Decifrando os Beatles — com ciência!

“Neste artigo usaremos matemática e a física do som para decifrar um dos mistérios do rock’n’roll – como os Beatles tocaram a nota de abertura em A Hard Day’s Night? A música pode nunca soar a mesma para você”.

É desta forma completamente fenomenal que Jason Brown da Dalhousie University resume seu artigo “Matemática, Física e A Hard Day’s Night”. O vídeoclipe para a música, incluindo a famosa e até então misteriosa nota você confere logo acima.

Muitos músicos tentaram reproduzir a nota de abertura, que é literalmente um grande tcham. Sem muito sucesso. Nas últimas quatro décadas, diferentes acordes de diferentes instrumentos tocados pelo quarteto vêm sendo sugeridos, mas foi apenas Brown que através de uma análise matemática parece ter solucionado o enigma.

Efetuando uma transformada de Fourier em um segmento da música digitalizada, Brown detalha como das 29.375 frequências, 48 eram mais altas. Convertendo-as a tons, em sua “música forense”, combinando aí seu conhecimento da física dos instrumentos musicais, o cientista pôde identificar as cordas de George Harrison e John Lennon, o baixo de Paul McCartney… e algumas notas sobrando que, em um momento de intuição, Jason Brown reconheceu como um piano. E estava resolvido o mistério.

Em uma participação nunca creditada, o produtor George Martin teria tocado cinco notas de piano para completar a entrada, em um som que “se mescla bem com as notas dos instrumentos de corda. As amplitudes mostram por que o piano está tão bem escondido; ele se mistura perfeitamente, com amplitudes quase idênticas àquelas das cordas mais agudas tocadas na guitarra de Harrison”.

Pode não ser tão poético quanto desvendar o arco-íris ou entender cientificamente a beleza de uma flor, mas caramba, matemática e física aplicadas para entender rock. How cool is that?

Todos os (bebês) japoneses são (ainda mais) iguais?

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Deve ser fácil perceber que os dois rostos acima pertencem a duas pessoas diferentes. Mas e quanto aos bebês abaixo? Seriam mesmo dois bebês?

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Cognitive Daily comenta um estudo liderado por Dana Keufner em que estudantes italianos precisavam identificar rostos de bebê, e provavelmente como você acima, os resultados de dois experimentos indicaram que “adultos reconhecem mais facilmente faces de adultos do que faces de recém-nascidos e crianças”. Todos os bebês realmente parecem ter cara de joelho.

Em um terceiro experimento, no entanto, conduzido com adultos que passam muito tempo com crianças – professores de pré-escola – a diferença foi muito menor. Passar pelo menos 30 horas por semana olhando para rostos de criança realmente fez com que percebessem as diferenças das caras de joelho muito melhor.

Nossa dificuldade em diferenciar rostos de pessoas muito mais novas ou velhas é o chamado “efeito da outra idade”, e como brincamos no título deste post, o efeito da outra idade é análogo ao mais bem documentado “efeito da outra raça”, que nem deve ser necessário explicar.

Há várias pesquisas fascinantes também sobre o efeito da outra raça, como este indicando como o efeito se desenvolve em bebês, e é curioso descobrir que bebês de alguns meses de idade não só não exibem os efeitos de outra idade ou raças, como também podem reconhecer a diferença entre faces de animais de outras espécies. Se para você todo chimpanzé é igual, a um bebê que só sabe mamar e sujar as fraldas as diferenças podem ser óbvias.

Depois de nove meses, contudo, os efeitos de outras idades, raças (e espécies) já entram em ação. Mas há outro estudo evidenciando como o efeito é reversível (PDF): crianças coreanas adotadas entre as idades de 3 a 9 anos por famílias caucasianas européias identificaram faces… caucasianas com maior facilidade, exatamente como o grupo de controle de crianças francesas. O cérebro pode se adaptar a novos tipos de rostos sem tanta dificuldade, como os professores de jardim de infância já devem ter sugerido.

Tudo isso sugere que não são tanto as faces de outras idades ou raças que são todas iguais, e sim as faces com que convivemos mais que se tornam mais facilmente diferenciáveis. Perceber rostos como diferentes é pelo visto um processo cognitivo rápido mas que só funciona em determinado tipo de faces. Nós trocamos a habilidade de diferenciar uma ampla variedade de rostos que quase nunca vemos, mas a grande esforço e tempo, pela capacidade de diferenciar sem dificuldade em uma fração de segundo os rostos que vemos todos os dias.

No experimento de Keufner com bebês, inverter os rostos apresentados fez não só com que a precisão da identificação diminuísse tanto para adultos como para bebês, mas que também se tornasse igual. De cabeça para baixo, todos têm cara de joelho, sejam adultos, bebês, caucasianos ou asiáticos.

Descobrir estes atalhos e “bugs” de como nosso cérebro processa rostos não deve ser tanto surpresa, em especial rostos de ponta cabeça.

Governo corta 18% do orçamento dedicado à ciência

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A notícia:

A repercussão:

E então:

Uma Idéia Perigosa

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Belíssima imagem. E é mesmo Charles Darwin, embora como Fogonazos tenha verificado, a fotografia original de 1881 foi alterada, com a inserção da mão sugerindo o silêncio, a cautela, a audácia que a teoria da evolução representa. O bom velhinho não deixou imagem tão icônica e provocadora – bem, suas obras já mais do que bastam.

É, enfim, uma excelente criação digital do Museu de História Natural de Londres para sua exposição sobre Darwin.

Visualizações do DNA

Criadas por Drew Berry para o Walter and Eliza Hall Institute of Medical Research, você confere versões do vídeo em melhor qualidade aqui. [haha.nu]

Faxina termonuclear: um esfregão contra 50 megatons

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A imagem  é curiosa por si mesma, mas quando você descobre que a bomba em questão não é qualquer bomba, mas a “Tsar Bomba”, que precisa ser sempre escrita em negrito, ela se torna motivo de perplexidade. O objeto que as senhoras limpam com tranqüilidade foi e permanece sendo o mais poderoso dispositivo já criado pelo ser humano, com uma potência estimada em 50 megatons, equivalente a 50 milhões de toneladas de TNT.

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Claro que o que as senhoras limpam é apenas uma réplica em exposição no Museu de Bombas Atômicas de Sarov, mas em sua versão original a RDS-220, com menos de dez metros de comprimento, foi o ápice da corrida nuclear em termos muito brutos.

Desenvolvida em início dos anos 1960 na União Soviética, seus 50 megatons efetivos foram uma versão modificada do projeto original que atingiria a potência apocalíptica de 100 megatons, com uma gigantesca emissão de elementos radioativos. Caso o projeto original tivesse sido detonado, essa única explosão responderia por um quarto de toda a radiação lançada na atmosfera desde o início da corrida nuclear.

Felizmente mesmo a insanidade da corrida armamentista não chegou a tal ponto. Em sua versão “limpa”, contudo, em 30 de outubro de 1961 a única “Tsar Bomba” criada foi testada no que foi acima de tudo uma exibição de força. E que força. Seu brilho pôde ser visto a 1.000 quilômetros de distância, o calor foi notado a 270 km. Em uma área de 25 km abaixo da detonação a destruição foi total. Os americanos estimaram a potência da detonação em 57 megatons, cifra que os soviéticos acataram felizes, embora 50 seja provavelmente mais correto.

Por incrível que pareça, estas armas foram e continuam sendo testadas sem uma compreensão completa de seus mecanismos, motivo pelo qual estimar precisamente a potência delas não é uma ciência exata, e razão por que potências nucleares insistem tanto em realizar testes nucleares – é apenas através deles que dados valiosos do funcionamento de tais dispositivos podem ser coletados.

Somando-se a tal temerosidade, vale notar que a Tsar Bomba foi desenvolvida em 112 dias, ou 16 semanas. Quatro meses. Nunca teve muita utilidade prática como arma, sendo demasiadamente pesada e potente.

A réplica em exposição foi produzida junto com a versão testada, e é felizmente inofensiva. Os esfregões usados para limpá-la ilustram bem como sobrevivemos a algumas de nossas maiores loucuras, agora peças de museu.

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[via malaConciencia]

A Segunda Guerra Mundial explicada em uma imagem

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Tesoura corta papel. [haha.nu]

Vacas fistuladas: abra aqui

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Não é um truque de mágica, é uma vaca com um buraco. Ou em um termo médico-veterinário, uma fístula criada cirurgicamente que garante acesso direto a um dos compartimentos de seu estômago. A cena bizarra que sem dúvida lhe causará pesadelos na verdade não é tão terrível quanto aparenta.

O procedimento é relativamente indolor e não prejudica os animais. Em verdade, até facilita seu tratamento caso tenham um problema digestivo. E tudo isso é feito com objetivos científicos, no estudo e experimentação com a digestão bovina. A propriedade de ter alunos e crianças enfiando suas mãos em estômagos de gado pode ser discutida – para o bem-estar das duas espécies de animais – mas o procedimento em si é bem benéfico à sociedade. Apesar das aparências.

AlexisStMfd Talvez ainda mais tenebroso, mas proporcionalmente benéfico, é lembrar que uma fístula no estômago do canadense Alexis St. Martin serviu para basicamente os mesmos propósitos. Em 1822 ele foi atingido pelo tiro acidental de um mosquete, que abriu um enorme buraco em seu torso e estômago. Martin tinha então 28 anos e os médicos não acreditavam que sobrevivesse.

O sujeito, talvez avô de Chuck Norris, não só sobreviveu como sobreviveu com o buraco em seu estômago cicatrizando-se com sua pele, em uma fístula permanente. Uma janela para seu estômago em funcionamento. Que ele ou seus parentes não se ofendam, mas não tão diferente da vaca acima.

O médico William Beaumont que o tratava viu aí uma oportunidade única de estudar a digestão humana. Durante os próximos 11 anos conduziu uma série de experimentos como lançar comida amarrada a uma corda dentro do estômago de Martin e puxá-la de volta horas depois para ver como havia sido digerida. Seus achados foram publicados em “Experimentos e Observações sobre o Suco Gástrico e a Fisiologia da Digestão”, lançando enorme luz ao tema até então abordado de formas indiretas.

Hoje em dia, tais experimentos dificilmente seriam autorizados por comitês de ética médica, mas há quase um século Beaumont pôde ter Martin como seu empregado comum, que cortava lenha, carregava peso e de quebra ainda servia como o sujeito com o estômago aberto. Segundo o médico, Martin não sofria com seu ferimento e trabalhava quase normalmente.

Soa bizarro, mas a relação entre Beaumont e Martin seria o primeiro contrato formal entre um pesquisador e um indivíduo pesquisado. Estranho como possa parecer, o Dr. Beaumont foi de fato um pioneiro na ética biomédica.

Tudo tem um fim, contudo, e em 1833 pesquisador e pesquisado tomaram seus próprios caminhos. O final da história não poderia deixar de ser curioso: enquanto o doutor morreria aos 58 anos, Alexis “Chuck Norris” Martin viveria com o estômago aberto até a avançada idade de 86 anos. [via io9, com um vídeo nauseante]

ATUALIZAÇÃO: O Karl comentou logo abaixo que:

“Na verdade isso não seria tecnicamente uma fístula e sim uma gastrostomia. Usamos palavras terminadas em “stomia” quando existe uma solução de continuidade entre uma cavidade e o meio externo provocada cirurgicamente, com objetivos terapeuticos. Exemplo mais conhecido: traqueostomia. A gastrostomia é um procedimento bastante utilizado atualmente em seres humanos com dificuldades de deglutição e pode ser realizada por endoscopia de forma pouco invasiva e indolor. Um cateter permite a alimentação do paciente (e não dá para colocar a mão). O citado paciente que levou um tiro teve mesmo uma fístula gástrica causada acidentalmente por um ferimento por arma de fogo. Nesse caso é mais comum dizermos “fistulizado” e não fistulado”.

E na lista CA, o Beto perguntou “como é que essas fístulas não infeccionam (como a de St. Martin não infeccionou)?”. Ao que o Jorge Petretski respondeu:

“Porque, topologicamente falando, o trato digestivo está "fora" do corpo. É um tubo que atravessa todo o corpo, começando na boca e terminando no ânus, mas sem contato direto com os compartimentos internos. O alimento ingerido não entra em contato direto com o sistema circulatório ou linfático, ele é digerido em moléculas menores, absorvido pela parede do intestino e depois distribuído pelo corpo pela circulação. Existem diversas barreiras físicas entre o interior do intestino e o interior do seu corpo que regulam o tráfico destas moléculas. Claro, o risco de infecção existe sempre, mas principalmente logo após o procedimento cirúrgico, quando a integridade destas barreiras foi rompida pela cirurgia. Mas depois que a fístula está cicatrizada, o risco de infecção não é tão alto. É um procedimento comum em pacientes que sofreram a retirada do ânus e/ou do reto e/ou de parte do intestino grosso, por conta de um câncer, colite ulcerativa grave ou mesmo um acidente, uma perfuração intestinal por arma de fogo (uma bala de fuzil faz muito mais estrago, por conta do vórtice que cria ao seu redor, do que simplesmente perfurar). O final do intestino é direcionado para a parede do abdômen onde será fixado, exigindo o uso permanente de uma bolsa para recolher as fezes. É uma situação desconfortável, sem dúvida, mas a maioria dos pacientes acaba se adaptando e tendo uma vida relativamente normal. O risco de infecção sempre existe mas não pela conexão com o meio exterior, difícil imaginar uma ambiente mais contaminado do que o interior do intestino, mas mais no tecido ao redor do estoma (a abertura no abdômen). Muitas vezes o trânsito normal é restabelecido cirurgicamente, quando as causas originais foram resolvidas. Em um câncer de cólon, por exemplo. Após a cura não é incomum que o paciente tenha o trânsito normal reconstituído. No estômago é mais tranquilo ainda, uma vez que a maior parte da digestão é feita depois do estômago, no intestino. O baixo pH, a alta acidez, do estômago funciona mais como uma barreira à entrada de microorganismos no trato intestinal. Basicamente no estômago o bolo alimentar apenas começa a ser digerido, mas é principalmente esterilizado pela acidez do suco gástrico. Claro que muitos micro e macroorganismos se adaptaram para sobreviver à esta barreira química. Nada é perfeito”.

Internet é uma coisa fabulosa, não? Com agradecimentos a todos.

Assista à TV do Japão no Brasil

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Quer conferir como é o magnífico mundo televisivo com os mais bizarros game shows do planeta? Completo com comerciais onde celebridades de Hollywood vendem café, sorvete e todo tipo de produtos piores que leite de aveia, em obras de arte videográficas com no máximo 15 segundos de duração? Tudo isso sem pagar nada, de graça, gratuitamente?

Fiquei surpreso em descobrir o KeyHoleTV. É, basicamente, mais um programa P2P de TV via internet, mas é muito mais estável e é perfeitamente legal. Parte do teste da tecnologia de transmissão P2P de vídeo e TV via internet, todos os canais abertos da TV japonesa estão disponíveis. Já está disponível há mais de um ano mas só fui conhecer há pouco. Clique na imagem para conferir o site em inglês e baixar.

Depois de descobrir que a TV japonesa não exibe bizarrices 24 horas por dia, se entender algo de japonês e quiser realmente acompanhar os programas, pode conferir a grade de programação da TV japonesa no YahooJapan. Há programas de excelente qualidade sobre ciência e tecnologia principalmente na NHK, bem como shows (incluindo game shows) muito interessantes de variedades, curiosidades e viagens em outros canais. Também há muito lixo, claro.

Alguns programas que recomendo, e que mesmo aqueles que não entendem japonês poderão apreciar (horários locais do Japão, que não tem horário de verão):

E se você também quiser se chocar com a credulidade da TV japonesa em horário nobre, poderá também conferir:

  •  新説!?日本ミステリー: terças às 21h, com OVNIs e paranormal mas principalmente descobrir como todas figuras históricas do mundo na verdade eram japoneses, ninjas e na verdade não morreram. Incluindo Jesus;
  •  オーラの泉: sábados às 20h, a Nova Era com videntes, astrólogos e charlatães em geral.

Também tem programas de que gosta (ou não)? Comente aí embaixo.

Caso fique viciado em TV japonesa sem estar no Japão, recomendo que configure um Slingbox. Com essa caixa mágica – bem, não tão mágica, alguém com Internet no Japão terá que abrigá-la –, você poderá assistir a todos os canais da TV japonesa com uma qualidade de vídeo muito melhor, uma que pode ser exibida em uma tela maior com definição aceitável. Caso pague um plano de TV por assinatura no Japão, pode até transmitir pela internet canais pagos, onde algumas pérolas mais estranhas são veiculadas.

Boa parte da comunidade japonesa no Brasil ainda paga vários planos de TV por assinatura caríssimos para ter apenas a versão internacional do canal NHK, um único canal. E, se você já assistiu à NHK, deve saber que é o único canal em que você nunca verá muitas bizarrices (exceto talvez no Kouhaku Utagassen).

Com uma fração do valor é possível ter acesso a todos os canais japoneses com um Slingbox. Ou com o KeyholeTV, pelo menos enquanto durar, tem-se acesso a todos os canais abertos gratuitamente.

Aniquilação: Hiperdoença

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Soa como o título de filmes de terror, mas a “hiperdoença” é uma hipótese científica séria que recebeu recentemente um bom apoio. Pesquisa genética da extinção de duas espécies de ratos na Ilha Natal no Oceano Índico é a primeira a demonstrar a aniquilação completa de mamíferos por um agente patogênico. No caso dos Rattus maclearu e nativitatis, a extinção total ocorreu em menos de uma década.

Tradicionalmente, pensava-se que uma doença, por mais virulenta que possa ser, sempre deixaria alguns sobreviventes resistentes, em um complexo jogo em que matar todos os infectados também faz com que a própria doença acabe com si mesma. É a Rainha Vermelha.

No caso da Ilha Natal, os ratos nativos foram extintos no início do século XX logo após a introdução de novas espécies de ratos acompanhando os colonizadores europeus, no que se acreditava ter sido uma conjunção que sim incluía a ação do Trypanosoma lewisi, ao qual os ratos eurasianos eram imunes mas os ratos nativos não… mas também a hibridização e mesmo a ação humana. Uma conjunção de fatores contra os pobres ratos nativos causaria sua extinção, sem muita surpresa.

Em um estudo publicado no ano passado, analisando amostras de DNA de espécimes dos ratos extintos conservados em museus, os pesquisadores descobriram que a doença realmente afetou os roedores nativos, contudo nenhuma evidência de hibridização surgiu. E “este não foi um caso de humanos caçando demais – não acho que ninguém estivesse com tanta fome”, diz Ross MacPhee, do Museu Americano de História Natural e uma das promotoras originais da hipótese de hiperdoença há mais de dez anos.

“Nove anos depois do contato, estas espécies endêmicas e abundantes foram claramente aniquiladas por completo por uma doença – nada mais na época ocorreu que pudesse responder por isso. Este estudo coloca algo novo na mesa como razão para extinção”.

A hipótese de uma hiperdoença talvez explique outras extinções abruptas como a de grandes animais no Pleistoceno como o Mamute, embora seja apenas mais uma possibilidade “na mesa”. O que talvez preocupe o leitor é a possibilidade de, como nos filmes de terror, uma “hiperdoença” aniquile toda a espécie humana.

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Descobrir que a hiperdoença pode efetivamente aniquilar mamíferos, ainda que pequenos, não é muito animador. Lembrar que a variabilidade genética da espécie humana é muito menor do que mesmo em outros primatas também não ajuda muito.

O que nos resta é confiar e apoiar a pesquisa médico-científica. Poucos apreciam que em anos recentes, potenciais crises epidêmicas podem bem ter sido evitadas com medidas vigorosas de prevenção. A medicina já nos salvou de doenças terríveis, e só ela poderá nos salvar caso um dia nos vejamos no caminho de uma “hiperdoença”.

– – –

– Wyatt KB, Campos PF, Gilbert MTP, Kolokotronis S-O, Hynes WH, et al. (2008) Historical Mammal Extinction on Christmas Island (Indian Ocean) Correlates with Introduced Infectious Disease. PLoS ONE 3(11): e3602. doi:10.1371/journal.pone.0003602;

Death by Hyperdisease

Enfermedades que se autoextinguieron

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