Patas para que vos quero!
Mas e se fosse um peixe?
“Dois belos pés!” afirma o comentador desportivo, numa tarde de futebol.
Nós temos. Os peixes não.
A “simples” diferença na forma do esqueleto, como ter “mãos” e “pés” ou autópodes, carrega uma importante história evolutiva desde os peixes até aos animais como nós.
Ao segurar um jornal, o leitor está, em termos evolutivos, a utilizar uma barbatana muito complexa e evoluída, e pertence a um grupo de vertebrados chamados tetrápodes, animais com quatro membros, que incluem animais como os mamíferos, aves, répteis e anfíbios.
O aparecimento dos ossos dos dedos em alguns anfíbios deveria ser resultado de nova “maquinaria” genética, pois todas as estruturas orgânicas são o resultado da informação que está contida nos genes. Será assim?
Um estudo publicado, a 24 de Maio, na revista Nature, refere que os genes necessários à formação dos dedos das “mãos” e “pés” dos tetrápodes têm uma história que remonta há 360 milhões de anos ou seja antes de os animais terem feito a “invasão” da terra. O estudo molecular dos genes HoxD (genes reguladores do desenvolvimento em diferentes organismos e áreas do corpo, concretamente no desenvolvimento do esqueleto apendicular, i.e., dos membros) vem mostrar que o património genético necessário já estava presente em peixes primitivos como o actual peixe actinopterígeo Polyodon spathula, considerado um autêntico fóssil vivo.
A análise genética deste animal permitiu afinar as informações paleontológicas com as da biologia do desenvolvimento, possibilitando que estas analisassem dados genéticos de peixes menos “evoluídos” – os actinopterígeos – e os comparassem com os dos tetrápodes. Tradicionalmente, estas análises eram efectuadas em peixes mais “evoluídos”, os teleósteos.
Os estudos paleontológicos em exemplares de transição morfológica entre peixes e animais com verdadeiros membros locomotores deixavam em aberto a possibilidade daquela “revolução” evolutiva se ter dado de uma forma rápida em termos de tempo geológico mas o Polyodon revelou que o património genético que permitiu o aparecimento de verdadeiras patas é mais antigo do que se suponha.
Fundamental para se compreender esta “novela” científica é o conhecimento dos fósseis de transição deste trajecto evolutivo.
Os “fotogramas” que permitem visualizar as alterações morfológicas entre as barbatanas e verdadeiros membros locomotores são vários. Conhecia-se já há algum tempo a parte mais inicial do “filme” – os peixes Eusthenopteron e Panderichthys – e a mais avançada – os anfíbios do Devónico superior como Acanthostega e Ichthyostega. Recentemente foi descoberto mais um “fotograma” – o peixe Tiktaalik; este, apresenta um mosaico de características morfológicas antigas e modernas, no trajecto evolutivo para o aparecimento de verdadeiros autópodes.
Algumas curiosidades morfológicas destes “primos” afastados: Ichtyostega possuía sete dedos em cada pata; o Acanthostega, oito. Desculpem mas não resisto a dizer: “vão-se as barbatanas mas fiquem os dedos!”.
Da próxima vez que um qualquer criacionista falar em falta de fósseis de transição nada como descrever estes belos nomes – Eusthenopteron, Panderichthys, Acanthostega, Tiktaalik e Ichthyostega!
Um outro estudo, de 2006 e desta vez embriológico, levado a cabo em Barcelona, permitiu analisar o processo de formação e disposição de dois ossos do pé em embriões humanos – o calcâneo (osso que constitui o nosso calcanhar) e o astrágalo, ambos ossos do pé.
Foram descritas semelhanças morfológicas entre um embrião humano de 33 dias, nas extremidades inferiores, com barbatanas; aos 54 dias o calcâneo e o astrágalo estão localizados no mesmo preciso local que em Bauria cynops, um réptil mamaliforme que viveu há 260 milhões de anos. As semelhanças anatómicas de posicionamento às 8 semanas e meia dos ossos referidos são enormes entre o embrião humano e a espécie fóssil Diademodon, que viveu há 230 milhões de anos.
Os autores deste estudo afirmam, que nesta fase, o posicionamento, e consequências ao nível da locomoção, dos ossos analisados estão a meio “caminho” entre répteis e mamíferos. Este tipo de análises incrementa o conhecimento morfológico efectuado por vários autores no séc. XIX, mesmo antes de Darwin publicar a sua obra magna, como Karl Ernst von Baer (1792-1876), que notou semelhanças morfológicas entre embriões de grupos diferentes. Conta a “tradição”, que von Baer, trabalhava no seu gabinete, e encontrou dois frascos com embriões de aves e lagartos; sem rótulos, não os pôde distinguir à primeira vista…

Von Baer foi pioneiro nas propostas que fez ao nível do desenvolvimento embrionário sendo o seu trabalho basilar numa das áreas mais importantes das Biologia actual – a evolução e o desenvolvimento, Evo-Devo.
De tudo o que vimos só me resta afirmar que a as teorias evolutivas que explicam o nosso trajecto na história da Terra têm cada vez mais “pés para andar…!”
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 31/5/2007)
BIBLIOGRAFIA
Carroll, R.L., Irwin J. & Green, D.M. 2005. Thermal physiology and the origin of terrestriality in vertebrates. Zool. J. Linn. Soc. 143: 345-358.
Carroll, S. B. 2005. Endless Forms Most Beautiful: The New Science of Evo Devo and the Making of the Animal Kingdom, W. W. Norton & Company.
Davis, M.C. et al. 2007. An autopodial-like pattern of Hox expression in the fins of a basal actinop
terygian fish. Nature 447: 473-476.
Evo-Devo – http://www.pnas.org/cgi/content/full/97/9/4424
Goodwin, B. 1994. How the Leopard Changed its Spots, Phoenix Giants.
Isidro, A. & Vazquez, M.T. 2006. Phylogenetic and ontogenetic parallelisms on talo-calcaneal superposition. The Foot 16, 1-15.
FIGURAS:
Carroll, R.L., Irwin J. & Green, D.M. 2005. Thermal physiology and the origin of terrestriality in vertebrates. Zool. J. Linn. Soc. 143: 345-358.
Clack, J. 2002. An early tetrapod from Romer’s Gap, Nature 418, 72 – 76.
Horder, T.J. 2006. Gavin Rylands de Beer: how embryology foreshadowed the dilemmas of the genome. Nat Rev Genet. 7(11):892-8.
Borboletas desde o tempo dos Dinos
Uma exposição no Museu Nacional de História Natural.
Para quem gosta de borboleteas. E de dinossáurios.
E de borboletas desde os tempos dos dinossáurios…
Mitos em NY
Uma nova exposição no AMNH.
E texto antigo da relação fósseis e mitos.
Ou vice-versa.
Para maiores detalhes o excelente livro de Adrienne Mayor – “The First Fossil Hunters: Paleontology in Greek and Roman Times (Princeton University Press 2000)”
Podcasts, modernices e erros
As acções de divulgação científica requerem linguagem acessível e simples.
Esta condição não pode invalidar o fundamental: o rigor científico.
Quando se simplifica a linguagem e se quer ser correcto muitas coisas podem falhar de forma que o balanço dos dois factores – linguagem acessível e rigor científico – nem sempre é fácil.
Este ponderar a nem sempre é respeitado, como tenho verificado em especial no que diz respeito a conceitos da minha actividade profissional – evolução de vertebrados em especial de dinossáurios.
O que quero comentar surgiu na sequência da audição do 7º podcast da publicação on-line Ciência Hoje intitulado “Das galinhas pré-históricas a Robin dos Bosques com Leonardo da Vinci pelo meio”.
O podcast inicia-se com a descrição de um estudo feito a partir da análise de moléculas orgânicas provenientes ossos fossilizados de dinossáurios.
Algumas frases menos felizes, em termos evolutivos, dos autores do podcast.
“…estudo que demonstrou que os parentes mais próximos do Tyrannosaurus rex são, nada mais nada menos que as galinhas.” “…galinha era o organismo mais próximo do Tyranossauro rex”.
Estas afirmações estão incorrectas em dois pontos: o que o estudo veio confirmar foi a relação de parentesco entre os dinossáurios (concretizado neste estudo do T. rex) e as aves.
Embora se possa utilizar a metáfora (claramente apelativa, reconheço) que a galinha e o T. rex estão directamente relacionados é absolutamente errado dizer o parente mais próximo do gigante pré-histórico é a galinha.
A linhagem evolutiva da ordem Galliformes e família Phasianidae à qual pertence a galinha (Gallus gallus domesticus) não é o “caminho” evolutivo mais curto a partir dos Theropoda (dinossáurios carnívoros).
Há toda uma linhagem com dezenas de grupos e animais em clados intermédios e esquecer isso demonstra ignorância científica sob o ponto de vista evolutivo. Pode parecer um preciosismo mas não é. É apenas rigor científico que deve estar na base de qualquer produto de divulgação científica.
Era como descrever uma reacção bioquímica apenas referindo as moléculas iniciais e final esquecendo todos os passos intermédios – quantas vezes o desejei nas aulas de Bioquímica; mas não era possível, todos os compostos intermédios eram fundamentais para a compreensão de determinada reacção ou ciclo.
“…os pássaros descendem directamente dos dinossauros.”
Imaginei que se pretenderia utilizar a designação corrente da palavra pássaro; por isso fui consultar rapidamente o dicionário on-line da Porto Editora o qual referia: pássaro = substantivo masculino; popular- ave pequena; popular – indivíduo astuto; Ornitologia-ave pertencente à ordem dos pássaros.”
Obviamente que os autores do podcast pretendiam referir-se às aves (classe Aves) através da palavra pássaro; mas quer sob o ponto de vista popular (ave pequena) quer do ponto de vista ornitológico (ave pertencente à ordem Passeriformes) aquela utilização está errada e é enganadora.
Pássaros são aves pertencentes à ordem Passeriformes.
Dever-se-ia utilizar a palavra aves ou a Aves (para a classe Aves) senão como explicar que uma avestruz (que pelo tamanho mas sobretudo pela filogenia não é um pássaro ou pertencendo a Passeriformes) também descenda dos dinossauros?
“-…eu esperaria que espécies como o dragão de Komodo ou crocodilos, por se tratarem de répteis, fossem mais semelhante a um dinossauro que uma galinha. Não é esse o caso? -Na realidade, Alex, é provável que sim…”
De certeza que não.
As análises filogenéticas revelam todas que os parentes mais próximos dos dinossáurios são as aves. O clado Crocodylia está aparentado com os dinossáurios dentro do clado Archosauria (Aves+ Crocodylia ) mas os descendentes directos dos dinossáurios são as aves.
Apesar de aparentados, se tivermos que hierarquizar parentescos entre aves e crocodilos e os dinossáurios, as primeiras estão mais próximas dos dinossauros que os segundos.
No caso do dragão de Komodo o erro ainda é maior pois este animal descende evolutivamente dos répteis mesozóicos denominados mosassáurios – não são dinossáurios. A família Varanidae à qual pertence o dragão de Komodo (Varanus komodoensis) iniciou a sua divergência filogenética dos mosassáurios há cerca de 100 milhões de anos tendo o género Varanus o primeiro registo fóssil há cerca de 15 milhões de anos.
Por vezes o discurso directo, como o utilizado neste podcast, pode conduzir a reprodução menos correcta de conceitos científicos, baseados, por exemplo, apenas no “aspecto” ou “aparência” revelando um desconhecimento da história evolutiva de um grupo de vertebrados que “apenas” possui actualmente mais de 9000 espécies…
Apenas alguns exemplos de bibliografia que pode ser consultada:
Bell, G. L. Jr. and Polcyn, M. J. 2005. Dallasaurus turneri, a new primitive mosasauroid from the Middle Turonian of Texas and comments on the phylogeny of the Mosasauridae (Squamata). Netherlands Journal of Geoscience (Geologie en Mijnbouw) 84 (3):177-194.
Chiappe, L. 1995. The first 85 million years of avian evolution. Nature 378: 349-355.
Feduccia A. 1995. Explosive evolution in Tertiary birds and mammals. Science 267: 637-638.
Feduccia A. 2003. ‘Big bang’ for Tertiary birds? Trends in Ecology and Evolution 18: 172-176.
Lee, M.S.Y. 1997. The phylogeny of varanoid lizards and the affinities of snakes. Philos. Trans. R. Soc. London Ser. B 352, 53-91.
Livezey, B. C., and R. L. Zusi. 2007. Higher-order phylogeny of modern birds (Theropoda, Aves: Neornithes) based on comparative anatomy: II. – Analysis and discussion. Zoological Journal of the Linnean Society. 149: 1-94.
(figura adaptada de Feduccia 1995)
Os Ossos do meu Ofício
Ao longo dos últimos anos parte do meu trabalho tem consistido em estudar as colecções de dinossáurios em diversos Museus de História Natural de vários países e continentes a fim de compreender a evolução daqueles animais.
Os objectos de estudo são assim ossos fossilizados que têm que ser observados, medidos, estudados, mexidos e remexidos.
Percorri uma parte substancial da China, desde Pequim às províncias de Chengdu e Yunnan. Neste última estive em Lufeng, uma pequeníssima cidade, para os standards chineses, com o objectivo de estudar os famosos exemplares do Triásico superior (há cerca de 200 milhões de anos).
As condições de trabalho não eram os habituais de forma que acabei digitalizar os exemplares em cima de uma mesa de pingue-pongue. Apesar do carácter pouco ortodoxo do equipamento, a estrutura funcionava tão bem como a melhor mesa de trabalho do Museu de História Natural de Nova Iorque!
Lá se foi a minha idealização da curiosidade científica da classe trabalhadora…
No início deste ano estive a estudar e digitalizar as colecções de dinossáurios do Museu de História Natural de Londres (MHNL).
Entre os exemplares estudados contavam-se alguns saurópodes procedentes das jazidas de Tendaguru, na actual Tanzânia. Já havia estudado parte destas colecções no Museu de História Natural de Berlim – o mais famoso representante daqueles dinossáurios é o Brachiosaurus, cujo úmero (osso que vai do obro ao cotovelo) tem mais de dois metros!
Foram os alemães nos anos 20 do séc. XX, em especial expedições lideradas por Janensch, os principais exploradores das jazidas da Tanzânia. Mas igualmente os ingleses, sensivelmente na mesma época, fizeram expedições paleontológicas naquela área.
Encontrava-me a preparar o digitalizador 3D para enfrentar um fémur de um Dicraeosaurus, na cave do Museu, quando entra a responsável (curadora) pelas colecções de répteis do museu londrino.
Para além do rotineiro discurso sobre as localizações e características do material diz-me:
“Os ossos para além de muito grandes são também radioactivos!”
Reparo agora que tinha entrado pelas colecções de contador Geiger na mão!
Esperava ver quase tudo menos um contador de radioactividade.
“Agora põe estas luvinhas para manusear o material.”
Já estava eu agarrado literalmente ao osso quando a curadora me repete “Tem que pôr as luvas!”
Calma, disse de mim para mim.
“Madam, eu fumo mais de dois maços de tabaco, não sou abstémico nem vegetariano, estive dois meses na China e em Berlim trabalhei com o mesmo tipo de ossos, vivo em Portugal e respectiva crise económica…acha que é este mísero osso em que vou trabalhar na próxima meia-hora que me vai matar?!!?”
Senti uma pequena alteração comportamental na sua habitual calma, mas nada de especial. Que nos outros museus ela não tem nada com isso mas que ali são as normas, disse-me ela.
“Então já que tenho que usar as luvas ao menos quero ver esse brinquedo do meu imaginário funcionar! Pode ser?!”
Suspiro (dela, claro).
Baixa-se, começa a medir o fémur, e tudo abaixo do nível recomendado pelos britânicos (já de si ridiculamente baixos, citando um paleontólogo amigo, “tem mais radioactividade um pacote de amendoins…”).
“Muito bem…então agora meça-me a mim!”, disse-lhe, do alto da minha chica-espertice.
A fleuma britânica viu-se neste momento pois pressenti que por dentro do seu ar esfíngico pensava:
“Mas porque raio o comité científico atribuiu uma bolsa a este tipo?”
Começa a medir-me e, das duas uma, ou estou carregadinho de radiação ou os ossos são tão radioactivos como um esquilo siberiano a comer um chupa-chups!
“Minha senhora, o meu caso está encerrado. Posso trabalhar e tirar as luvas?”
E assim fiz.
Obviamente que não critico, antes pelo contrário apoio, as medidas de segurança adoptadas no NHML.
Neste momento penso que não deveria ter tido aquela atitude mas por vezes acho que os meus ossos são mais fortes que o meu ofício.
Espero.
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 26/4/2007)
Imagens: Luís Azevedo Rodrigues
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O trabalho científico, para o público em geral, é feito no recato de laboratórios e gabinetes. Um trabalho rotineiro, de pequenas ou grandes práticas, em ambientes idênticos, dia após dia.
No caso da Paleontologia de Vertebrados esses procedimentos podem ser iguais ao de qualquer investigador ou mesmo de qualquer profissional.
Mas também podem ser totalmente distintos.
Uma das componentes de um paleontólogo de vertebrados (mas não só) envolve a recolha de amostras dos animais que estudamos (ossos, na maioria das vezes, mas também dentes, pele, são analisadas pegadas, entre outros vestígios fossilizados).
A prospecção e recolha dos fósseis implica que o paleontólogo se tenha que deslocar às jazidas rochosas onde previamente já foram descobertos vestígios ou novas jazidas que, pelas características rochosas (litologia, idade, etc.), apresentem boas possibilidades de se mostrarem produtivas.
Em termos práticos os paleontólogos têm que ir para o campo!
Esse é uma dos elementos que a maioria dos paleontólogos mais aprecia e anima.
Para além do potencial profissional que pode implicar (novas espécies ou melhor e maior quantidade de material fossilizado) existe um lado inerente à sua actividade, e partilhado por outros cientistas das Ciências Naturais, que os enriquecem como pessoas.
Falo do contacto implícito com a Natureza.
Apesar de todas a contrariedades inerentes – por vezes estamos sem contactar a família várias semanas, sem nada de parecido sequer com um chuveiro, frios nocturnos e canícula insuportável diurna, comidas nem sempre com os standards gastronómicos… – existem experiências inolvidáveis.
Apenas alguns exemplos.
No segundo ano que estive na província de Neuquén, na Patagónia argentina, cheguei ao acampamento, a cerca de 150 km da povoação mais próxima, durante a noite (o diário da expedição foi já publicado n’O Primeiro de Janeiro).
Cerca das três da manhã e por motivos fisiológicos tive que deixar a tenda. Mal saí fui “assaltado” pela enormidade do céu estrelado que ao mesmo tempo me atraía e assustava. O céu parecia abarcar tudo, provocando quase uma sensação física de tão intenso e grande. Senti-me de uma pequenez extrema… Só pela vista deste céu a terrível viagem já havia valido a pena.
Durante o tempo que permaneci na Patagónia fui diversas vezes “atacado” pela beleza da paisagem, ao mesmo tempo inóspita e terrivelmente atraente; o nunca acabar da planície, o percebermos que somos tão pequenos…
Aliado a este lado atraente, que a maioria das pessoas facilmente entende e deseja, existe um outro – a camaradagem. Como referi, as condições de trabalho e de vida em expedições paleontológicas são as mais básicas que se pode imaginar. Apesar disso, surgem relações humanas de camaradagem e amizade que, noutros enquadramentos mais sofisticados, dificilmente poderiam nascer.
Em especial à noite, à volta de uma fogueira readquirem-se hábitos ancestrais esquecidos -contam-se histórias em grupo, fazem-se silêncios enquanto crepita o fogo, esquecem-se hierarquias académicas, ouvem-se pequenos desabafos pessoais.
Quis apenas relembrar e celebrar um dos aspectos envolvidos no processo científico da Paleontologia – o trabalho de campo.
Não vem nos relatórios nem nas publicações científicas. Não existem tratados nem compêndios que o analisem e sistematizem. Apesar de tudo isso tenho constatado que é das coisas que colocam um sorriso sincero na cara de cada paleontólogo – “Vais para o campo?”
Esquecem-se labutas diárias de obtenção de fundos, de preenchimento de formalidades burocráticas, da falta de perspectivas profissionais de futuro.
E vai-se…
P.S.:Este texto é um agradecimento pelo outro lado do trabalho científico a que me dedico.
E que, tendo a sorte de o ter, o gostaria de partilhar.
E existem tantas histórias, clássicas ou pessoais que envolvem o trabalho de campo…
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 5/3/2007)
Mãe-galinha – o outro lado dos dinossáurios
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 12/01/2006)
Um destes dias conversava com uma amiga. Contava-me ela os seus problemas com a filha, das normais discussões e do seu mais que inquestionável amor maternal. “Porque eu sempre fui uma mãe-galinha e estas discussões custam-me tanto!”.
Sorri. Quem não teve discussões com os pais e quantas vezes não se ouviu esta expressão: é uma Mãe-galinha!
Esta expressão portuguesa resume um conjunto de comportamentos, a maioria racionais mas alguns perfeitamente irracionais, de afecto, protecção, conselho e sobretudo de muito amor.
Por defeito profissional, e depois desta conversa, não pude deixar de pensar nesta expressão, comum aos comportamentos humanos e aos dos seres que investigo – os dinossáurios.
As galinhas são aves. Como aves e, ao abrigo das mais actuais teorias evolutivas, são os actuais descendentes dos dinossáurios.
A tradicional visão dos dinossáurios, animais terríveis, enormes e desprovidos de qualquer comportamento maternal, contraria qualquer relacionamento com os comportamentos de uma mãe-galinha!
Tal não é verdade e podem ser apontados dois ou três exemplos que a paleontologia tem estudado e que vêm corroborar aquela expressão portuguesa.
Nos anos 70 do século passado, mais concretamente em 1978, o paleontólogo “Jack” Horner (conselheiro científico de Steven Spielberg no filme Jurassic Park) entrou numa loja de minerais no estado americano de Montana. O seu espanto foi imenso quando “deu de caras” com um esqueleto de um dinossáurio bebé. Após questionar os donos da loja onde tinha sido descoberto aquele fóssil, estes explicaram-lhe que o tinham feito numa área chamada “Egg Mountain” (montanha dos ovos). Disseram-lhe ainda que esta era uma zona rica em ossos de dinossáurios juvenis bem como de ovos – agora fazia sentido o nome da montanha.
Horner, após campanhas de prospecção e escavação no local, descobriu cerca de onze esqueletos de dinossáurios bebés, de um grupo de dinossáurios herbívoros chamados bicos-de-pato, os hadrossáurios. Os juvenis tinham cerca de 1m de comprimento. Na proximidade dos restos ósseos descobriu uma série de estruturas que veio a constatar serem de ninhos. As estruturas circulares tinham 2m de diâmetro e cerca de 70 cm de profundidade no centro estando a área coberta por pequenas cascas de ovos, em sedimentos do Cretácico superior (há cerca de 75 milhões de anos).
“Jack” Horner reconheceu um padrão no posicionamento e distribuição dos ninhos – tinha descoberto uma colónia de dinossáurios!
A MATERNIDADE NOS DINOSSÁURIOS
Até essa época pensava-se que os dinossáurios colocavam os seus ovos e os abandonavam de seguida, tendo as crias que sobreviver sozinhas. Com esta descoberta constatou-se que afinal os dinossáurios apresentavam um comportamento semelhante ao das aves e crocodilos – elaboravam construções onde as crias eram alimentadas e protegidas até terem atingido um determinado grau de desenvolvimento, ou seja construíam “ninhos”. Provas paleontológicas da alimentação dos juvenis são, por exemplo, fósseis de plantas regurgitadas encontrados nas imediações dos ninhos.
Horner baptizou esta espécie de dinossáurio de Maiasaura (Maia – boa mãe + sáuria – réptil) ou seja o dinossáurio boa-mãe! Estes dinossáurios atingiriam (quando adultos) cerca de 7m de comprimento
Tal como as aves altriciais (aquelas que precisam da protecção e alimentação parental até determinado grau de desenvolvimento) também os juvenis de Maiasaura (e outro dinossáurios entretanto descobertos) precisariam destes cuidados.
Mesmo não sabendo muito de paleontologia e evolução, a cultura popular portuguesa não deixa de ter razão quando uma mãe é extremosa nos seus cuidados, tal como os dinossáurios – é uma mãe-galinha!
E ainda bem!
Prendas de Natal do passado…
Nos últimos meses fomos brindados com várias prendas de Natal, de um passado mais ou menos remoto da História da Terra – pelo menos assim as quero entender…mas deve ser do espírito da época!
Com espírito semelhante ao dos reis Magos, também a História da Terra nos ofereceu novidades do seu passado.
OURO
Do Brasil chegaram notícias do dinossáurio mais antigo e primitivo, o ULBRA PVT016 – referência de colecção, pois ainda não foi baptizado. Esta “prenda” natalícia tem 228 milhões de anos (do período Triásico) e foi descoberto por paleontólogos da Universidade Luterana do Brasil.
Era um animal ágil, carnívoro e bípede (tal como todos os dinossáurios primitivos deslocava-se em duas patas) com 1,5 metros de comprimento e doze quilos.
Uma das particularidades deste animal reside na sua cintura pélvica (a bacia) pois, ao contrário de outros dinos primitivos, este apresentava 5 vértebras fundidas, o que lhe dava um maior equilíbrio na locomoção.
Esta característica anatómica até agora só tinha sido observada em dinossáurios mais recentes o que leva os paleontólogos a repensar grande parte da história evolutiva dos dinossáurios primitivos.
INCENSO
Há umas semanas um grupo de investigadores do IVPP (Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Pequim) apresentou mais uma descoberta das fabulosas jazidas chinesas da Mongólia Interior, nada mais, nada menos do que o mais antigo mamífero planador – o Volaticotherium antiquus.
Os restos fossilizados deste animal estavam tão bem preservados que se conseguia identificar a membrana de pele que unia os membros anteriores e posteriores. Era esta membrana que permitia ao Volaticotherium planar, numa época em que as aves ainda não eram capazes de voar – há 125 milhões de anos.
Conhecem-se actualmente diversos grupos de mamíferos planadores, mas a “foto” de família ficou agora mais completa com o seu membro mais antigo.
MIRRA
A terceira oferenda da História da Terra vem de um passado um pouco mais remoto – do período Devónico (entre os 415-360 milhões de anos) – e de um grupo de animais raramente falados – os placodermos.
Os placodermos eram um grupo diversificado de peixes, revestidos de placas, que dominavam os mares num período em que não existiam vertebrados em terra.
Numa época em que o único peixe que ocupa o pensamento (e a mesa) dos portugueses é o bacalhau, falar deste parece um contra-senso, mas recentes estudos sobre a potência das mandíbulas do Dunkleosteus terrelli (assim se chamava este placodermo) revelaram que seriam capazes de uma dentada com força superior à do actual tubarão-branco.
Este enorme peixe seria capaz igualmente de movimentos de mandíbulas muito rápidos que, aliados à potência, o tornariam uma poderosa “máquina” de morder. Normalmente os peixes apresentam ou ma mordida forte ou mordida rápida; as duas características em simultâneo são raras.
Não é uma nova espécie, mas sim um novo conhecimento sobre algo que já se conhecia.
Uma última prenda (vai ser publicada no dia 22 de Dezembro na revista Science) vem da vizinha Espanha e é-me particularmente querida – é do grupo de dinossáurios em que estudo – os Saurópodes.
Os paleontólogos espanhóis “trouxeram” ao mundo uma nova espécie gigante – o saurópode Turiasaurus riodevensis. Este animal, segundo os autores do artigo, é o maior dinossáurio europeu e um dos maiores do mundo. A título de curiosidade o seu úmero (osso que vai do ombro ao cotovelo) tem quase 1,8 metros de comprimento.
Para além de ser um novo animal, as características do Turiasaurus também permitiram que os paleontólogos que o descreveram propusessem uma nova divisão na classificação dos saurópodes – o clado Turiasauria.
Rica prenda!
Tal como o Menino, nas palhinhas deitado, recebemos estas prendas certos de que poderíamos passar bem sem elas; mas que a nossa vida ficou mais rica e completa…pelo menos para mim ficou.
Boas Festas!
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 22/12/2006)
Museus de História Natural – Dodós modernos?
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 12/10/2006)
O drama biológico do Dodó é sobejamente conhecido – ave originária das ilhas Maurícias e parente dos actuais pombos, não voava e não tinha qualquer receio da espécie humana.
Estes dois factos terão estado na origem da sua extinção no séc. XVII.
O Dodó extinguiu-se porque não foi capaz de se adaptar às alterações introduzidas no seu habitat pela pressão de um factor externo – a actividade humana.
Não tenho a certeza da validade da metáfora do Dodó para os Museus de História Natural mas, tal como o primeiro, estes últimos encontram-se, a nível mundial, a atravessar um momento de forte pressão “ambiental”.
Durante a minha escola primária tive duas ou três visitas ao Museu Zoológico da Universidade de Coimbra.
Foram momentos de pura felicidade em que nos deslumbrámos com numerosas espécies empalhadas, só o esqueleto ou conservadas dentro de frascos.
Foi o meu primeiro contacto com parte daquilo que se entende por um Museu de História Natural (MHN).
Este conceito emanou do de Gabinete de Curiosidades (séc. XVI) em que os profissionais das ciências biológicas acumulavam exemplares biológicos (esqueletos, conchas, peles, flores, etc.) de “fora” com o objectivo não só de os preservarem mas igualmente de os utilizarem como materiais de estudo para os seus alunos. Isto ocorreu numa época em que os cientistas naturais começavam verdadeiramente a construir o seu campo de investigação.
Posteriormente e com o apogeu dos Exploradores Naturalistas no século XIX – exemplo paradigmático é o de Darwin – as colecções dos MHN são ampliadas com espólio proveniente de diversas partes do mundo, “servindo” não só a ciência como igualmente a curiosidade do habitantes das metrópoles relativamente a tudo aquilo que vinha das colónias.
FUNÇÕES DE UM MHN
INVESTIGAÇÃO/COLECÇÕES
É fundamental que qualquer MHN tenha uma política de estudo das suas colecções bem como profissionais especializados (biólogos, paleontólogos, antropólogos) nos seus quadros capazes da organização, catalogação, inventariação e estudo do espólio natural.
O estudo das colecções por parte de investigadores deve ser uma das principais linhas de orientação de qualquer MHN.
Prova desta importância é o Programa Synthesys, suportado pela União Europeia e que possibilita a mobilidade de investigadores de diversas áreas (genética, zoologia, paleontologia, antropologia, etc.) a diversos MHN europeus. Desta forma se pode estudar o Património Natural europeu, permitindo um conhecimento cada vez mais amplo da História Natural.
Segundo Keith S. Thomson, director do Museu Universitário de Oxford, as colecções de um MHN devem ter três objectivos principais:
–Informação – as colecções devem constituir uma enorme biblioteca dos seres vivos que já habitaram e habitam o nosso planeta. Por exemplo um investigador em farmacologia deve poder localizar os “parentes” de determinada planta que tenha um efeito medicinal; um biólogo molecular poderá encontrar o ADN de uma espécie extinta e compreender melhor a evolução do património genético desse ser vivo; um agrónomo poderá estudar determinado insecto ou planta resistente a uma doença para uma possível cura;
Desta forma o Património Natural, passado e presente, que são as colecções de um MHN constitui a base da investigação em áreas científicas fundamentais tais como: evolução, ecologia, alterações climáticas, biogeografia, etologia e, se incluirmos as ciências humanas, aspectos culturais humanos.
–Identificação – todo o objecto de uma colecção de um MHN deve estar correctamente identificado e catalogado e, consequentemente, enquadrado quer temporal quer espacialmente – onde, como, quando e por quem foi colhido, são informações absolutamente fundamentais. Sem estas informações bem como a posterior descrição e enquadramento taxonómico, o exemplar fica desenquadrado e praticamente sem valor científico embora possa ser utilizado para fins de divulgação/exibição. Para além do referido é necessário a actualização do enquadramento da classificação.
–Comparação – para além de todos os exemplares, alguns colectados há mais de 200 anos, actualmente também se “arquivam” amostras de ADN e tecidos biológicos. Por intermédio do estudo comparativo, os investigadores analisam exemplares de diversos pontos geográficos e de várias idades, não só em busca de padrões de fenómenos naturais como também identificar as suas causas e prever o seu curso futuro.
No meu caso pessoal, permite-me estudar e digitalizar os restos fossilizados dos dinossáurios saurópodes, sejam espécies sul-americanas, asiáticas ou africanas, com vista à compreensão da evolução daquele grupo de animais extintos.
Como se pode compreender os MHN têm um papel fundamental não só na protecção da Biodiversidade como da sua compreensão, quer a passada quer a presente, com vista a um melhor futuro ambiental.
DIVULGAÇÃO/EDUCAÇÃO
Para além das funções de investigação e preservação do Património Natural, um MHN deve constituir um espaço acessível de educação científica em diversos campos e a diversos níveis. Protecção do Património Natural, Educação Ambiental e Educação para a Cidadania são áreas em a intervenção destes espaços museológicos deve ocorrer.
Apesar de todo o potencial atractivo de que gozam e sempre gozaram os MHN, também enfrentam hoje em dia uma série de desafios que passam pelos “inimigos” de muitas áreas: a Televisão, a Internet, entre outros.
Hoje em dia podemos observar quase tudo e de uma variedade enorme de maneiras. Os MHN têm assim que ter a capacidade de reagir às exigências dos novos públicos, cada vez mais informados e exigentes. Estes públicos procuram saber mais do que o nome e a proveniência quando visitam uma exposição de história natural – procuram saber qual o papel daquele actor natural no seu ambiente natural; qual o papel que essa entidade natural tem ou teve na vida actual do visitante. Este conjunto de informações deve também procurar evitar um dos perigos comuns – o do espírito parque temático como a Disneylândia.
Cada vez mais na base na base de uma exposição de história natural devem estar ideias e temas actuais, mais do que as colecções.
Estas devem servir antes para contar uma história do que serem elas próprias a história.
Os MHN têm, assim, que se adaptar a novas realidades para que não sejam eles próprios novos Dodós.
Tenho trabalhado e feito investigação em diversos Museus de História Natural mundiais – de Nova Iorque a Marraquexe, de Berlim a Trelew na profunda Patagónia.
Encontrei condições de trabalho muito diferentes; profissionais melhor preparados que outros; espaços físicos maiores ou mais pequenos; de estilo clássico ou do mais puro vanguardismo arquitectónico.
Mas em todos eles se procura preservar, compreender e divulgar o Património Natural nas suas diversas vertentes para que um dia saibamos não
só o que foi um Dodó mas também porque não podemos observar um hoje em dia.
Imagem – daqui
Referências
Keith S. Thomson. Natural History Museum Collections in the 21st Century. – daqui
Dinossáurio e Harry Potter
Uma nova espécie de dinossáurio foi baptizado em honra à escola de Harry Potter, Hogwarts. O nome da nova espécie, Dracorex hogwartsia, deriva das palavras latinas draco (dragão), rex (rei) e hogwartsia (da escola de feitiçaria de Harry Potter, Hogwarts).
Este dinossáurio pertence ao grupo dos Paquicefalossáurios (dinossáurios herbívoros que apresentavam o crâneo com uma enorme espessura de osso). Esta característica anatómica, bem como a presença de ornamentações no crâneo semelhantes a cornos, deveriam estar associadas a combates entre machos da mesma espécie em que os intervenientes fazem chocar os seus crâneos, tal como o fazem os carneiros-selvagens das Montanhas rochosas.
Obviamente que esta espécie também utilizaria este “arsenal” para se defender de eventuais predadores…
A Necessidade, o engenho e o Mecenas
Imagine que a ferramenta do seu trabalho avaria. Logicamente deveria ser reparada.
Mas se não existe verba para a reparação não é só o fruto do trabalho que é desperdiçado.
É-o também o investimento monetário que foi feito para adquirir o engenho; é-o o tempo e dinheiro em que se não produz e, finalmente, todo um processo produtivo que pode estar irremediavelmente desperdiçado. Na Ciência tal como na Indústria ou nos Serviços as consequências são idênticas. Os investigadores (no qual me incluo) do Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa (MNHN/UL) que efectuam investigação paleontológica utilizam um digitalizador Microscribe para recolherem dados 3D em ossos de dinossáurio.
Os dados 3D permitem que faça a reconstituição de alguns dos tecidos dos dinossáurios e vão permitir compreender melhor a Evolução dos enormes seres do passado do nosso planeta – como se movimentavam, como atingiram tamanhos descomunais.
Esses dados têm vindo a ser recolhidos em diversos Museus mundiais.
As verbas foram custosamente conseguidas à custa dos Projectos da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), verifica-se agora que o MNHN/UL não possui verbas para uma reparação orçada em 1500 €!!
Estará todo o trabalho e know-how (inédito a nível mundial) em riscos de se perder?
Terão os investigadores que fazer “rifas” paleontológicas para angariar o dinheiro?
O MNHN/UL deseja um Mecenas científico que permita resolver esta situação…
Blogs científicos
É difícil falar sobre as vantagens, ao nível da disseminação da informação, da Internet.
Encontrar uma referência, texto ou imagem neste enorme manancial de comunicação e disseminação de informação é fácil. Difícil é seleccionar e escolher as boas fontes.
Uma das áreas em que a Internet se tem vindo a desenvolver nos últimos anos é na produção de Blogs. Os blogs (ou blogues, em português) são páginas da Internet cujas actualizações (chamadas posts) são organizadas cronologicamente (como um diário). Basta apenas vontade inicial para cada qualquer um de nós criar o seu próprio espaço onde pode veicular as suas ideias, pensamentos e até as suas angústias e medos sobre todo e qualquer assunto.
Alguns blogs permitem efectuar comentários sobre o que foi escrito/opinado
No que diz respeito à divulgação científica e à literacia científica, os blogs vieram acelerar e massificar a informação do que é feito e produzido na Ciência.
Há assim uma maior democratização da informação científica difundida.
Alguns exemplos (portugueses e estrangeiros) de alguns blogs de carácter científico (listagem não exaustiva)
Tetrapod Zoology (darrennaish.blogspot.com) -blog do paleontólogo inglês Darren Naish; essencialmente sobre questões que dizem respeito à evolução dos Tetrapoda (animais com quatro membros, como por exemplo, os humanos, aves, répteis, etc.) –
Cais de Gaia (caisbio.blogspot.com) – blog que compila notícias relativas a descobertas científicas nomeadamente novas espécies ou novas maneiras de compreender as já conhecidas.
Geopedrados (geopedrados.blogspot.com) e Histórias da Geologia (historiadageologia.blogspot.com) – blogs que abordam questões de carácter geológico.
Moments of Science
(momentofscience.blogspot.com) – blog que apresenta alguns momentos de Ciência, em particular na Biotecnologia e Medicina.
(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 25/05/2006)