Ensitel ou o Preço da Justiça
O caso Ensitel (aqui e aqui, por exemplo) veio demonstrar algumas tendências, pelo menos do que acompanhei pela Twitter.
Gostaria de fazer algumas considerações prévias sobre este “caso”:
1 – Considero que o comportamento da Ensitel foi e é de profundo desprezo pelo seu cliente;
2 – O comportamento da Ensitel revelou um enorme desconhecimento do actual papel/influência das redes sociais como mecanismo de pressão/divulgação;
No dia 28 de Dezembro tentei manifestar as minhas opiniões sobre este assunto no Twitter.
Qual anti-cristo, fui apelidado de quase tudo.
O que penso:
1 – Este caso não teria sido ampliado como foi caso a cliente em causa não fosse gestora dos blogs da Sapo;
2 – Que o caso serviu de válvula de escape a desejos de actuação directa que a maioria dos utilizadores das redes sociais nomeadamente do Twitter e do Facebook têm.
Estes desejos de acção directa foram ampliados pelos recentes acontecimentos de boicote/sabotagem dos sites de algumas empresas por apoiantes de Julian Assange e da Wikileaks.
3 – Se os custos da justiça/legais em Portugal não fossem proibitivos para o cidadão comum, a cliente/gestora dos blogs da Sapo processava a Ensitel por tentativa de condicionamento da sua liberdade de expressão.
Assim, o cerne do problema é o cidadão comum não ter dinheiro para travar batalha legal contra um batalhão de advogados da Ensitel.
Desta forma, a sensação de David contra Golias, apesar de não consciencializada, é ampliada neste caso, sendo facilitada pela resposta perfeitamente básica da Ensitel.
4 – Apesar de ser uma causa justa e a resposta colectiva interessante, pela tentativa de condicionar liberdade de expressão, considero que foi um desperdício de energia reivindicativa já que o caso poderia ter sido simplesmente resolvido não fora o ponto 3.
Nos dias que correm, as redes sociais poderão ser o veículo do descontentamento político que as estruturas partidárias não permitem.
Parafraseando-me do Twitter:
“Caríssimos: apesar de justa, a causa de Ensitel permite que se sintam válidos. Boa. Mas fazei mé mé mais baixo…”
Imagem: daqui
P.S. (30/12/2010) – este texto, melhor argumentado que o meu, reflecte no geral as mesmas ideias que o meu. Do Apdeites