Pensamento de segunda
“Estatísticas são como biquinis. O que revelam é interessante, mas o que ocultam é essencial.” (Aaron Levenstein)
Entrevista com Richard Dawkins
O mais ilustre convidado do encontro anual da Animal Behavior Society de Pirinópolis foi, sem dúvida, Richard Dawkins. O Biólogo inglês (queniano, alguns diriam) é professor da Universidade de Oxford e ocupa a cátedra Charles Simonyi pela compreensão pública da ciência. Mundialmente reconhecido como ultradarwinista, forte determinista genético, ateu, confrontador direto das religiões, defensor do pensamento crítico e do ceticismo, foi banido da Turquia, atacado por criacionistas e defensores do design inteligente. O que, para mim, é a mesma coisa.
Numa agradável tarde de sexta-feira Richard Dawkins concedeu ao Ciência à Bessa a entrevista que transcrevo em português abaixo. Parte dela está contida no vídeo que está no final da matéria.
Eduardo Bessa – Professor Dawkins, uma vez você escreveu que algo que deveria estar realmente próximo de acontecer era um cientista receber o prêmio Nobel, não pela ciência, mas por escrever sobre ciência. Quão perto disto estamos e quanto você pensa que os blogs poderiam ajudar nesta situação?
Richard Dawkins – Historicamente é triste dizer que ninguém que tenha escrito sobre ciência, pelo menos puramente sobre ciência, nunca tenha recebido o prêmio Nobel de literatura. Há escritores de filosofia que ganharam o prêmio Nobel em literatura. É o caso de Bertrand Russell e Bergson, o filósofo francês. Eles estavam como que nas margens da ciência, então parece que a ciência é um tema cabível para ótima literatura e eu não consigo pensar numa razão por que um prêmio Nobel de literatura não poderia ser dado a um cientista ou um escritor que escrevesse bem sobre ciência. Porque a ciência é um tema tão magnífico para se escrever a respeito, digna da grande literatura. Nunca havia me ocorrido que blogs, quero dizer, presumo que sua pergunta seja de fato: “Um blogueiro poderia ganhar o prêmio Nobel de literatura?”. Eu não sei! Isso iria um passo além e temos que ver. Digo, talvez este seja o caminho do futuro. Certamente há blogueiros muito habilidosos que estão escrevendo extremamente bem e poderosamente, talvez seja o momento de reconhecermos eles como uma forma legítima de literatura.
Eduardo Bessa – Você cresceu, foi criado, em um ambiente muito prolífico em idéias. Você foi orientado por Niko Timbergen, teve contato com Douglas Noel Adams, John Maynard Smith e Bill Hamilton. O que é que faz Richard Dawkins, a natureza ou a criação?
Richard Dawkins – Bom, você sabe a resposta a esta pergunta, não se pode separar um do outro. Eu acredito que você esteja certo, eu fui bem aventurado pelas pessoas que conheci, as pessoas que me influenciaram e que eu rendo minhas homenagens a todos estes nomes que você mencionou mais alguns que você não mencionou. Na verdade eu não tenho muito a dizer sobre o lado da natureza, eu acredito que a genética é importante para definir ou influenciar diferenças entre os indivíduos. Porém, eu, como todo o mundo, sou uma mistura indivisível das duas coisas.
Eduardo Bessa – E quanto a novos projetos? Alguma novidade sendo publicada recentemente?
Richard Dawkins – De fato. Acabo de entregar para a editora meu novo livro, “The greatest show on earth” que é uma compilação de evidências sobre a evolução.
Abaixo está o vídeo da entrevista em inglês. A qualidade está meio sofrível, mas atesta pela veracidade da conversa. Continuem acompanhando o RNAm que o Rafael prometeu postar a parte dele da entrevista.
7) Como escolher o seu orientador?
Durante a série sobre orientação (para ler a série desde o início clique aqui) recebi um comentário do Vinicius Placco, astrofísico do IAG USP e autor do Café com Ciência, sugerindo que eu abordasse como escolher um orientador. Como não cobri este tema nos posts anteriores resolvemos escrever a quatro mãos uma sétima parte sobre isto. O texto abaixo é o resultado.
Escolher um orientador não é tarefa fácil, então como escolher um orientador que vá lhe trazer bons frutos? Nós dois concordamos que o primeiro passo seria encontrar alguém que atue na sua área de interesse. Para isso você precisa já ter em mente pelo menos um esboço do projeto que pretende desenvolver. Claro que é interessante que você esteja disposto a modificá-lo junto com o orientador, mas saber o que se quer é primordial. Falando assim parece bobagem, mas acredite, chove gente pedindo orientação sem saber ao certo o que quer fazer.
Tendo-se em mente o que se pretende estudar há várias alternativas. Você pode ir a um congresso e interagir com outros participantes garimpando um orientador, pode pedir dicas a colegas e professores. Mas nossa sugestão é a ferramenta de busca do currículo Lattes. Basta desmarcar “Buscar por Nome” e marcar “Buscar por assunto”, marcar “Doutores”, daí digitar com que quer trabalhar e mandar buscar que todos os potenciais orientadores surgirão, só resta garimpar os inscritos em programas de pós bons. Tendo o Lattes do cara você ainda terá informações sobre artigos publicados, participações em projetos de pesquisa, colaborações dentro do departamento, no país e fora dele, histórico de bolsas contempladas (porque ainda precisamos de dinheiro para sobreviver) etc.
No segundo passo você terá que descobrir se seu pretendente está disponível para te orientar. Se achar um orientador fosse pegar uma mina na balada, essa fase seria a hora em que você pergunta: “E aí, a princesa tem namorado?”. Claro que ela pode dizer que não e depois você descobrir o Rogerião PitBull, que só não estava com ela naquele dia porque foi para a final do campeonato de vale-tudo. Ou pior, descobre que compete pela garota com outros 30. Se você optou por um orientador que arrasta atrás de si um séquito de 29 orientandos, saiba que receberá um trigésimo da sua atenção. Existem orientadores que falam que vão conseguir, prometem mundos e fundos e no meio do caminho o aluno acaba meio perdido e com a orientação comprometida.
Neste passo cabe um pouco de autoconhecimento, o aluno deve saber se é mais pró-ativo ou mais reativo. Existem alunos muito capazes, autodidatas mesmo, que no fim das contas precisam apenas de um supervisor ou “conselheiro” para trabalhar. Para eles um orientador ausente não gera grande transtorno. Já os reativos precisam de uma pessoa mais presente, que oriente e que os cobre com regularidade, aí tem que ser alguém com menos alunos. Para saber isso não há currículo Lattes que resolva, o ideal é conversar seriamente com alunos e ex-alunos de iniciação, pós, pós-docs que trabalharam com seu pretendente, representação discente da pós ou colegas de departamento. Isto dá uma visão bem mais realista do futuro chefe.
Você pode estar pensando que um terceiro passo seria ver se os santos de vocês batem. Simpatia pode ajudar bastante, mas reforçamos que não é primordial. Se o trabalho for profissional ninguém precisa ser super amigo de ninguém. Uma boa dose de respeito mútuo é bem suficiente para manter um bom ambiente de trabalho.
Correções
Não sei o que houve nos últimos tempos. Saíram três posts com erros que já corrigi, felizmente. Deve ser minha cyber-ignorância!
Bem, resolvi escrever este post com as correções para que os textos com erros não se perdessem no passado. O 1o é a Manchete comentada 18, agora com todas as figuras, inclusive a do quiz final
O segundo foi o 3o texto da série sobre orientação. Na pressa coloquei um título, mas colei o mesmo texto do 2o post outra vez. Agora já está arrumado.
FAIL!
ABS Meeting, Brazil 2009
Passei essa semana sem publicar muita coisa porque estou no encontro anual da Animal Behavior Society, em Pirinópolis-GO. Foi a oportunidade para finalmente conhecer o Rafael do RNAm e o Marco Antônio, do Marco Evolutivo. Engraçado essa coisa de internet, né? Há tempos lia os textos deles, eles liam os meus, trocávamos e-mails, mas nunca tínhamos nos visto, até agora. Bem, foi uma semana extremamente produtiva, em contato com muita ciência de excelente qualidade, descobrindo o que o povo tem feito lá fora e reencontrando os amigos etólogos brasileiros. Consegui duas coisas legais para lançar no blog nas próximas semanas, então permaneçam conectados.
Pensamento de segunda
“Humanos, que são uma das únicas espécies capazes de aprender com o erro dos outros, também são notáveis por sua determinação em não fazê-lo.” (Douglas N. Adams)
Manchetes comentadas 18 – Voo 447: 11 corpos de vítimas são identificados
A edição de hoje do O Globo informa que dos 49 corpos já recuperados pela força tarefa franco-brasileira para o desastre do voo 447 da Air France, 11 foram identificados ontem no Instituto Médico Legal de Recife. As famílias das vítimas pediram sigilo sobre o nome dos identificados que são cinco homens e cinco mulheres brasileiros e um homem francês. As identificações foram feitas usando tatuagens, marcas de cirurgias, cicatrizes, pertences pessoais, mas sua confirmação só era aceita através de dados da arcada dentária, impressões digitais ou identificação por DNA.
Fonte: www.oglobo.com.br
Pequenas diferenças nos dentes são comuns entre todo ser humano. Eu por exemplo tenho uma cúspide interna extra no primeiro molar superior dos dois lados e tinha uma raiz extra no segundo par de pré-molares. Um verdadeiro mutante! As digitais já são mecanismo conhecido de identificação de indivíduos há quase um século, graças aos trabalhos do incansável tomador de medidas primo de Charles Darwin, Sir Francis Galton, como nos conta esse post do Carlos Hotta. Já a identificação por análise do DNA, a chamada DNA fingerpriinting ou impressão digital do DNA, é um processo muito explorado nos CSI’s da vida, mas nem todos sabem exatamente como funcionam.
Toda pessoa tem em suas células DNA igual (ou quaaase igual) ao de qualquer outra célula. Esse DNA é herdado metade do pai e metade da mãe e é exclusivo de cada ser humano na Terra, à exceção de gêmeos idênticos. Devido a isso, se conhecemos o DNA dos passageiros do voo 447 e obtemos amostras do DNA dos corpos encontrados é possível identificar a qual passageiro pertence o corpo encontrado. O problema é que pessoas normais geralmente não têm amostras de seu DNA por aí, por isso é possível utilizar o DNA de pais, irmãos e filhos ainda vivos para fazer o mesmo tipo de identificação com um pouco mais de dificuldade, mas nada impossível. Inclusive, este é o mesmo mecanismo utilizado para os testes de paternidade e a identificação de criminosos.
Apesar de qualquer parte do DNA ser passível de utilização para a identificação, algumas partes são mais úteis que outras. Nosso DNA pode ser dividido em duas partes, DNA codificante (exons) e não codificante (introns). A parte codificante, que é transcrita em proteínas, é muito preservada pelos macanismos corretores de DNA, por isso suas modificações entre indivíduos são mais raras. Imagina só, uma modificação numa proteína participante da respiração celular é facilmente letal, portanto é imaginável que essas proteínas não variem muito na população. Por outro lado, o DNA não codificante não tem mecanismos de correção tão eficientes, por isso sofre mutações mais facilmente e é mais variável na população. É possível que mais de um passageiro do voo 447 tivesse porções de DNA codificantes de uma proteína de membrana celular idênticos, mas certamente suas porções de introns eram diferentes.
Entre o DNA não codificante há sessões repetitivas de diversos tamanhos, uma destas categorias é chamada de microssatélites, sequências de até seis bases nitrogenadas que se repetem um número diferente de vezes em cada pessoa, todo o mundo tem repetições dos nucleotídeos AC num determinado pedaço de seu genoma, mas o número de vezes desta repetição varia, por exemplo (AC)14, (AC)6 etc. Isto é perfeito para fazer uma identificação individual do DNA de forma simples. Basta contar o número de repetições naquele pedaço de DNA num corpo e nos passageiros (ou seus parentes) e descobrir a quem pertence o corpo. Utilizando-se cerca de seis regiões de microssatélites a identificação torna-se incrivelmente precisa.
Na realidade, contar repetições de uma sequência de nucleotídeos não é tão fácil. Mensurá-las é bem mais simples, mas no final dá na mesma. Em vez de contar quantos nucleotídeos há em um microssatélite, legistas expõem recortes destas regiões de DNA a uma corrente elétrica e as moléculas são atraídas pelo polo negativo da corrente, deslocando-se naquela direção. Esta exposição acontece em uma placa de gel que, microscopicamente é uma selva fechada de fibras entrelaçadas de um açúcar (acrilamida ou ágar), assim pedaços menores de DNA atravessam mais facilmente as fibras e vão mais longe, já pedaços maiores são mais lentos e ficam para trás. Tendo-se um gabarito fica fácil transformar este padrão de deslocamentos em uma análise do tamanho do microssatélite, como mostra a animação abaixo.
View image
Fonte: http://www.geocities.com/jsonnentag/iguana/pictures/gelanim.gif
Suponhamos que temos uma análise de microssatélites de um dos corpos encontrados sabidamente pertencente a uma mulher brasileira de cerca de 60 anos presente no voo, em seguida temos os dados de microssatélites de todas as mulheres brasileiras nesta faixa etária presentes no voo. A qual delas você atribuiria o corpo encontrado?
Manchetes comentadas 17- Número de famintos ultrapassa 1 Bilhão
Vários veículos de comunicação noticiaram hoje o comunicado da FAO, Food and Agriculture Organization, ligada à ONU, de que o número de pessoas famintas no mundo atingiu um novo redorde. Uma em cada seis pessoas tem ingestão diária de calorias inferior ao mínimo necessário para sua sobrevivência. A organização atribuiu isto à crise financeira mundial e aos altos preços dos alimentos.
A teoria da ecologia de populações descreveu o crescimento populacional de diversas formas. Os modelos surgiram para moscas da fruta, carneiros monteses e algas diatomáceas, mas têm demonstrado que se aplicam a qualquer população, inclusive a nossa. Segundo o modelo de crescimento logístico da população, o número de indivíduos de certa espécie começa crescendo de forma exponencial, ou seja, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128… Assim, a população se expande até que a competição por um dado recurso, que pode ser ou não alimento, começa a limitar a reprodução. Aí a curva de crescimento populacional vai lentamente se afastando do crescimento exponencial até atingir um ponto de inflexão em que o crescimento desacelera (veja bem, a população continua crescendo, só que cada vez mais lentamente). A linha que representa o crescimento populacional vai se aproximando da horizontal à medida que a competição pelo tal recurso vai se agravando. Chega um ponto em que a competição é tão ferrenha que para cada indivíduo que nasce um precisa morrer ou não haverá recursos suficientes para todos. A este ponto dá-se o nome de capacidade de suporte.
Comparação entre a curva de crescimento exponencial, onde a competição não influenciaria a população, e a de crescimento logístico, na qual a população entra em equilíbrio com a quantidade de recursos que o ambiente oferece.
Em geral, a capacidade de suporte é um limite intransponível para as populações. Ao que parece, nossa espécie está chegando a um número limite de pessoas. Um site assustador que descobri online mostra em tempo real alguns números como a população humana mundial, por país, gastos em educação e armamentos no mundo, queimadas e emissão de CO2.
Acontece que a população humana já atingiu pontos de inflexão outras vezes, retardando seu crescimento por competição que nem qualquer outro organismo por aí. Nos livramos das capacidades de suporte do planeta Terra todas estas vezes com a tecnologia e mudando os recursos utilizados. Outras espécies também fazem o mesmo alterando suas populações para mais, mesmo depois de atingir a capacidade de suporte. A população humana já foi limitada por parasitas e doenças e voltou a crescer após avanços da medicina, já foi limitado pela nossa agricultura ainda rudimentar e voltou a crescer após a revolução verde.
Agora os alimentos parecem estar nos limitando novamente. Na verdade os alimentos e a péssima distribuição deles; proporcional à distribuição das riquezas. Quais as alternativas possíveis para fugir de mais esta capacidade de carga? É certo que ainda podemos reverter este quadro com tecnologia e talvez imprimindo ainda mais fundo nossa pegada ecológica. Transgênicos podem resolver o problema, por exemplo. Trocar florestas por plantações também (ignoremos a questão de “por quanto tempo”, como o resto do mundo parece fazer). Mudar nosso sistema econômico seria uma solução muito menos paliativa, mas quem está disposto a isso?
Na verdade, se tem uma coisa na qual eu acredito e realmente seria capaz de devotar meus esforços, é que nosso futuro enquanto espécie só será menos sombrio se abrirmos mão do crescimento populacional. A solução sustentável para nossa relação com o planeta só existirá quando nossas relações sexuais resultarem menos frequentemente em novas pessoinhas. Senhores: Camisinhas! Pílulas! Evitemos que a população cresça. Se em média cada casal tiver apenas dois filhos em longo prazo restabeleceremos o equilíbrio, mesmo mantendo nossos níveis atuais de pressão sobre o ambiente e se dermos condição de todo ser humano ter nível social igual dentro de suas aspirações. E viva a utopia.
6) E quando o contrato termina?
Algumas orientações são buscadas para a realização de uma tarefa como uma tese ou monografia. Outras são apenas parte dos trabalhos em um laboratório, um teste. Principalmente o início da graduação é um período de descoberta, você passa por alguns laboratórios até se encontrar em algum deles e fincar raízes. O orientador não deveria ficar chateado se você desistir de trabalhar com ele, sabemos que não é nada pessoal. Basta que você seja transparente e jogue limpo com o orientador. Só é proibido abandonar o barco no meio da viagem. Se você recebeu uma bolsa de estudos deve concluir aquilo para que está sendo pago, obviamente. Mesmo que não haja uma bolsa, chega um momento de decidir. Quando o prazo para a realização da iniciação científica, por exemplo, chega, é necessário parar de experimentar e se decidir, mesmo que depois, na pós, mude-se de área. Já no decorrer de um projeto de Mestrado ou Doutorado a troca de orientador é mais traumática e fere egos. Há que se lembrar da teoria da banca futura, você nunca sabe quando um ex-orientador magoado será seu referee, avaliador de bolsa ou banca. E, acredite, a comunidade científica brasileira estas horas é miudíssima.
* Só para fechar a série, gosto das dicas de três fontes. Uma que uso há muito tempo é um pdf do Prof. Tim Clutton-Brock, a sumidade em comportamento de cuidado parental em Cambridge chamada “Survival strategies for Scientists”. A outra é o livro do Prof. Gilson Volpato, “Ciência, da filosofia à publicação” cuja última edição saiu em 2007 pela Editora Best Writing. Por fim, descobri escrevendo esta série um especial do Universia sobre o trabalho de conclusão de curso. Não concordo com algumas coisas que lá estão, mas vale uma visita.