Os Quatro Cavaleiros do Ateísmo
Dawkins, Dennett, Hitchens e Harris em dois vídeos de uma hora cada onde discutem de maneira informal as reações a seus livros e propõem novas estratégias para promover o ateísmo.
A conversa tomou lugar em 30 de setembro de 2007, e está disponível também em um DVD. A versão online que pode ser vista aqui é legal e endossada pela Richard Dawkins Foundation, que também oferece uma transcrição. Ainda não assisti a tudo, mas não dá para não assistir. [via Evolutionary Middleman e José Ildefonso]
O céu em movimento e o planeta em perspectiva
Vídeo espetacular combinando 7.000 fotografias em quatro minutos destacando a beleza do céu estrelado em movimento. Não é surpresa que os antigos acreditassem que havia literalmente uma abóbada celeste, com pequenos furos por onde uma luz divina podia ser vista. O Sol, a Lua e as estrelas passeiam placidamente, perturbados ocasionalmente por meteoros e estes novos satélites artificiais, e em contraste com a agitação das nuvens, do mar ou das criaturas humanas sobre o planeta.
“Nossa vida diária, o calendário e nossos relógios são acertados pelo movimento cósmico. O nascer e o pôr do Sol, as estações e o movimento da Lua (marés) têm um impacto importante em nossa vida. Esta é a principal razão por que o interesse na astronomia surgiu em tempos antigos. O dia é marcado pelo nascer e pôr do Sol (a rotação da Terra), o mês pela trajetória da Lua em torno do planeta, e o ano e suas estações pelo movimento aparente do Sol na eclíptica (o movimento da Terra ao redor do Sol). Este é nosso programa de astronomia diário já há milhões de anos, e por muitos a vir. Estabilidade e tranqüilidade em contraste com nossa vida moderna”.
O vídeo foi promovido como imagem astronômica do dia da NASA no final de 2008, e os outros vídeos de Till Credner podem ser vistos no imperdível The Sky in Motion.
O vídeo lembrou um ensaio inspiradíssimo de Oliver Morton publicado no NYT pouco antes do Natal que passou. Comemorando o 40 aniversário da viagem da Apollo 8, a primeira viagem de seres humanos a outro mundo, e as famosas fotografias tomadas pelo astronauta Bill Anderson do “nascer da terra” como visto da órbita da Lua, traduzo um trecho:
“Que a Terra é pequena é inegável. Se o sistema solar fosse do tamanho dos Estados Unidos, a terra teria o tamanho de um campo de futebol americano; se a distância ao centro da galáxia fosse de uma milha, a Terra seria menor que um átomo. Mas se a foto do “nascer da Terra” pudesse ter capturado nosso planeta na dimensão do tempo ao invés de espaço, as coisas pareceriam diferentes. Em sua duração, em contraposição a seu diâmetro, a Terra deve ser medida em uma escala cósmica. Com mais de quatro bilhões de anos, ela se estende a um terço da história do universo, um terço do caminho de volta ao próprio Big Bang. Muitas das estrelas que você vê em uma noite clara de inverno são mais jovens que o planeta abaixo de seus pés.
Mera persistência não é, em si mesma, uma grande façanha. As rochas inóspitas da Lua persistiram por quase tanto tempo. Mas a terra não apenas persistiu, ela viveu. Por quase 90 por cento de sua história o planeta tem sido habitado e moldado pela vida. Os mecanismos biológicos que funcionaram inicialmente na aurora da vida movimentam as criaturas da Terra até os dias de hoje, formando uma cadeia contínua de pelo menos 3,8 bilhões de anos de tamanho.
Esta vida ininterrupta demonstra que o planeta está longe de ser frágil. A Terra viva é resistente em escalas difíceis de considerar. A vida assistiu aos continentes colidirem e se despedaçarem, céus brilhando como carvão em brasa, mares tropicais congelados e imobilizados: ela sobreviveu. Atingida pela radiação de uma supernova próxima, por asteróides, ela mal se afetou e nunca parou. Nossa civilização pode estar – ou está – fora de equilíbrio com seu ambiente, os modos de vida humanos atuais podem ser assustadoramente precários. Mas aplicar a fragilidade de nosso modo de vida à própria vida é tolice”.
Alguém precisa traduzir todo o ensaio. George Carlin já o disse de forma mais sucinta e engraçada, com 100% mais palavrões. São boas reflexões e imagens para começar o ano internacional da astronomia.
Foi observando os céus através de um telescópio há 400 anos que Galileu deu um enorme impulso que culminou com aquela foto do nascer da Terra como vista da Lua. As crateras que o gênio italiano viu com uma clareza que nenhum outro ser humano havia visto antes já foram visitadas em pessoa por alguns de seus parentes.
A vida é espetacularmente resistente, e nossa inteligência é inimaginavelmente poderosa. Mas precisamos usá-la. Nada garantirá melhor a nossa continuidade do que o progresso democrático da ciência. Só ela permitirá a colonização de outros mundos, e só a compreensão de tal por toda a humanidade concretizará tal sonho. Só assim a inteligência poderá ser elevada a algo que possa ser medido em escalas cósmicas, e mesmo as estrelas da distante e antiga abóbada celeste estarão a nosso alcance.
Uma mesa sem pregos: “Tensegridade”
Um desafio no estilo Logica Mente: como construir uma mesa usando apenas o tampo da mesa, três bastões simples e um único segmento de corda? A resposta é a imagem acima, demonstração da unidade mais simples de uma estrutura de “tensegridade”. Clique para instruções (em inglês) de como fazer a sua.
Sustentando sua integridade através da tensão entre seus elementos, uma das mais fabulosas inovações da engenharia no século 20 foi criação de um artista, Kenneth Snelson. Suas obras fascinaram a Buckminster Fuller, mais conhecido por suas geodésicas, e que cunhou o termo “Tensegrity” para o conceito.
Apesar de já ter algumas décadas, a tensegridade viu poucas aplicações práticas. Talvez o exemplo mais claro e belo só seja inaugurado neste ano que começa: a ponte Kurilpa na Austrália. [via MAKE]
Atingida por um feixe de partículas: a Webcam
Um feixe de prótons e uma webcam, quem ganha? O feixe de prótons, é claro. O legal disso tudo é que no vídeo acima você confere segundo a segundo a tortura a que a webcam foi submetida, enquanto os prótons surgem como diversos pontos brancos na imagem.
Alguns pontos ficam mais alongados, como riscos, e são as partículas atingindo o sensor da webcam de forma oblíqua. E, pobre webcam, alguns pontos ficam permanentemente brancos. São pontos do sensor de imagem que foram efetivamente “queimados”, danificando permanentemente a câmera.
Você também pode escutar as partículas como um ruído no áudio, e tudo é uma boa demonstração da equipe trabalhando na missão do Lunar Reconnaissance Orbiter e os instrumentos que devem medir a radiação lá pelo nosso satélite.
De forma curiosa, algo similar ocorre com astronautas que vão ao espaço, que relataram ver estranhos flashes, explicados como resultado de raios cósmicos atingindo diretamente a retina ou os nervos óticos. Mas assim como tais partículas altamente energéticas danificam permanentemente a webcam, você pode imaginar que os efeitos não só na retina, como no cérebro e todo o corpo dos astronautas não são nada bons.
Como realmente não são. A radiação cósmica a que os astronautas ficam expostos é um dos maiores obstáculos para as viagens espaciais de longa duração.
Confira nosso post anterior sobre a incrível história do homem que foi atingido pelo feixe concentrado de um acelerador de partículas. [via MAKE]
Trinta formas de morrer eletrocutado: Redux
Ah… a Internet. Bre Pettis descobriu uma série antiga de ilustrações com 30 formas de morrer eletrocutado, que já é cômica por si mesma. Desconhecendo limites, o fórum SomethingAwful compilou uma série de reinterpretações.
Feliz Ano Novo!
É o Ano Internacional da Astronomia! Há 400 anos, Galileu Galilei usava pela primeira vez um telescópio para observar os céus, mesmo ano em que Kepler formulou suas duas primeiras leis do movimento planetário;
É o Ano de Darwin, comemorando o bicentenário de seu nascimento e o sesquicentenário (150º) da publicação de A Origem das Espécies;
É o Ano Internacional do Planeta Terra;
É o ano do do Touro segundo o horóscopo chinês!!! 😀
O Culto do Código Da Vinci
Um Olhar Crítico a O Código Da Vinci de Dan Brown
por Robert Sheaffer, publicado em Skeptic, Vol. 11, n.4
Por definição um romance é ficção. Mas Dan Brown diz em O Código Da Vinci que “Todas as descrições de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos neste romance são acuradas”. Neste “romance factual”, Brown faz algumas afirmações extraordinárias que, se verdadeiras, não só revolucionariam toda a religião Cristã, mas muito da história também. Brown quer que acreditemos que as práticas do Cristianismo antigo eram completamente diferentes das que nos foram ensinadas, e que uma enorme conspiração nos impediu de saber sobre isto. Uma conspiração patriarcal de um famoso imperador romano obliterou a adoração dos primeiros cristãos do “sagrado feminino”. Jesus e Maria Madalena foram casados e geraram uma linhagem real que continua até os dias de hoje. Uma sociedade secreta de alguns dos mais famosos cientistas e artistas da história tem se dedicado a preservar estes segredos antigos durante quase mil anos. No mínimo estas alegações subverteriam mais de um século de pesquisa diligente por estudiosos sérios das mais respeitadas universidades no mundo. Se houve alguma reivindicação histórica extraordinária que exigisse prova histórica extraordinária, este é o maior exemplo.
Quão boa é a prova que Brown apresenta?
Ciência Divertida: for kids!
Quer animar a festa de suas pequenas unidades de carbono, mas personagens da Disney, palhaços e mágicos já enjoaram? Na Europa e vários países da América você pode contratar a Ciência Divertida, uma rede internacional de “cientistas malucos” prontos para animar festas ou apresentar shows com experimentos científicos.
Este que deve estar parecendo um comercial patrocinado (“Quanto custa tudo isso? Não responda agora!”) em verdade é apenas admiração com o sucesso desta idéia que merece todo o apoio. Com mais de uma década, a rede Ciencia Divertida é uma franquia comercial espalhada pelo mundo. Uma olhada nos programas da rede em Portugal é motivo para bater palmas. Confira um tema para festas infantis:
Festa Ciência Divertida Investiga – Público alvo: dos 9 aos 14 anos
A história: Aconteceu um crime! O Museu onde se encontram algumas das colecções científico-naturais mais ricas do Mundo, foi palco de um crime no dia em que se comemoravam os seus 150 anos. O responsável por este acto foi muito cuidadoso… mas talvez não o suficiente! Felizmente para os investigadores deixou indícios. Será que este grupo vai ser capaz de resolver este crime? Com a ajuda do Super Cientista e do IDC (Investigador da Ciência Divertida) o grupo deverá ser capaz de usar os princípios forenses e laboratoriais para analisar as provas e desvendar este mistério.
Um CSI infantil. Infelizmente não há franquia no Brasil. Ainda. Por aqui, há esforços valiosíssimos como a Estação Ciência ou o Ciência em Show, mas um depende que as crianças visitem a estação e o outro é o trabalho de uma equipe de apresentadores itinerantes, mas que ainda não realizam a proeza da bilocação. Ambos trabalhos, aliás, ficam sediados em São Paulo. Se você conhecer outras iniciativas parecidas por aqui, por favor, indique nos comentários.
Fato é que um empreendimento comercial com várias franquias e suporte facilitando o investimento de qualquer um que queira explorar a área complementa tais esforços. Abre assim um leque ainda maior de oportunidades para incendiar essas pequenas massas cinzentas com ciência.
A vida de uma estrela: 12 bilhões de anos em 6 minutos
Não é uma animação detalhada de como uma estrela é formada e evolui – você pode assistir a este vídeo ao invés, que é apenas um pouco mais aprofundado. Mas é uma boa compilação de imagens retratando alguns dos principais eventos no ciclo de vida de uma estrela da classe espectral G. Você sabe, uma como o nosso Sol.
A música é Hayling por FC Kahuna, com vocais da islandesa Hafdís Huld. De nada.
Mais astronomia você confere no novo vizinho de Lablog, o Big Bang Blog.
Lentes adaptáveis para um futuro melhor
Um homem Zulu usando óculos. É uma foto cheia de significado, ainda mais quando descobrimos toda a história por trás dela. Porque não são qualquer tipo de óculos, são a invenção do professor de física inglês Joshua Silver: óculos universais que podem corrigir a visão de mais de 90% das pessoas, sejam elas míopes, hipermétropes, com a “vista cansada”… como mágica. Até parecem os óculos de Harry Potter, mas são bem reais.
Seus óculos são universais porque são adaptáveis. As lentes são compostas de uma película flexível, preenchida por um fluido transparente. Adicione mais fluido e a lente incha, ficando mais grossa. E todos sabemos o que lentes “fundo de garrafa” fazem, são mais “fortes”. Ajustando em alguns minutos as lentes, que podem funcionar para corrigir de –6 até +6 graus, os óculos do professor inglês ficam prontos para mudar a vida de até um bilhão de pessoas ao redor do mundo que não enxergam bem mas não têm acesso a oftalmologistas e lentes de grau feitas sob encomenda.
Silver está levando a frente seu sonho de melhorar a visão de milhões, e já produziu 30.000 pares distribuídos em 15 países principalmente da África sub-saariana, onde há apenas um oftalmologista para cada um milhão de pessoas. Seu próximo passo é trabalhar na Índia, onde espera distribuir um milhão de óculos… e chegar a 100 milhões de unidades ao custo de um dólar cada entregues anualmente em todo o mundo.
Confira uma nota sobre seu trabalho no Guardian, em inglês, ou no website de sua iniciativa. Segue também um vídeo abaixo, onde fica clara a simplicidade e beleza da idéia. Que já é concreta:
POR QUE VOCÊ NÃO OLHA PRA MIM?
Alguns acadêmicos sugerem que o vidro foi um dos muitos elementos que levaram a civilização européia à revolução científica e industrial de que desfrutamos até hoje. Civilizações orientais milenares e sofisticadas não possuíam uma tradição equivalente na manipulação do vidro – no Japão, por exemplo, janelas de vidro nunca fizeram muito sentido por causa dos freqüentes terremotos – preferindo ao invés a cerâmica, que pode fazer bules e pratos adoráveis mas não é muito útil para construir telescópios ou microscópios. Passaram milênios acumulando conhecimento e tradição, mas nada como uma revolução científica, nada como uma olhadela na Pluralidade de Mundos. A ausência do vidro pode ser uma das respostas para tal.
Entre todo o papel essencial que o vidro desempenhou na criação de instrumentação e descobertas subseqüentes, sem as quais o Iluminismo talvez não fosse tão iluminado assim, também destacam como a invenção e disseminação dos óculos permitiu que toda uma força de trabalho pudesse estender seu período produtivo mesmo com a idade mais avançada e os olhos mais “cansados”.
O que é exatamente o que os óculos adaptáveis de Joshua Silver fazem. Permitem que pessoas voltem a enxergar e trabalhar, que crianças possam ler e escrever. Tais óculos parecem muito mais importantes e impactantes que um laptop.
Claro que uma coisa não exclui a outra, mas eu compraria um óculos adaptável para experimentar em casa e patrocinaria dez outros para serem distribuídos. A um dólar cada…
COMO FAZER FOGO COM UMA CAMISINHA
Neste post “sério” pensei sobre se deveria adicionar este adendo, mas caramba, se não puder escrever tudo que penso neste blog, aonde mais lançarei estas baboseiras? Ao ler sobre os óculos de Joshua lembrei de outra coisa além da idéia acadêmica sobre a importância do vidro na civilização ocidental.
É este magnífico vídeo que mostra como fazer fogo com uma camisinha e água:
Não colocaria minha mão no fogo (Ha-ha) sobre se esse vídeo não envolveu algum truque, como usar álcool na palha, mas o princípio, este com certeza é verdadeiro.
É realmente possível fazer fogo usando uma camisinha cheia de água como lente para focalizar raios de sol em um dia particularmente ensolarado, com palha particularmente seca. Os Mythbusters já fizeram o mesmo com gelo ou a parte de baixo de uma lata de refrigerante polida. MacGyver ficaria orgulhoso.
E aqui há um especialista em sobrevivência na selva demonstrando o mesmo com um “balão de água”, que é apenas uma variação da camisinha (mas nunca use uma bexiga para outros fins. Ha-ha).
Imagino se alguém teria tempo suficiente para perder tentando criar um telescópio refrator usando camisinhas como lentes refratoras. Se esticadas bastante, imagino que sejam quase transparentes. Um telescópio feito de camisinhas e água, pode ser uma nova revolução científica.
Ha-ha.