Um bug no código de barras
Uma ladybug, para ser mais específico. Quando vi a imagem, levei alguns segundos para entender que não era algum líquido marrom que havia pingado sobre o código, e sim uma joaninha.
Suas pintas têm quase exatamente o mesmo tamanho e espaçamento que os pontos hexagonais do “maxicode”, que não é exatamente um “código de barras”, mas um código bidimensional.
O código deve ter redundância então é possível que mesmo com a joaninha ele possa ser lido corretamente, mas deve causar certa confusão. [via Cute Overload]
Cartocacoete: as Américas são um Pato
Já vimos que a América do Sul em um combo com a África produz um T-Rex.
Agora vem a revelação de que as Américas como um todo formam um pato.
E o mais perturbador é que parece um certo pato argentino comentado pelo Reinaldo.
Cartocacoete. [via Eu Podia Tá matando]
Um Sol Artificial em Inuvik
Inuvik é uma pequena cidade no extremo norte do Canadá, com pouco mais de 3.400 habitantes… e um mês inteiro na escuridão, como parte da noite polar no inverno.
Em um momento de genialidade publicitária para promover a marca de sucos Tropicana, em 8 de janeiro passado a companhia lançou no ar um “sol artificial”, para oferecer “manhãs mais claras aos canadenses”.
Composto de um balão de hélio de dez metros com lâmpadas emitindo um total de 100.000 lumens, segundo a agência de publicidade este seria aproximadamente o fluxo luminoso do Sol em um dia claro. E não é que a afirmação pode estar correta? Em um raio de quase quatro quilômetros, a marca de suco realmente criou um Sol artificial – um que estava apenas bilhões de vezes mais próximo, o que sem dúvida tornou as coisas um tanto mais fáceis.
Curiosamente, a tecnologia em si mesma não é nova. É original da companhia Air Star, e já vem sendo usada em shows e gravações cinematográficas há algum tempo. O melhor: há modelos de balões de iluminação ainda mais potentes. Embora a publicidade tenha vendido os balões como “sóis”, eles lembram mais grandes luas artificiais.
E luas artificiais lembram uma cena genial imaginada por Stanley Kubrick e retratada por Steven Spielberg no filme “A.I.: Inteligência Artificial” (2001):
Já sóis artificiais… iluminar cidades durante a noite polar…
Uma das primeiras aplicações propostas para a tecnologia espacial foi justamente o lançamento de gigantescos espelhos em órbita, que poderiam dirigir a luz do sol para qualquer ponto do planeta. Segundo o pioneiro alemão Hermann Oberth, um grande espelho espacial com quilômetros de diâmetro poderia derreter o gelo do ártico e controlar o clima terrestre, por exemplo.
Se isso assusta um pouco, Oberth originalmente sugeriu a idéia do espelho na década de 1920 como uma possível arma capaz de vaporizar cidades. Afinal, já antes de Cristo, Arquimedes teria demonstrado o poder de espelhos – ou pelo menos, assim dizia a lenda.
Também diz a lenda que os nazistas chegaram a considerar a idéia seriamente. Mas esta é uma outra história, para outro post.
Sóis artificiais de balões de hélio para vender suco de laranja ou iluminar shows soam melhor agora, não? Propagandas podem ser geniais ao combinar tecnologia com idéias realmente inspiradoras. [via Geeks are Sexy, Gizmodo]
Aprendendo com a Constelação de Homer Simpson
Quer relaxar e ao mesmo tempo aprender um pouco de astronomia? Em Starlight o jogo é simples e, na fase “Relax”, faz justamente isto: movimente o mouse até encontrar a perspectiva correta para que a série de pontos de luz ligados por linhas forme o desenho certo. Acredite, jogar é muito mais simples do que ler essa descrição.
O que astronomia tem a ver com a brincadeira? As constelações, em seu sentido antigo, são justamente esse agrupamento de estrelas formando um desenho no céu. Como o jogo deve deixar claro, contudo, o grupo forma um desenho definido apenas quando visto de um ponto bem determinado – no caso, a posição da qual vemos as estrelas, a Terra. Exatamente como no jogo, praticamente todas as constelações são formadas por estrelas que, com uma variação de magnitudes de brilho e distância, podem parecer “próximas” embora estejam distantes entre si.
Vistas de outros pontos da Galáxia, alguns nem tão distantes de nosso planeta, as constelações formariam “desenhos” bem diferentes, se é que formariam algum desenho. São arbitrariedades, e mais do que apenas arbitrariedades espaciais, são também temporais, enquanto nosso planeta e as próprias estrelas movimentam-se em velocidades e direções diferentes. Há alguns séculos as constelações tinham uma aparência sutilmente diferente, e um exemplo é a Ursa Maior.
Acima, como a constelação deveria aparecer aos primeiros seres humanos, como ela surge hoje para nós, e abaixo como deve aparecer para qualquer criatura sobre o planeta daqui a mais 100.000 anos (imagem via Cornell). Você pode brincar com essa mudança nas constelações com o Stellarium.
Ao contrário de astrólogos e mesmo alguns relatos de supostos extraterrestres – que diriam, por exemplo, que vêm da “Constelação de Órion” ou das Plêiades, o que deve ficar claro agora que não faz muito sentido como informação de localização –, os astrônomos levaram em conta tais descobertas e conhecimentos, e assim a definição astronômica moderna de constelação se refere à área da esfera celeste, apontando uma direção, comumente a que coincide com o “desenho” visto no céu pelos antigos, o que permite considerar a definição tradicional com a precisão do conhecimento atualizado.
Pronto, agora você tem uma boa desculpa educativa para gastar alguns minutos resolvendo 64 desenhos de constelações fictícias e relaxar…
[Quer mais astronomia e ainda física em um joguinho agradável? Brinque de Deus – ou Velikovsky com Orbitrunner.]
SciCats de Segunda [05]
Vídeo do trabalho “Cat and Mouse in 0g” da artista americana Lyn Hagan: o gato realmente esteve em microgravidade dentro um avião em trajetória parabólica. [via Reino da Almofada, Ila Fox]
Super-Homem: Uma Teoria Unificada para seus Superpoderes
“Desde tempos imemoriais o homem tem buscado explicar os poderes de Kal-El, também conhecido como Super-Homem. Siegel et al. sugeriram que sua superforça seja consequência de sua origem em outro planeta cuja densidade e, assim, gravidade, é muito maior do que a nossa. A seleção natural no planeta de Krypton teria desta forma dotado Kal El com músculos mais eficientes e maior densidade óssea; explicando, em primeira ordem, os poderes extraordinários do Super-Homem. Embora concisa, esta teoria provou-se inacurada. É agora claro que o Super-Homem de fato voa ao invés de apenas pular bem alto; e seu sopro congelante, visão de raio-X e de calor também não seriam respondidos pela teoria de Siegel.
Neste trabalho, propomos uma nova teoria unificada para a fonte dos poderes; isto é, todos os poderes extraordinários do Super-Homem seriam a manifestação de uma única habilidade sobrenatural, ao invés de um conjunto de várias. É nossa opinião a de que todos os poderes reconhecidos de Super-Homem podem ser unificados caso seu poder seja a habilidade de manipular, da escala atômica à de quilômetros, a inércia de sua própria matéria e a de qualquer outra com que esteja em contato”.
[Ben Tippett: A Unified theory of Superman’s Powers (PDF)]
Inércia. Esta seria a chave para todos os superpoderes de Super-Homem, na Grande Teoria Unificada elaborada por Ben Tippett e descrita no estilo e formato de um paper científico. O trabalho tem causado furor desde que foi divulgado há pouco mais de uma semana, e parece uma das teorias mais promissoras no entendimento deste enigma imemorial.
Considere, por exemplo, que se Super-Homem fosse apenas um sujeito com muita, muita força, capaz de levantar dezenas de toneladas – com apenas um braço – isso ainda assim não explicaria bem o comportamento observado em inúmeros quadrinhos, séries e filmes. Uma figura do trabalho de Tippett ilustra o problema (read on para a continuação):
“Experimento”, de Frederic Brown (1954)
“Senhores: a primeira Máquina do Tempo”, apresentou, orgulhosamente, o professor Johnson a seus dois colegas. “De fato, trata-se de um modelo experimental em escala reduzida. Ele operará apenas com objetos pesando cerca de um quilo e para distâncias em direção ao passado e ao futuro de vinte minutos ou menos. Mas funciona”.
O modelo em escala reduzida se parecia com uma balança, daquelas usadas em agências de correio – exceto por dois dials na parte debaixo da plataforma.
O professor Johnson segurou um pequeno cubo de metal. “Nosso objeto experimental”, disse, “é um cubo de metal pesando mais ou menos meio quilo. Primeiro, vou mandá-lo cinco minutos na direção do futuro”.
Ele inclinou-se para a frente e regulou um dos dials da máquina do tempo. “Observem os seus relógios”, disse.
Eles olharam os seus relógios. O professor Johnson colocou cuidadosamente o cubo na plataforma da máquina. O objeto desapareceu.
Cinco minutos depois, no segundo exato, o objeto reapareceu.
O professor Johnson o recolheu. “Agora cinco minutos na direção do passado”. Ele regulou o outro dial. Segurando o cubo em sua mão olhou para o seu relógio. “Faltam seis minutos para as três horas. Eu vou agora ativar o mecanismo – colocando o cubo na plataforma – exatamente às três horas. Conseqüentemente, ao faltarem cinco minutos para as três, o cubo desaparecerá da minha mão e aparecerá na plataforma cinco minutos antes de eu colocá-lo ali”.
“Como você poderá colocá-lo ali, então?”, perguntou um dos colegas.
“Enquanto a minha mão se aproxima, ele desaparecerá da plataforma e aparecerá na minha mão para ser posto ali. Três horas. Reparem, por favor”.
O cubo desapareceu da sua mão.
O cubo apareceu na plataforma da máquina do tempo.
“Vêem? Daqui a cinco minutos eu o colocarei ali, mas ele já está ali!”
Seu outro colega franziu as sobrancelhas ao olhar para o cubo. “Mas”, disse, “e se, agora que ele já apareceu cinco minutos antes de você o colocar ali, você mudasse de idéia sobre fazer isso e não o pusesse ali às três horas? Não estaria envolvido aqui certo tipo de paradoxo?”
“Uma idéia interessante”, respondeu o professor Johnson. “Eu não havia pensado nisso; será interessante fazer um teste. Muito bem, eu não vou…”
Não sucedeu nenhum tipo de paradoxo. O cubo continuou onde estava.
Mas todo o resto do Universo, professores e tudo o mais, desapareceu.
Tradução de Gustavo Bernardo, original de Fredric Brown, From these ashes (Framingham, USA: Nesfa Press, 2001; p. 548).
Brown foi um mestre dos contos curtos, e no mesmo ano de 1954 também escreveu o espetacular “Resposta”. Mais alguns contos originais em inglês no Project Gutenberg. [imagem sxc.hu]