Curso gratuito do Observatório Nacional

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O Observatório Nacional abriu inscrições para o curso a distância de Astrofísica do Sistema Solar. Completamente gratuito, realizado online e com duração até agosto de 2010 (carga horária de 120 horas), o curso ainda fornece um certificado àqueles que o completarem com nota mínima 7,0.

Clique para maiores informações e inscreva-se! [dica do RicBit]

Uma questão de escala

Ainda outro vídeo ilustrando a escala de grandes corpos celestes. Clique para conferir a versão em alta definição no Youtube. Ao final, para fornecer uma noção intuitiva do tamanho da maior estrela conhecida, menciona-se que a bordo de um avião a 900km/h, levaria apenas 1.100 anos para completar uma única volta em seu equador.

Nenhuma das religiões jamais sonhou com escalas tão vastas para o Universo. Algumas, como certas tradições principalmente orientais, chegaram sabiamente a sugerir números vastos para o cosmo em que vivemos, sem no entanto desconfiar que mesmo suas lendas mais selvagens eram pequenas frente à realidade. Outros cultos se atreveram à visão, que agora nos deve parecer absurda, de que estávamos no centro de um Universo de dimensões incrivelmente comezinhas, proporcionais à visão daqueles que imaginaram tal cosmo – e o atribuíram, claro, à revelação divina. Mesmo o nosso Sol, uma estrela mediana que vemos diariamente, já é muito maior do que o tamanho do Universo que esse suposto “deus” teria revelado aos antigos.

Longe da revelação, é surpreendentemente o conhecimento, objetivo, verificável e independente de simples fé que nos apresenta um Universo infinito, povoado por corpos de dimensões e escalas para as quais mal temos nomes, de fato, para as quais precisamos inventar nomes.

“A verdade não tem que ser aceita com fé. Os cientistas não seguram suas mãos todo domingo, cantando: Sim, a gravidade é real! Eu vou ter fé! Eu devo ser forte! Amém!” –Dan Barker

[Bad Astronomy, 3QD]

Um tapete voador no espaço

Tapetes voadores existem. Pelo menos em microgravidade, como o astronauta japonês Koichi Wakata, a bordo da Estação Espacial Internacional desde março, demonstra no vídeo acima. É apenas um de 16 exercícios malucos sugeridos pelo público no Japão, indo de dobrar roupas e nadar pelo ar a pingar colírio nos olhos.

Continue lendo para a lista completa traduzida, essencial para apreciar o vídeo em toda sua glória.

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Cheirando estrelas nos confins do Universo

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As estrelas só estão acessíveis a nós por exploração visual à distância. … Nunca poderemos por qualquer meio estudar sua composição química … Considero qualquer noção a respeito da verdadeira temperatura média de várias estrelas como para sempre negadas a nós”. – Augusto Comte, Curso de Filosofia Positiva, 1835.

Para o famoso filósofo francês, certos conhecimentos seriam eternamente inacessíveis. Entre eles estava a composição química ou mesmo física das estrelas, tão imensamente distantes. Mesmo nosso Sol se situa a em torno de 150 milhões de quilômetros de distância, à velocidade luz são oito minutos de viagem. Se o Sol explodisse neste exato momento, ainda teríamos oito minutos da mais completa normalidade até que a catástrofe fosse finalmente notada.

Praticamente todas as outras estrelas no céu estão a distâncias medidas em muitos e muitos anos-luz, tão distantes que mesmo com os mais potentes telescópios continuam sendo pouco mais que minúsculos pontos de luz. Como poderíamos pretender descobrir algo sobre a composição química ou mesmo a estrutura física de pontos de luz que jamais visitamos? As estrelas poderiam ser mesmo pontiagudas, de formas excêntricas ou terem grandes propagandas de marcas intergalácticas em sua superfície, e nós provavelmente nunca saberíamos porque à distância em que se encontram, são meramente pontos de luz. Poderiam ser mesmo pequenos furos em uma grande abóbada celeste.

Pois bem, ainda não cheiramos estrelas. Nem mesmo nosso Sol. Nunca enviamos sondas para coletar amostras da superfície solar, e é pouco provável que o façamos tão cedo. Ainda temos as estrelas acessíveis apenas por “exploração visual à distância”. E ainda assim sabemos, ou pelo menos os astrônomos nos dizem muito, a respeito do Sol e até mesmo estrelas e objetos celestes a bilhões de anos-luz.

Com o perdão do terrível trocadilho, o que os astrofísicos andam cheirando?

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Uma noite estrelada no Brasil

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“Explicação: Esta imagem panorâmica traçando constelações no céu austral exibe uma bonita visão em direção ao centro de nossa Galáxia Via Láctea. Ela foi registrada no mês passado perto da cidade de Campos no nordeste do estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Um campo de cana de açúcar de uma das fazendas históricas da região pode ser vista no primeiro plano. Da esquerda para a direita, a vista varre através do Centro Galáctico em Sagitário (Sagittarius), estrelas brilhantes na cauda de Escorpião (Scorpius), o Pólo Sul Celestial (South Celestial Pole) acima e à direita da lacuna na plantação de cana, a escura Nebulosa Saco de Carvão (Coalsack Nebula), e o Cruzeiro do Sul (Southern Cross). O sistema estelar mais próximo, Alpha Centauri, e o aglomerado de estrelas gigante Ômega Centauri também cintilam no céu estrelado”.

Imagem Astronômica do Dia 09/05/09, Créditos e direitos autorais : Babak Tafreshi (TWAN)

Mais imagens astronômicas do iraniano Tafreshi na galeria em TWAN. E astronomia no ScienceBlogs Brasil no Big Bang Blog.

Problemas com o motor de dobra, capitão

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“Mostramos como … é possível modificar o espaço-tempo de forma a permitir que uma espaçonave viaje a uma velocidade arbitrariamente grande. Através de uma expansão puramente local do espaço-tempo atrás da espaçonave e uma contração oposta a ela, movimento acima da velocidade da luz … é possível. A distorção resultante lembra o ‘motor de dobra espacial‘ da ficção científica. No entanto, assim como ocorre com buracos de minhoca, matéria exótica será necessária para gerar uma distorção de espaço-tempo como a discutida acima”.

É como o físico Miguel Alcubierre definiu de forma tão sucinta idéias tão cheias de esperança e significado para a Humanidade. Afinal, era o sumário de seu paper científico publicado em 1994, e sumários devem ser sucintos. Ainda que informem como as mais tresloucadas fantasias espaciais seriam possíveis. Cruzar a Galáxia em uma Enterprise se tornava algo fisicamente plausível, distanciando-se do reino dos unicórnios rosa voadores e se aproximando do mundo em que pagamos nossas contas.

Provar que a viagem acima da velocidade luz é possível é extremamente importante quando uma das mais famosas – e também verificadas – teorias científicas do século passado, nada menos que a famosa Teoria da Relatividade, sugere o contrário. À medida que uma partícula é acelerada ela ganha energia, que equivale a massa. Quanto mais rápido, maior massa, e mais difícil se torna ganhar mais velocidade. Neste jogo onde quem corre mais rápido se torna cada vez mais pesado, para chegar à velocidade luz seria necessária uma energia infinita. Ultrapassá-la seria impossível.

O motor de dobra dribla esta limitação com o que aparenta ser uma brecha no regulamento da corrida. Mal comparando, o regulamento não impõe essas limitações ao pano sobre o qual se está correndo. Estique o pano atrás de você, encolha o pano à sua frente. Dobre o espaço-tempo com seu warp drive, seu motor de dobra. Viole o limite de velocidade sem violar o limite de velocidade.

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Poucos anos depois da publicação de Alcubierre, o belga Chris Van Den Broeck mostrou mesmo como o mecanismo poderia ser mais eficiente. Ao invés de dobrar vastas “áreas” de espaço-tempo, Broeck indicou que se poderia dobrar apenas um fino “círculo” (sempre com referência a projeções em planos). A energia necessária para viajar acima da velocidade luz ainda seria gigantesca, os mecanismos detalhados ainda desconhecidos, mas “o primeiro motor de dobra … se tornou um pouco menos improvável”, concluía Van Den Broeck.

Bem, más notícias. Novos estudos tornam o primeiro motor de dobra um tanto mais improvável. Em um trabalho sóbrio submetido em 1 de abril passado, os italianos Stefano Finazzi, Stefano Liberati e Carlos Barceló exploram os efeitos de outra grande teoria científica do século passado no motor de dobra. Com resultados nada positivos. Analisando os efeitos da física quântica e retornando a sumários, alertam que:

“De um lado, um observador localizado no centro de uma bolha de dobra espacial a velocidade superluminal genericamente experimentaria um fluxo térmico de partículas Hawking. E principalmente, … concluímos que geometrias de motor de dobra são instáveis“.

As partículas de Hawking de que os italianos falam se referem exatamente àquele Hawking que você deve conhecer. Em uma de suas mais famosas sacadas, Stephen Hawking demonstrou que ao aplicar a física quântica aos buracos negros, vê-se que eles não são tão negros assim e de fato emitem uma radiação que emana de seu horizonte de eventos, uma área um tanto especial do espaço-tempo. E isso tem muito a ver com motores de dobra espacial: as áreas severamente “dobradas” também acabarão agindo grosso modo como horizontes de eventos e emitirão intensas radiações, que devem tornar a área interior da dobra um ambiente inóspito.

Não apenas isto, uma outra propriedade da física quântica, um tal de tensor de momento-energia renormalizado, tenderia a aumentar descontroladamente nas regiões dobradas acima da velocidade luz, fazendo com que a dobra seja destruída. Se ainda não sabemos como criar um motor de dobra, esses obstáculos teóricos mostram que ainda que soubéssemos criar as condições apropriadas, os motores não funcionariam.

Dificuldades com o motor de dobra não são novidade. Viajar acima da velocidade luz parece estar intrinsecamente ligado com a possibilidade de viajar ao passado, talvez não por coincidência outra grande dificuldade – Jornada nas Estrelas e De Volta para o Futuro de uma só vez pode ser demais.

Alguns podem lamentar que a ciência pareça frequentemente jogar água fria em fantasias, mas se você é daqueles que apreciam a idéia de viajar por uma Galáxia de milhares de anos-luz, deve se lembrar de que foi apenas a ciência que nos mostrou que existe não só uma Galáxia gigantesca, mas um Universo infinito para explorar. As mais selvagens fantasias de nossos ancestrais por vezes eram tão pífias a ponto de limitar o espaço infinito a uma perfeita – e muito monótona — abóbada celeste, girando em torno deste único planeta cheio de imperfeições.

Blake Stacey escreveu muito melhor como “sabemos que as estrelas são sóis distantes com seus próprios planetas em órbita de suas fornalhas nucleares porque praticamos a ciência. É a ciência que nos permitiu saber que as estrelas são alvos de descoberta e exploração. O conhecimento de que estão a anos-luz de distância, e de que o EmDrive não irá nos ajudar a chegar até elas é o preço que pagamos para conhecer seu valor“.

E, afinal, o motor de dobra, ou algum outro meio de propulsão acima da velocidade luz, ainda podem ser possíveis. É apenas através das melhores características da ciência – a combinação engenhosa de criatividade e rigorosa verificação – que algum dia poderemos esperar transformar ficção em realidade, indo aonde nenhum homem jamais esteve. Se surgiram problemas, agora sabemos que basta encontrar soluções. Talvez “reverter a polaridade” ajude.

Desde já, no entanto, fica a dica: evite camisas vermelhas.

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Mais:

Quantum setback for warp drives

A Serendipitous Encounter with Warp Drive

Alcubierre warp drive

Referências:

Alcubierre, M. "The Warp Drive: Hyper-fast Travel within General Relativity," Classical and Quantum Gravity, 11(5), L73-77 (1994).

Broeck, C. van den. "A ‘warp drive’ with more reasonable energy requirements," Classical and Quantum Gravity, 16, 3973-79 (1999).

Finazzi, S., Liberati, S., Barceló, C., “Semiclassical Instability of Dynamical Warp Drives“.

“Quem jamais te esqueceria”

Assista a esse vídeo na página no Youtube em alta resolução, ao som de “Terra de Caetano Veloso, e relembre a antiga abertura do programa “Planeta Terra” na TV Cultura. Lástima das lástimas, não há versão online daquela abertura, mas vai aqui um trecho desta bela música de Caetano (clique “play” ao mesmo tempo nos dois vídeos, já que o da NASA não possui áudio, e aproveite):

Capturadas pela missão STS-119 do ônibus espacial Discovery que acabou de retornar ao planeta ontem, a visão da esfera azul coberta de nuvens como fundo para a Estação Espacial Internacional flutuando placidamente deve inspirar obras tão ou mais belas que músicas como a de Caetano. Claro que você tem que assistir às imagens em alta resolução.

Lá está uma residência permanente de seres humanos, a centenas de quilômetros de altura, ainda ligada ao poço gravitacional do planeta mas prenunciando um dos passos mais importantes para que as criaturas que vivem lá embaixo explorem mundos distantes. Criaturas que por eventos tão fortuitos – e, tão bem-afortunados – desenvolveram a capacidade de compreender e apreciar estas belezas de seu mundo e por isso mesmo estejam ansiosas para conhecer as que estejam além.

E que algum dia, esperamos não tão distante, o “errante navegante”, “por mais distante” no espaço, jamais deva esquecer das belezas desta Terra. Que as granulosas e primitivas imagens que Caetano viu na cela de uma prisão nunca sejam esquecidas, ainda que sejam suplantadas por vídeos em alta resolução partilhados no Youtube em questão de poucos dias depois de capturadas.E que seja um paraibano errante navegando com uma morena em um planeta distante que se lembre da Terra. Compreender a natureza através da ciência pode ser o caminho para apreciar suas belezas de formas que podem inspirar mesmo os mais sonhadores dos poetas. [via Fogonazos]

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