BPN Korsakoff

Dias Loureiro e companhia deveriam ler o artigo abaixo transcrito.
Não que a neurologia seja escape para os tempos conturbados do BPN mas porque o director do Expresso o acusou de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito.
Dias Loureiro não mentiu.
Apenas a realidade que narrou foi a que ele visceralmente viveu.
Ou julga ter vivido.
Dias Loureiro e companhia sofrem de Síndrome de Korsakoff.
O dinheiro foi substituiu o álcool .
Os efeitos inebriantes são semelhantes: amnésia efabulante.

“In a study (…) published by Elsevier in the May 2009 issue of Cortex, researchers found that a patient with severe amnesia reported detailed false memories in answering this type of question («Do you remember what you did on March 13, 1985»).
People with normal memories are unable to answer this type of question because it is beyond their memory capacity. This is the first reported case of a pathological condition that the authors of the article named «Confabulatory Hyperamnesia».

Patient LM (…) is a 68-year-old man, who, following more than 30 years of heavy drinking, developed Korsakoff’s syndrome, a condition characterized by severe amnesia and confabulation, the unintentional production of false memories by amnesic patients who are unaware of their memory deficits.

Patients who confabulate produce more or less plausible false memories answering questions like «What did you do yesterday?» or «How did you spend your last vacation?», but, just like people with normal memory, they answer “I don’t know” to questions like «Do you remember what you did on March 13, 1985».”
daqui

P.S. – Podcast que, entre assunto, descreve o Síndrome de Korsakoff

Imagens – daqui e daqui

Dias assim…

…em que é bom ouvir isto.
Deixando escorregar as críticas à utopia de quem não acredita.

Cara de Livro


A ideia é simples, como a maioria das boas ideias.
Mas não tem nada de facilitismo ou de básico.
Duas portuguesas, a residir na Holanda, decidiram dar nova cara a livros já publicados.
Recriar capas, parece ser o lema, com fotos próprias.
Alguns exemplos estão aqui publicados.
O restante trabalho está no site –r e-cover project.

Declaração de Interesses:
Conheço pessoalmente as autoras; e gosto delas.

O Artista

Recriando o poeta, não sei o que sou, mas sei que não sou um artista. Peguei nas palavras e adaptei-as. Porquê? Porque me deu na real gana, ou simplesmente me deu jeito. Não que tivesse sido um acto artístico, mas é uma actividade eminentemente humana. Todos o fazem. Jogar, recriar, manejar palavras.

Vem este devaneio a propósito de algo que recentemente vi na TV e li nos jornais. Leonel Moura, artista plástico, não deseja “ser como os pintores dos séculos XIX e XX”. Legítima aspiração da insatisfação criadora.
E que fez o autor para ascender a esse Olimpo cultural?
Adoptou um robô. O bichano, construído pelo Instituto Superior Técnico (IST), foi alimentado a palavras de Herberto Helder e amestrado para garatujar, qual protoaprendiz de pintor. O toque divino da coisa foi inculcar na natureza robótica um algoritmo que permitiu ao bicho grafar palavras aleatórias do poeta em folhas imaculadas. O artista transportou o ser para museus ou galerias, onde a mascote foi exibida como singularidade moderna.

Mas que raio, não poderia simplesmente a maravilhosa criatura artística de polegar oponível ter copiado Herberto?
Não.
Pelos vistos, para Leonel Moura tudo o que é humano lhe é estranho. Iluminado pelo aconchego mecânico, o artista afirma-se moderno e declarou ao jornal i ser a “sua” obra “um marco na História da Poesia e da Literatura”. O jornal não se deu ao trabalho de entrevistar o verdadeiro obreiro…
Pode ser que seja um marco na História, mas netos meus far-me-ão rolar na cova se se recordarem do artista e do livro, agora editado, com rabiscos da estimável criação do IST.

Como dizia alguém: “não interessa saber fazer; interessa ter o número de quem sabe fazer.” Número de telefone, ou, neste caso, até mesmo número de série, digo eu.
Bastou, então, ligar para o IST, pois, como toda a gente sabe, o Herberto Helder não deve atender telemóveis.
Além disso, uma faca não basta para cortar o fogo criativo do Moura.

Notas:
Herberto Helder

Leonel Moura – “Poesia robótica”

Imagens:
daqui

poema de “Poesia Robótica”

Backpfeifengesicht

Há palavras que, por vezes, nos faltam.
Umas, por falta de ideias.
Outras, por falta de vontade ou engenho de realizar um trabalho minimamente competente.
Outras ainda, por lacunas da nossa língua materna.
E existem textos que combinam as três razões anteriores.
Hoje, o DN chamou-me a atenção com uma notícia sensacionalóide: “Aligatores ajudam a perceber dinossauros”.
Já havia retransmitido o título deste estudo pelo Twitter, dois dias atrás.
Pensei: “Bom, o palerma deve ter dourado a informação com a palavra dinossauro, embora não tenha nada que ver. Errado e frequente.”
Mas não.
O tetrápode grafante havia criado um novo mundo para a Paleontologia! O iluminado escriba continuou a sua tradução/recriação do artigo com a seguinte frase: “Investigadores estão a utilizar aligatores, uma espécie de crocodilo, para perceber como terão vivido os dinossauros há 540 milhões de anos…”
Meu caro: a sua tatemae é mais forte do que a sua literacia científica, uma vez que qualquer aluno do 7º ano de escolaridade sabe que os primeiros dinossáurios terão surgido há aproximadamente 230 milhões de anos.
Anseio por vislumbrar a sua backpfeifengesicht capaz de tão rico desenrascanço.

Glossário:
Backpfeifengesicht“, palavra alemã que significa “ter uma cara que merece um murro bem dado”.
Tatemae“, palavra japonesa que significa “o que se quer acreditar”.

Referência:
Tomasz Owerkowicz, Ruth M. Elsey and James W. Hicks. Atmospheric oxygen level affects growth trajectory, cardiopulmonary allometry and metabolic rate in the American alligator (Alligator mississippiensis). Journal of Experimental Biology 212, 1237-1247 (2009)
doi: 10.1242/jeb.023945

Imagem – daqui

BIOFORMAS

Imagens – daqui; daqui; daqui; daqui. (de cima para baixo e da esquerda para a direita, respectivamente)

Luso Paradoxos

Se temos um aeroporto com nome de vítima de acidente aéreo, por que não um corrupto condenado como administrador público?

Imagem – 365 MINUTOS

Uns e outros

Uns gastam mais do que podem, endividando filhos e netos: Dívida pública pode atingir 85,9% do PIB.

Outros poupam para netos e filhos: Economizando a riqueza do petróleo para gerações futuras

Os outros são a Noruega; nós, bem… nós somos bons a gastar.

Referências – nos links

Imagem – daqui

Rangelices

O sr. Rangel passou os últimos meses a massajar caminho para que lhe dessem um canal de TV.
Propagava o iluminado que um dia arrombou as portas da TSF, alarvidades subservientes como esta ou esta.
Sempre humilhando professores com epítetos como “hooligans” ou “pseudoprofessores”.
Mas não chegou.
Não lhe deram o brinquedo audiovisual.
Ultrajado pela fraca recompensa de tanta devoção canina, Rangel agora morde.
Rangelices.
A não seguir, por pessoas com um mínimo de espinha dorsal.

Imagem – daqui. Adaptado por Luís Azevedo Rodrigues

Marcas

A Icnologia estuda marcas.
De vários tipos.
Mas sempre deixadas por seres vivos.

Imagens – Luís Azevedo Rodrigues – Ann Arbor, Michigan (2005); Ferragudo (2008).