O que é ciência? O que é Pseudociência?

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Por Donald E. Simanek

Um visitante de meu website pergunta "Qual é a definição de pseudociência?". É uma pergunta justa, mas desafiadora. Normalmente esperaríamos que os praticantes de uma disciplina a definam, mas neste caso os praticantes de pseudociência não reconhecem a validade do rótulo.

A pergunta se traduz para "Como se distingue entre ciência e pseudociência". Talvez nós devêssemos primeiro chegar a uma definição de ciência. Mesmo isto não é uma tarefa fácil, já que ela tem tantas nuances. Livros inteiros foram escritos sobre o assunto.

O cientista poderia responder "eu reconheço pseudociência quando eu a vejo". Mas os limites entre a ciência e a pseudociência são nebulosos. Às vezes é difícil distinguir especulação científica sofisticada de pseudociência.

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Aprenda a cozinhar um ovo… com ciência!

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Cientistas noruegueses oferecem uma ferramenta online para cozinhar o ovo perfeito: com a gema exatamente no ponto em que você gosta. Clique para conferir.

As opções estão em norueguês, mas se as imagens não ajudarem aqui vai uma rápida tradução:

Primeira opção: O perímetro, a circunferência do ovo (multiplique o diâmetro por pi)

Segunda opção: Se você quer seu ovo com a gema dura (hard), mais ou menos (middels) ou mole (bløtt).

Terceira opção: A temperatura inicial do ovo.

Quarta opção: A sua altitude, em metros.

Na imagem capturada acima, as opções valem para mim – sim, eu medi o diâmetro de um ovo agora mesmo, e gosto da gema um pouco mole. O ovo deve sair direto da geladeira, e estou em São Paulo, a aproximadamente 750 metros acima do nível do mar.

Graças aos magníficos poderes da ciência, sei que basta ferver a água e então colocar o ovo por exatos 4:33. E como não devemos confiar cegamente na ciência – afinal, isso não seria muito científico – ainda preciso experimentar tudo isso.

A fórmula por trás da ferramenta oferecida pela Universidade de Oslo foi desenvolvida pelo Dr. Charles D.H. Williams, da Universidade de Exeter. É interessante brincar com a ferramenta norueguesa para ver que, por exemplo, para um ovo comum saído diretamente do congelador são necessários algo como 30 segundos a mais do que um ovo a temperatura ambiente. Claro, ele está mais frio. A diferença entre uma gema mole e uma dura é de dois minutos, mais do que eu imaginava. E no alto do Everest você levaria ainda mais 30 segundos para cozinhar seu ovo no ponto do que na praia.

Martin Lersch, comentando sobre a ciência dos ovos cozidos, lembra ainda que a casca dos ovos é porosa, e eles não devem ser guardados próximos de comidas com cheiro forte como cebolas. Mais curioso é que a questão das cascas trincadas durante o cozimento também já foi analisada e publicada em um estudo.

De fato, dois experimentos, “envolvendo aproximadamente 1.000 ovos“, foram realizados para averiguar se furar a casca na extremidade mais larga evita que ela trinque durante o cozimento. A prática realmente ajuda, principalmente os ovos mais velhos. O estudo publicado conclui que:

Donas de casa devem furar os ovos antes de cozinhá-los, já que se estão frescos isso não causará problemas e se estão velhos isso prevenirá o trincamento”.

Como Lersch nota, “podemos presumir que o conselho também se aplica a homens!”.

Adicionar sal e vinagre à água também ajuda, fazendo com que a clara coagule mais rápido e feche qualquer rachadura formada.

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[via Lifehacker, com referências a Towards the perfect soft boiled egg]

Vale mais que um trocado

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“”Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros. Quer um?” Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores ambulantes, pessoas de todas as idades que fazem dos congestionamentos da cidade de São Paulo o cenário de seu ganha-pão.”

Continue lendo o artigo de Rodrigo Ratier, Vale mais que um trocado, com um parágrafo final comovente. Kudos à bela dica da Cyntia, via debaixo dos caracóis.

Problemas com o motor de dobra, capitão

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“Mostramos como … é possível modificar o espaço-tempo de forma a permitir que uma espaçonave viaje a uma velocidade arbitrariamente grande. Através de uma expansão puramente local do espaço-tempo atrás da espaçonave e uma contração oposta a ela, movimento acima da velocidade da luz … é possível. A distorção resultante lembra o ‘motor de dobra espacial‘ da ficção científica. No entanto, assim como ocorre com buracos de minhoca, matéria exótica será necessária para gerar uma distorção de espaço-tempo como a discutida acima”.

É como o físico Miguel Alcubierre definiu de forma tão sucinta idéias tão cheias de esperança e significado para a Humanidade. Afinal, era o sumário de seu paper científico publicado em 1994, e sumários devem ser sucintos. Ainda que informem como as mais tresloucadas fantasias espaciais seriam possíveis. Cruzar a Galáxia em uma Enterprise se tornava algo fisicamente plausível, distanciando-se do reino dos unicórnios rosa voadores e se aproximando do mundo em que pagamos nossas contas.

Provar que a viagem acima da velocidade luz é possível é extremamente importante quando uma das mais famosas – e também verificadas – teorias científicas do século passado, nada menos que a famosa Teoria da Relatividade, sugere o contrário. À medida que uma partícula é acelerada ela ganha energia, que equivale a massa. Quanto mais rápido, maior massa, e mais difícil se torna ganhar mais velocidade. Neste jogo onde quem corre mais rápido se torna cada vez mais pesado, para chegar à velocidade luz seria necessária uma energia infinita. Ultrapassá-la seria impossível.

O motor de dobra dribla esta limitação com o que aparenta ser uma brecha no regulamento da corrida. Mal comparando, o regulamento não impõe essas limitações ao pano sobre o qual se está correndo. Estique o pano atrás de você, encolha o pano à sua frente. Dobre o espaço-tempo com seu warp drive, seu motor de dobra. Viole o limite de velocidade sem violar o limite de velocidade.

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Poucos anos depois da publicação de Alcubierre, o belga Chris Van Den Broeck mostrou mesmo como o mecanismo poderia ser mais eficiente. Ao invés de dobrar vastas “áreas” de espaço-tempo, Broeck indicou que se poderia dobrar apenas um fino “círculo” (sempre com referência a projeções em planos). A energia necessária para viajar acima da velocidade luz ainda seria gigantesca, os mecanismos detalhados ainda desconhecidos, mas “o primeiro motor de dobra … se tornou um pouco menos improvável”, concluía Van Den Broeck.

Bem, más notícias. Novos estudos tornam o primeiro motor de dobra um tanto mais improvável. Em um trabalho sóbrio submetido em 1 de abril passado, os italianos Stefano Finazzi, Stefano Liberati e Carlos Barceló exploram os efeitos de outra grande teoria científica do século passado no motor de dobra. Com resultados nada positivos. Analisando os efeitos da física quântica e retornando a sumários, alertam que:

“De um lado, um observador localizado no centro de uma bolha de dobra espacial a velocidade superluminal genericamente experimentaria um fluxo térmico de partículas Hawking. E principalmente, … concluímos que geometrias de motor de dobra são instáveis“.

As partículas de Hawking de que os italianos falam se referem exatamente àquele Hawking que você deve conhecer. Em uma de suas mais famosas sacadas, Stephen Hawking demonstrou que ao aplicar a física quântica aos buracos negros, vê-se que eles não são tão negros assim e de fato emitem uma radiação que emana de seu horizonte de eventos, uma área um tanto especial do espaço-tempo. E isso tem muito a ver com motores de dobra espacial: as áreas severamente “dobradas” também acabarão agindo grosso modo como horizontes de eventos e emitirão intensas radiações, que devem tornar a área interior da dobra um ambiente inóspito.

Não apenas isto, uma outra propriedade da física quântica, um tal de tensor de momento-energia renormalizado, tenderia a aumentar descontroladamente nas regiões dobradas acima da velocidade luz, fazendo com que a dobra seja destruída. Se ainda não sabemos como criar um motor de dobra, esses obstáculos teóricos mostram que ainda que soubéssemos criar as condições apropriadas, os motores não funcionariam.

Dificuldades com o motor de dobra não são novidade. Viajar acima da velocidade luz parece estar intrinsecamente ligado com a possibilidade de viajar ao passado, talvez não por coincidência outra grande dificuldade – Jornada nas Estrelas e De Volta para o Futuro de uma só vez pode ser demais.

Alguns podem lamentar que a ciência pareça frequentemente jogar água fria em fantasias, mas se você é daqueles que apreciam a idéia de viajar por uma Galáxia de milhares de anos-luz, deve se lembrar de que foi apenas a ciência que nos mostrou que existe não só uma Galáxia gigantesca, mas um Universo infinito para explorar. As mais selvagens fantasias de nossos ancestrais por vezes eram tão pífias a ponto de limitar o espaço infinito a uma perfeita – e muito monótona — abóbada celeste, girando em torno deste único planeta cheio de imperfeições.

Blake Stacey escreveu muito melhor como “sabemos que as estrelas são sóis distantes com seus próprios planetas em órbita de suas fornalhas nucleares porque praticamos a ciência. É a ciência que nos permitiu saber que as estrelas são alvos de descoberta e exploração. O conhecimento de que estão a anos-luz de distância, e de que o EmDrive não irá nos ajudar a chegar até elas é o preço que pagamos para conhecer seu valor“.

E, afinal, o motor de dobra, ou algum outro meio de propulsão acima da velocidade luz, ainda podem ser possíveis. É apenas através das melhores características da ciência – a combinação engenhosa de criatividade e rigorosa verificação – que algum dia poderemos esperar transformar ficção em realidade, indo aonde nenhum homem jamais esteve. Se surgiram problemas, agora sabemos que basta encontrar soluções. Talvez “reverter a polaridade” ajude.

Desde já, no entanto, fica a dica: evite camisas vermelhas.

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Mais:

Quantum setback for warp drives

A Serendipitous Encounter with Warp Drive

Alcubierre warp drive

Referências:

Alcubierre, M. "The Warp Drive: Hyper-fast Travel within General Relativity," Classical and Quantum Gravity, 11(5), L73-77 (1994).

Broeck, C. van den. "A ‘warp drive’ with more reasonable energy requirements," Classical and Quantum Gravity, 16, 3973-79 (1999).

Finazzi, S., Liberati, S., Barceló, C., “Semiclassical Instability of Dynamical Warp Drives“.

Longas noites no laboratório?

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A pipetagem anda acabando com suas mãos? Seus problemas acabaram!

Muito a sério, um dos principais elementos que permitiram que o sequenciamento do genoma humano fosse concluído anos antes do previsto foi a automação dos processos. Não foram cientistas loiras de óculos que manipularam cada uma das milhões de amostras em longas noites no laboratório. [via Maracujá]

Uma Tabela Periódica de Métodos de Visualização

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Já indicamos um excelente guia para escolher o gráfico mais apropriado para representar dados e informações… mas e se você desejar transmitir visualmente conceitos, metáforas, estratégias…?
Entra a “Tabela Periódica de Métodos de Visualização” de Ralph Engler e Martin Eppler. Infelizmente apenas em inglês.

“Quem jamais te esqueceria”

Assista a esse vídeo na página no Youtube em alta resolução, ao som de “Terra de Caetano Veloso, e relembre a antiga abertura do programa “Planeta Terra” na TV Cultura. Lástima das lástimas, não há versão online daquela abertura, mas vai aqui um trecho desta bela música de Caetano (clique “play” ao mesmo tempo nos dois vídeos, já que o da NASA não possui áudio, e aproveite):

Capturadas pela missão STS-119 do ônibus espacial Discovery que acabou de retornar ao planeta ontem, a visão da esfera azul coberta de nuvens como fundo para a Estação Espacial Internacional flutuando placidamente deve inspirar obras tão ou mais belas que músicas como a de Caetano. Claro que você tem que assistir às imagens em alta resolução.

Lá está uma residência permanente de seres humanos, a centenas de quilômetros de altura, ainda ligada ao poço gravitacional do planeta mas prenunciando um dos passos mais importantes para que as criaturas que vivem lá embaixo explorem mundos distantes. Criaturas que por eventos tão fortuitos – e, tão bem-afortunados – desenvolveram a capacidade de compreender e apreciar estas belezas de seu mundo e por isso mesmo estejam ansiosas para conhecer as que estejam além.

E que algum dia, esperamos não tão distante, o “errante navegante”, “por mais distante” no espaço, jamais deva esquecer das belezas desta Terra. Que as granulosas e primitivas imagens que Caetano viu na cela de uma prisão nunca sejam esquecidas, ainda que sejam suplantadas por vídeos em alta resolução partilhados no Youtube em questão de poucos dias depois de capturadas.E que seja um paraibano errante navegando com uma morena em um planeta distante que se lembre da Terra. Compreender a natureza através da ciência pode ser o caminho para apreciar suas belezas de formas que podem inspirar mesmo os mais sonhadores dos poetas. [via Fogonazos]

Tomografia de brinquedo

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“Esta é a tomografia computadorizada de um pequeno coelho de pelúcia. O coelho chegou à radiologia com uma história de constipação. Um exame abdominal foi negativo para sons intestinais e muitas massas pequenas foram apalpadas. Na tomografia podemos visualizar muitas esferas menores e densas no abdômen inferior consistentes com “bolinhas de coelho” e também consistentes com as bolinhas comumente deixadas em pequenos animais de pelúcia durante a fabricação”.

Clique na imagem para conferir o vídeo tridimensional do bicho estufado, e há mais, muito mais (sempre com vídeos sensacionais) em Radiologyart, um trabalho do estudante de medicina Satre Stuelke. “Dedicado à visualização mais profunda de diversos objetos que possuem uma singular importância cultural na sociedade moderna, este projeto pretende plantar uma semente de criatividade científica nas mentes de todos aqueles dispostos a participar”, define Stuelke. [via Howtoons]

A Assassina do Cotonete

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We won’t get fooled again!” – proclamam os Who ao início de cada episódio de CSI Miami. “Não nos enganarão de novo”. A vida real, entretanto, não é tão singela como Horatio Caine pinta. A polícia alemã acaba de por fim a um dos casos que lhes vem intrigande desde 1993. Naquele ano, uma mulher de 63 anos apareceu estrangulada na cidade de Idar-Oberstein sem que o assassino deixasse mais pistas que um pequeno traço de DNA.

Durante os anos seguintes, e em diferentes lugares da Europa, o mesmo rastro de DNA, pertencente a uma mulher, apareceu em até 17 assassinatos não resolvidos, sem que a polícia fosse capaz de encontrar um padrão de comportamento.

Quem era aquela misteriosa assassina procurada durante mais de quinze anos pela Interpol? A polícia científica acaba de chegar ao final da meada: a resposta está nos cotonetes utilizados pelos agentes para tomar amostras nas cenas do crime. Todos eles saíram da mesma fábrica e foram utilizados para investigar os 17 assassinatos.

Quase com toda probabilidade, a amostra genética da misteriosa mulher sem rosto pertence a uma trabalhadora que, quer por acidente ou por negligência, contaminou os bastões de algodão com seu próprio DNA durante o processo de fabricação.

Se este fosse um episódio de CSI, Horatio colocaria os óculos e pronunciaria alguma grande sacada.

Link: El fantasma de Heilbronn (DW) / Vía: Perogrullo

Tradução autorizada do imperdível Fogonazos

A Evolução dos Ruídos: do Satanismo digital ao que somos

“Abra a última imagem JPEG baixada e salve-a como uma nova imagem JPEG, com um pouco mais de compressão. Repita 600 vezes“. O resultado, ilustrado em Generation Loss, é claro: ao final a imagem se torna irreconhecível, enquanto uma espécie de ruído toma conta de tudo. Um “ruído digital”.

O formato de imagem JPEG, utilizado em todo lugar desde as imagens que você confere pela rede até as câmeras digitais, é um formato de compressão “lossy“, com perdas. Ao contrário das propagandas (que, surpresa, não vendem sempre a verdade), “digital” não é necessariamente sinônimo de precisão e fidelidade absolutas.

Em troca de reduzir o tamanho do arquivo, muita informação é descartada em uma imagem JPEG, jogada fora mesmo, embora isso seja comumente difícil de notar. Afinal, o formato foi definido justamente para descartar as partes da imagem que menos nos chamam a atenção – por exemplo, temos uma sensibilidade maior a contrastes de brilho do que de cor, e a  compressão JPEG costuma simplesmente descartar metade das informações de cor de uma imagem.

A lição é clara e elementar. Nunca “re-salve” uma imagem no formato JPEG, se você a recebeu como JPEG, copie ou transfira o arquivo, mas evite salvá-lo novamente neste formato com perdas. Embora os efeitos sejam muito menos destacados que os exibidos na imagem – sem aumentar a compressão, e re-salvando uma imagem 2000 vezes, os resultados não são tão drásticos – eles estão lá.

Talvez tão disseminado quantos as milhares de imagens JPEG que você deva ter em seu computador são os arquivos MP3. Este formato fabuloso que permitiu reduzir o tamanho de um arquivo de música e revolucionou toda uma indústria de entretenimento também é… lossy. Ao saber disto você já deve ter adivinhado para onde vamos.

O que acontece se você abrir um arquivo MP3 e reconvertê-lo 600 vezes? Ocorre algo assim:

A música é inconfundível (como não?), mas os ruídos e sons estridentes dominam quase tudo, uma tortura auditiva. Melhor (ou pior) que isso, só reconverter “The Number of the Beast” do Iron Maiden… 666 vezes, em uma espécie de satanismo digital. Clique abaixo para conferir:

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Você pode escutar os sussurros do capeta? Provavelmente não, mas todos estes ruídos e experiências podem significar muito mais do que imagina. “Read on” para continuar conosco.

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