Rénxiàowén

O lançamento da semana apresenta-nos Rénxiàowén (1362-1407), imperatriz consorte do imperador Yǒnglè da dinastia Míng. Conhecida também como Imperatriz Xú, ela ganhou seu nome póstumo, Rénxiàowén, em reconhecimento às suas virtudes de benevolência, respeito filial e erudição, valores do neoconfucionismo que permeavam seu pensamento. A autora do verbete, María Elena Díaz, mostra que a obra mais importante da pensadora foi《內訓》Nèixùn, Lições para os Aposentos Internos, o mais extenso dos Quatro Livros para Mulheres (Nǚ sì shū), que serviram como base educacional feminina na dinastia Míng. Ao contrário de outras obras da tetralogia que eram mais teóricas, a obra de Rénxiàowén destaca-se por seu caráter pragmático, influenciado pela experiência de sua sogra, a Imperatriz Mǎ. Ela defendia a educação das mulheres, não as limitando à passividade, mas as incentivando a um papel ativo na família e no reino, mesmo dentro do espaço doméstico. O texto aborda temas como virtudes femininas, papéis familiares, moralidade pessoal, trabalho doméstico, relacionamentos e educação, com foco no “cultivo de si” (xiū shēn) através da leitura de textos históricos e dos ensinamentos de sua sogra.

Além de sua obra principal, Rénxiàowén também escreveu um Sutra budista, que tinha um propósito político de apoiar o governo de seu marido. Ela também liderou a defesa da capital em uma ocasião, demonstrando seu papel ativo e estratégico. Estudos recentes debatem a interpretação de sua obra, com alguns críticos a considerando limitada por defender o papel da mulher apenas dentro do palácio e sob as “três obediências”. No entanto, Díaz defende uma leitura que reconheça sua inovação e empoderamento feminino dentro de seu contexto, como o exercício da agência própria, o equilíbrio das relações de poder e o fornecimento de meios para a mudança. Sua contribuição é vista como essencial para entender a história do ponto de vista de mulheres reais que buscam melhorias efetivas na educação de meninas e jovens de diferentes estratos sociais.

 

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Sobre a autora do verbete: María Elena Díaz é professora de História da Filosofia Antiga na Universidade de Buenos Aires (UBA). Interessa-se pelos seguintes temas: Filosofia da Ciência, Estudos Chineses, Língua e Cultura Chinesas, Filosofia Chinesa e Literatura Chinesa.

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