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Viva a segregação!
Esses dias recebi uma notícia legal, uma gravidez temporã na família. Já é o 4o mês de gestação e nos exames de ultrassom o feto sempre estava numa posição na qual era impossível ver o sexo. Após a última ultrassonografia o médico solicitou um exame do líquido amniótico, tanto devido à sexagem quanto a outras condições da gravidez tardia. No exame, uma agulha guiada pelo ultrassom é inserida dentro da placenta e retira dali alguns mililitros do líquido dentro do qual o bebê fica imerso, como esta bolsa e líquido são produtos do bebê, e não da mãe, os chamados anexos embrionários, analisar as células dali é como analisar as células do próprio bebê.

Infelizmente eles não são coloridos assim dentro das suas células.
Fonte: www.brasilescola.com
Mas o que se pode analisar num exame desses? A disposição dos cromossomos do feto pode falar muito sobre sua identidade e saúde. Nós humanos temos um conjunto de 46 cromossomos, 22 pares que tendem a ser idênticos e dois cromossomos sexuais. Os cromossomos sexuais podem ser iguais nas mulheres (XX) ou diferentes nos homens (XY), então ao ver os cromossomos do feto podemos descobrir seu sexo a despeito de seus esforços para manter as perninhas fechadas. Mas não é só, a cariotipagem pode mostrar um monte de coisas sobre alterações cromossômicas.
A segregação que exalto no título não tem nada que ver com preconceito, me referia à segregação cromossômica. Na divisão celular o material genético da maioria dos organismos se duplica e depois se organiza na forma de cromossomos para ser repartido entre as células-filhas. A regra é que metade seja arrastada para uma célula e a outra metade para a outra através de uns filamentos de proteína conhecidos como centríolo. É exatamente isso que ocorre na formação de células como os espermatozóides e os óvulos. Eventualmente, no lugar de puxar um cromossomo de cada tipo para cada célula filha, dois cromossomos vão parar na mesma célula reprodutiva e nenhum na outra. Depois que ocorre a fecundação então passaríamos a ter três cópias ou uma cópia de um determinado cromossomo, em vez das duas usuais. O resultado disso pode variar desde efeitos menos severos como os encontrados em homens XYY (muita espinha na adolescência e alta estatura) até efeitos bem severos como a síndrome de Edwards (três cópias do cromossomo 18) e Patau (três cópias do 13), nas quais a criança apresenta mal-formações graves e pode ser abortada ou não ultrapassa os primeiros anos de vida.
Felizmente o exame nos revelou que nascerá uma menina, a Laura, e que ela tem todos os cromossomos no lugar. Estamos todos ansiosos.
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Pensamento de Segunda
Porque há grandes chances de que em breve o senhor poderá cobrar impostos sobre ela.
Resposta quase profética de Michael Faraday quando o Primeiro Ministro britânico lhe perguntou por que ele fazia pesquisa básica em eletricidade.
A marmota fóbica
Naquela manhã, no consultório psicanalítico…
-Doutora, acho que o próximo cliente chegou. – Avisou a recepcionista. -Acho melhor a senhora vir recebê-lo.
A terapeuta se perguntava de que adiantava ter uma recepcionista que não recebe os clientes quando se lembrou quem estava agendado para aquele horário, um jovem machinho magricela da marmota de barriga amarela. O bichinho era um caso de fobia daqueles de ilustrar livro-texto! Jamais ficaria a sós na sala de espera com a recepcionista novata. Sua última secretária foi dispensada depois de exigir um altíssimo adicional por insalubridade. Ela se apavorou com a antessala do consultório coberta de serpentes de jardim num frenesi sexual grupal. Não adiantou dizer que as serpentes eram totalmente inofensivas, exceto para as lesmas.
Na recepção a marmota enfiava lentamente a carinha pela porta sem tirar os olhos da secretária, assim que ela olhava para o cliente, este fugia guinchando apavorado.
-Pode entrar, Sr. Marmota, está tudo seguro por aqui. – Gritou a psicóloga sem perseguir o cliente. O animalzinho entrou se esgueirando pelos cantos, o mais distante que conseguia da secretária e sem desgrudar os olhos desconfiados dela.
Dentro do consultório o roedor sempre ficava mais confortável, subiu no divã e encarou a doutora.
-Seu coração está disparado e a respiração ofegante. Está tendo um ataque de pânico?
-Nada disso, doutora. É que subi de escadas.
-Ao 16° andar!?
-É que tenho medo de elevador.
-Sim, me recordo. E como foi a vinda para o consultório hoje?
-Tensa como sempre, né doutora. Detesto caminhar pela cidade. Cada rua que atravesso tenho certeza de que serei atropelado. Cada pedestre que cruzo penso que é um bandido. Mas sei que preciso vir, senão nunca mais sairia da minha toca.
-Compreendo. Que bom que você enfrentou seus receios e veio me ver hoje. Já faltou a duas sessões recentemente, não? Deixe-me consultar minha agenda…
Ao abrir a gaveta o móvel soltou um rangido que foi suficiente para iniciar o rebuliço. Seu cliente saltou de cima do divã numa fração de segundos, enfiando-se no estreito vão sob uma cômoda de madeira sobre a qual a doutora deixava um busto de porcelana do Freud e outro do Lorenz. Com o solavanco os dois pensadores despencaram espatifando-se no chão. A psicanalista correu de sua cadeira em socorro aos bibelôs quando já era tarde demais, mas seu rompante fez a marmota fugir novamente, dessa vez para baixo da poltrona da doutora.

Machos jovens são tanto mais responsivos a gritos de alarme quanto mais susceptíveis à predação
Fonte: http://ecobirder.blogspot.com/
-Que bagunça! Olha o que o senhor fez com meu consultório! O que foi que houve?
-Um grito! Escutei alguém emitir um grito de alarme. Um coiote deve estar por perto, fuja doutora. – sussurrava o roedor apavorado.
-Não há nem coiote nem grito de alarme, Sr. Marmota. Foi só minha gaveta que está emperrada. E olha o estado que ficou a minha sala! Saia já de baixo da minha poltrona. -Exigiu a psicanalista enquanto puxava de seu esconderijo o cliente que se segurou como pode.
-A senhora tem certeza? Nenhum coiote? -Perguntava a marmota de olhos arregalados e garras cravadas no chão.
A terapeuta, cenho franzido e olhos vidrados, segurou o cliente pelo que seria seu colarinho enquanto observava o caos que se instalara ao redor.
-Senhor Marmota, eu até compreendo que, sendo um macho jovem e não estando na sua melhor forma física, o senhor tem motivos para se preocupar. Mas o senhor sabe que aqui no consultório está seguro. Por que fez essa bagunça toda? Você quebrou meus enfeites!
A doutora colocou seu cliente amedrontado no chão, já meio arrependida do rompante. Ela juntou os cacos dos bibelôs com os pés, recolocou a poltrona no lugar e esticou o tapete no chão. Enquanto isso a marmota recobrava o fôlego de volta ao divã. Na hora em que foi devolver a agenda para a gaveta a psicanalista esqueceu do barulho. O Sr. Marmota saiu pela porta como um foguete, mas a doutora não o seguiu. Melhor assim, mas preciso lubrificar essa gaveta.
Lea, A., & Blumstein, D. (2011). Age and sex influence marmot antipredator behavior during periods of heightened risk Behavioral Ecology and Sociobiology DOI: 10.1007/s00265-011-1162-x
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Pensamento de Segunda
Se você acha pesquisa científica uma atividade cara, é porque ainda não viu o preço da ignorância.
Mary Lasker
A siba mitomaníaca
Naquela manhã no consultório psicanalítico…
A recepção estava em silêncio e já passava do horário da próxima cliente. A secretária havia tirado a manhã para ir ao médico, estava com medo de ter sido contaminada por um pai barata d’água que estava em crise com medo de não serem seus os ovinhos que protegera com tanto afinco.
A doutora resolveu procurar do lado de fora e percebeu um vulto esgueirando-se do vaso de plantas em direção ao balcão da atendente. Agora, olhando para o balcão, tudo parecia normal. O pote de caramelos, a agenda, os dois porta-lápis, o retrato da família da secretária. Dois porta-lápis? Ali costumava haver um só!
– Bom dia, Srta. Sepia, pode sair do seu esconderijo. Já a vi. – Ao perceber que tinha sido descoberta a siba se dismilinguiu sobre o balcão, os bracinhos, antes perfeitamente parecidos com lápis e canetas coloridas, murchos sobre a mesa e todo seu corpo num tom pálido e decepcionado.
à esquerda o porta-lápis, à direita a siba camuflada de porta-lápis. Repare como os braços imitam bem os lápis.
Fonte: www.submarino.com.br
-Vamos entrando. – Disse a doutora enquanto fechava a porta e a cliente se deitava no divã. Ao virar-se o consultório parecia novamente vazio. – Minha cara, você se importa de NÃO imitar o padrão de cor do estofado. Não me sinto muito à vontade conversando com minha mobília.
-Desculpe doutora. É tão difícil me controlar!
-Controlar… – Ecoou a analista nem em tom de afirmação nem de pergunta, só para instigar a cliente a falar mais.
-É. Não paro de me camuflar.
-Se camuflar? Você gosta de parecer aquilo que não é? – Continuou a terapeuta.
-Não, quer dizer, sim. Não é por mal, doutora. Eu só não consigo evitar. Sabe, doutora, já nem sei como sou de verdade, quero dizer, sem me camuflar em nada. – Foi dizendo o bichinho e passando com leveza para cima da mesa de centro.
-Esse comportamento é típico de quem tem vergonha do seu self. Você tem medo de mostrar ao mundo o seu eu-interior?
-Não, doutora. Eu tenho medo é de mostrar o meu eu-exterior para o eu-exterior dos meus predadores e terminar no eu-interior deles! O recife está coalhado de garoupas com infinitos dentes na boca e elas adoram uma siba como petisco.
-Compreendo. Mas e no momento, o que você tem a temer? – interrogou a psicóloga.
-Aqui no consultório? Nada, oras.
-E por que você continua se camuflando?
Agora de verdade, A siba usa não só cores, mas a posição dos braços para se camuflar.
Fonte: Barbosa et al., 2011 (citação completa abaixo)
-Mas eu não estou… Ah!! – Gritou a siba ao ver que estava com o manto preto, a cabeça e o início dos tentáculos erguidos e verdes e as pontinhas rosadas como o vaso de violeta ao seu lado. – Doutora, o que está acontecendo comigo?
-Acontecendo contigo? Você está se transformando no Karl von Frisch. – Respondeu a analista sem querer apavorar o molusco.
-Em quem? Ah!! – Outra vez a siba assustou-se ao ver refletida no vidro de uma fotografia emoldurada a mesma imagem de um senhor de cabelos espetados, queixo pronunciado e óculos que estava no retrato.
-Acalme-se! Vamos precisar de mais consultas e vou te recomendar um remédio. Mas você precisa voltar ao consultório duas vezes por semana, Srta. Sepia. – A cefalópode agora estava acuada num canto do consultório, seus oito braços e dois tentáculos envoltos no próprio corpo encolhido e uma lágrima de tinta preta lhe escorria pelo sifão.
-Até logo, doutora. Por favor, não desista de mim. – E a siba saiu pela porta, branca e salpicada de pintinhas pretas como o papel de parede.
Barbosa, A., Allen, J., Mathger, L., & Hanlon, R. (2011). Cuttlefish use visual cues to determine arm postures for camouflage Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences DOI: 10.1098/rspb.2011.0196
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Pensamento de Segunda
Eis a essência da ciência: Faça uma pergunta impertinente e você estará no caminho para uma resposta pertinente
Jakob Bronowski
Concurso cultural- 2a fase concluída
E encerramos também a segunda fase do nosso concurso cultural. A resposta eleita pelos leitores foi a do Flávio Furtado, que seria uma máquina picotadora de gelo. Obrigado a todos que votaram e participaram enviando suas frases!
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Concurso cultural-resultado e segunda fase
Muito obrigado a todos os que comentaram, as respostas foram excelentes, muito criativas. Tanto o foram que tive uma tremenda dificuldade para escolher. Por isso resolvi dar dois prêmios, um de crítica, escolhido por mim, e um de público, onde os leitores votarão. Abaixo seguem as opções e seus autores, o mais votado levará outro marcador de página com seu equipamento preferido (só quero saber como eu vou fazer um sequenciador ou um fluxo laminar em patchwork!). A votação termina na sexta-feira. Devido ao site de enquetes tive que formatar algumas respostas mais longas, qualquer coisa procurem os originais aqui.
Quanto ao prêmio de crítica, escolhi o poema do Marão para a pipeta. Genial! Este não entra na próxima fase, ok. Em breve entrarei em contato pelo e-mail.
Caso por lá estivesse
Ou morasse, convivesse,
Dentro de um Laboratório,
Decerto enlouqueceria,
Iria pro Sanatório,
Com minha varinha mágica
Fecundando mil provetas,
Tirando a prova nos lábios,
Eu–Beija-flor de Pipeta.
Quem sabe, talvez um dia,
De tarde, de manhã cedo,
Eu ainda poderia,
Saltando uma pirueta,
Dançar meu tango com a Dolly
Deixar de lado o meu medo,
Aspirar ópio e Ciência,
E bater a continência
Pra minha dileta Pipeta!
Qual a melhor reposta?online surveys

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Se você fosse um equipamento de laboratório, o que você seria?
Último dia para participar da enquete. Não deixe de mandar seu comentário e concorrer ao nosso super prêmio. Se você fosse um equipamento de laboratório, o que seria? E Por que?