Lágrimas de lagarto: sangue a um metro de distância!

Pelo menos quatro espécies de lagartos-de-chifres têm uma tática de defesa completamente inusitada: lançam jatos de sangue pelos olhos a distâncias de até um metro. Confira o vídeo, e se custar a acreditar a princípio, confira com o oráculo. Isto é… incrível!
[via Buen Rato]

Evolução convergente: novos iMacs e Audis


O website conceptcar.co.uk nota como os novos iMacs da Apple, com um design fabuloso, acabaram praticamente idênticos aos carros Audi. Seu chassi metálico — é um dos maiores blocos de alumínio que você poderá ver em um eletroeletrônico — e o monitor com bordas de vidro negras remetem ao estilo da marca alemã. Considerando que os primeiros iMacs plásticos eram diretamente inspirados em doces, os metálicos de agora se aproximam cada vez mais de carros, podemos imaginar que os iMacs do futuro se inspirarão em cerveja ou lingerie.
[via Core77]

Colonizando o Universo com bombas nucleares


De todos os sonhos dos anos dourados do século XX, em que carros voadores cruzavam os céus de utopias tecnológicas, um deles tinha chances muito concretas de se tornar realidade quase que exatamente como imaginado em histórias em quadrinhos. Pouco depois de pisar na Lua, estaríamos pisando em Marte, visitando Saturno, os satélites de Júpiter e indo até Plutão, tudo em gigantescas espaçonaves de centenas de metros de tamanho, milhares de toneladas e centenas de astronautas. Colônias gigantescas permanentes seriam estabelecidas em outros planetas e até Próxima Centauri estaria a nosso alcance. Tudo isso seria possível graças um projeto: Orion.
Repleto de extremos e beleza poética, o projeto nasceu no cérebro de um dos primeiros homens a conceber a mais destrutiva arma já criada pelo homem. Stanislaw Ulam, que junto com Teller criou o conceito que permitiu as primeiras bombas termonucleares de fusão, inventou pouco antes em 1947 o conceito de “propulsão por pulsos nucleares”. Ele consideraria esta a sua maior invenção.
Praticamente desde o início do século XX, físicos notaram como as energias envolvidas em reações nucleares eram estupendamente maiores do que em reações químicas, e passaram as décadas seguintes tentando dominá-la. Com a bomba atômica, finalmente conseguiram liberar tal energia de forma avassaladora. Se apenas tal energia pudesse ser aplicada de forma benéfica… Ulam imaginou que através de uma série de pequenas explosões nucleares controladas, um foguete poderia efetivamente ser lançado ao espaço, pulso por pulso. O desenvolvimento de tal conceito — cujo manuscrito original continua classificado como secreto pelo governo americano — tomaria forma anos depois como o projeto Orion.
A idéia básica não é nada complexa: exploda uma pequena bomba nuclear e tenha um disco resistente para receber impulso direto da explosão, acoplado a um sistema de amortecimento para absorver o choque e não estraçalhar o resto do foguete. Repita o processo a cada segundo. Mas poderia uma idéia tão simples realmente funcionar? Os cientistas do projeto Orion conseguiram vencer o ceticismo inicial com testes muito práticos:

Os testes foram conduzidos com explosivos convencionais, químicos, mas demonstraram ser um feito de engenharia possível. E, ao contrário de quase tudo na história da conquista espacial, toda a técnica e engenharia conspirava para o sucesso do projeto.
Na mesma época, os militares americanos haviam desenvolvido bombas nucleares pequenas, incluindo bombas atômicas que podiam ser lançadas de canhões. No projeto Orion, a espaçonave teria milhares de pequenas bombas nucleares dessa natureza, devidamente armazenadas como se fossem garrafas de refrigerante, aguardando serem lançadas uma a uma por um sistema inspirado nas fábricas de engarrafamento da Coca-Cola (!).
E o enorme impulso produzido pelas explosões só podia implicar em um tipo de foguete praticamente viável: um foguete gigantescamente maciço. Ao contrário dos foguetes que conhecemos, construídos para ter o mínimo de massa e no limite de sua resistência, quanto mais massa os foguetes Orion tivessem, melhor lidariam com tais impulsos, traduzindo-os em acelerações mais seguras a frágeis seres humanos. As naves do projeto foram projetadas tendo em vista submarinos, de aço, e não aeronaves, de ligas leves. Sua massa girava sempre em torno das milhares de toneladas. Tal massa também seria essencial como um escudo para a radiação cósmica e a produzida pelas explosôes nucleares da propulsão. As espaçonaves gigantes de histórias em quadrinhos subitamente se tornavam uma solução de engenharia, e não um problema.
A alta eficiência e empuxo da propulsão também permitiria alcançar velocidades praticamente impossíveis a foguetes químicos, tornando viagens de ida e volta a Plutão e mesmo a estrelas próximas, a frações da velocidade da luz, projetos plausíveis. Tais cálculos chegaram a ser feitos no projeto.
Uma a uma, todas as dificuldades técnicas foram sendo solucionadas. E os militares ficaram empolgadíssimos com tudo, dispostos a jogar recursos sem fim para seu sucesso. O que acabou sendo um dos motivos para seu fim.
Iniciado em 1958, por volta do início dos anos 1960, quando estava chegando à maturidade, a política do mundo real alcançou o projeto Orion e seus “efeitos colaterais”. Nem tudo era um sonho de quadrinhos. Ao detonar tantas bombas nucleares, ainda que pequenas, um foguete do projeto Orion liberava resíduos radioativos em abundância na atmosfera. Cálculos sugeriram que, estatisticamente, tal aumento de radiação na atmosfera poderia matar até dez pessoas por câncer. tantas explosôes nucleares também gerariam pulsos eletromagnéticos que afetariam equipamentos em terra em um raio de centenas de quilômetros, e também satélites no espaço. Que os militares tenham criado um modelo de espaçonave gigante repleta de lançadores de mísseis atômicos e o exibido orgulhosos para John Kennedy também não ajudou em nada. Kennedy havia acabado de passar pela crise dos mísseis de Cuba, e uma corrida com encouraçados atômicos no espaço era a última coisa de que precisava. Ao final, o tratado banindo a realização de testes nucleares na atmosfera acabou por selar o fim do projeto Orion em 1963.
Mesmo hoje, a propulsão por pulsos nucleares permanece a melhor tecnologia concebida para a viagem espacial. Ela não é a única forma de aplicar a energia do átomo para viajar pelo céu, mas é a única que combina uma alta eficiência com um alto empuxo. Motores iônicos, ou outros tipos de motores nucleares têm uma boa eficiência, mas geram pouco empuxo. Nossos conhecidos motores químicos podem ter enorme empuxo, mas a eficiências baixíssimas. É praticamente impossível sair da órbita terrestre com apenas um estágio de foguetes químicos — mas isso seria possível com um foguete Orion,
Pode parecer paradoxal que bombas nucleares possam significar tanto o fim de nossa espécie através de um Armagedon de bombas intercontinentais, ou a garantia de nosso futuro, por foguetes nucleares interplanetários. Mas isso apenas sublinha o caráter essencial da ciência e tecnologia, que é acumular conhecimento sobre o mundo e encontrar meios de aplicá-lo. Se e como iremos aplicá-lo, é algo a cargo de outros sistemas criados pelo homem. Até o momento, ainda não nos aniquilamos, mas também não demos o passo de audácia que poderia nos levar “aonde nenhum homem jamais esteve”.

Acima: excerto do ótimo documentário da BBC, “To Mars by A-Bomb“, enviado ao Youtube por este que escreve aqui. A referência sobre o projeto Orion é o livro “Project Orion: The True Story of the Atomic Spaceship“, de George Dyson, filho de Freeman Dyson, o físico mais destacado do projeto (famoso por unificar a QED, especular sobre os avanços tecnológicos e promover idéias sobre a coexistência da ciência e religião).
A entrada da Wikipedia em inglês sobre o tema é um bom sumário, e para um texto mais detalhado disponível gratuitamente na rede, há “Project Orion: Its Life, Death, and Possible Rebirth“, que lista uma enorme série de links e referências.

Perdendo… com uma só mão

Não tente comemorar antes de passar da linha de chegada se você não consegue dirigir com uma só mão.

Diversidade religiosa?


Tome os principais textos sagrados de cinco das maiores religiões no mundo: Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo, Budismo e Judaísmo. Um total de 2.903.611 palavras. Agora, utilize uma dádiva da ciência e tecnologia, um programa de computador (de código aberto, evidente!), e faça-o analisar a montanha de dados e produzir um gráfico visual com as palavras mais utilizadas em tais textos, suas ligações, mais comuns e os verbos que as seguem. O resultado é “Similar Diversity”, um projeto de Philipp Steinweber e Andreas Koller.
Sem muita surpresa, “Senhor”, “Deus” e “Você” são as palavras mais comuns, estando presentes em todas as cinco religiões. “Alá”, “Indra”, “Moisés” e “Davi” também figuram bastante, embora apenas em algumas. Há uma conexão forte entre você, Deus e Senhor, mas curiosamente a ligação entre Deus e Senhor é a mais intensa de todas. Talvez mais do que a Trindade, a Dualidade seja o grande segredo da religião secreta que domina o mundo. Algo que me surpreendeu é que aparentemente, o termo “você” é mais usado nas escrituras do hinduísmo (amarelo) do que no cristianismo (roxo). Como os próprios autores notam, o uso do termo “você” está associado a ordens e indicações sobre o comportamento do leitor.
O verbo mais usado depois de “Deus” e “Senhor” é “has”, ou “ter”, mas acredito que isto possa ser resultado da língua inglesa utilizar tal verbo em conjunto com outros, no infinitivo. O segundo verbo mais associado com deus e senhor é… “é”. “Deus é amor”, por exemplo.
Em outras épocas, um trabalho assim poderia gerar uma nova religião em si mesma. Incontáveis vertentes do hinduísmo, budismo e afins surgiram enquanto monges estudavam todos os manuscritos religiosos disponíveis e tentavam sintetizar um significado único, ou mesmo uma essência primordial que teria se perdido com o tempo. No budismo, tais monges criavam por vezes mesmo mandalas para representar as sínteses a que chegavam, não muito distantes do gráfico acima.
Parafraseando uma péssima citação para que fique ainda pior, poderíamos dizer que “Se deus não existisse, os computadores poderão inventar um para nós”.

Mais fluido não-newtoniano (ou maisena)

Lembra-se do vídeo em que andavam sobre uma piscina? O mesmo fluido não-newtoniano pode fazer outras proezas quando agitado sobre um alto-falante. No caso, as freqüências de vibração sonora fazem o mesmo efeito que caminhar rapidamente sobre o fluido, fazendo com que endureça, e se eleve enquanto mais fluido se endurece logo abaixo, até que a força da gravidade cumpra seu papel. É o Montro de Maizena (r). Mais vídeos aqui.

Bom saber, Henry!

O fracasso do carro movido a ar


Pagar menos de R$2,00 para andar centenas de quilômetros com um carro movido a… ar? Ligar o escapamento no ar-condicionado? Usar óleo de cozinha para a manutenção? E ter um carro produzido com fibras compostas em fábricas de pequena escala, desafiando as grandes montadoras, para não falar das monstruosas empresas petrolíferas?
O sonho do carro a ar é infelizmente bom demais para ser verdade, e os mais atentos devem se lembrar que há quase dez anos a empresa MDI do francês Guy Nègre ganhou alguma atenção no Brasil ao anunciar a criação de fábricas por aqui. Os primeiros carros a ar deveriam estar sendo vendidos no Brasil desde 2003, mas as promessas ficaram no ar. O mesmo ocorre em todas as dezenas de países que anunciam o início da fabricação de carros MDI “em breve”. Teriam as empresas petrolíferas conseguido acabar com mais esta revolução ecológica?
A resposta que pode surpreender é, de pronto, que o carro a ar não é ecológico. É preciso comprimir o ar, e nenhuma inovação é sugerida pela MDI para que isto seja mais eficiente ou mesmo não-poluente. De fato, como Miguel Celades Rex, diretor da MDI para América Latina e Península Ibérica, declarou em 2001, “para comprimir o ar, é preciso eletricidade, e boa parte dela vem de termelétricas, que usam petróleo“.
Isso pode ser óbvio. Mas entusiastas ainda podem imaginar que o carro a ar seria menos poluente, “ecológico”, se fosse especialmente eficaz em armazenar e converter energia — que poderia ser gerada em usinas ecológicas. Infelizmente, neste quesito o carro a ar também é um fracasso fundamental. Como escreve Heriberto Janosch, “se construirmos um carro a gasolina que tenha as mesmas características que um a ar comprimido como o proposto, com apenas 25 hp, o movido a gasolina seria muito mais eficiente, gastaria menos energia e contaminaria muito menos o meio ambiente”. O processo de comprimir o ar, armazená-lo em tanques e então utilizá-lo em um motor é extremamente ineficiente, havendo muitas perdas. Tanques de ar comprimido também não são meios de armazenar quantidades práticas de energia — a energia de 300 litros de ar a 300bar equivaleria à energia de apenas 1,4 litros de gasolina [fonte]. É menos do que a energia disponível em uma pequena moto, e mais comparável à energia de um cortador de grama.
Se o carro não é ecológico, se nunca foi produzido como anunciado, como explicar que novos acordos continuem sendo anunciados exatamente como dantes, prometendo sempre carros para “breve”? Há poucos meses a MDI entrou em acordo para lançar seu carro a ar na Índia, prometendo vendê-los a partir de agosto de 2008. Por que afinal nunca podemos comprar os carros?
O verdadeiro segredo do carro a ar comprimido pode ter em verdade pouco a ver com meios de transporte, e sim com a única coisa que você pode prontamente fazer com seu dinheiro ao visitar o sítio da MDI e seus representantes: comprar licenças de fabricação. Na própria página de entrada do sítio declaram que a “MDI … se financia com a venda e concessão de licenças de fabricação de suas patentes em todo o mundo”. Como pergunta Janosch, “Não será em realidade o negócio da MDI apenas a venda de franquias e licença?“. Ele continua: “Se este é o caso, a inviabilidade do projeto seria o de menos. O importante seria fazer as pessoas acreditarem que é viável, e desenvolver uma boa estratégia de marketing para captar investidores. Para isso bastaria que a MDI criasse protótipos para apresentar e conseguir investimentos destinados ao desenvolvimento de novos protótipos. Seu mercado não seria o de compradores de carros, e sim o de investidores que não conheçam a indústria automobilística. Logo poderiam culpar os ‘grandes poderes econômicos ocultos’ pelo fracasso de seu projeto”.

Cortando uma pessoa ao meio, do jeito mais fácil

À primeira vista um truque de mágica sensacional de Kevin James. Mas se você descobrir como foi feito, concordará comigo que um truque assim deve ser exposto, porque não se baseia tanto na engenhosidade, e sim no fato de que usa um deficiente físico, sem pernas. É ele, sobre um par de pernas falso, que é “cortado” ao meio e é exibido “cortado” sobre a mesa. Depois, em uma troca que não é exibida pela edição do programa, ele é substituído por uma pessoa com pernas, que pula ao final. Para que você não perceba a troca, ambos usam máscaras e óculos para ocultar seus rostos. Veja tudo em detalhe, em inglês, aqui.

A mulher com a boca rasgada

Lembra-se da Loira do Banheiro? Bem, o Japão sendo o Japão, as lendas urbanas aterrorizando crianças são muito mais elaboradas, e no fim dos anos 1970, a “Kuchisake Onna” ou “Mulher com a Boca Rasgada” causou pânico generalizado pelas escolas do país.
Diz a lenda que uma mulher de cabelos compridos e negros, usando uma máscara — é comum usar máscaras na Ásia — se encontra com inocentes crianças na rua e pergunta “Eu sou bonita?“. Se a criança responder que sim, ela tira a máscara, revelando sua boca rasgada, e dizendo “E agora?“. Claro que irá então perseguir e matar a criança, talvez cortando sua face também. Dizer que a mulher não é bonita não irá salvá-lo, já que isso irá apenas enfurecer a mulher. A única forma de fugir da Mulher da Boca Rasgada é responder que ela é “OK“, normal, e então sair correndo gritando “Pomada! Pomada! Pomada!”, três vezes. É uma lenda urbana, afinal.
As origens da lenda ainda dizem que a Mulher da Boca Rasgada acabou assim porque, apesar da beleza, traiu o marido que então a desfigurou: “Quem vai achar você bonita agora?“. Mas as origens históricas se relacionam com várias lendas de fantasmas no Japão em que pessoas encontradas na rua, normais ou mesmo bonitas, acabam se revelando monstros. Por exemplo, uma pessoa andando pelas ruas da cidade de Edo, vê uma mulher de costas e pergunta o caminho. Quando a mulher se vira, revela que não tem rosto — nada de olhos, boca, nariz, nada. O mesmo ocorre com uma mulher bonita na rua, que depois acaba esticando seu pescoço a mais de um metro.
No clipe acima, a lenda urbana é alimentada com a historinha de que recentemente, uma mulher perseguindo crianças teria sido atropelada. Na autópsia, descobriu-se que tinha a boca rasgada, mas não devido ao acidente. Seria a Mulher da Boca Rasgada. Ou não, apenas mais uma história para assustar crianças. Se você gostou da lenda, pode conferir este clipe de um filme recente sobre o tema, completo com uma boa olhada em todo o horror da Mulher da Boca Rasgada ao final.

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