Mary Astell
Mary Astell nasceu em 1666 em Newcastle, Reino Unido. Filha única de uma família respeitada, teve uma educação informal, recebendo ensinamentos de seu tio, um clérigo. Após a morte de seu pai, sua família enfrentou dificuldades financeiras, o que a levou a se mudar para Chelsea, onde buscou patrocínio para seus estudos e se envolveu com intelectuais da época.
Astell destacou-se por seu profundo interesse no tema da educação das mulheres, uma preocupação frequentemente ignorada por filósofos contemporâneos a ela, como Locke e Spinoza. Um de seus argumentos era o de que a falta de educação contribuía para que as mulheres adquirissem vícios e se distanciassem da verdadeira virtude e felicidade. Embora deixe claro em seus escritos que não desejasse subverter as hierarquias sociais, Astell almejava que as mulheres fossem donas de si mesmas, e que tivessem direito a uma educação religiosa e moral.
Astell também desenvolveu críticas importantes ao casamento, que era considerado por ela um instrumento de opressão das mulheres. Em seus escritos, ela expõe como muitas mulheres eram forçadas a se submeter ao casamento e à vontade de seus maridos. É dessa crítica que surge seu questionamento na forma da famosa frase: “Se todos os homens nascem livres, por que as mulheres nascem escravas?”.
A autora também desenvolveu uma metodologia de aprendizado que tinha por objetivo permitir o desenvolvimento intelectual e espiritual das mulheres. Através das regras de seu método, ela buscava incentivar o pensamento analítico e sistemático para as mulheres, que visava possibilitar que elas se tornassem críticas e independentes, algo incomum para a época.
Entre suas obras mais conhecidas está Letters Concerning the Love of God [Cartas sobre o Amor de Deus] (1695) e Some Reflections Upon Marriage [Algumas Reflexões sobre o Casamento] (1700).
Sobre a autora do verbete: Yasmim Pontes é graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestranda em Educação no Programa de Pós-graduação em Educação (UFRJ), bolsista CAPES. É membra do grupo de pesquisa Outros Clássicos: História da Filosofia e Educação (FE-UFRJ/CNPq), membra do New Voices on Women in the History of Philosophy (Paderborn University – Alemanha), contribuidora do ProjectVox (Duke University – EUA). Ganhadora do prêmio MITACS Globalink Research Award (2022). Ganhadora da primeira edição do Prêmio Elisa Frota Pessoa.
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