A Amonite e o Mamífero
Os companheiros de uma vida escolhem-se, por vezes.
Os companheiros para toda a vida, por vezes, esbarram um no outro e acabam por compartir um comum e eterno caminho de tempo e de espaço.
Acasos, dizem.
Dois seres vivos que apenas partilham um ancestral de há centenas de milhões de anos, partilham agora um descanso em conjunto.
Do mamífero, apenas se sabe o nome e a profissão – militar, dos finais do dezanove, em linguagem de historiadores.
A amonite, de tempos jurássicos, repousou sem vida em fundos marinhos. Da campa rochosa de origem marinha, os humanos deram-lhe uso para outra laje, a do mamífero militar.
Jazem juntos, agora, lá para os lados de Tavira.
O mamífero e a amonite.
P.S. várias amonites numa campa junto à Igreja do Carmo, Tavira.
Uma das várias paragens da visita de Geologia e Paleontologia urbanas “Do Museu Ao Convento”.
Ornitorrinco via os dinos passar
Quando escrevi “Chernes e ornitorrincos”, este estudo ainda não tinha vindo a público.
Paleontólogos do Museu de Vitória, Austrália, descobriram fósseis de ornitorrinco muito mais velhos do que até agora se sabia. Estes materiais paleontológicos datam do Cretácico inferior, Aptiano, entre os 112 e os 125 milhões de anos, e “puxam” a história evolutiva deste mamífero ainda mais para o passado da Terra.
Embora não sejam idênticos ao modernos ornitorrincos, Ornithorhynchus anatinus, as características anatómicas observadas (através de tomografia computadorizada) nas mandíbulas fossilizadas permitiram identificá-las como pertencentes à mesma família – Ornithorhynchidae.
Ao contrário dos actuais ornitorrincos que têm uma estrutura semelhante a bico, os seus antepassados possuíam dentes.
Os ornitorrincos viram os dinossauros a passar…
O artigo é hoje publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.
Imagem: daqui