SEGREDOS NO ÂMBAR
Para quem perdeu a palestra de Romain Vullo no Museu Nacional de História Natural, organizada pela Doutora Vanda Santos e pelo Dr. Nuno Rodrigues, em Dezembro passado, aqui ficam algumas imagens dos restos de animais encontrados no âmbar das jazidas de Charentes bem como o resumo da notícia:
“Paleontologists from the University of Rennes (France) and the ESRF have found the presence of 356 animal inclusions in completely opaque amber from mid-Cretaceous sites of Charentes (France). The team used the X-rays of the European light source to image two kilogrammes of the fossil tree resin with a technique that allows rapid survey of large amounts of opaque amber. At present this is the only way to discover inclusions in fully opaque amber.
Opaque amber has always been a challenge for paleontologists. Researchers cannot study it because the naked eye cannot visualize the presence of any fossil inclusion inside. In the Cretaceous sites like those in Charentes, there is up to 80% of opaque amber. It is like trying to find, in complete blindness, something that may or may not be there.
However, the paleontologists Malvina Lak, her colleagues from the University of Rennes and the ESRF paleontologist Paul Tafforeau, together with the National Museum of Natural History of Paris, have applied to opaque amber a synchrotron X-ray imaging technique known as propagation phase contrast microradiography. It sheds light on the interior of this dark amber, which resembles a stone to the human eye. “Researchers have tried to study this kind of amber for many years with little or no success. This is the first time that we can actually discover and study the fossils it contains”, says Paul Tafforeau.
The scientists imaged 640 pieces of amber from the Charentes region in southwestern France.
They discovered 356 fossil animals, going from wasps and flies, to ants or even spiders and acarians. The team was able to identify the family of 53% of the inclusions.
Most of the organisms discovered are tiny. For example, one of the discovered acarians measures 0.8 mm and a fossil wasp is only 4 mm. “The small size of the organisms is probably due to the fact that bigger animals would be able to escape from the resin before getting stuck, whereas little ones would be captured more easily”, explains Malvina Lak.
The surface features of amber pieces, like cracks, stand out more in the images than the fossil organisms in the interior when using synchrotron radiation. In order to solve this problem, scientists soaked the amber pieces in water before the experiment. Because water and amber have very similar densities, immersion made the outlines of the amber pieces and the cracks almost invisible. At the same time, it increased overall inclusion visibility, leading to better detection and characterization of the fossils.”
Notícia – daqui e daqui (com vídeo)
Legendas da imagens – na notícia
Imagens – M. Lak, P. Tafforeau, D. Néraudeau (ESRF Grenoble and UMR CNRS 6118 Rennes
Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais
Informação recebida de Porfírio Silva, Instituto de Sistemas e Robótica,
Instituto Superior Técnico.
“É já na próxima segunda-feira, 7 de Abril, a primeira conferência do ciclo “Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais”.

Mais informações estão disponíveis e são regularmente actualizadas em http://institutionalrobotics.wordpress.com.”
DINO POR ELEFANTE?
Em linguagem comum: como confundir um elefante com um dinossáurio!
Resumo da notícia da Reuters:
“A police officer displays a fossil jawbone they found while investigating a suspicious package on a bus in the mountains of Peru, during a news conference in Arequipa March 25, 2008. The fossil, initially identified by acheologist Pablo de la Vera Cruz of the National University as possibly that of a triceratops, weighs some 19 pounds and was found in the cargo hold of an interprovincial bus.”
O que parece da foto é que o arqueólogo em causa não sabe o mínimo de anatomia comparada, confundindo um dinossáurio pela mandíbula de um qualquer Proboscidea fóssil…
Moral da História:
1- se queres aparecer na Reuters diz-lhes que encontraste seja o que for de dinossáurio, nem que seja um leitor de MP3;
2- em caso de dúvida sobre um fóssil pergunta sempre a um arqueólogo, assim como assim, o Indiana Jones sabia de tudo.
3- Não perguntes a opinião a um paleontólogo porque o nome é muito difícil de ser dito;
4- O Dumbo era um dinossáurio, toda a gente sabe…;
5- só espero que a credibilidade do resto das notícias da Reuters não seja aferida por esta.
Agora comparem a imagem da uma mandíbula de mamute norte-americano com a de uma mandíbula de um Triceratops.
Notícia – daqui
Comentário – daqui
Imagens – Reuters/Stringer; mandíbula de mamute – daqui; Triceratops – Kris Kripchak
TV GEOLÓGICA
Uma excelente (apesar de não a ter visto) série de televisão.
Porque ser e pertencer a um país é conhecer a sua história humana, mas também a sua história natural.
A televisão pública canadiana produziu uma série sobre a história geológica do seu país.
E ouve os seus geólogos.
E porque não não fazer o equivalente em Portugal?
A nossa diversidade geológica é grande e permite-nos perceber a paisagem que nos rodeia, seja natural ou humanizada.
Para não termos apenas ideias para onde vamos.
Dois excertos – um clip sobre as Montanhas Rochosas e outro com entrevista ao paleontólogo Michael Melchin – como “veio” para a Ciência, sobre a evolução de diversos grupos de invertebrados, entre outros assuntos.
ROBÓTICA – LEVANTA-TE E CAMINHA
O meu queixo caiu…
Impressionante a capacidade de locomoção desta máquina, do enorme potencial de processamento de informação e de reacção a novas situações.
Enfim, praticamente um ser vivo ao nível do movimento.É um projecto financiado pelo Departamento de Defesa norte-americano.
A sequência da neve, da quase queda no gelo, a “agressão” que esta besta mecânica sofre e o momento (em laboratório) do coice são prodígios da robótica – lindo!
Boston Dynamics
E como grande parte das construções humanas, esta também vai “beber” à Natureza…
Outro dos modelos biológicos de locomoção são os insectos pois são capazes de se movimentarem em quase todos os ambientes.
Mas também os vertebrados, nomeadamente as osgas pelas propriedades aderentes das suas patas.
Não é copiar, é homenagear a Natureza, esta apropriação de métodos!
Ver mais aqui – Polypedal Laboratory, University of Berkeley
Imagem – Peter Menzel
PALEO FOI À RÁDIO
Apesar da simpatia, generosidade e o sentido de humor de Ana Sousa Dias, o cansaço do paleontólogo de serviço foi mais forte.
Mas deu para falar da Patagónia, China, do Tempo, de dinos com radioactividade, de ping-pong e de muito mais, com uma excelente conversadora.
A ouvir aqui a entrevista no Rádio Clube Português, de 5ª feira, 20 de Março de 2008 (ficheiro MP3). |
Para quê estudar Dinossáurios e outros fósseis que tais?
Retomo um texto que publiquei no jornal Diário de Aveiro em Agosto de 2004.
Para que não me esqueça…
“Tenho tanta curiosidade da Terra…traz-me coisas da Terra.”
Este trecho do livro “A Menina do Mar”, de Sophia de Mello Breyner, paradoxalmente ou não, fez-me pensar que nos tempos que correm é cada vez mais difícil explicar às pessoas o porquê e para quê serve a Paleontologia.
A Paleontologia não é uma história da vida que esteja escrita nos manuais e nos artigos científicos da especialidade; é contada antes pelos fósseis e pelos estratos rochosos. Estes, são pequenos fragmentos de uma história muito maior e complexa que necessita ser interpretada e explicada. É aqui que a Paleontologia poderá ir buscar motivos para a sua existência. Certo é que os fósseis existem por si; poder-me-ão dizer que não necessitam de mais explicações. A verdade é que eles ganham “vida” quando os colocamos no “sítio” certo, no “filme” que foi, é e (provavelmente) será a vida neste planeta. Este filme, apesar de cada vez mais completo, nunca passará de um conjunto pequeníssimo de fotogramas. É a Paleontologia que faz a análise do “filme projectado” ao longo dos milhões de anos da história da Terra. Este “filme” da vida ora acrescentou ora fez sair de cena personagens da trama, de uma maneira acidental e imprevisível, condicionando evolutivamente a actualidade biológica.
A Paleontologia vai buscar as suas ferramentas quer à Biologia quer à Geologia. Esta ciência, ao contrário da biologia ou química, não é uma ciência experimental. Os paleontólogos raramente são capazes de testar as suas hipóteses através de experiências laboratoriais; contudo, e apesar disso, conseguem testá-las.A descoberta de Archaeopteryx (fóssil animal do Jurássico que “representa” um dos elos de transição evolutiva entre os dinossáurios e as aves, com características anatómicas de ambos) fez ampliar a hipótese, já anteriormente proposta, da relação de parentesco entre aqueles grupos animais. Descobertas posteriores, especialmente as feitas no séc. XX, vieram acrescentar mais provas ao processo hipotético-dedutivo de testagem daquela hipótese.
As comparações feitas por Georges Cuvier no século XIX entre os Mamutes e os elefantes actuais não proporcionaram apenas evidências das extinções em massa (acontecimentos originados por causas geológicas, biológicas ou mesmo extra-terrestres que originaram o desaparecimento em grande escala de fauna e flora); originaram igualmente implicações sócio-políticas, em que revolução e substituição eram mensagens implícitas. De igual modo, a história da Terra e a das nações pareciam sofrer de processos semelhantes.
Os fósseis são parte das “coisas da Terra” que nos são contadas… Dão-nos a conhecer o que não podemos experimentar pelos sentidos – o passado, o desaparecido, aquilo que foi, quando não estávamos cá.
Imagem – “A menina e o mar” ©2005-2007 renatoalvim)
HD 189733b – “VIDA” EXTRA-SOLAR?
O telescópio Hubble detectou moléculas orgânicas na atmosfera de um planeta extra-solar.
O planeta, de tamanho semelhante a Júpiter, apresenta metano sendo a primeira vez que se detecta esta molécula orgânica fora do Sistema Solar. O HD 189733b está localizado a 63 anos-luz da constelação Vulpecula.
Já em Julho de 207 tinha sido descoberta água neste planeta.
AGRICULTOR DE BALCÃO
Não sei se era o apelo telúrico.
Ou a crise que impele à acção o agricultor citadino recalcado.
Ou ainda um mero passatempo.
A verdade é que se discutiam e comparavam sementes de coentros e de salsa.
Trocavam-se argumentos quanto ao calcamento da terra.
Adubavam-se conselhos hídricos.
E tudo ao balcão de um café em pleno centro de Lisboa, junto ao Príncipe Real.
Imagens – daqui