Setembro virá…

…e com ele o retomar mais frequente do blog.
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“I’ve been outside
Invited in
But I couldn’t abide
Wouldn’t miss it again
Burning every bridge that I cross
To find some beautiful place to get lost
I had true love
I made it die
I pushed her away
She said, “Please stay”
Burning every bridge that I cross
To find some beautiful place to get lost
To find some beautiful place to get lost
Well, I don’t know where I’ll go now
And I don’t really care
Who follows me there
But I’ll burn every bridge that I cross
And find some beautiful place to get lost
And find some beautiful place to get lost”
Let’s Get Lost – Elliot Smith
Imagem – daqui

(Visita) Pegadas de Dinossauro da Salema

Algumas fotografias da (mais uma) visita que guiei às pegadas de dinossauro da praia da Salema, Algarve, organizada pelo Centro Ciência Viva de Lagos.
A próxima visita será no próximo dia 11 de Setembro.
Imagens – Beatriz Tomás de Oliveira
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– encontro do grupo com introdução breve ao registo de pegadas de dinossauro e diversidades deste grupo de animais, tempo geológico e processos de fossilização.
– jazida oeste da Salema – rastro de pegadas de dinossauro ornitópode. O grupo discute o que faz um paleontólogo para estudar este tipo de registo paleontológico – descrição morfológica, medições, entre outros.

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– pormenor da jazida oeste, podendo observar-se as pegadas tridáctilas (três dedos) do ornitópode.
– grupo observa a jazida este, com pegadas tridáctilas de dinossauro terópode.

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– grupo junto à jazida este de pegadas de dinossauros terópodes. Pergunta favorita, nalguns grupos, é: “Como é que os bichos subiam as rochas tão inclinadas?”…
– grupo reunido preparando a observação a algumas deformações na praia da Salema (dobras e falhas).

 

 

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(figura de Vanda Santos – daqui)
Mais informações sobre as pegadas da praia da Salema: aqui

Morfo Londres

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Integrado no Third International Palaeontological Congress (IPC3), vai realizar-se no próximo dia 30 de Junho, o Simpósio de Palaeontological Data Analysis, com os keynote speakers Philipp Mitteroecker e David Polly.
Este simpósio é organizado por Norman MacLeod.
Aqui a lista das comunicações orais, a qual integra um trabalho meu.
Comunicações Orais
Data Analysis Session (AM)
Martinez-Perez, Botella, Cascales-Minana
Large-scale palaeontologial data analysis of the conodonts fossil history
Aguirre, Donato, Richiano, Farinati
Molluscan palaeobiodiversity and palaeobiogeography: Pleistocene and Holocene interglacial assemblages from Bonaerensian and Patagonian littoral (sw AUantic)

Polly – Keynote Presentation

Quantitative approaches to geographic variation: environment, palaeophylogeography, and ecometrics
Janevski
A likelihood approach to detecting extinction selectivity
Gerber
Developmental morphological disparity: a brief overview
Cascales-Minana
Discontinuities and disparity of the Palaeozoic plant fossil record: a global multivariate analysis
Louys, Meloro, Elton, Ditchfield, Bishop
Quantitative approaches in palaeosynecology: correlating community structure with habitats
Corfe,Harjunmaa, Seiffert, Boyer, Saila, Jernvall
Quantitative developmental tinkering and soft-tissue 3D nano-CT scanning offer developmental insight into palaeontologicaI phylogenetics
Markov, Naimark
The Phanerozoic history of the latitudinal diversity gradient in the marine realm
Turrero, Arbizu, Garcia-Vazquez
The oldest palaeontologists: on using our ancestors as involuntary samplers for palaeontological studies
Ataabadi, Eronen, Liu, Karme, Fortelius
A method for visualization of similarity/disparity analysis
Morphometric Session (PM)
Atwood, Sumrall, Mckinney
Discriminating blastoid species using 3D morphometrics
Hernesniemi, Blomstedt, Kasimir, Fortelius
Multi-view stereo 3D reconstruction of the lower molars of recent and north-western European Pleistocen rhinoceroses for the purpose of mesowear analysis
Mitteroecker – Keynote Presentation
Measuring modularity and morphological integration: examples from hominoid cranial morphology
Rodrigues, Estadella, Mateu-Figueras, Thio-Henestrosa
Limbs in compositional morphospaces: previous and new approaches
Macleod
Discrimination between three pleistocene Astarte species (Bivalvia, Astartidae): morphometric and taxonomic implications
Echevarria
Morphological change through time in pterotrigonia (trigonioida – bivalvia) from Picun Leufu Formation (Lower Cretaceous, Neuquen Basin)
Ubukata
A hypersherical theoretical morphospace for molluscan shell forms
Aguirre, Perez, Farinati
Morphometric analyses of Mactra linne (Bivalvia) trom the marine Quaternary of Argentina (southwestern Atlantic)
Marquart, Norman
The bare bones of it: does morphometric analysis of osteological variation in the skulls of extant crooodilians give biologically congruent definitions of inter and intraspecific variation?
Meloro
What’s on the carnivores menu 2 million years ago? Multiple evidences from mandibular form
Whiteman, Carleton, Hunt
Wisdom teeth: a study of morphological variation of woodrat (Neotoma) molars using geometric morphometrics


Abstracts: A draft abstracts volume is now available as a pdf file

Humor Evolutivo

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Cartoon – daqui

Nojo por Inês

68095327-9bff570db374e7fd6c999a1411cf0ec5.4bceb3b6-full.jpgLeio agora que à Sr.ª Inês de Medeiros, deputada do PS, irá ser paga uma viagem semanal a Paris, em executiva. Quatro viagens por mês, brilhantemente concluo.
Aquando da sua candidatura à Assembleia da República, a dita Inês apresentou como morada oficial um endereço de Lisboa.
Assim, iremos todos pagar, com voluntário deleite, uma viagem semanal da tribuna à cidade das luzes, uma vez que aquela se deverá encontrar desocupada.
A morada de Lisboa, não a deputada.
Feliz fico por o meu Estado recompensar tanto em viagens a Paris da parlamentar como o que paga a quatro professores, ou a seis bolseiros de investigação científica, ou mesmo a quase dez trabalhadores com o salário mínimo.
Delirante continuo, por o meu país investir em viagens executivas a Paris para uma meritosa Inês de Medeiros que oficialmente reside em Lisboa, mas suspeita ter a sua família em Paris.
Os quatro professores, ou seis bolseiros de investigação científica, ou os salários mínimos, que se calem. O seu valor não é comparável à Sr.ª Medeiros, que tanto tem feito pelo bem-estar de Portugal. Tanto, que necessita purgar-se semanalmente à beira Sena dos afazeres lusitanos.
Nojo.
É o que sinto.
Pelos invejosos quatro professores, seis bolseiros de investigação científica, ou dez trabalhadores com o salário mínimo, que se roem de inveja maledicente das viagens da deputada Inês de Medeiros.
Nojo por Inês.
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P.S. – breve biografia da deputada do PS, Inês de Medeiros – do site da Assembleia da República:
“Habilitações Literárias – Frequência de Licenciatura em Literatura Portuguesa (Universidade Nova de Lisboa), Estudos Teatrais (Sorbonne Paris). Profissão – Autora”

Horror ao Ensinar

Uma excelente visão sobre o que é e o que deveria ser a Escola, pelo Professor Carlos Fiolhais.
Alguns excertos que me pareceram muito relevantes.
Gostei particularmente da parte do horror a que o Ministério da Educação votou o verbo ensinar, de há anos a esta parte.
Revista Notícias Magazine, 14/03/2010
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” (…)
O que é que está mal? Está tudo mal?
Não, temos bons professores, que fazem, a maioria deles, por cumprir a sua obrigação profissional num ambiente que não é nada fácil.
Se me pergunta o que está mal, dou-lhe um exemplo: o Ministério da Educação é – vou usar uma palavra brutal para fazer jus à minha fama de crítico – um monstro.
É um aparelho criado pelo Estado, que está por todo o lado em demasia, retirando liberdade aos bons professores. Há regulamentos para tudo e mais alguma coisa, os programas não são bons, os livros têm de se ater aos programas, os horários são o que se sabe, há disciplinas que não são disciplinas nenhumas. Enfim, não tenho dúvidas de que é possível fazer melhor e que isso passa por uma menor intervenção do Estado. Será precisa toda aquela burocracia? Será preciso aquela linguagem em que se exprime o monstro e que eu e outras pessoas designamos por «eduquês»? Não se pode falar claro? A actual ministra domina bem o português, é uma boa escritora, não poderá pôr aquele Ministério a falar claro?
(…)
A máquina ministerial condiciona a criatividade de alunos e de professores?
Condiciona a criatividade dos professores, que são a chave do sucesso da escola. Diminuir o papel dos professores foi o pior que se podia ter feito. Portanto, tudo o que possamos fazer para valorizar este papel, para lhes dar importância e autoridade, é útil.
Há uma palavra que não se tem usado muito em Portugal e que se devia usar mais (o Ministério da Educação, então, foge dela como o diabo da cruz), que é ensinar. A escola é um sítio onde se ensina. Claro que também é um sítio onde se aprende, mas para aprender é preciso que se ensine. Quase tudo aquilo que sei foi porque alguém me ensinou. A partir de certa altura já fui capaz de aprender por mim próprio, mas devo muito à escola e aos meus professores. Porque é que os jovens de agora não hão-de poder dizer o mesmo? Estamos a desviar-nos do essencial e o essencial é preparar para a vida. Não estaremos a alienar os nossos jovens da capacidade de saber mais, de decidir, que não devia ser apenas de alguns, mas de todos?
Esse sistema é a razão pela qual Portugal não tem sido um país de Ciência?
A nossa educação científica é uma área em que podemos progredir. A ciência devia estar presente mais cedo na escola, e não se trata tanto de falar de ciência, mas mais de ver como ela se faz. A ciência devia estar presente no jardim-escola e no ensino básico. A palavra ciência quase não aparece nos programas, aparece uma coisa chamada «estudo do meio».
O que é isso? Um cientista é um estudioso do meio?
Percebo a ideia de que o meio não é só o meio material, é também o meio social. Muito bem, é evidente que vivemos num meio social, mas antes disso pisamos um planeta que nos puxa para baixo, respiramos ar, bebemos água, e é bom que no básico façamos experiências que nos permitam compreender o que é o planeta, o que é o ar, e o que é a água. A descoberta do mundo pela criança tem de começar por aí. A junta de freguesia e outras construções sociais, por muito importantes que sejam, vêm depois do ar e da água.”
Imagem:
Jean-Auguste-Dominique Ingres, “Roger Freeing Angelica”
daqui

O Chapeleiro Louco e as Aves Desafinadas

P04043_9.jpg – Naquela direcção – disse o Gato, levantando a pata direita – vive um Chapeleiro, e naquela, agitando a outra pata, mora uma Lebre de Março. Visita o que quiseres, ambos são loucos.
– Mas eu não quero estar ao pé de gente louca – respondeu Alice.
– Oh, não podes evitá-lo – disse o Gato. – Aqui todos são loucos. Eu sou louco. Tu és louca.

Que têm em comum o Chapeleiro Louco e o canto das aves?
A resposta tortuosa pode ser…o mercúrio.
Não Mercúrio, o deus dos comerciantes, da eloquência e dos ladrões, mas antes o elemento químico.
Vamos ver se consigo resumir.
Há centenas de anos que tecidos de origem animal são utilizados na manufactura de chapéus. No século XIX, a pele mais apetecível para o fabrico de chapéus era a do castor, mas a caça a este animal implicou a sua escassez, o que levou à utilização de peles de coelho.
As peles necessitam de um amaciamento prévio, sendo utilizados produtos químicos, normalmente compostos de mercúrio, como o nitrato de mercúrio (2; p.52).
Não irei descrever os processos da manufactura de chapéus, apenas refiro que o carácter rudimentar da tecnologia química e das normas de segurança laboral envolvidas, colocava os chapeleiros em sérios riscos de contaminação por mercúrio, originando o hidrargirismo (nome da contaminação).
309goya.jpgTremores físicos característicos, bem como várias patologias neurológicas designadas colectivamente de eretismo, são algumas das alterações provocadas pela intoxicação crónica por mercúrio. Timidez e irritabilidade extremas, alucinações e incapacidade de pensar correctamente, são também comportamentos típicos destas intoxicações.
Este quadro clínico, muito comum no século passado entre os chapeleiros, contribuiu para a génese da expressão “Mad as a hatter” (louco como um chapeleiro).
As alterações neurológicas por mercúrio poderão igualmente ter despertado o espírito criativo de Lewis Carroll na criação da personagem do Chapeleiro Louco, presente no intemporal “Alice No País das Maravilhas” (3).
A literatura, desta vez, não parece ter sido maior que a Vida, antes se tendo inspirado num quotidiano tão pouco poético.

O Chapeleiro foi o primeiro a quebrar o silêncio.
– Em que dia do mês estamos? – perguntou, voltando-se para Alice.
Tirara o relógio e olhava-o, inquieto, abanando-o de vez em quando e levando-o ao ouvido.
Alice pensou e depois respondeu:
– A quatro.
– Dois dias atrasado! – disse o Chapeleiro com um suspiro.
– Bem te disse que a manteiga não lhe faria bem! – acrescentou, lançando à Lebre de Março um olhar furibundo.
– Mas era manteiga da melhor qualidade! – respondeu a Lebre de Março com brandura.
– Sim, mas também devem ter entrado migalhas de pão lá para dentro – resmungou o Chapeleiro. – Não devias ter usado a faca do pão.

Aves Desafinadas
As contaminações ambientais podem influenciar directa ou indirectamente muitas funções biológicas dos seres vivos. Entre as consequências temos, por exemplo, alterações dos ciclos reprodutivos, desenvolvimento de tumores ou até o canto de algumas aves.
Investigadores americanos avaliaram o chilrear de três espécies de aves, a carriça da Carolina (Thryothorus ludovicianus), da curruíra (Troglodytes aedon) e do pardal-cantor (Melospiza melodia), numa área contaminada por mercúrio – South River, na Virgínia.

Esta área industrial foi contaminada durante mais de 30 anos, sendo os níveis de mercúrio no sangue e nas penas das aves desta região muito superiores ao das aves de áreas circundantes.
Este grupo de pássaros adquire as suas capacidades sonoras de “ouvido”, ou seja por intermédio da audição de outras aves. Este facto exclui que diferentes performances sonoras possam ser de origem genética, sendo antes um reflexo de aprendizagens distintas. Desta forma, podem ser avaliadas as implicações ambientais nas alterações dos trinados das aves.
Apesar dos resultados estarem condicionados pela diminuta amostra (veja-se, por exemplo a recta de regressão), este trabalho indicia que as aves em terrenos contaminados por mercúrio apresentam uma menor diversidade de sons emitidos do que as mesmas aves de terrenos não-contaminados.
O mercúrio parece ter assim um papel uniformizante de uma característica que tanto apreciamos nas aves: o canto.
Mas porquê? Estariam estes pássaros a enlouquecer, como os chapeleiros do século XIX?
regressão.jpgOs resultados apoiam outros autores que já anteriormente haviam demonstrado que aves vivendo próximo de siderurgias apresentavam transtornos semelhantes, isto é, os seus cantos eram menos diversificados do que aves vivendo em áreas não-contaminadas.
Poderemos pensar que se vivêssemos perto de uma siderurgia também teríamos pouca vontade de cantar….é verdade.
Mas o click para este problema musical está no facto de que as contaminações por metais, como por exemplo o mercúrio, alteram a capacidade auditiva das aves juvenis, impedindo-as de escutar na plenitude as “lições” musicais do seus pais.
Dito de outra forma: a cantoria das aves de South River tornou-se minimalista, menos diversificada, tanto no nível de intensidade, como na variedade de tons emitidos, devido às aves juvenis ouvirem mal os seus pais – os pais de adolescentes sabem do que estou a falar…
Referências:
ResearchBlogging.org
1 Hallinger, K., Zabransky, D., Kazmer, K., & Cristol, D. (2010). Birdsong Differs between Mercury-polluted and Reference Sites The Auk, 127 (1), 156-161 DOI: 10.1525/auk.2009.09058
2Jacob, V. (2005). The Elements of Murder. A History of Poison. Von John Emsley. Angewandte Chemie International Edition, 44 (45), 7332-7332 DOI: 10.1002/anie.200585343
3Waldron HA (1983). Did the Mad Hatter have mercury poisoning? British medical journal (Clinical research ed.), 287 (6409) PMID: 6418283
4 – excertos de “Alice no País das Maravilhas”
Imagens:
Peter Blake `For instance now, now there’s the King’s messenger’ , 1970
Francisco de Goya Y Lucientes, The Yard of a Madhouse, 1794 – daqui
Thryothorus ludovicianus: daqui
Gráfico – de 1.

Sinfonia de Ciência

Um sortido de opiniões sobre o que é a Ciência, por vários brilhantes profissionais.
Olhando também para a forma, uma vez que o conteúdo é excelente, digo apenas:
não deixem os vossos empregos

Poder Simples

Como gostava de transmitir informação desta forma.
Clara e directa.

Velhadas

É o que dá ter andado nisto.
Só ontem soube que estes “velhadas” tinham disco novo.
Continuam no seu melhor: em atitude e musicalmente.
Nada melhor para começar 2010.