No final é só o que resta
No final é só o que resta.
Afinal desde o começo que já cá estava.
Apenas levemente suspensa, pela outra.
Mas sempre presente.
A única companheira.
No arrastar dos dias, tapada entre outras neblinas, é a única certeza.
Ou quase.
Olhamos o céu, o mar, ou espelho, e ei-la.
Julgamo-nos maiores que ela porque a pensamos e reconhecemos.
Maiores que todas as vidas que nos rodeiam e que temporariamente a encobrem.
Sozinhos com ela.
“(..) workers of the ant Temnothorax unifasciatus dying from fungal infection, uninfected workers whose life expectancy was reduced by exposure to 95% CO2 and workers dying spontaneously in observation colonies exhibited the same suite of behavior of isolating themselves from their nestmates days or hours before death. Actively leaving the nest and breaking off all social interactions thus occurred regardless of whether individuals were infected or not. Social withdrawal might be a commonly overlooked altruistic trait serving the inclusive fitness interests of dying individuals in social animals.”
«”When Pansy lay down in a nest that one of the other apes had made, the rest gathered around her and began grooming and caressing her. Shortly before she died, all three crouched down and inspected her face very closely. They then began to shake her gently. “It is difficult to avoid thinking that they were checking for signs of life,” said Anderson.
“After a time, it seemed that the chimpanzees arrived at a collective decision that she had gone. Two left immediately, but one, the other adult female, stayed and held her hand,” said Anderson.»
Referências:
Heinze, J., & Walter, B. (2010). Moribund Ants Leave Their Nests to Die in Social Isolation Current Biology, 20 (3), 249-252 DOI: 10.1016/j.cub.2009.12.031
Imagem:
Magdalen of the night light, Georges de La Tour
Rápidas e promíscuas
As chitas (Acinonyx jubatus) constituem um dos animais favoritos dos documentários da vida selvagem.
Graciosas, esguias, tornam-se facilmente em heroínas das novelas da vida selvagem.
Para além disso são, se não o mais rápido, um dos animais terrestres mais velozes – atinge como pico de velocidade 112 km/h.
Esta especialização na velocidade acarretou perda de resistência e de robustez – as perseguições raramente duram mais de 15 segundos e escassas centenas de metros.
Socialmente, as chitas apresentam também algumas peculiaridades. Ao contrário de outros felídeos, em que o território ocupado pelos machos excede os das fêmeas, no caso das chitas as fêmeas são verdadeiras “rainhas” territoriais – no parque nacional do Serengueti verifica-se uma média de 833 km2 para as fêmeas contra apenas 37 km2 para os machos. As estratégias dos machos para a preservação de território passam por associação de vários indivíduos, geralmente grupos de irmãos.
Os imensos territórios ocupados pelas fêmeas, quando comparados com os dos machos, parecem facilitar o encontro de parceiros masculinos.
Para além de terem menos território, os machos apenas contactam com as fêmeas durante a época de acasalamento não contribuindo para a alimentação e protecção das crias.
A análise genética das fezes das crias de chita, no Serengueti, permitiu concluir que em cada ninhada a paternidade é múltipla, ou seja, as fêmeas tinham copulado com vários machos.
Este comportamento, poliandria, pode ser justificado para evitar a morte das crias por parte dos machos que não sejam os progenitores.
Por outro lado aumenta a variabilidade genética, potencialmente favorecedora de vantagens evolutivas na descendência.
A poliandria, parece ajudar igualmente a manutenção das coligações de machos pois, mantendo-se em grupos, terão maiores oportunidades de acasalamento.
O acasalamento das chitas é um fenómeno que raramente foi observado na natureza sendo estas conclusões obtidas indirectamente pela análise do património genético das crias.
Fonte: Gottelli D, Wang J, Bashir S & Durant SM (2007) Genetic analysis reveals promiscuity among female cheetahs. Proceedings of the Royal Society of London B doi:10.1098/rspb.2007.0502
Imagens: http://planet-earth.nnm.ru/dikie_koshki_i_kotyata_chast_5_gepard_remake