Expressões irritantes
…foram seleccionadas de compiladas por investigadores da Universidade de Oxford.
Aqui estão elas:
1 – At the end of the day
2 – Fairly unique
3 – I personally
4 – At this moment in time
5 – With all due respect
6 – Absolutely
7 – It’s a nightmare
8 – Shouldn’t of
9 – 24/7
10 – It’s not rocket science
Gosto particularmente da última; já a ouvi algumas vezes em relação ao meu trabalho…
Têm sugestões de frases irritantes e, ainda assim, ouvidas até à exaustão na língua de Camões? (esta é a minha modesta contribuição – língua de Camões…enfim…)
Treino diferente
“…e só trabalham 5 horas por dia!!”
Bem, era a única passadeira livre, para além de que era a minha favorita. Fiquei entre trabalhadores do físico, situação que não me agrada, não pela sua natureza mas antes porque me ia colocar no meio de uma conversa que já decorria.
“Toda a gente trabalha 8 horas, como é que eles trabalham apenas 5! Não querem é fazer nada…” dizia a senhora, de idade semelhante à minha.
Pressentia do que falavam e ainda me agradava menos, porque me conheço, e sei onde vão parar estas conversas.
“Mas porque é porque os professores não trabalham como toda a gente…?”
Continuei a correr.
Paro isto ou ignoro, perguntei-me.
“Mas eles têm razão. Se não…bem, não tinham aparecido tantos.”, dizia o parceiro do lado direito, qual bom ladrão.
“E ainda têm os testes…e olhe que preparar aulas deve dar trabalho!”, acrescentou o companheiro de corrida.
“Eles não querem é fazer nada. O que é que custa trabalhar 8 horas por dia como toda a gente?”, clamou a senhora enquanto passeava na passadeira.
Definitivamente o treino não vai ser o mesmo.
“Desculpem meter-me na conversa”, disse enquanto tentava não tropeçar, olhando alternadamente para um lado e para o outro, a correr.
“Algum de vocês já deu aulas?”
A senhora olhou para o lado.
Deve ser um gene meu, isto de conseguir passar incógnito, mesmo que a centímetros de outro ser humano…
Quando percebeu que era também para ela que eu falava disse: “Não, mas não sei o que é que isso tem a ver!”
“Pois eu dou. E quando a senhora der, talvez não ache que é pouco tempo de trabalho.”
A resposta mais parva que poderia ter dado mas melhor é impossível, a correr numa passadeira.
“Tem toda a razão.”, concordou o meu parceiro “Vocês foram mais de cem mil; eu, se conseguisse juntar dez mil camaradas meus, é que sou polícia…eu partia aquilo tudo!”
Definitivamente o treino ia ser diferente.
Rodeado por um polícia e por uma imbecil.
Assim vai o país.
Anjos voyeurs
Não pude deixar de os associar.
Uma das cenas em que o anjo Damiel, ansiando ser mortal, se ocupa em escutar os pensamentos dos mortais passageiros…
…e esta aplicação que agrega, em tempo real, posts do Twitter e que incluam as palavras “love”, “hate”, “I think”, “I wish”, entre outras.
Momentaneamente.
Anjos voyeurs.
Referências:
Der himmel uber Berlin (As asas do desejo) – de Wim Wenders
twistori
Subprime natural?
Porque não poderia haver o crash e respectivas consequências na Natureza?
Antes de mais seria conveniente explicar genericamente o que gerou esta crise financeira.
Do que a minha mente limitada em termos económicos entendeu, e aconselhado por um amigo economista (obrigado PE), o negócio bancário assenta na confiança que o cliente deposita (literalmente…) no seu banco.
E confiança em quê?
Para que quem recebe o dinheiro (depósitos, PPR, etc.) faça investimentos correctos e seguros de forma a gerar mais dinheiro para o depositante.
O que agora se sabe é que muitos gestores bancários iniciaram e perpetuaram verdadeiros negócios de banha-da-cobra: emprestaram dinheiro a quem não o podia pagar em hipotecas de casas, casas essas que desvalorizaram tremendamente após o “colapso” do mercado imobiliário norte-americano. Esses empréstimos “envenenados” foram vendidos a terceiros contaminando de forma global muitas outras instituições bancárias.
Confuso?
Pois…veja o vídeo no final que pode ser que ajude, enquanto sorri com a comicidade da situação.
À grandeza da festa vem juntar-se a descoberta da alma-do-negócio, o que leva à desconfiança de quem tinha comprado acções dos grandes bancos “chico-espertos”. Os investidores correm a vendê-las massivamente, gerando ainda mais desconfiança no mercado, numa espiral de histeria.
Um dos contra-exemplos naturais que me lembrei e que contraria esta falta de confiança humana foi o da partilha de alimentos.
Os morcegos-vampiro (Desmodus rotundus) partilham, por vezes, o seu quinhão sanguíneo com outros da mesma colónia mas que não se alimentaram durante a noite. Este facto é tanto mais significativo quanto estes mamíferos dificilmente sobrevivem a mais do que duas noites sem alimento.
A partilha de alimento com um membro da colónia não-familiar directo, ou seja, geneticamente afastado, enquadra-se no que os etólogos designam por altruísmo recíproco.
Mas o que ganha o generoso morcego ao partilhar o seu alimento com um companheiro menos afortunado e, ainda por cima, que não é seu parente directo?
Se o receptor do “capital” vermelho for aparentado com o doador o comportamento altruísta pode ser compreendido pelo favorecimento dos próprios genes, uma vez que ambos os morcegos partilham um património genético comum. Assim, esses genes teriam maiores probabilidades de singrar (ou sangrar?) no futuro.
Mas o altruísmo verifica-se mesmo entre morcegos geneticamente afastados, o que invalida aquela hipótese.
Então o que justifica tal altruísmo?
Um estudo de 1990 publicado por Gerald Wilkinson avaliou que o custo-benefício da transacção sanguinolenta entre morcegos-vampiros é mais favorável para o receptor do que prejudicial para o doador.
Na figura está ilustrada a “transacção” entre o doador e o receptor. Quando o doador partilha o seu pecúlio, esta acção implica uma redução no tempo máximo até se alimentar, ou seja, uma redução em 6 horas no período até se alimentar de novo; em contrapartida, o receptor bafejado (será melhor dizer regurgitado) pela sorte ganha 18 horas de tempo de vida.
Desta maneira, todos os membros da colónia que partilham aumentam as suas possibilidades de sobrevivência, uma vez que o dador de hoje poderá ser o receptor de amanhã, ganhando toda a colónia.
Tentando passar este caso para as sociedades humanas e, concretamente, para o que se passa no mercado de capitais… bem… esqueçam!
Melhores tempos virão.
Esperemos.
E não voltem a ficar repugnados quando ouvirem falar de morcegos-vampiros…eu fico enojado com determinados gestores bancários, mas cada um cuida de si…
Excepto nos morcegos-vampiros.
Aí, todos cuidam e são cuidados por todos.
P.S. – fica aqui uma tabela de outras espécies animais em que a troca de alimentos ocorre frequentemente, bem como as possíveis interpretações biológicas.
Referências
Stevens, J.R. and Gilby, I.C. 2004. A conceptual framework for non-kin food sharing. Animal Behavior 67: 603-614
Wilkinson, G. S. 1984. Reciprocal food sharing in the vampire bat. Nature 308: 183.
Wilkinson, G. S. 1990. Food Sharing in Vampire Bats. Scientific American. February: 76-82.
Imagens
Casa dos Morcegos
Stevens and Gilby (2004)
Quer conhecer NY?
…num monólogo genial de Brogan (Edward Norton), carregado de desespero mais do que ódio, leva-nos à nova Roma.
A descrição da Metrópole feita por quem irá passar os próximos anos no cárcere.
Mais do que o desprezo, é uma longa declaração de amor às tribos que habitam a mais europeia das cidades norte-americanas.
Uma despedida de quem podia mas não foi.
P.S. – a Última Hora, de Spike Lee, de onde este monólogo foi retirado, com som de fundo de Terence Blanchard.
(trio) 2008
Domingo à noite, cansado.
Só mais um cigarro e vê televisão, pensei-me.
Depois, a simplicidade do tema “Cabanas”, vinha para o espaço que eu ocupava.
Limpo, cru e simples.
Vejam (e ouçam) estes jovens senhores.
Trio 2008 ou só 2008, não tenho a certeza.
P.S. – reconheço que antes da música, estes rapazes já me haviam chocado. Diziam eles, ou pelo menos o baterista, que ser músico rock ou pop não é beber cervejas e “só curtir”.
É, antes, muito trabalho e esforço, a ensaiar, a compor.
Disse chocado porque nos tempos que correm alguém falar de trabalho e de esforço desta maneira é tudo menos redundante.
Boa!
Aos Professores meus
Retomo um post e, atrasado, dedico um post aos (meus) Professores…
Ao Professor Matos, que me obrigava a fazer cópias e ditados, enquanto nos falava de música clássica (que eu achava chata, mas também com 7 anos…) e de como iríamos gostar de a ouvir quando tivéssemos a idade dele; de como eram importantes as frases curtas; que a fazer algo, o deveríamos fazer bem feito; e, sobretudo, de tudo aquilo que ainda vou retirando das suas idas palavras da Escola Primária…
Ao Professor José Fernando Monteiro que me fez sonhar com mundos passados e longínquos – apesar de não ter “merecido” a maiúscula no professor, a merece mais do que outros catedráticos que por aí se pavoneiam de barriga inchada…),
A todos os professores, bons e menos bons, que me ensinaram algo, como colegas e mestres…
Voltei…após oito anos de pausa
Imagem – Nikos Economopoulos/Magnum Photos
So what?
“Clitoral variation says nothing about female orgasm”
D. J. Hosken, Department of Biosciences, University of Exeter
Evolution & Development, 2008 Jul-Aug;10(4):393-5
A verdade é que nem sequer tive acesso ao abstract mas que o título é apelativo, é...
A’s e Z’s do Spam
Segundo Richard Clayton, a primeira letra do endereço de e-mail condiciona a proporção de spam do total de correio electrónico que recebemos.
Por outras palavras, o investigador da Universidade de Cambridge demonstrou que o grupo dos “zebras” (endereços começados pela letra “z”) recebem potencialmente uma maior proporção de spam (75%) do que os “aardvarks” (50%).
Mas se tivermos em conta a percentagem de “zebras” que existem realmente (existem muitas mais Marias que Célias, por exemplo…), os “zebras recebem uma menor proporção de spam (20%) que os “aardvarks” (35%).
Confusos?
Leiam o resto aqui
Imagem – do artigo de Clayton, R. “Do Zebras get more Spam than Aardvarks?” Fifth Conference on Email and Anti-Spam (CEAS 2008)
Tom Waits e o hospital
Se há uma verdade sobre os portugueses, é que nos babamos por escutar o que os outros têm a dizer sobre nós.
E se esses outros forem estrangeiros a baba é diluvial.
Nem que sejam alarvidades.
Ou realidades.
Entre o final de um cigarro e o início do outro, tomava café.
Adiava o regresso à labuta, folheando o Público.
Aí, Tom Waits atestava que “A maior quantidade de lojas de recordações” se encontrava em… “Fátima: Portugal”.
O fumo branco anunciava a baba existencialista portuguesa.
O habemus Papa fora substituído pelo habemus souvenirs!
Chuto para canto.
Prosseguiu a procrastinação jornalística, mas eis que surge, a cheirar a enxofre, novo gerador salivar.
Tricky proclama que “a única coisa pior que um gueto é um hospital português.”
Sublinha, para gáudio das gentes lusas, “foi o pior sítio em que alguma vez estive”.
Desconheço se o inferno referido seria do Sistema Nacional de Saúde ou de qualquer máquina privada.
Aconselho-o mentalmente a viver cá todos os dias.
A baba da auto-comiseração jorra.
Heartattack and Vine aguarda-me, já o guetista nunca foi do meu agrado.
Há muito mais para lá do que os outros pensam de nós.
Há?
Imagens – Anton Corbijn e daqui