Calorias
Aparentemente a escolha alimentar não se baseia no valor calórico da mesma…
Pelo menos é o que afirma a “amostra” americana que falou…
RODRIGUES SOLITÁRIO
Há uns tempos, o meu amigo e biólogo Jesus Marugán-Lobon, contava-me que em espanhol existe uma expressão que é “estar de Rodriguez”.
Esta expressão significa que o parceiro/a vai de viagem sozinho/a ou que um dos membros do casal fica a trabalhar enquanto o outro vai de férias com a prole.
Um pouco à semelhança do que acontecia no filme “O pecado mora ao lado (The Seven Year Itch)” onde Marylin Monroe atormenta um desgraçado “Rodriguez” que ficou em NY a trabalhar, enquanto o resto da família goza o prazeres da praia.
Na altura achei piada à expressão “Estar de Rodriguez”, sobretudo devido ao meu apelido, e perguntei-lhe se sabia a sua origem.
Explicou-me que deveria ter estar relacionado com a ave Pezophaps solitaria (solitário-de-Rodrigues, em alusão à ilha de Rodrigues no arquipélago das Maurícias).
Esta ave columbiforme não voava e era aparentada com o Dodó, tendo-se extinguido no séc. XIX.
Achei curiosa esta associação quer ao nome quer ao comportamento.
Alguém sabe mais associações de nomes animais ou plantas a nomes/comportamentos de pessoas?
Imagens – daqui e daqui
OCUPAS
Esta imagem recordou-me um texto que já publiquei há uns tempos e que retomo.
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 04/01/2007)
O período que vai entre o Natal e a Passagem de Ano passo-o entre a família, os amigos e a casa dos meus pais.
É uma altura em que o conceito de lar me diz muito – e acho que também à grande maioria das pessoas.
Aos amigos que vivem em Portugal juntam-se os novos emigrantes – os que saíram com um curso superior, tão diferentes daqueles que há umas décadas abandonavam o extremo oeste da Europa.
Mas essa é outra história.
A que quero hoje contar hoje surgiu de uma conversa com alguns desses amigos, à roda de cervejas, em que se falava de uma associação artística que surgiu e se mantém num squatter de Amesterdão.
Os squatters são prédios abandonados que foram (e são) ocupados por quem não tem abrigo e tiveram origem na década de 60 do século passado, especialmente na Alemanha, Holanda e Inglaterra, embora seja um fenómeno mais ou menos geral nos países desenvolvidos.
Não pretendo dissertar sobre as razões morais, económicas ou legais que estão na origem do squatting. Esta conversa lembrou-me antes os squatters que existem no mundo natural.
O primeiro de que me lembrei foi o caranguejo-eremita (género Pylopagurus).
Este crustáceo, de que existem muitas espécies, quer marinhas quer terrestres, não possui a carapaça típica dos populares caranguejos, apresentando um corpo mole, desprovido de protecção perante os predadores. Este animal desenvolveu, então, um comportamento equivalente ao dos ocupas humanos – aproveita as conchas vazias de gastrópodes. Essas conchas irão servir de “lar” ao caranguejo-eremita, protegendo-o dos perigos do meio-ambiente que o rodeia.
Quando este “ocupa” natural cresce e a concha já começa a “rebentar pelas costuras”, decide aventurar-se de novo no mercado imobiliário disponível – procura uma nova concha, desta vez com um tamanho adequado às suas necessidades.
Este comportamento de adaptação parece ser já bastante antigo, pois conhece-se pelo menos um caso (Paleopagurus) datado do Cretácico inferior (sensivelmente há 130 milhões de anos), em que fossilizaram ambos, hóspede e habitação.
A casa do antepassado dos actuais caranguejos-eremita pertencia a um grupo diferente – era uma amonite – cefalópode extinto há 65 milhões de anos. Interessante é também o facto de a pinça maior (aquela que fica “à porta”) ter variado a sua forma ao longo do tempo.
Assim, este gastrópode manteve um comportamento de aproveitamento de materiais naturais para a sua habitação e adaptou o seu próprio organismo às condições do imóvel natural disponível no mercado!
Mudam-se os tempos, mudam-se as casinhas!
Outro dos exemplos conhecidos de ocupação de casa alheia é o do cuco – Cuculus canorus.
Esta ave apresenta um comportamento peculiar pois, ao contrário da maioria das aves, não constrói ninho. Opta, antes, por colocar os seus ovos em ninhos de outras aves.
Por mecanismos ainda não muito bem compreendidos, as fêmeas-cuco colocam os seus ovos unicamente em ninhos de espécies cuja cor de ovos não seja muito diferente da sua – mimetismo. Fazem-no provavelmente para evitar que os donos dos ninhos os detectem e abandonem, pois as fêmeas hospedeiras podem facilmente reconhecer ovos que não sejam seus.
Depois de eclodirem, os recém-nascidos cucos são muito diferentes das crias legítimas.
Paradoxalmente, os pais-adoptivos não reconhecem esta diferença na prole invasora, criando-os como se fossem seus.
Este comportamento é aparentemente contraditório em termos evolutivos, pois ao fim de alguns dias, e devido ao maior tamanho do cuco, este acaba por expulsar os seus irmãos adoptivos do ninho.
De certeza que as espécies hospedeiras anseiam uma nova lei de arrendamento!
Pais são quem cria!
O lar, seja construído, aproveitado, ocupado ou seja de que forma for, tem um valor muito importante, quer para humanos, quer para os seres vivos.
Referências:
Fraaije, René H. B. 2003. The oldest in situ hermit crab from the Lower Cretaceous of Speeton, UK.Palaeontology, Volume 46, Number 1, pp. 53-57(5)
Lotem, A., Nakamura, H. and Zahavi, A.1995. Constraints on egg discrimination and cuckoo-host co-evolution.Animal Behaviour, Volume 49, Issue 5, pp. 1185-1209.
Langmore, N. E. Hunt, S. Kilner, R. M. 2003. Escalation of a coevolutionary arms race through host rejection of brood parasitic young.NATURE, 6928, pp157-160.
Link to texto original
Imagens:
Philippe Moës (tem imagens belíssimas)
DK Images
Evolução em 5 mins.
A campanha talvez devesse ter sido baptizada de “Alteração no impacto visual da pilosidade facial em 5 minutos”.
Mas é apenas uma sugestão…
Fonte – daqui
Imagens – da fonte
Vegetarianos…
Não me reclamo de todo de tal opção alimentar mas a imagem…bem…não sei que diga…é de um restaurante vegetariano.
Fonte – daqui
Imagem – da fonte
Quem ave nasce…merece voar
Uma ancestral emoção evolutiva deve percorrer o cérebro destas aves…
Quando o pinguim bateu as…asas, quem ficou emocionado fui eu.
Fonte – daqui
SARTRICES 68
Sartre dizia “O Inferno são os outros”.
Não sei se antes ou depois do Maio de 68.
Pouco importa.
Disse-o, de certeza, antes destes rapazes.
“I’m tired of, everyone I know
Of everyone… I see… on the street and on TV, yeah
On the other side, on the other side
Nobody’s waiting for me on the other side
I hate them all, I hate them all
I hate myself for hating them
So drink some more, I’ll love them all
I’ll drink even more…
I’ll hate them even more than I did before
On the other side, on the other side
Nobody’s waiting for me on the other side
I remember when you came
You… taught me how to sing
Now… it’s seems so far away
You… taught me how to say
I’m tired of
Being so judgemental of everyone
I will not go to sleep
I will train my eyes to see
That my mind is as blind as a branch on a tree
On the other side, on the other side
I know what’s waiting for me on the other side
On the other side, on the other side
I know you’re waiting for me on the other side.”
The Strokes – “On the other side”, First Impressions of Earth, 2006
Imagem:
Luis Azevedo Rodrigues, 2002
REVELAÇÃO GELADA*
No espaço de 5 minutos de filme duas cenas surrealistas:
-queimam-se os livros de uma biblioteca para manter uma lareira acesa;
-a fronteira México-EUA é encerrada devido ao enorme afluxo de emigrantes norte-americanos; centenas cruzam ilegalmente, a pé, o rio que separa os dois países.
São assim os filmes-apocalipse – imagens de um fim-de-mundo distante e perturbador.
* – 5 minutos de pausa a mirar na SIC “O Dia Depois de Amanhã”.
Imagem – ilustração da Divina Comédia de Dante “The Traitors in the Lake of Ice” a partir da British Library