no mesmo lugar. Em uma nova experiência, relaizada por Guglielmo Tino e seus colegas de Florença, as partículas são átomos de Estrôncio super-resfriados, mantidos em uma armadilha óptica verticalmente orientada, formada por feixes de laser entrecruzados, enquanto que a força estática é apenas a força da gravidade que puxa os átomos para baixo (ver figura em http://www.aip.org/png/2006/263.htm ).
Quais são as características peculiares a esta experiência? Antes de tudo, embora Oscilações de Bloch tenham sido observadas antes, nunca foram mantidas por um tempo tão longo (10 segundos), como no caso presente. Experiências que misturem gravidade e mecânica quântica são raros. Além disso, embora a núvem de átomos de Sr usados não existam sob a forma de um BEC (Condensado de Bose-Einstein), os átomos absorvem a luz laser que os aprisiona, de maneira coerente; ou seja, eles absorvem a luz em uma maneira estimulada, não aleatória. Eles rapidamente re-emitem a luz e, então, absorvem um novo fóton. O número de fótons por átomo transferidos desta forma – milhares, em vez de dezenas – é o maior para uma experiência de física. Finalmente, a observação próxima das Oscilações de Bloch permite que se meça a intensidade da força estática, a gravidade, com alta precisão – neste caso, medir a gravidade com uma incerteza de uma parte por milhão.
Com os melhoramentos previstos para a aparelhagem, os pesquisadores serão capazes de levar os átomos a alguns microns de uma massa de teste e poderão medir g com uma incerteza de 0,1 partes por milhão. Sob estas condições, podem ser verificadas as teorias que dizem que a gravidade deveria se afastar da norma de Newton, o que talvez signifique a existência de dimensões espaciais desconhecidas. De acordo com Tino, diferentemente das experiências de medição da gravidade por meio de efeitos de equilíbrio de torsão ou cantiléver, o método de Florença mede a gravidade diretamentes e em curtas distâncias. A armadilha para átomos também deve ser capaz de se provar útil para futuros sistemas de direção inercial e relógios ópticos. (Ferrari et al., Physical Review Letters, 11 de agosto de 2006)
O OBJETO MAIS AFIADO JÁ FEITO é uma agulha de Tungstênio, cuja ponta tem a espessura de um único átomo. A agulha, feita pelo pós-graudado Moh’d Rezeq do grupo de Robert Wolkow, na Universidade de Alberta (Canadá) e o Instituto Nacional de Nanotecnologia, no início era bem mais rombuda. Exposta a uma atmosfera de Nitrogênio puro, entretanto, começa um rápido “emagrecimento”. Para começar, o Tungstênio é quimicamente muito reativo e o nitrogênio abrasa a superfície de Tungstênio. Mas na ponta, onde um campo elétrico, criado pela aplicação de uma voltagem ao Tungstênio, está em seu máximo, as moléculas de N2 são afastadas. Este processo atinge uma condição de equilíbrio no qual a ponta é muito afiada. (Para uma figura, veja aqui; para um filme mostrando o porcesso de evaporação durante todo o processo, até a formação de uma ponta com um único átomo, ver o website aqui ). Além disto, todo o N2 presente em torno da ponta auxilia a estabilizar o Tungstênio contra uma degradação química maior. Realmente, a agulha produzida é estável em temperaturas de até 900°C, mesmo após 24 horas de exposição ao ar.
As pontas de sondas usadas em microscópios de varredura por tunelamento (STM), embora possam produzir imagens com resolução ao nível atômico de átomos em repousados na camada superior de um material sólido, não são, eles próprios, da finura de um átomo. Em vez disso, seu raio de curvatura no fundo é tipicamente de 10 nm ou mais. Wolkow diz que uma ponta ainda mais fina possa ser útli na construção de aparelhos STM (junta-se mais pontas em uma pequena área e um aparelho ainda maior pode permitir a filmagem dos movimentos atômicos) a resolução espacial não seria aumentada por isso. O real benefício das finas pontas de Tungstênio, ele acredita, será o de serem soberbos emissores de elétrons. Sendo tão finas, elas emitiriam elétrons em um feixe brilhante, estreito e estável. (Rezeq, Pitters, Wolkow, Journal of Chemical Physics, 28 de maio de 2006)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Média e Mediana

Eu me meto em cada uma… O Daniel, muito lampeiro, meteu no “It’s Equal but it’s different” um link para um artigo muito interessante. E eu, todo bobo, pensei: vale a pena traduzir!…
Realmente vale… Mas vai ficar cheio de “notas do tradutor” porque é cheio de trocadilhos (a começar pelo título).

Who’s Counting: It’s Mean to Ignore the Median
[e lá vai a primeira N.T: “Who’s counting” pode ser traduzido tanto por “Quem está fazendo as contas?”, como por “Quem se importa?”; “mean” tanto pode ser “média, meio”, como, no sentido implícito no título, “mesquinho”; e “median” pode ser tanto “mediana”, como “medíocre”]
Fazendo a leitura dos números da economia pelos pontos de vista dos Democráticos e dos Republicanos.
6Ago2006 — Acreditem ou não, a maneira diferente com que os Democratas e os Republicanos reagem ao desempenho da economia dos EUA, é esclarecida por uma distinção matemática ensinada no 1º grau. A distinção é entre a média, que é onde os republicanos põem ênfase, enquanto que os democratas preferem a mediana. Antes de passarmos à economia, deixem-me revisar um pouco de matemática de 4ª série.
A Média e a Mediana
A média de um conjunto de valores numéricos é, simplesmente, um valor intermediário e é obtida somando-se todos os valores e dividindo o valor total pela quantidade de valores. A mediana de um conjunto de valores é obtida listando-se os valores em ordem crescente e localizando o valor que fica no meio da lista. O mesmo conjunto de valores pode ter uma média e uma mediana extremamente diferentes.
Um corretor de imóveis, por exemplo, lhe diz que o preço médio de uma casa em um determinado bairro é de $ 500.000, deixando implícito que não existem muitas casas acima desse preço no bairro. Não necessariamente. Se a maior parte das casas valerem entre $ 100.000 e $ 200.000, e existam umas poucas mega-mansões multimilionárias, o preço médio no bairro pode ser $ 500.000, mesmo que a mediana seja, por exemplo, $ 160.000.
Ou se um vendedor lhe disser que a comissão mediana dele, em nove vendas efetuadas nesta semana, foi de $ 80, deixa implícito que ele faturou, portanto, $ 720 nessas vendas. Pode ser, mas ele pode ter faturado milhões, se uma dessas vendas foi enorme, ou ele pode ter faturado pouco mais de $ 400 se quatro das vendas derem uma comissão perto de $ 0 e as outras cinco forem $ 80, ou pouco mais.
A economia
A relevância desta distinção fica aparente nos recém-liberados números sobre a economia dos EUA para 2004, o último ano para os quais existem dados completos. Os republicanos apregoam que a economia cresceu a saudáveis 4,2% (desaqueceu, desde então). Os democratas apontam para os dados do Bureau do Censo [N.T: o IBGE deles] para o mesmo ano (e também nos anteriores), indicando que a renda mediana das famílias caiu e aumentou a pobreza.
Os economistas Thomas Piketty e Emmanuel Saez, que estudaram longamente a distribuição de renda, viram recentemente os dados e calcularam que, durante este período de apenas um ano, os rendimentos reais dos 1% mais ricos (aqueles que ganham caima de US$ 315.000 por ano), cresceu de quase 17%. Mais ainda, este crescimento na renda, não só ultrapassou o das classes baixa e média, mas ultrapassou, e muito, o da alta-classe-média, também.
O aumento da renda destes 5% cujas rendas são maiores do que 95% dos demais americanos, foi quase mínima. Os enormes aumentos de renda foram para aqueles que já tinham rendas enormes. De fato, metade do crescimento da renda desses 1% do topo, foi para o os 0,1% no topo deste 1%!
E o salário mínimo? O menor poder aquisitivo real desde a década de 1950. E a renda do típico recém-formado em curso superior? Caiu em 2004.
Esta dinâmica de ricos-ficam-mais-ricos não é coisa nova. A tendência de crescimento de “surfeiros” de Internet, motoristas de fim de semana, pequenos investidores no mercado, bem como uma pletora de medidas de qualidade-de-vida, sociais e financeiras sugerem um fenômeno generalizado, usualmente descrito como progressões potenciais em matemática.
Ao longo de diversas dimensões sociais, a dinâmica subjacente a essas progressões pode levar ao desenvolvimento de flagrantes deisgualdades, que parecem estar crescendo, não só aqui, mas em todo o mundo. As Nações Unidas emitiram um relatório, poucos anos atrás, dizendo que o valor líquido das três famíliar mais ricas do mundo – as famílias Gates, o Sultão de Brunei e os Waltons da Wal-Mart – superava o PIB das 43 nações mais pobres.
Filosofia e um Pequeno Jogo
Ainda assim, esse desnível não é necessário, nem inevitável, e traz males para a sociedade civil. Há quase 2.400 anos atrás, Aristóteles, ao ver a discordia entre os ricos e pobres da Grécia Antiga, aplicou sua idéia da regra áurea para uma distribuição equitativa (mas não igualitária) da renda. Para trazer estabilidade, ele favorecia o estabelecimento de uma forte classe média e políticas governamentais para auxiliar esse estabelecimento.
Um pequeno jogo do campo do comportamento financeiro ilustra o que é o ressentimento de classe que Aristóteles descrevia. O assim chamado “Jogo do Ultimato” geralmente envolve dois jogadores. A um, o experimentador dá uma certa quantia em dinheiro, digamos $ 100, e ao outro se dá uma espécie de poder de veto. O primeiro jogador pode oferecer qualquer fração diferente de zero dos $ 100 ao segundo jogador. Se ele aceitar, recebe qualquer quantia que o primeiro jogador tenha oferecido e o primeiro fica com o troco. Se ele rejeitar, o experimentador toma o dinheiro de volta.
Em termos racionais de teoria dos jogos, se poderia pensar que é do interesse do segundo jogador aceitar qualquer oferta, uma vez que qualquer soma é melhor do que nada. Não é o que acontece, entretanto. As ofertas costumam variar de 5 a 50% do dinheiro envolvido, porém, quando julgadas muito pequenas, as ofertas costumam ser rejeitadas. Melhor não receber nada, dizem os rejeitantes ressentidos, do que ser humlhado. Noções tais como justiça e eqüidade, bem como raiva e vingança, parecem ter seu papel.
Como se eu tivesse pedido uma ilustração, logo que acabei de escrever este artigo, a Câmara aprovou um modesto salário-mínimo, mas, tipicamente, ligado a um significativo corte no imposto sobre propriedades. Mais uma vez, um para você, dez para mim (parece que a Lei não deve passar no Senado, entretanto).
Então será que Aristóteles era um Democrata de carteirinha? Não. Eu acho que ele só estava expressando um bom senso econômico, cada vez menos comum. É mesquinharia ignorar os medíocres. [no original: “It’s mean to ignore the median.”]
O Professor de Matemática na Universidade Temple, John Allen Paulos é autor de best-sellers tais como “Innumeracy” (N.T: uma possível tradução seria “Analgaritimia”, por semelhança com “analfabetismo”) e “A Mathematician Plays the Stock Market” (“Um matemático joga no mercado de ações”) . Sua coluna “Who’s Counting?” em ABCNEWS.com é publicada no primeiro fim de semana de cada mês.
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E ainda fazem esse escarcéu todo sobre a desigualdade da distribuição de renda no Brasil. Agora, considere que quem ganha entre R$ 1.000 e R$ 1.400 no Brasil, é “classe média” (eu sou um “Marajá”…); daí para cima, são os 10% de “privilegiados” que pagam Imposto de Renda, nas módicas alíquotas de 15 e 27,6% (era para ser 25%, mas ficou “definitivamente provisório”, tal como a maldita CPMF…).
Eu acho muita sacanagem equiparar quem ganha R$ 5.000 e R$ 50.000, principalmente porque certas deduções têm limites ridículos, tais como educação e dependentes. E, em um país onde falta emprego formal, não se poder deduzir integralmente todo o custo de um trabalhador doméstico, enquanto as empresas deduzem os salários como “custo operacional”, já nem é sacanagem: é falta de vergonha na cara, mesmo!
Mas o pior é o “imposto embutido” (porque não é só ICMS e quejandos sobre o produto final que você compra no mercado ou na papelaria… cada vaca e a terra onde ela pasta, pagam impostos; a usina onde o leite é processado, paga impostos e as infames “contribuições sociais”; o transporte do leite paga IPVA, todos os impostos sobre combustíveis e, de vez em quando, um pedágio ou outro; fora os impostos em outros insumos indiretos tais como 33% em cima das contas de energia elétrica, em cada prédio por onde o leite passou, 33% em cima das contas de telefonia, “Alvarás Municipais” para o estabelecimento comercial; PIS, COFINS e CPMF durante todo o trajeto do dinheiro que paga cada etapa; e mais algumas que não me vêm a memória): este xorrilho de impostos acaba batendo no bolso de quem vai comprar uma lata de ervilhas, seja eu, seja o Bill Gates, ou seja o Zé Mané que trabalha de auxiliar de pedreiro, durante o dia, e vigia, durante a noite – sem carteira assinada, é claro (qual é o empregador pobre como o dono de uma quitanda ou síndico de condomínio que pode se dar ao luxo de assinar carteira?…)
Mas nossos Partidos de “esquerda” e “centro-esquerda” acham que arrancar o couro da classe média (enquanto pagam os juros mais altos do mundo para os pobrezinhos dos banqueiros) é “redistribuição de renda”… Nós pagamos impostos, o Valério enche a mala e o Duda Mendonça manda para as Ilhas Virgens (que deve ter um povo paupérrimo, já que os brasileiros não param de mandar dinheiro para lá…)

Nova “Zona Morta”

O lixo que as superpotências lançam na atmosfera, está voltando para suas praias. Vejam este artigo do New York Times.

Reaparece uma “Zona Morta” ao largo da costa do Oregon
Por CORNELIA DEAN
Publicado em 6 de agosto de 2006
Pelo quinto ano em seguida, padrões incomuns de ventos ao largo da costa do Oregon produziram uma grande “Zona Morta”, uma área com tão pouco oxigênio que os peixes e caranguejos sufocam. A zona ocupa uma área aproximadamente do tamanho de Rhode Island [nota do tradutor: o menor estado dos EUA, com uma superfície de 3.144 km²].
Esta zona morta é diferente daquelas no golfo do México e em outros lugares, resultantes do acúmulo de fertilizantes, esgotos e emissões de cirações de porcos e aves. A zona do Oregon aparece quando o vento gera fortes correntes que levam água rica em nutrientes, mas pobre em oxigênio, do mar profundo para a superfície próxima à costa,um processo chamado de ressurgência.
Os nutrientes estimulam o crescimento de plancton, o qual, eventualmente, morre e desce para o fundo do oceano. Bactérias consomem o plancton, usando oxigênio.
Jane Lubchenco, uma bióloga marinha da Oregon State University, diz que o fenômeno não parce ter ligação com os recorrentes El Niño ou La Niña, ou ciclos de longa duração dos movimentos oceânicos. Isso fez com que a Dra. Lubchenco imaginasse se a mudança climática poderia ser um fator, disse ela, acrescentando: «Não existe outra causa, em tanto quanto podemos determinar».
A zona morta, que aparece no fim da primavera e dura algumas semanas, quadruplicou de tamanho, desde que apareceu em 2002 e, neste ano, cobriu uma área quase tão grande quanto o Estado de Rhode Island, disse a Dra. Lubchenco. A zona se dissipa quando o vento muda.
Não se sabe ainda o efeito que a zona morta possa ter na futura pesca e captura de caranguejos, disse a Dra. Lubchenco. Até agora, disse ela, a zona morta não tem se formado antes que a estação de captura de caranguejos Dungeness [N.T: cancer magister] tenha quase acabado.
Hal Weeks, um ecologista marinho que dirige o Marine Habitat Project para o Departamento de Pesca e Vida Selvagem do Oregon, disse que a formação de áreas com pouca oxigenação, ou hopóxicas, até agora têm causado “disrupções localizadas” na pesca, mas nenhum declínio nas capturas e nenhuma interferência na pesca recreativa.
O Dr. Weeks disse que essas áreas podem ter ocorrido no passado e não terem sido percebidas. Mas ele acrescentou que, quando ele realizou uma reunião entre cientistas e pescadores, cerca de 18 meses atrás, para discutir a questão, os pescadores disseram não se lembrarem de problemas ocorrendo com uma tal regularidade.
«Com base nas lembranças das pessoas», disse o Dr. Weeks, «ele não tinham um padrão ou periodicidade para isso».
Ele e a Dra. Lubchenco disseram que os cientistas levarão um barco de pesquisas para o mar e, na terça-feira, baixarão um veículo-robô para fotografar o fundo do mar para verificar a mortalidade de peixes e caranguejos.
«Você, normalmente, não puxa para cima uma armadilha e acha quaisquer caranguejos mortos nela», disse a Dra. Lubchenco. «E todos os caçadores de caranguejos com quem falei, mencionaram caranguejos mortos».
O Dr. Weeks disse esperar que o cruzeiro de pesquisa ajude a explicar o que está acontecendo. «Eu deveria dar a melhor acessoria técnica a meus superiores», disse ele, «e receio que, agora mesmo, eu não tenha as respostas para eles».
Em 2002, quando a zona morta apareceu pela primeira vez, disse a Dra. Lubchenco, ela e outros pesquisadores deram pouca atenção ao que pensaram ser uma anomalia interessante. «Mas, agora, cinco anos em seguida, nós estamos começando a pensar que houve alguma mudança fundamental nas condições do oceano ao largo da Costa Oeste», disse ela, provavelemente por causa das mudançaas nas “correntes de jato” causadas pelo aquecimento global.

Enquanto isso, ainda há gente (e gente de nomeada) que acha que o “Protocolo de Kioto” é junk science e apoia o indizível presidente arbusto em seus delírios de pascácio ganancioso…

Sobre enzimas e evolução

Um artigo interessante que apareceu no The Times.

Confie em mim, eu sou uma acetil-transferase
Como encontrar virtudes em uma enzima
Science Notebook por Terence Kealey
The Times 7 de agosot de 2006
EM SUA OBRA, “A Riqueza das Nações”, Adam Smith mostrou como o crescimento econômico era dependente da especialização: um homem, sozinho, podia fazer somente 20 alfineites por dia, mas uma equipe de homens, cada um com um serviço especializado, um fazendo o corpo do alfineite, outro afiando a ponta, outro fazendo a cabeça, e por aí afora, podiam montar 4.800 alfineites por dia.
Assim é a Natureza. Experiências mostram que uma sopa primordial que imite as condições da jovem Terra (uma solução de amônia, cianeto e outras substâncias químicas tóxicas), quando aquecida e eletrocutada, faz aparecer uma substância chamada RNA [nota do tradutor: RNA = ácido ribonucleico. A descrição é algo exagerada: aparecem alguns aminoácidos que compõem o RNA, não um RNA pronto] . O RNA é notável porque, tal como o DNA [N.T: DNA = ácido desoxirribonucleico, a “dupla-hélice” do código genético] ele pode codificar sua própria reprodução (o que é a própria definição de vida) [outra N.T: outra afirmação simplista e exagerada – um vírus é capaz disso, mas não está, exatamente, vivo] e é, também, um catalizador que pode dirigir reações químicas. Portanto, presumivelmente a vida primitiva tinha como base o RNA que servia tanto como molde para reprodução, como de catalizador para esta reprodução.
Mas o RNA, de certa forma, é como o solitário fabricante de alfineites. Ele não é um bom molde para a reprodução (ao contrário do DNA, ele é instável), nem um bom catalizador (proteínas são melhores). Uma vez que o RNA pode servir de código para o DNA, e como o RNA também pode ligar aminoácidos em proteínas, a vida evoluiu de uma forma que o DNA se especializou em herança, enquanto as proteínas, tais como enzimas, se especializaram em catálises de alto desempenho. O RNA é um mero mensageiro entre os dois.
A vida continuou a se especializar. As células de animais e plantas mais evoluídos contém organelas tais como mitocôndrias (que se especializaram em usar o oxigênio) que uma vez foram bactérias livres. Eles agora coabitam com nossas células ancestrais, mas mantém seu próprio DNA como prova de seu estado independente anterior.
Igualmente, os próprios animais e plantas surgiram quando as células se juntaram em organismos multicelulares. Todas as nossas células atualmente se especializam – elas não são mais auto-suficientes e, quando isoladas do corpo principal, morrem – mas o que elas perderam em auto-suficiência, ganharam com a cooperação com outras células no complexo do corpo de um animal ou planta.
Em outra de suas grandes obras, “A Teoria dos Sentimentos Morais”, Adam Smith mostrou que as equipes de seres humanos só podem sobreviver se forem embasadas em um sistema de confiança que impeça a trapaça. Igualmente, a cooperação entre as células depende do policiamento da trapaça ou do individualismo, ou vai surgir uma auto-destruição, tal como o câncer.
Em um fascinante artigo, publicado na Nature, Gregory Velicer, do Instituto Max Plank em Tübingen, Alemanha, pode ter identificado uma primitiva química de confiança. Myxococcus xanthus é uma bactéria do solo que, quando o alimento é escasso, se engaja em um ato de auto-sacrifício altruístico. Cerca de 100.000 indivíduos se fundem em um esporo que alimenta, com os restos dos 100.000, uns poucos indivíduos, permitindo sua sobrevivência.
Porém existem cepas trapaceiras de M xanthus que simplesmente invadem os esporos altruísticos e roubam a comida, levando os altrístas à morte. Aparentemente, as trapaceiras são mais espertas do que as altruístas. Entretanto, elas são suicídas, bem como assassinas, porque quando as cepas trapaceira e altruísta são misturadas, sob condições de inanição, todas as bactérias morrem, porque as trapaceiras matam as altruístas sem ter uma estratégia de sobrevivência própria.
Porém, Velicer mostrou, agora, que as trapaceiras são realmente espertas porque, sob estas condições, elas próprias podem, algumas vezes, evoluir por mutação espontânea em altruístas. Assim, na verdade, elas podem sobreviver, uma vez tendo matado as altruístas originais, se tornando elas próprias fabricantes altruístas de esporos. E Velicer mostrou, agora, que o gene que sofre a mutação para promover o altruísmo é um que codifica uma proteína chamada acetil-transferase. Em resumo, acetil-transferase é uma enzima virtuosa. Como? Isso Velicer ainda não sabe.
Mas a acetil-transferase tem ainda outro truque na manga, porque ela assegura que as novas cepas altruístas resistam à invasão por outras trapaceiras. Isto é esperteza, porque a cooperação que fica restrita aos membros de uma comunidade é o segredo do sucesso, não somente entre as bactérias. Empresas de especialistas de fabricação de alfineites podem triunfar sobre fabricantes solitários de alfineites, da mesma forma que, na política, as democracias podem suplantar as tiranias porque seus cidadãos cooperam mais eficientemente. Como Velicer mostra agora, a base para o sucesso dos grupos provavelmente reside em uma classe de enzimas que nós compartilhamos com as bactérias, a classe das acetil-transferases, cujo impacto sentimos da Bolsa de Valores, até o Parlamento.

Boas novas!… Parece que o mau-caratismo é mesmo anti-natural. Comparem com o artigo Cooperação Forçada, neste mesmo Blog.

Quem precisa de Bush?

Outra notícia do The Observer traz um exemplo a mais da infinita capacidade da estupidez humana em se superar.

Gays fogem do Iraque, fugindo dos esquadrões da morte xiítas
Indícios mostram um aumento no número de execuções, enquanto homossexuais pedem asilo na Grã-Bretanha
Jennifer Copestake
Domingo, 6 de agosto de 2006 The Observer

Grupos de insurgentes “linha-dura” no Iraque passaram a visar um novo tipo de vítima, com a total proteção da lei iraquiana [nota do tradutor: esta alegação é feita pela repórter. Eu suspeito que possa ser verdade, mas não tenho coragem de afirmar], The Observer pode revelar. O país está experimentando um súbito aumento de ataques brutais contra aqueles chamados de “imorais” – homens homossexuais e meninos, até de 11 anos, que tenham sido forçados à prostituição homossexual.
Existem indícios crescentes de que as milícias xiítas vêm matando homens suspeitos de serem gays e crianças que tenham sido vendidas a quadrilhas de criminosos para exploração sexual. Esta ameaça levou a um rápido aumento no número de homossexuais iraquianos que buscam asilo no Reino-Unido, porque se tornou impossível para eles viver em segurança em seu próprio país.
[Nota do tradutor: o artigo prossegue, mas eu parei para vomitar… quem quiser pode ler o original; o link está no título]

Isso é uma atitude típica do pior tipo de covarde: não têm cojones para enfrentar os Marines e vão descontar sua frustração nas pobres bichinhas… Quantas dessas bichas morreram em combate, enfrentando os invasores patrocinados pela ONU? A grande m**** com o Oriente Médio é exatamente isso: os americanos e seus “poodles” são uns atrabilhários criminosos, que só estão lá por causa do petróleo? Evidente que sim. Mas será que esses pústulas de radicais xiítas não mereciam coisa até pior?…
Meu consolo (eu sou religioso) é que Allah está de olho: esses cretinos não sabem o que os espera “do lado de lá”…

Para onde vai a economia americana?

A coisa está ficando feia, mesmo com umas guerrinhas para estimular a produção industrial. Olhem só esta notícia do The Observer de Londres.

O “Fed” admite a possibilidade de uma recessão nos EUA
Heather Stewart, correspondente de economia
Domingo, 6 de agosto de 2006 The Observer

Os Estados Unidos estão em face de uma probabilidade de quase 40% de entrarem em uma recessão nos próximos 12 meses, de acordo com o próprio modelo de mercado do Federal Reserve.
Na hora em que o Presidente Ben Bernanke se prepara para decidir se deve aumentar as taxas de juros dos EUA, pela 18ª vez, na próxima terça-feira, os preços dos bônus e os altos níveis dos custos dos empréstimos mostram, atualmente, uma chance de 38% de ocorrer uma recessão, de acordo com um modelo publicado pelo economista Jonathan Wright, do próprio “Fed”, anteriormente, neste ano.
Depois que os números oficiais sobre as folhas de pagamentos, liberados na sexta-feira, mostraram que a economia criou menos vagas de trabalho do que se esperava no mês passado, Wall Street começou a predizer que Barnake iria parar com a seqüência de aumentos nas taxas de juros, nesta semana. Mas alguns economistas acreditam que o banco central já foi longe demais.
«Eles exageraram muito nas altas», disse Ian Shepherdson do High Frequency Economics. «O “Fed” tem uma longa e inglória história de aumentar demais e baixar demais as taxas». Ele espera que o crescimento da maior economia do mundo tenha chegado a uma parada total, lá pelo fim do ano, mesmo que Barnake escolha deixar as taxas sem modificação nesta semana.
As predições de um desaquecimento nos EUA chegam junto com os avisos dos analistas de que a inesperada alta de taxas, feita pelo Banco da Inglaterra na quinta-feira, vai fazer despencar as vendas a varejo e balançar com o vulnerável mercado imobiliário – especialmente se os consumidores acreditarem que há mais altas a caminho. «Eu não desprezaria o impacto disto; as pessoas foram acostumadas a pensar que as taxas não se alteravam, e vai haver, agora, um período de ressentimento», disse Jonathan Loynes, economista-chefe para a Europa no Capital Economics.
«Um quarto de ponto percentual não é grande coisa, mas é um sinal», concorda Miles Shipside, diretor do website imobiliário “Rightmove”. «Certamente, se você estava tentando vender, antes de quinta-feira, agora vai ficar ainda menos fácil».
Kevin Hawkins, diretor-geral do British Retail Consortium (algo como o “Clube dos Diretores Lojistas”) – que, se espera, deve revelar esta semana que julho foi um mês de bons negócios no Reino-Unido – disse que a alta deve deixar os varejistas em dificuldades, assim que passarem os efeitos da Copa do Mundo e do Sol de verão. «Mais para o fim do ano, nós não teremos o futebol e não teremos este tipo de tempo – e, se isto realmente afetar a confiança dos consumidores, eu penso que vai ser ainda mais difícil conseguir qualquer crescimento real nas vendas».

Sem querer ser (mas sendo) “catastrofista”, se os ingleses estão preocupados e prevendo efeitos sombrios na economia, seria muito bom o Governo governo brasileiro (não merece maiúsculas…) começar a se preocupar, também…
Se há alguma coisa da qual o Brasil não está precisando, é uma nova política de elevação de taxas de juros. Mas, certamente, alguma coisa tem que ser feita quanto à política cambial. Que tal parar de remunerar exageradamente o capital especulativo que entra no país?… Com toda a valorização do Real, a balança de pagamentos já está mais do que favorável e a credibilidade da economia brasileira tem que se firmar com as próprias pernas – vide Argentina – e não ficar se estressando com os chiliques das Standard & Poor (traduzido literalmente é gozadíssimo: “Medíocre e Pobre”) lá em Wall Street.
Atualizando em 09/080/06: O FED manteve a taxa de juros estável, mas deixou no ar a possibilidade de novas altas. Ver nesta notícia da BBC-Brasil.

Esse filme eu já vi…

Notícia publicada no Le Monde:

Instalado o Governo de Coalizão Esquerda–Extrema Direita
O governo eslovaco de coalizão “vermelho-pardo” do Primeiro Ministro Robert Fico obteve, nesta sexta-feira 4 de agosto, um “voto de confiança” dos deputados, após uma maratona de debates de dois dias. Mesmo com a maioria já garantida, por causa da confortável maioria com um gabinete que reúne social-democratas, populistas e nacionalistas (85 assentos em 150), cerca de cinqüenta deputados eleitos pela oposição criticaram com virulência o programa de governo. [… a notícia prossegue com detalhes que não vêm ao caso… Se alguém se interessar, é só clicar no link do título]

Em um certo país lusófono da América do Sul, há quatro anos que uma “coalizão” desse tipo vem produzindo um governo pífio, com discurso esquerdista, política econômica de direita e um sem-número de escândalos de corrupção e “arreglos” para garantir uma suposta “governabilidade”. Será que vai funcionar na Eslováquia?
E algo pior acaba de me ocorrer: a última tentativa de unir populismo—direita–nacionalista em um país próximo da Eslováquia foi feita por um tal Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (mais conhecido pelo diminutivo “nazi”)… E a “República de Weimar” também era parlamentarista…
«Aqueles que não se lembram do passado, estão condenados a repetí-lo.» – Santayana
«O aforismo de Santayana deveria ser invertido: freqüentemente são aqueles que podem lembrar do passado que estão condenados a repetí-lo.» – Arthur M. Schlesinger, Jr.

Roda de Ciência


Esta á para quem gosta de ciência. Já está no ar o Blog “Roda de Ciência”, onde o pessoal que publica matérias – principalmente sobre ciências – vai colocar um tema em discussão. Os colaboradores vão postar “extratos” das matérias publicadas, em seus próprios Blogs, com um link para o artigo completo.
O sem-vergonha aqui pediu inscrição, no meio de todos os “pesos pesados”. Quem achar que é muita pretensão de minha parte, está com toda a razão.
O link já está aí na coluna lateral “meus favoritos”.
Atualização: 05/08/06 – E não é que aceitaram minha inscrição?… Pois é… Se você costumava ler minhas asneiras, agora pode compará-las com as opinões de quem realmente entende do assunto.

H5N1 – A ameaça continua


Um novo artigo no Blog Effect Measure sobre a Gripe Aviária.

A ameaça da Gripe Aviária continua
Karo, Indonésia, está de volta às manchetes sobre a gripe aviária. Uma outra vila no distrito de Karo foi palco do maior foco da gripe aviária até hoje (oito casos, dos quais, sete fatais). A transmissão de pessoa a pessoa foi reconhecida, de má vontade, pela Organização Munidial de Saúde, embora as autoridades da saúde da Indonèsia ainda resistam a admití-lo. Agora é o local de mais sete casos suspeitos, inclusive ao menos um foco familiar.

« Se se trata de um novo foco, isto deve ser cientificamente comprovado», disse Runizar Ruesin, chefe do Centro de Informações sobre Gripe Aviária no Ministério da Saúde da Indonésia.
Ele disse que sete pessoas foram internadas no hospital local Kaban Jahe, sendo três enviados a um hospital estatal.
Os últimos três são crianças – dois irmãos de 10 e 6 anos, e seu vizinho de 18 meses. « Eu ainda estou esperando o resultado dos exames», disse Ruesin. (Reuters via Thanhnien News)

Há relatos de galinhas mortas na área, mas nenhum outro histórico de exposição foi dado. Os ministros da Saúde, Bem-estar Social e Agricultura viajaram até a área, mas foram recebidos por uma população hostil que arrancou as máscaras dos ministros e forçou-os a remover suas roupas de proteção. O planejado abate das aves do local teve que ser cancelado e foi necessário chamar o exército para restaurar a ordem. «Esta é a primeira vez em que ocorre uma rejeição ao abate das aves» foi a declaração atribuída ao Ministro da Saúde. Isto é uma mentira deslavada, uma vez que a resistência ao abate tem sido uma marca registrada da situação na Indonésia, desde o começo. Uma questão é a grande afeição dos indonésios a suas aves e outra, certamente, é de natureza econômica. O governo está pagando uma indenização muito pequena.
As três crianças foram hospitalizadas com sintomas de gripe, em condições estáveis. Elas agora estão no hospital da capital da província, após terem sido removidas do hospital da vila. Diz-se que uma das crianças está com pneumonia. Outras quatro pessoas da mesma área estão senfo igualmente removidas para o hospital provincial, mas nenhum detalhe desses casos está disponível. (Forbes)
Ainda estamos em agosto mas a temporada de gripe parece já ter começado [nota do tradutor: hemisfério Norte; lá é pleno verão] . O que ela vai trazer, ninguém sabe. A ameaça da gripe aviária está longe de ser descartada, a despeito dos bem divulgados comunicados à imprensa em contrário.
Addendum: A TV da África do Sul diz que seis destes casos foram descartados, com base em exames feitos pelo Governo da Indonésia e pelo Laboratório da Marinha Americana, NAMR2. Não existem informações sobre o sétimo caso. Uma outra possível morte foi relatada na Tailândia, portanto a gripe aviária continua impávida, a despeito das boas notícias provisórias vindas de Karo.

Soa meio paranóico, não é?… Mas essa cepa H5N1, quando pega, mata! Então, qualquer cuidado é pouco. Se essa praga vier a sofrer a mutação que lhe permita se tornar uma pandemia, coitadinho do mundo… Só para se ter uma noção, a Gripe Espanhola também começou como uma gripe aviária, passou para os porcos e, daí, para as pessoas. E havia muito menos pessoas, em cidades bem menores e sem o tráfego aéreo atual…

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