Indiana Xing

Já o havia aqui mencionado algumas vezes – por exemplo aqui e aqui.
Partilhámos o seu espaço de trabalho em Pequim.

Os arqueólogos que me perdoem mas o “título” de Indiana Jones fica melhor ao paleontólogo chinês.

Senão, leiam a história no USA Today

Fonte – USA Today
Imagem – Calum MacLeod, USA TODAY

Parabéns atrasados

Antes atrasados que não dados; conheci-o durante esta acção e, para além de lindo, é funcional e bem organizado.
Museu de Ciência da Universidade de Coimbra

“O Museu de Ciência da Universidade de Coimbra foi galardoado ontem em Dublin, Irlanda, com o Prémio Micheletti de melhor museu europeu do ano na categoria de ciência e tecnologia, pelo Fórum Europeu dos Museus, divulgou fonte da Associação Portuguesa de Museologia.
O presidente da Associação Portuguesa de Museologia (APOM), João Neto, revelou que o Museu de Ciência da Universidade de Coimbra foi galardoado com o Prémio Micheletti entre cerca de 50 museus europeus. “Isto significa que, apesar de todas as dificuldades e do desinvestimento nos museus, as instituições europeias reconheceram o mérito da museologia e o melhor do que se faz em Portugal”.

O presidente da APOM sublinhou a importância do prémio e afirmou que “as pessoas ficaram surpreendidas com a apresentação dos vários conceitos científicos” pelo museu.
Já em Novembro, o Museu de Ciência da Universidade de Coimbra foi galardoado com o Prémio de Melhor Museu Português pela APOM. “

Texto (citado) – daqui
Imagem – daqui

Recycle Bin

Há dias assim…

Imagem – Luís Azevedo Rodrigues

FOTOS DE TRABALHO

Neuquensaurus australis e humanos
Museo de Historia Natural de La Plata, Argentina, 2005.

(auto)Imagem – Luís Azevedo Rodrigues

BORBOLETAS NO PÚBLICO

As borboletas do Lagartagis, no Jardim Botânico, vão poder ser observadas na Web, através do site criado pelo jornal Público, onde durante 24 horas elas são as estrelas.

Aqui

Informação recebida de Gabinete de Comunicação e Imagem

Museus da Politécnica

Fotografia de Vladimir Nabokov – Philippe Halsman/Magnum Photos

Dodós modernos?

Num momento de intenso debate sobre o futuro de uma área importante da cidade de Lisboa, da qual fazem parte os Museus da Politécnica – Museu de História Natural e Museu da Ciência – bem como o Jardim Botânico, retomo um artigo que publiquei em Outubro de 2006.

(Publicado no jornal O Primeiro de Janeiro a 12/10/2006)

O drama biológico do Dodó é sobejamente conhecido – ave originária das ilhas Maurícias e parente dos actuais pombos, não voava e não tinha qualquer receio da espécie humana.
Estes dois factos terão estado na origem da sua extinção no séc. XVII.

O Dodó extinguiu-se porque não foi capaz de se adaptar às alterações introduzidas no seu habitat pela pressão de um factor externo – a actividade humana.
Não tenho a certeza da validade da metáfora do Dodó para os Museus de História Natural mas, tal como o primeiro, estes últimos encontram-se, a nível mundial, a atravessar um momento de forte pressão “ambiental”.

Durante a minha escola primária tive duas ou três visitas ao Museu Zoológico da Universidade de Coimbra. Foram momentos de pura felicidade em que nos deslumbrámos com numerosas espécies empalhadas, só o esqueleto ou conservadas dentro de frascos.
Foi o meu primeiro contacto com parte daquilo que se entende por um Museu de História Natural (MHN).
Este conceito emanou do de Gabinete de Curiosidades (séc. XVI) em que os profissionais das ciências biológicas acumulavam exemplares biológicos (esqueletos, conchas, peles, flores, etc.) de “fora” com o objectivo não só de os preservarem mas igualmente de os utilizarem como materiais de estudo para os seus alunos. Isto ocorreu numa época em que os cientistas naturais começavam verdadeiramente a construir o seu campo de investigação.
Posteriormente e com o apogeu dos Exploradores Naturalistas no século XIX – exemplo paradigmático é o de Darwin – as colecções dos MHN são ampliadas com espólio proveniente de diversas partes do mundo, “servindo” não só a ciência como igualmente a curiosidade do habitantes das metrópoles relativamente a tudo aquilo que vinha das colónias.

FUNÇÕES DE UM MHN

INVESTIGAÇÃO/COLECÇÕES

É fundamental que qualquer MHN tenha uma política de estudo das suas colecções bem como profissionais especializados (biólogos, paleontólogos, antropólogos) nos seus quadros capazes da organização, catalogação, inventariação e estudo do espólio natural.
O estudo das colecções por parte de investigadores deve ser uma das principais linhas de orientação de qualquer MHN.
Prova desta importância é o Programa Synthesys, suportado pela União Europeia e que possibilita a mobilidade de investigadores de diversas áreas (genética, zoologia, paleontologia, antropologia, etc.) a diversos MHN europeus. Desta forma se pode estudar o Património Natural europeu, permitindo o conhecimento cada vez mais amplo da História Natural.

Segundo Keith S. Thomson, director do Museu Universitário de Oxford, as colecções de um MHN devem ter três objectivos principais:
Informação – as colecções devem constituir uma enorme biblioteca dos seres vivos que já habitaram e habitam o nosso planeta. Por exemplo um investigador em farmacologia deve poder localizar os “parentes” de determinada planta que tenha um efeito medicinal; um biólogo molecular poderá encontrar o ADN de uma espécie extinta e compreender melhor a evolução do património genético desse ser vivo; um agrónomo poderá estudar determinado insecto ou planta resistente a uma doença para uma possível cura;
Desta forma o Património Natural, passado e presente, que são as colecções de um MHN constitui a base da investigação em áreas científicas fundamentais tais como: evolução, ecologia, alterações climáticas, biogeografia, etologia e, se incluirmos as ciências humanas, aspectos culturais humanos.
Identificação – todo o objecto de uma colecção de um MHN deve estar correctamente identificado e catalogado e, consequentemente, enquadrado quer temporal quer espacialmente – onde, como, quando e por quem foi colhido, são informações absolutamente fundamentais. Sem estas informações bem como a posterior descrição e enquadramento taxonómico, o exemplar fica desenquadrado e praticamente sem valor científico embora possa ser utilizado para fins de divulgação/exibição. Para além do referido é necessário a actualização do enquadramento da classificação.
Comparação – para além de todos os exemplares, alguns colectados há mais de 200 anos, actualmente também se “arquivam” amostras de ADN e tecidos biológicos. Por intermédio do estudo comparativo, os investigadores analisam exemplares de diversos pontos geográficos e de várias idades, não só em busca de padrões de fenómenos naturais como também identificar as suas causas e prever o seu curso futuro.

No meu caso pessoal, permite-me estudar e digitalizar os restos fossilizados dos dinossáurios saurópodes, sejam espécies sul-americanas, asiáticas ou africanas, com vista à compreensão da evolução daquele grupo de animais extintos.
Como se pode compreender os MHN têm um papel fundamental não só na protecção da Biodiversidade como da sua compreensão, quer a passada quer a presente, com vista a um melhor futuro ambiental.

DIVULGAÇÃO/EDUCAÇÃO

Para além das funções de investigação e preservação do Património Natural, um MHN deve constituir um espaço acessível de educação científica em diversos campos e a diversos níveis. Protecção do Património Natural, Educação Ambiental e Educação para a Cidadania são áreas em a intervenção destes espaços museológicos deve ocorrer.
Apesar de todo o potencial atractivo de que gozam e sempre gozaram os MHN, também enfrentam hoje em dia uma série de desafios que passam pelos “inimigos” de muitas áreas: a Televisão, a Internet, entre outros.

Hoje em dia podemos observar quase tudo e de uma variedade enorme de maneiras. Os MHN
têm assim que ter a capacidade de reagir às exigências dos novos públicos, cada vez mais informados e exigentes. Estes públicos procuram saber mais do que o nome e a proveniência quando visitam uma exposição de história natural – procuram saber qual o papel daquele actor natural no seu ambiente natural; qual o papel que essa entidade natural tem ou teve na vida actual do visitante. Este conjunto de informações deve também procurar evitar um dos perigos comuns – o do espírito parque temático como a Disneylândia.
Cada vez mais na base na base de uma exposição de história natural devem estar ideias e temas actuais, mais do que as colecções.
Estas devem servir antes para contar uma história do que serem elas próprias a história.

Os MHN têm, assim, que se adaptar a novas realidades para que não sejam eles próprios novos Dodós.
Tenho trabalhado e feito investigação em diversos Museus de História Natural mundiais – de Nova Iorque a Marraquexe, de Berlim a Trelew na profunda Patagónia, passando por Londres e Pequim.
Encontrei condições de trabalho muito diferentes; profissionais melhor preparados que outros; espaços físicos maiores ou mais pequenos; de estilo clássico ou do mais puro vanguardismo arquitectónico.

Mas em todos eles se procura preservar, compreender e divulgar o Património Natural nas suas diversas vertentes para que um dia saibamos não só o que foi um Dodó mas também porque não podemos observar um hoje em dia.

Imagens daqui e Luís Azevedo Rodrigues

Referências
Keith S. Thomson. Natural History Museum Collections in the 21st Century. – daqui

PALEO FOI À RÁDIO

Apesar da simpatia, generosidade e o sentido de humor de Ana Sousa Dias, o cansaço do paleontólogo de serviço foi mais forte.
Mas deu para falar da Patagónia, China, do Tempo, de dinos com radioactividade, de ping-pong e de muito mais, com uma excelente conversadora.

A ouvir aqui a entrevista no Rádio Clube Português, de 5ª feira, 20 de Março de 2008 (ficheiro MP3).

Para quê estudar Dinossáurios e outros fósseis que tais?

Retomo um texto que publiquei no jornal Diário de Aveiro em Agosto de 2004.
Para que não me esqueça…

“Tenho tanta curiosidade da Terra…traz-me coisas da Terra.”

Este trecho do livro “A Menina do Mar”, de Sophia de Mello Breyner, paradoxalmente ou não, fez-me pensar que nos tempos que correm é cada vez mais difícil explicar às pessoas o porquê e para quê serve a Paleontologia.
A Paleontologia não é uma história da vida que esteja escrita nos manuais e nos artigos científicos da especialidade; é contada antes pelos fósseis e pelos estratos rochosos. Estes, são pequenos fragmentos de uma história muito maior e complexa que necessita ser interpretada e explicada. É aqui que a Paleontologia poderá ir buscar motivos para a sua existência. Certo é que os fósseis existem por si; poder-me-ão dizer que não necessitam de mais explicações. A verdade é que eles ganham “vida” quando os colocamos no “sítio” certo, no “filme” que foi, é e (provavelmente) será a vida neste planeta. Este filme, apesar de cada vez mais completo, nunca passará de um conjunto pequeníssimo de fotogramas. É a Paleontologia que faz a análise do “filme projectado” ao longo dos milhões de anos da história da Terra. Este “filme” da vida ora acrescentou ora fez sair de cena personagens da trama, de uma maneira acidental e imprevisível, condicionando evolutivamente a actualidade biológica.

A Paleontologia vai buscar as suas ferramentas quer à Biologia quer à Geologia. Esta ciência, ao contrário da biologia ou química, não é uma ciência experimental. Os paleontólogos raramente são capazes de testar as suas hipóteses através de experiências laboratoriais; contudo, e apesar disso, conseguem testá-las.
A descoberta de Archaeopteryx (fóssil animal do Jurássico que “representa” um dos elos de transição evolutiva entre os dinossáurios e as aves, com características anatómicas de ambos) fez ampliar a hipótese, já anteriormente proposta, da relação de parentesco entre aqueles grupos animais. Descobertas posteriores, especialmente as feitas no séc. XX, vieram acrescentar mais provas ao processo hipotético-dedutivo de testagem daquela hipótese.
As comparações feitas por Georges Cuvier no século XIX entre os Mamutes e os elefantes actuais não proporcionaram apenas evidências das extinções em massa (acontecimentos originados por causas geológicas, biológicas ou mesmo extra-terrestres que originaram o desaparecimento em grande escala de fauna e flora); originaram igualmente implicações sócio-políticas, em que revolução e substituição eram mensagens implícitas. De igual modo, a história da Terra e a das nações pareciam sofrer de processos semelhantes.

Os fósseis são parte das “coisas da Terra” que nos são contadas… Dão-nos a conhecer o que não podemos experimentar pelos sentidos – o passado, o desaparecido, aquilo que foi, quando não estávamos cá.

Imagem – “A menina e o mar” ©2005-2007 renatoalvim)

FRACASSO CHINÊS

“China reassures scientists not to fear failure
(Reuters) – China will tolerate experiment failures by its scientists to ease pressure, encourage innovation and cut the chances of fraud, a top official said on Thursday.”

Sempre pensei que o erro e o fracasso constituiam componentes fundamentais do “processo científico”.
Agora o governo chinês vem descansar os seus cientistas para que não temam o falhanço e o fracasso.
Esta desculpabilização institucional visa fomentar a “criatividade”, aliviar a enorme “pressão” bem como evitar a “fraude científica”.

Quando por lá trabalhei e contactei com diversas realidades de investigação paleontológica, verifiquei a enorme tensão produtiva em que viviam os meus colegas chineses.

Parecia-me que esse comportamento semi-obsessivo se devia mais ao carácter laborioso típico dos asiáticos do que, mais pragmaticamente, aos enormes “incentivos” financeiros concedidos pelo governo sempre que, por exemplo, uma nova espécie de dinossáurio é descoberta ou um paper na Nature é publicado.
Por respeito e pudor não avançarei valores.

Agora constato que não era nenhuma produtividade típica dos asiáticos.
A pressão oficial devia ser tanta que, oficialmente, tiveram que a conter.

Fonte da notícia – aqui

Ornitorrinco via os dinos passar

Quando escrevi “Chernes e ornitorrincos”, este estudo ainda não tinha vindo a público.
Paleontólogos do Museu de Vitória, Austrália, descobriram fósseis de ornitorrinco muito mais velhos do que até agora se sabia. Estes materiais paleontológicos datam do Cretácico inferior, Aptiano, entre os 112 e os 125 milhões de anos, e “puxam” a história evolutiva deste mamífero ainda mais para o passado da Terra.

Embora não sejam idênticos ao modernos ornitorrincos, Ornithorhynchus anatinus, as características anatómicas observadas (através de tomografia computadorizada) nas mandíbulas fossilizadas permitiram identificá-las como pertencentes à mesma família – Ornithorhynchidae.
Ao contrário dos actuais ornitorrincos que têm uma estrutura semelhante a bico, os seus antepassados possuíam dentes.

Os ornitorrincos viram os dinossauros a passar…

O artigo é hoje publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.

Imagem: daqui