Jantares
Partilhar uma refeição parece ser um dos indicadores de civilidade. Além das iguarias que são consumidas em conjunto, parte do prazer que os seres humanos retiram destes momentos são consequência das conversas que se têm.
Há, assim, dois patamares de prazer: o gastronómico, onde quer as papilas gustativas, quer o nariz e a visão, são estimuladas. O outro nível de prazer envolve, na maioria dos casos, as pessoas com quem se reparte a refeição, ou seja, os comensais.
Por vezes, imaginamos jantares onde se colocariam convivas de difícil coabitação – o nosso chefe à mesa com um cardume de piranhas…
Outras vezes desejamos ter assistido ou partilhado um jantar com personagens históricas ou mediáticas.
Um desses almejados jantares, pelo menos para mim, foi o que ocorreu a 29 de Outubro de 1836, pouco após o Beagle ter regressado a Inglaterra.
Charles Lyell foi o anfitrião desse repasto onde outros dois ilustres cientistas oitocentistas partilhariam a mesma mesa: Charles Darwin e Richard Owen. Lyell, conhecido de ambos, acabou por os apresentar. Darwin acabou por ceder a Owen alguns dos fósseis de mamíferos que havia recolhido na América do Sul.
Se de Darwin me omito referir a óbvia influência no pensamento biológico moderno, já Lyell e Owen são, digamos, um pouco menos populares.
O escocês Charles Lyell (1797-1875) é considerado com sendo um dos pais da Geologia moderna, devido sobretudo à sua obra em três volumes The Principles of Geology (1830).
Richard Owen (1804 – 1892), à altura um afamado anatomista, é conhecido actualmente por ter sido quem cunhou o termo Dinosauria.
Adoraria ter partilhado este jantar.
Poderia ter sido apenas a escutar, disfarçando como pudesse o mal-educado acto; mas tê-lo-ia feito à mesma…
Referências:
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