Pensamento de Segunda
“Os homens tropeçam de vez em quando na verdade, mas a maior parte volta a levantar e continua depressa o seu caminho, como se nada tivesse acontecido.”
Winston Churchill
Vê se SIMAMCA
O pessoal do Mato Grosso vive reclamando que raramente temos congressos por aqui, pois se manquem e se mandem para o SIMAMCA em Sinop (Eduardo Bessa features Marão). O quarto Simpósio da Amazônia Meridional de Ciências Ambientais (simpaticamente siglado SIMAMCA) ocorrerá entre 3 e 6 de setembro no campus da UFMT de Sinop. As inscrições com desconto vão até dia 31 deste mês e custam acessíveis R$ 30,00 para o evento e R$ 10,00 para os mini-cursos. Como tema central o SIMAMCA desse ano tem o Zoneamento sócio-econômico da Amazônia mato-grossense, sua programação inclui palestrantes da PUC Rio, INPA, UnB, IBAMA e MMA abordando o tema de diversas formas. Maiores informações vocês encontram aqui no site do evento.
Pensamento de Segunda
“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.”
Mário Quintana
Arte e Ciência I – Ilustrações Científicas
Quem estiver em Brasília poderá conferir a exposição Ilustração científica, no pavilhão de acesso à câmara dos deputados com entrada franca e aberta das 10 às 17h. A exposição traz pranchas de plantas, insetos, aves e anatomia humana, elas são resultado do III Encontro Brasileiro de Ilustradores Científicos. As técnicas vão desde o grafite e nankim até a ilustração digital e o acrílico, mas o grosso da exposição é composto de aquarelas de realismo impressionante. As obras também têm autores diversos, mas fiquei especialmente satisfeito de ver entre eles um colega da USP, Rogério Lupo. Outro cujas obras me encantaram foi o português Fernando Correia, habilidoso ilustrador digital.
A Erva Mate segundo Rogério Lupo
Fonte: http://rogeriolupo.blogspot.com/
A ilustração científica é a arte de mostrar, através de desenhos, organismos, estruturas ou ambientes reais de forma a passar uma informação científica. Sua época áurea talvez tenha sido a dos grandes exploradores e naturalistas. Obras como as de Buffon, Cuvier e von Martius eram ricamente ilustradas com nankins e aquarelas de precisão assombrosa. Com o advento da fotografia a ilustração científica padeceu um pouco, já que fotografias são fiéis e manejar uma câmera fotográfica (não discuto aqui a habilidade estética para tal, apenas a capacidade de obter uma imagem precisa) é mais fácil do que pincéis e canetas. No entanto, nada como uma bela ilustração científica para especificar detalhes que muitas vezes aparecem poluídos em uma fotografia, sem falar em seu valor artístico. Atualmente, uma nova onda de interesse nesta arte vem da importância de ilustrações para livros-texto e similares utilizando recursos digitais. Assim, permanece o espaço para bons ilustradores, seja nos trabalhos científicos de taxonomistas e anatomistas, seja nas paredes e páginas de exposições de arte.
Arte e Ciência – Nova série de Posts
Esta nova série de posts busca mostrar como arte e ciência podem viver de forma integrada. Não bastasse atribuirem à ciência o assassinato da religião, muitos alegam que ela também matou a arte, a beleza no mundo. Só a título de dois exemplos rápidos. Niko Timbergen narra em sua autobiografia, “the curious naturalist”, que sofreu duras críticas por sua visão analítica da coloração de camuflagem das lagartas nas florestas de coníferas européias. Seu mais ilustre aluno, Richard Dawkins, responde ao mesmo tipo de acusação em seu livro “desvendando o arco-íris”, baseado na acusação do poeta John Keats de que Isaac Newton teria destruído o arco-íris ao desvendar sua formação. Em ambos os casos a visão dos autores se parece bastante com a minha: acredito que haja beleza no conhecimento, explicações engenhosas de como o mundo funciona me parecem extremamente belas. É assim que surge está série de textos, com o objetivo de mostrar casamentos bem sucedidos entre a arte e a ciência.
Entrevista com Gilson Volpato
Uma das grandes vantagens de estar em uma universidade grande é a chance de interagir com pessoas inteligentes. Não me refiro apenas aos professores, mas os colegas rendem excelentes conversas também. O ambiente é efervescente em cultura e boas ideias. Uma destas ricas oportunidades me foi dada duas semanas atrás na UNESP de Jaboticabal numa disciplina do doutorado sobre redação científica. Aproveitei a ocasião para entrevistar o Professor Gilson Volpato, renomado autor de livros sobre escrita de artigos pela editora Cultura Acadêmica. Seus livros podem ser encontrados no site da best writing, já um aperitivo do seu curso pode ser acessado neste link. Agradeço ao Fábio Martins, meu colega de laboratório em Rio Preto e camera-man do dia.
A pedidos, coloco abaixo a transcrição da entrevista. Ainda não arranjei um tempo para transformá-la em legenda no you tube.
Hoje a gente está aqui com o Professor Gilson Volpato. O Professor Gilson Volpato tem 298 citações cadastradas no ISI e eu tive a oportunidade de fazer esta semana uma disciplina sobre redação científica e metodologia científica. Eu resolvi levar um pouco do que ele costuma falar aqui para vocês. O Professor Gilson Volpato é professor da UNESP de Botucatu, além disso ele tem publicados seis livros sobre redação científica.
Ciência à Bessa- Então, professor, primeira coisa, durante a disciplina você falou para a gente que “ou o nosso século se dedica aos valores humanos, ou de nada valeram os avanços tecnológicos até aqui alcançados.” Como é que o cientista pode entrar e participar nesta construção de um mundo melhor? O que a gente pode fazer por isto?
Gilson Volpato- Bom, o cientista entra por dois lados, por um lado como cidadão. Ele é cientista, mas é cidadão. Ele vota, tem uma participação no dia-a-dia, certo? O fato de ele ser cientista pode interferir nisso, uma vez que ele tem acesso a informações e tem um grau de discernimento razoável. A gente espera que ele esteja puxando, como cidadão, outros cidadãos dentro de uma sociedade. Acho que ele não é nenhum privilegiado, mas ele tem sua participação. E, como cientista, muito do que ele está fazendo vai ter, ou pode ter, uma repercussão dentro da sociedade. Ele, por exemplo, fazendo uma ciência de bom nível, publicando internacionalmente ele está mostrando lá para fora que o Brasil é um país onde se faz ciência de bom nível. Ele está sendo um brasileiro e está levando o nome do Brasil lá para fora. Quando ele faz uma pesquisa que reverte em alguma aplicação prática para a sociedade, se descobre um método novo de ensino ou ele descobre um método de produção animal, alguma coisa assim, ele está tendo alguma repercussão para a sua sociedade local também. Neste contexto a gente vê muitas vezes que esta discussão dentro da ciência é canalizada para um lado assim: “Não, vamos fazer tecnologia e tecnologia e tecnologia…” Achando que a sociedade vai se resolver pela tecnologia. Hoje a gente vê o seguinte: você tem carro importado, carros do mais alto nível, você tem comida sobrando, você tem isso, você tem aquilo, mas está faltando. Você não pode usar seu carro para tentar XXX. O que é isso? (2:40) É uma sociedade desestruturada. Então é importante que vocês percebam que nós temos um monte de tecnologia disponível, internet de alto nível, tudo, mas em termos de avanço moral e ético temos muito o que penar ainda. Você vê os escândalos que saem, a matéria que saiu hoje (21 de julho) na Nature falando exatamente do volume de más condutas dentro da confecção de artigos. Fraudes dentro da confecção de artigos! Então estas coisas têm que ser vistas e nós não vamos resolver o problema com técnicas. Enquanto história, filosofia, sociologia, coisas deste tipo não forem valorizadas dentro da formação do cientista nós podemos estar criando monstros.
CAB- Inclusive, nesta mesma linha durante a disciplina, você falou várias vezes que a pós-graduação no Brasil tem formado muito mais pesquisadores do que de fato cientistas. Qual é a diferença entre um e o outro? O que está faltando para a gente ser cientista? Será que é ciência aplicada, produzir coisas ou conhecimentos mais aplicados ou não tem nada a ver com isto?
GV- É, o Brasil agora está nessa onda da tecnologia, da aplicação e tal. Isso é importante, evidentemente, isso é necessário para o país poder andar também. Só que não é só isso. A distinção que eu falo sempre entre cientista e pesquisador é a seguinte. Pesquisador é aquele que tem uma pergunta e resolve o problema pontual: um pesquisador do IBOPE, um pesquisador que quer saber um produto que se está usando. Eu vou lá, faço uma pesquisa e descubro isso, isso é trivial. Não preciso nem ser cientista para isso. Enquanto um cientista faz pesquisa e do resultado, das conclusões obtidas, ele discute dentro de um corpo teórico maior. A gente percebe que às vezes as pessoas aprendem na pós-graduação a executar uma técnica, tem uma hipótese, responder aquilo lá, fez um testezinho, publicou, mas ele não tem noção de quais são as teorias que estão por trás. Qual é a contribuição que aquilo pode dar? Quando você é obrigado a entrar em revistas de alto nível você tem que entrar nessa discussão. Então muito do pessoal que está aí não é obrigado. Eles publicam numa revistinha aí, internacional que seja, mas fraca, e ficam aqueles trabalhinhos. O que me chama a atenção é que muitas vezes eu pergunto para as pessoas: “Você está fazendo um doutorado, vai receber o título de doutor. O que é isso? O que significa isso? O que significa ser PhD? Eles não sabem. A minha preocupação nessa formação técnica do indivíduo, essa formação técnica do pesquisador, é que amanhã quem vai estar cuidando da ciência nacional? Pessoas assim. Para onde vão ser direcionadas as coisas? As pessoas vão agir em função dos conceitos que elas têm. Não é possível que um cientista não conheça filosofia da ciência, pelo menos a da ciência, não conheça coisas de epistemologia, não conheça coisas de arte, não conheça a história da educação no Brasil. São analfabetos muitas vezes nestas questões educacionais, não importa em que área o indivíduo esteja. Para ele ser um cientista ele precisa ser algo a mais, ele precisa estar atualizado, tem que estar lendo jornais, tem que estar lendo as coisas que estão acontecendo. Nossa pós-graduação não está formando isto. Nossa pós-graduação não está formando indivíduos que saibam o processo que fazem parte. Eles aprendem uma técnica muitas vezes. Ele, às vezes, não é treinado para idealizar uma hipótese interessante, uma pergunta interessante. Fica fazendo mesmice. Então nós não estamos formando cientistas. É lógico que tem exceções, tem pessoas maravilhosas, tem cursos excelentes. Mas não é a regra. De norte a sul, leste a oeste o sistema “pós-graduação” não garante isso. O que garante isso são iniciativas isoladas em alguns pontos. O sistema ainda está priorizando coisas que estão muito distantes da formação intelectual de um cientista, de uma pessoa de altíssimo nível.
CAB- E isso reflete inclusive nas nossas produções, né.
GV- Produções, na forma de administração, uma série de coisas.
CAB- Uma linha que você tem investido também boa parte da sua carreira é relacionado ao bem-estar animal. Por que a gente deveria se preocupar com o bem-estar de um animal? Animal tem alma? Você é vegetariano e não usa nada derivado de animal?
GV- Não, não, eu como carne, na boa, sem problema algum. Aliás, uma das coisas que a gente defende é que matar para comer faz parte da nossa história, faz parte da nossa situação hoje. “Ah, mas o Homem não precisava comer carne. Não pode só comer isso?” É uma discussão particular que não vem ao caso. Agora, o que eu não concordo que eu tenho defendido inclusive nos meus textos publicados no exterior, publicados aqui no Brasil é o seguinte: que estes animais têm a possibilidade de sofrer está claramente demonstrado. Seja um peixe, seja um cachorro. E quanto mais distante da gente a gente tende a achar que não sofre. Sofre, sim, certo! Dentro desta colocação, nós temos que respeitar. Ou seja, vamos manter animais em cativeiro para produção de alimento? Ok, podemos fazer isto, mas vamos tentar dar as melhores condições possíveis para ele. E dar as melhores condições não é simplesmente tirar o estresse, ta. Às vezes um animal que está isolado, parado em um canto para ele é extremamente desconfortável. Nós defendemos que não há indicadores fisiológicos que vão conseguir demonstrar o estado de bem-estar. Nossa proposta é exatamente o contrário, você pega alguns dados da literatura e entra nesse fato. Não é uma proposta original nossa, mas entra nesse fato, que é o que? Eu tenho que conhecer quais são os gostos daquele animal que eu estou lidando com ele. De que intensidade luminosa ele gosta? Eu vou tentar dar essa intensidade luminosa para ele. “Ah, mas isto varia, dependendo da situação.” Então dá chance dele variar. Então o trabalho de você confinar um animal é muito maior do que simplesmente pôr ele lá. Você tem que entender quem é esse animal para você respeitar o máximo possível, já que ele foi capturado e vai virar seu alimento, ou você vai usá-lo para produzir conhecimento para salvar uma criança, para salvar um ser humano, que eu acho legítimo. Mas requer que você faça algumas pesquisas minimizando o sofrimento o máximo possível, depende do resultado. A hora que a gente vai ao hospital e o médico trata a gente. Ou então a gente tem que defender o contrário, tem que defender que então tira tudo, não vamos usar nada disso. Fica doente e morre. Eu acho que o cérebro humano não evoluiu à toa. Ele traz vantagens adaptativas, uma delas é gerar conhecimento, a ciência é uma dessas formas de conhecimento que você usa como ferramenta tentando produzir coisas que livrem a espécie humana do sofrimento. Isso já era dito pelos filósofos de antigamente. O objetivo da ciência é tirar da humanidade o sofrimento. Como fazer isto? Tirar da ignorância, dar recursos para ficar menos doente, dar condição de ter mais alimento para todo mundo, ter referenciais para poder melhorar. Então nessa questão você vai usar os animais. E a ciência do bem-estar animal vai exatamente num ponto de tentar fazer isto respeitando os animais. É diferente de um cara lá fazendo pesque-solte, ele está brincando com os animais. O que ele está passando para o povo? Ele está passando o seguinte: “Nós podemos nos divertir à custa do sofrimento alheio.” É isso que você está ensinando às crianças quando você leva num pesque-solte. É isso que se está ensinando a esse grupo. Se não fosse assim, normal fazer o pesque-solte, mas não. Rodeios, é como você falar: “Eu vou me divertir hoje.”, mas quem está sofrendo é o animal para eu simplesmente ter o prazer de me divertir. Aí não. Então se existe alguma possibilidade é pelo menos aquela questão da sobrevivência. Para eu não morrer eu tenho que ter conhecimento para tratar de um doente ou para comer. Isso eu ainda acho de certa forma legítimo, agora, para se divertir eu acho muito complicado. Isso eu falo, está publicado e publicado em revista boa.
CAB- Obrigado professor, muito obrigado pela disciplina.
GV- Eu que agradeço.
Pensamento de Segunda
“As respostas certas não importam nada. o que importa é que as perguntas estejam certas.”
Mário Quintana
O gobião na secura
Naquela manhã no consultório psicanalítico
– Doutora, a senhora poderia vir receber o seu paciente, por favor!
Já era a terceira vez que a nova secretária interfonava para o consultório, mas a psicóloga estava bastante ocupada e ainda não era o horário do próximo paciente. A doutora tinha uma preferência por atendentes bonitas, mas ultimamente não podia escolher muito. Desde que a última secretária se apaixonara por uma hiena lésbica bem-dotada que frequentava o consultório e fugira para Botswana com seu novo amor, a doutora contratou a primeira moça que lhe apareceu pela frente e não queria perdê-la. A secretária tinha 1,88 m, pesava no máximo 50 kg, até aí poderia ser uma modelo esquuálida se a pele do seu rosto não lembrasse areia fina depois da chuva, seu cabelo não parecesse um tamanduá enrolado para dormir e se entre um dente o outro não passasse um dedo.
Na antessala um gobião olhava lânguido para a secretária enquanto fazia uma reverência e estendia ao objeto de seus desejos um buque de flores de plástico.
– Senhor Chlamydogobius, o senhor já chegou! Deve estar ansioso para conversarmos. Por que não devolve as flores do consultório odontológico ao lado, para de beijar a mão da minha secretária e se apressa a tomar o seu lugar no divã?
– Ah, doutora. Não tenha pressa. Eu poderia esperar a eternidade ao lado desta beldade. – Respondeu o peixe soltando coraçõezinhos pelos olhos. A doutora o arrastou pela nadadeira caudal para dentro de sua sala deixando para trás um rastro gosmento como seu amor.
Muito tempo sem namorada reduziu seus critérios?
Fonte: www.fishbase.org
– Então, meu amigo australiano, sobre o que quer conversar hoje? – Veio a voz suave, mas num tom claramente repressor, de um ponto invisível atrás do espaldar do divã.
– Sobre o amor! Estou apaixonado. – Declarou o gobídeo ainda fitando a porta.
– Ah, mas isto é muito bom! E desde quando o senhor está amando assim? – Perguntou como que casualmente a analista, mas já ciente do caso.
– Para falar bem a verdade, acho que desde que vi sua secretária. Foi paixão à primeira vista.
– Quanto tempo faz que o senhor está solteiro? – Agora não havia nem sinal de casualidade.
– Não vejo qual o interesse de sua pergunta, mas agora que falou, acho que já faz um bom tempo desde que a última garota passou pela minha toca. Como não saio muito dela, acabo dependendo de alguma fêmea ativamente passar por lá. – O peixinho agora parecia intrigado.
– Veja, meu amigo, essa paixão arrebatadora é fruto do longo período de espera. Você…
– Não é, não. Eu amo sua secretária. Como é que ela se chama mesmo? – Interrompeu o cliente negando a terapeuta, que se calou e ficou esperando que ele terminasse.
Alguns instantes de silêncio pareceram ao peixe uma eternidade. Para quebrar aquela situação constrangedora ele precisava falar novamente.
– A Sra. acha isso mesmo? – Perguntou o cliente com olhos de peixe morto.
– A paixão, Sr. Chlamidogobius, é proporcional ao volume de esperma acumulado*. – A voz detrás do divã disse com assertividade incontestável.
- Mas… – ouviu-se um longo suspiro. – Essa visão não é muito romântica, não é mesmo?
– Veja bem, é claro que o senhor sabe o que é uma fêmea bonita. Só que, à medida que o tempo passa, vai baixando seus critérios com receio de ficar sozinho até chegar a um ponto de achar irresistível uma mulher como minha secretária. Se o senhor a conhecesse logo após encontrar uma fêmea bonita certamente não a desejaria tão vorazmente. – À medida que a dra. falava o peixinho parecia ficar revoltado, mas lhe restava pouca energia para discutir. – O que quero do senhor é que volte na próxima semana e que, daqui até lá, faça um exercício: encontrar-se com o maior número de fêmeas que conseguir. Se na próxima semana essa paixonite não passar, serei madrinha de casamento de vocês dois!
– De verdade, doutora? – Exclamou o peixe excitado. – Onde é que tem uma boa joalheria por perto?
A doutora se despediu do cliente na antessala com a intenção de proteger do assédio sua secretária. Ela agora estava com olhos que pareciam arregalados mesmo através das espessas lentes de seus óculos fundo de garrafa. O Sr. Chlamidogobius não pode evitar encarar o objeto de seu amor, mas subitamente começou a enxergar coisas que pareciam não estar ali antes, como a pinta muito escura e peluda do tamanho de uma digital que havia na testa da menina.
Svensson, P., Lehtonen, T., & Wong, B. (2010). The interval between sexual encounters affects male courtship tactics in a desert-dwelling fish Behavioral Ecology and Sociobiology DOI: 10.1007/s00265-010-1007-z
*Pequeno dicionário amoroso.
Pensamento de Segunda
“Há um ditado que diz que “o gênio é uma grande paciência”; sem pretender ser gênio, teimei em ser um grande paciente. As invenções são, sobretudo, o resultado de um trabalho teimoso, em que não deve haver lugar para o esmorecimento.”
Santos Dumont