Paleo talk ou Miragaia longicollum
Logo após a publicação do artigo científico que descrevia um nada usual estegossáurio, enviei um pequeno questionário ao paleontólogo Octávio Mateus.
Pretendia que Mateus, numa linguagem acessível, descrevesse o Miragaia longicollum bem como a importância deste exemplar para a compreensão da vida passada na Terra.
Aqui está a mini-entrevista ou, como prefiro, uma troca de mails entre paleontólogos:
Ciência Ao Natural (CAN): Como apresentaria este novo dinossáurio ao público?
Octávio Mateus (OM): Como todos os dinossauros estegossauros é um quadrúpede herbívoro, com placas no dorso, espinhos na cauda e membros anteriores curtos. Mas ao contrário dos outros estegossauros, este tem um pescoço invulgarmente longo, com 17 vértebras cervicais, o que representa 10 a mais do que a girafa e o maior número entre todos os dinossauros não-avianos.
CAN: Esqueça que participou nesta descoberta. Como classificaria a importância deste fóssil?
OM: Este fóssil é um dos dinossauros portugueses mais completos e o facto de ser um novo taxon vem reforçar a importância de Portugal no cenário da riqueza mundial de dinossauros. A sua inesperada característica de pescoço longo leva-nos a uma série de questões fascinantes sobre a evolução destes dinossauros. Além disso, o Miragaia longicollum demonstra a plasticidade evolutiva dos dinossauros.
CAN: As semelhanças morfológicas, ao nível do esqueleto do pescoço, entre dois grupos de dinossáurios distintos como os saurópodes e o estegossáurios são evidentes nunca antes registadas. Que podemos inferir destas parecenças, ao nível da evolução dos dinossáurios?
OM: As semelhanças mostram que a convergência evolutiva é tão surpreendente como lógica e expectável. Ou seja, se por um lado ninguém esperava ver um estegossauro com 17 vértebras cervicais e superficialmente parecido a um saurópode, por outro lado, a plasticidade evolutiva associada à necessidade de adaptação ao mesmo ambiente dos saurópodes faz da convergência um processo comum e expectável.
CAN: Qual o dinossáurio que gostaria de descobrir em Portugal? Porquê?
OM: Gostaria de descobrir algo que não estivesse à espera de o fazer. Quanto mais inusitado, mais interessante será. Uma descoberta verdadeiramente inesperada levantaria muitas mais questões científicas e tornaria a paleontologia ainda mais cativante.
CAN: Qual o conselho que daria a um jovem português que gostasse de seguir as “pisadas” de Octávio Mateus?
OM: Sem me considerar um modelo, acho que o desejo de aprender mais sobre história natural é a minha grande motivação. Aconselho a interessarem-se pela história natural e nunca perderem a vontade de estudar.
Referência: Mateus, O., Maidment, S.C.R., and N.A. Christiansen. 2009. A new long-necked ‘sauropod-mimic’ stegosaur and the evolution of the plated dinosaurs. Proceedings of the Royal Society B, first online. DOI 10.1098/rspb.2008.1909.
Imagens: do blog Lusodinos
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Mais informações – aqui
I Iberian Symposium on Geometric Morphometrics
Há quase cinco anos organizei e co-ministrei um Workshop de Morfometria Geométrica – resumo aqui. Agora é a vez de divulgar o I Iberian Symposium on Geometric Morphometrics, que decorrerá na cidade catalã de Sabadell, entre 23 e 25 de Julho de 2009.
Agradeço o honroso convite da organização para fazer parte da Comissão Científica, especialmente porque esta integra investigadores de excelente nível, como F. James Rohlf (State University of New York), Christian Klingenberg (University of Manchester), Paul O’Higgins (Hull-York Medical School, University of York), Diego Rasskin-Gutman (Universidad de Valência), entre outros.
A Morfometria Geométrica é um conjunto de técnicas de análise de variação da forma orgânica.
“The advent of Geometric Morphometrics was claimed as a revolution at the end of the century, and step by step it has grown to become a customary tool to analyze and understand the ultidimensional nature of biological form.
This symposium is organized to gather for the first time all practitioners of the field, as a way to share each one´s knowledge, findings and concerns, but also as a way to begin opening a window for future collaborations.”
(do site do Simpósio)
Um FAQ da Universidade de Viena sobre a Morfometria Geométrica.
Informações:
Imagens – dos sites do Simpósio e da Universidade de Viena.
Dragões bebé
Imagens de juvenis de dragões-de-Komodo (Varanus komodoensis).
Algo mais sobre esta espécie em “Podcasts, modernices e erros”.
Baby Komodo Dragons
http://mediaservices.myspace.com/services/media/embed.aspx/m=52518561,t=1,mt=video
Faça a legenda
Imagem vencedora do concurso FOTCIENCIA08- CERTAMEN NACIONAL DE FOTOGRAFÍA CIENTÍFICA – “Estímulos olfativos”, Pablo García García (León).
Premiados em PDF
O Homem que não via a Esquerda
José era um homem político.
Aparentemente normal, esbarrava à esquerda.
Esbarrava não será o termo apropriado: José atropelava a esquerda.
Via o que se passava.
O que se movia e evoluía à sua esquerda.
As necessidades e carências.
Mas não os reconhecia como seus, não os intuía, ainda que os visse.
Por isso mesmo, maltratava esse lado político ou, no mínimo, apenas o atropelava.
José sofria de uma deficiência no seu lobo occipital político direito.
Sofria de agnosia lateral.
A Educação. A Saúde. O Emprego.
Via-os.
Mas não os reconhecia como seus.
José sofria de agnosia política.
Agnosia lateral.
À esquerda.
“A agnosia é uma perturbação pouco frequente que se caracteriza pelo facto de a pessoa poder ver e sentir os objectos, mas não os pode associar ao papel que habitualmente desempenham nem à sua função.
As pessoas afectadas por certas formas de agnosia não conseguem reconhecer rostos familiares nem objectos correntes, como uma colher ou um lápis, embora os possam ver e descrever. A agnosia é causada por um defeito nos lobos parietais e temporais do cérebro, que armazena a memória dos usos e a importância dos objectos conhecidos. Muitas vezes, a agnosia aparece subitamente depois de um traumatismo craniano ou de um icto. Algumas pessoas com agnosia melhoram ou recuperam de forma espontânea enquanto outras devem aprender a assumir a sua estranha incapacidade. Não existe um tratamento específico.”
daqui
“Rather, damage to the posterior parietal lobe produces agnosia, an inability to perceive objects through otherwise normally functioning sensory channels. The deficits with agnosia are complex, such as defects in spatial perception, visuomotor integration, and selective attention. The agnosias most commonly seen with lesions of the right posterior parietal visuocortex are among the most remarkable that can be seen in neurological patients. A particularly dramatic agnosia isastereognosis, an inability to recognize the form of objects through touch. This agnosia is commonly accompanied by a left-sided paralysis.”
Kandel et al. 2000, pp. 392-393
Referências:
“Seeing the World in Half-View” Scientific American, February 2009, Mind & Brain
http://www.sciam.com/article.cfm?id=seeing-the-world-in-half-view
Kandel ER, Schwartz JH, Jessell TM 2000. Principles of Neural Science, 4th ed. McGraw-Hill, New York.
Imagens:
1- daqui
2- Kandel et al. 2000, figura 20-12. “The three drawings on the right were made from the models on the left by patients with unilateral visual neglect following lesion of the right posterior parietal cortex. (From Bloom and Lazerson 1988.)”
3- Kandel et al. 2000, figura 20-14. “The neglect of space on the left after injury to the right posterior parietal cortex may be remarkably selective. A patient may not be visually aware of all parts of an object but still able to recognize the object. Patients with neglect after a right hemisphere stroke were shown drawings in which the shape of an object is drawn in dots (or other tiny forms). The patient was then asked to mark with a pencil each dot. In the figure here the patient was able to report accurately each shape (rectangle, circle, letter E, letter H) but when required to mark each dot with a pencil she neglected the left half of each object. (Adapted from Marshall and Halligan 1995.)”
Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais
Informação recebida de Porfírio Silva.
“Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais – Ciclo de Conferências – Edição 2009
Todas as sessões às 14:30
no Anfiteatro do Complexo Interdisciplinar
Instituto Superior Técnico (Alameda)
Entrada Livre
Mais informação no sítio das conferências: http://institutionalrobotics2009.isr.ist.utl.pt/
Programa
Sessão de 26 de Fevereiro
• “Darwinismo Artificial. Evolução Artificial: Arte e Ciência”
Conferencista: Agostinho Rosa, ISR/IST
• “Filhotes de robot? Desenvolvimento pós-natal artificial”
Conferencista: José Santos-Victor, ISR/IST
• “Mundos de sentido: no natural e no artificial”
Conferencista: Isabel Ferreira, Doutoramento em Linguística, Universidade de Lisboa
Sessão de 11 de Março
• “O Papel da Selecção Natural de Darwin em Heterarquias Biológicas e Sociais”
Conferencista: Luís M. Rocha, Indiana University (School of Informatics and Cognitive Science Program), Instituto Gulbenkian de Ciência
• “Decision theoretic and game theoretic approaches to decision making in collectives”
Conferencista: Matthijs Spaan , ISR/IST
• “Emoções, uma ponte entre a natureza e a sociedade?”
Conferencista: Rodrigo Ventura, ISR/IST
Sessão de 26 de Março
• “A Escolha, Apesar da Dificuldade”
Conferencista: Ana Costa, DINÂMIA – Centro de Estudos sobre a Mudança Económica, ISCTE
• “Vida Institucional Artificial”
Conferencista: Porfírio Silva, ISR/IST
• “A Inspiração Pluridisciplinar na Robótica Colectiva”
Conferencista: Pedro Lima, ISR/IST.
Falar aos trutas…TED
Mais uma das conferências TED.
Por um colega.
O paleontólogo Paul Sereno.
Sobre o passado, dinossáurios, escavações…enfim.
http://video.ted.com/assets/player/swf/EmbedPlayer.swf
Panphagia protos
Já não o incluirei na tese, apesar de ser objecto dela.
Mas que raio…devia haver um período de carência de publicação de novas espécies, especialmente quando fazem parte do nosso objecto de estudo.
Deveríamos entrar num limbo, onde tudo estivesse parado e não fôssemos obrigados a tentar apanhar tudo o que cai do céu com uma sombrinha de cocktail…
Enfim…
Panphagia protos é um sauropodomorfo basal, daqueles que só existem nas primeiras fotos de família…
Imagens: da referência