A fêmea no poder II

 

Ontem falamos de símbolos fálicos e do poder mencionando o caso da hiena malhada, nossa sociedade matriarcal de hoje é a das Elefantas. Tenho a esperança de que o poder de gerir o país nas mãos de uma mulher seja exercido de maneira muito diferente da masculina. Tenho também a esperança de que a experiência de vida da mulher, que indubitavelmente é diferente da do homem, leve a presidenta que recém tomou posse a guiar o Brasil por outras trilhas.

ARKive image GES004047 - African elephantEm vez de força, sabedoria. Matriarca dos elefantes é definida pela capacidade de resolver os problemas do grupo

Fonte: www.arkive.org

As sociedades de machos e fêmeas de elefantes africanos, Loxodonta africana, são muito diferentes. Enquanto machos formam grupos cuja hierarquia é definida em violentos combates, as fêmeas determinam quem manda através da experiência e conhecimento. As manadas de fêmeas têm cerca de 12 membros de uma mesma família e seus filhotes, os machos vivem isolados ou em bandos unicamente masculinos. A matriarca é geralmente a fêmea mais velha da manada. É ela que identifica se outra manada é amiga ou agressiva, ela define a rota de migração evitando predadores para os filhotes e seguindo sempre por onde haverá fontes de água e alimento. A sobrevivência de todos depende da sabedoria desta fêmea.

A fêmea no poder I

Passei o ano novo em Brasília, portanto estava lá durante a posse de nossa primeira presidenta (como ela mesma gosta de se denominar). Foi daí que surgiu esta série de posts contando exemplos de sociedades animais onde a fêmea assume o papel central. Sem dúvida que em todas as espécies as fêmeas exercem um papel fundamental e que é apenas nossa visão machista (a ciência é fundamentalmente machista, basta ver a quantidade de homens e mulheres neste ramo do conhecimento) que nos faz crer no contrário, mas os exemplos que darei esta semana apresentam aqueles animais que até o mais chauvinista dos cientistas consideraria exemplos da força da fêmea. Esta será minha homenagem ao poder da mulher e um rol de esperanças acerca de como esse poder pode ser exercido de modo mais saudável do que o masculino.

seta

Inveja do pênis? Batedoras em forma de flecha

Fonte:  http://fcodantas.blogspot.com/

 

Durante o trajeto entre a residência presidencial do Torto e o Congresso Nacional as motociclistas que serviam de batedoras à presidenta fizeram uma coreografia que deve ter feito Freud sorrir no caixão, posicionaram as motos na forma de uma flecha. O pai da psicanálise dizia que a mulher tem inveja do pênis pelo símbolo de poder que ele traz. Batedoras em forma de seta foi o falo simbólico que a presidenta ganhou no dia da posse, nem sei se de propósito ou inconscientemente. No entanto, não é só ela que aposta em símbolos fálicos na hora do poder, a hiena manchada faz o mesmo.

hienas

Avaliação do status hierárquico entre duas fêmeas de hiena manchada através do tamanho do pseudo-pênis

Fonte: http://www.myspace.com/herberthyena

 

Hienas manchadas, Crocuta crocuta, formam bandos de até 90 indivíduos (dependendo da abundância de presas) liderados por uma fêmea. Elas ocupam territórios amplos delimitados por marcas de cheiro e gritos, a divisão de tarefas entre os indivíduos é definido por uma hierarquia onde as fêmeas posicionam-se no topo. A fêmea mais dominante, ou alfa, em geral não é definida pela agressividade como na maioria das espécies patriarcais, mas pela capacidade de se articular com outros membros. Eis aí algo a se esperar da nossa presidenta. O símbolo máximo do poder da fêmea dominante vêm do pseudo-pênis, um clitóris aumentado que pode atingir 15 cm de comprimento. Fêmeas mais no alto da hierarquia de poder têm dificuldades na vida familiar. O mesmo órgão que define poder traz à fêmea uma grande dificuldade em dar à luz sua prole, já que os filhotes terão de sair através do estreito e longo canal ao longo do pseudo-pênis, resultando em muitos natimortos.

Pensamento de Segunda

No universo da cultura o centro está em toda parte.
Moto da Universidade de São Paulo estampada ao redor da grande torre do relógio