Brasil Ameaçado – Lambari Astyanax eremus

Astyanax eremus, um lambari solitário com um futuro duvidoso. (Foto: Neotropical Ichthyology/scielo.br)

Uma das coisas mais tristes dessa lista de espécies ameaçadas do ICMBio foi ver tantas espécies recém-descritas, é o caso do lambari Astyanax eremus dessa semana, que foi descoberto pelos cientistas apenas ano passado (2014). Isso significa que tem grande chance de que espécies estejam se extinguindo antes mesmo de serem descobertas. Astyanax eremus só foi descrito pelos cientistas e reconhecido como uma espécie diferente, quase nada se sabe sobre seu papel na natureza. Não conhecemos de que eles se alimentam, quem se alimenta deles, como é sua reprodução, é um ilustre desconhecido. E quem me dera Astyanax eremus fosse uma exceção, ao contrário, muitas espécies estão assim e teremos outros exemplos até o final do ano. Um dos principais problemas que levou esse lambaria à situação em que se encontra foi sua distribuição geográfica restrita. Ele vive num córrego de cabeceira afluente do Rio Iguaçú no Paraná, num trecho curto de rio isolado por duas cachoeiras e margeado por um capão remanescente de Mata de Araucária. Era o único peixe presente ali (daí o eremus, de eremita, em seu nome científico), uma paisagem muito frágil e efêmera, que numa ação de um fazendeiro pode dizimar toda a espécie. Mesmo assim, ainda podemos fazer alguma coisa por ele, valorizem o trabalho dos cientistas taxonomistas e não desmatem as margens dos rios obedecendo ao código florestal.