Como fazer gelo – Mpemba
No vídeo acima há quatro tubos de ensaio com água. Em três deles a água está acima de 60 °C, no segundo da direita para a esquerda, a água está a meros 28,5 °C. Todos estão dentro de um congelador a -18 °C. Responda rápido: qual tubo irá congelar primeiro? Não se preocupe, não é uma pegadinha. Então?
Pois bem, não é uma pegadinha, mas é um efeito físico real e embasbacante. A água que estava a 60,5 °C congela primeiro, seguida pelos tubos com mais de 63 °C e, por último, pelo tubo que estava a 28,5 °C. Água quente congela mais rápido do que água fria em um congelador, no chamado efeito Mpemba.
Ele pode ser especialmente contra-intuitivo quando dois recipientes de água iguais, um a 35 C e outro a 5 C são colocados no congelador. Mpemba: o recipiente a 35 C congela mais rápido.
O Entropicando Ciência teceu alguns comentários (com vários links) sobre o assunto, e o CiênciaJ também tem uma página com mais sobre a história do efeito. Além de fascinante e complexo, como o Entropicando notou há muitos pontos para reflexão aqui, indo desde o fato de que foi descoberto por um estudante secundário da Tanzânia em 1963 (o venerável Erasto Mpemba) — que eventualmente publicou em um journal seu achado, em conjunto com um professor americano — até o pequeno detalhe de que em verdade o efeito já era mencionado por Aristóteles, Bacon e Descartes, tendo sido “esquecido” com a elaboração das teorias modernas sobre o calor e termodinâmica.
Mas se o que importa é gelar rápido, você já sabe: coloque água morna no congelador.
Terá gelo mais rápido, ainda que consuma mais energia. Ou não? A menos que o efeito Mpemba viole as leis da termodinâmica, ainda deverá consumir mais energia congelar água quente do que água fria. Alguém disposto a testar as leis fundamentais do Universo e quem sabe descobrir a chave para um moto perpétuo? Mpemba.
Cientistas Gays isolam gene relacionado ao cristianismo
“Cientistas Gays isolam gene relacionado ao cristianismo”
Da CNNNN (Chaser NoN-stop News Network), que também informa sobre a engenhosidade norte-americana. I’m Fungry. [via Mindhacks]
B.F. Skinner explica (pombos e apostadores)
Vídeo mostrando pombos aparentemente alfabetizados, condicionados com a caixa de Skinner. Com uma entrevista com o homem traçando analogias com o comportamento de apostadores, tudo em inglês, é interessante compará-lo com Lacan. É o mesmo BF Skinner que propôs “mísseis cibernéticos”, termo elegante mas que em sua época envolvia mísseis guiados por pombos.
Trívia BBB: B.F. significa Bhurrus Frederic. Skinner. Ha-ha. [via Mindhacks]
Atualização: O Brudna indica este outro vídeo em que Skinner fez pombos jogarem tênis de mesa.
Poesia solar
O “One Day Poem Pavilion” de Jiyeon Song é completamente genial: uma estrutura de papelão perfurado que projeta versos no chão de acordo com o horário do dia. Em um princípio similar ao relógio de sol digital, a mudança dos versos é determinada pelo ângulo dos raios solares, e das 8:30 da manhã às 3:30 da tarde pode-se apreciar um poema coreano completo sobre a passagem do tempo.
Confira o vídeo clicando na imagem acima.
Há uma certa ironia no fato de que o poema fala de Carpe Diem mas só pode ser apreciado completo se alguém ficar cinco horas observando a obra (em um belo dia de sol), mas uma obra de arte combinando astronomia e poesia coreana tudo redime. [via Geekologie]
Flogo – “nuvens” comerciais
A empresa Flogo cria “nuvens” de espuma em qualquer formato. Com o detalhe de que a espuma contém hélio, e as nuvens capitalistas saem assim flutuando pelo céu. Confira mais algumas imagens, e se tiver tempo, crie seu próprio projeto envolvendo nuvens de espuma com hidrogênio. Sucesso garantido em churrascos e festas juninas.
Transhumanismo, via DARPA
“O mais triste aspecto da vida agora é que a ciência acumula conhecimento mais rápido do que a sociedade consegue acumular sabedoria“, já dizia Ele. E o MindHacks publica uma nota tenebrosa em múltiplos níveis, envolvendo questões tão profundas e complexas, e o mais triste é que boa parte da sociedade deve ser incapaz de entender, muito menos de aceitar todas suas implicações.
A estas alturas, espera-se que você saiba sobre pesquisas sobre a atividade cerebral e o livre-arbítrio, evidenciando que nosso processo de decisão é muito diferente de uma fumacinha imaterial chamada alma ou espírito escolhendo algo em um determinado momento e transmitindo isto a uma massa cinzenta em nossas cabeças. Em verdade, atividades inconscientes no cérebro antecipam a percepção consciente de uma decisão, indicando que a decisão surge no cérebro a partir de processos dos quais a fumacinha imaginária jamais se dá conta.
Tal atividade cerebral foi originalmente medida em eletroencefalogramas, sendo confirmada ao longo dos anos e tendo sido recentemente refinada mesmo em aparelhos de ressonância magnética funcional. Este estudo recente sugere que a atividade cerebral inconsciente pode prenunciar uma decisão consciente em até sete segundos .
Agora lembre-se da DARPA, a agência de pesquisa do departamento de defesa americano, que criou entre outras coisas a internet. Vários projetos há anos tentam criar novas interfaces entre homem e máquina, e isto inclui monitores de atividade cerebral, para que pilotos de avião possam voar “com a força do pensamento”, por exemplo. Combine os dois, e tem-se algo simplesmente assustador.
O controle externo de um objeto poderia ser feito através da leitura de processos inconscientes do cérebro, antecipando decisões que poderiam em verdade jamais ter sido “feitas” conscientemente. E que, efetivamente, não seriam percebidas como tomadas conscientemente. O efeito ideomotor e experimento de William Grey Walter já demonstraram tal.
Tudo isso para mencionar que em um artigo no Cornell International Law Journal, o advogado Stephen White pondera (em PDF) sobre a questão de crimes de guerra e a decisão consciente. Poderia um soldado ser processado devido às conseqüências de uma atividade cerebral inconsciente? White não tem uma resposta exceto a de que novas leis e considerações para a “neuroguerra” do século 21 precisam ser consideradas.
Uma grande integração homem-máquina em nível inconsciente pode estar ainda a alguns anos de distância, mas ponderar sobre questões assim também lembram que o Transhumanismo deve levar a algo bem diferente dos seres humanos que conhecemos. Um ser “transhumano” não seria apenas um homem de seis milhões de dólares, com habilidades físicas aperfeiçoadas, nem mesmo um com o Google embutido dentro de seu cérebro. Poder acessar toda a informação do mundo através de sua mente consciente é algo.
Ter informações e ações vasculhadas e efetuadas a partir de processos inconscientes, e indo bem além, ter informações injetadas inconscientemente em seu cérebro para auxiliar em um processo decisório seria algo fundamentalmente diferente. Algo transhumano. Assustadoramente transhumano.
E tudo isso não só será, como está sendo patrocinado pela DARPA. O primeiro transhumano verdadeiro pode bem ser, ironicamente, um soldado cumprindo ordens. So say we all.
Darwin online
Todos os trabalhos de Charles Darwin estão disponíveis online, oferecidos pela Universidade de Cambridge. São agora 30.000 itens e 90.000 imagens, incluindo desde o primeiro esboço da teoria da evolução (ou um certo rabisco) até arquivos pessoais, como fotos de família.
Em sua célebre viagem no Beagle, Darwin passou pelo Brasil (assim como Wallace), e há diversos comentários interessantes sobre o país:
“Se ao que a Natureza concedeu ao Brasil, o homem adicionasse seus justos e prósperos esforços, que país seus habitantes não poderiam vangloriar. Mas onde a maior parte resta em estado de escravidão e onde este sistema é mantido por um impedimento completo da educação, a força motriz das ações humanas, o que se pode esperar senão que o todo seja poluído pela sua parte”. — Diário do Beagle, 17 de março de 1832
Em outras palavras, que país não seria o Brasil não fosse pelos brasileiros. Amém.
Humanos 1 x 0 Skynet
Não foi desta vez que o fim começou. O programa SWORDS de robôs com armas foi retirado de ação sem nunca ir a combate de fato, poucos meses depois de seus primeiros testes.
Segundo a Popular Mechanics, as respostas dos militares para a retirada foram vagas, mas “os robôs nunca abriram fogo quando não deviam”. O problema, contudo, é que “as armas começaram a se mover quando não se pretendia”. Sob o risco de qualquer “incidente”, os testes em combate real no Iraque foram cancelados.
Nenhum humano foi ferido, mas “uma vez que algo realmente ruim aconteça, poderá levar 10 ou 20 anos para tentar de novo”. A primeira morte causada por um robô ocorreu em 1979. Mas entrar no caminho de um robô e ser atingido na cabeça é algo bem diferente de ser alvejado com tiros de uma metralhadora. Disparados por um robô.
Atualização: Como o girino alertou (obrigado!), a Wired esclareceu que a notícia da Popular Mechanics não representava bem o que aconteceu. Antes de mais nada, o programa SWORDS continua no Iraque. Os incidentes em que os robôs se moveram indevidamente ocorreram em 2006, antes da certificação de segurança. E o que realmente aconteceu foi que os robôs nunca entraram em ação como se pretendia, patrulhando ruas, e se anunciou há pouco que não devem entrar tão cedo.
O exército americano hesita em liberar os exter… digo, robôs, para a ação em um problema “como o do ovo e da galinha. As táticas, técnicas e procedimentos para usar robôs armados no solo não foram averiguadas. Mas até que haja um número adequado de SWORDS para treinar, essas questões não podem ser resolvidas”.