FedEx

Encomenda informativa urgente:
skull-100315-02.jpgNovo anfíbio.
Fóssil.
Descoberto em terrenos do aeroporto de Pittsburgh.
Que pertencem à FedEx.
Em 2004.
Com aproximadamente 300 milhões de primaveras.
Agora descrito e baptizado.
O seu nome?
Fedexia striegeli.
Entregue.
P.S. – sobre nomes científicos patrocinados por vários assuntos ver “Todos os Nomes”
fedexiax-large.jpg
Resto do pacote informativo:
Aqui e aqui.
Imagens:
Mark A. Klingler/Carnegie Museum of Natural History

A Cobra e o Bebé

ResearchBlogging.orgCasos em que um vertebrado é fossilizado durante a sua actividade biológica são raros.
Mas existem alguns – veja-se “O Falso Culpado” ou “O Mamífero Que Comia Dinossáurios”, por exemplo.
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Hoje é publicado na PLoS Biology um caso surpreendente.
Os intervenientes procedem são não só de dois grupos de vertebrados distintos, em associação próxima e com idades distintas, mas sobretudo porque tanto o predador como a presa ficaram impressos na rocha.
Os restos preservados são de uma nova espécie de cobra – Sanajeh indicus ( gen. et sp. nov.), descoberta junto a ovos e crias de dinossauros saurópodes, mais concretamente de um grupo titanosauros – saurópodes muito diversificado no final do Cretácico.
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A cobra, que podia atingir 3.5 metros, encontrava-se enrolada entre os ovos, e a uma distância muito curta dos recém-nascidos, que não apresentavam mais de 50 centímetros.
Quer a cobra como os jovens dinossauros e ovos foram fossilizadas devido à sua cobertura muito rápida por sedimentos, revelando assim que a cobra se encontraria em pleno processo de caça, alimentando-se de ovos e, provavelmente, também de crias de dinossauro.
A análise da Sanajeh indicus revelou que era um membro primitivo dos Macrostomata, embora ainda não apresentasse as características morfológicas típicas daquele grupo, como a capacidade de deslocarem a mandíbula de forma a poderem ingerir presas de grande porte.
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As rochas de que provêm estes fósseis foram descobertas em 1984, junto à povoação de Dholi Dungri, na parte ocidental da Índia. O paleontólogo Jeffrey Wilson, da Universidade do Michigan, procedeu à reanálise em 2001 dos blocos de sedimentos, tendo chegado à conclusão de que as vértebras seriam da nova espécie de serpente agora descrita. Os blocos foram posteriormente levados para o Michigan, onde tratamento e análise posteriores permitiram revelar o que é hoje publicado.
Referências:
Wilson J, Mohabey D, Peters S, Head J (2010) Predation upon hatchling
dinosaurs by a new snake from the Late Cretaceous of India. PLoS Biology 8(3):
e1000322. doi:10.1371/journal.pbio.1000322.

Wilson J, Mohabey D, Peters S, & Head J (2010). Predation upon hatchling dinosaurs by a new snake from the Late Cretaceous of India.
PLoS Biology, 8(3) : 10.1371/journal.pbio.1000322.

Nota:
Por motivos de comodidade de escrita e de compreensão utilizei os termos “cobra” e “serpente” como sinónimos. Esta opção pode induzir em erro os leitores menos familiarizados com a classificação do grupo Serpentes, grupo que apresenta, mesmo para especialistas, inúmeras incertezas ao nível das suas relações basais.
Imagens:
Sculpture by Tyler Keillor and original photography by Ximena Erickson; image modified by Bonnie Miljour. doi:10.1371/journal.pbio.1000321.g001
As outras duas imagens, artigo.

Paleontólogos – José Luís Sanz

Um excelente cientista.
Um excelente paleontólogo.
Reproduzo aqui as palavras de agradecimento que lhe escrevi na minha tese:
“José Luis Sanz – por ter sido o primeiro que me aceitou no curso de Doctorado em Madrid, mesmo quando não me conhecia e tudo o levava a não o fazer. Por ter sido meu professor. Por ser um prazer ouvi-lo falar de tudo. Por ser um cinéfilo.”

Fonte original do vídeo:
daqui

Arena com Dinos

Um espectáculo, repito, espectáculo a não perder.
Dias 14, 15 e 16 de Maio de 2010.
Dinossauros no Pavilhão Atlântico: “Dinosaurs – The Arena Spectacular”.
Já tinha visto o vídeo há cerca de 2 anos e não pude deixar de pensar que este tipo de acontecimentos podem ter dois tipos de impacto no grande público:
1) atrair muitos jovens para a Ciência, em geral, e para a Paleontologia, em particular;
2) gerar alguns mal-entendidos se a descodificação do que se vê não for feita, nomeadamente ao delimitar o que é e não é especulação sobre a paleobiologia de dinossauros.
Ainda assim parece-me que o balanço é positivo e deverá constituir espectáculo obrigatório para todos aqueles que nutrem um fascínio pela fauna passada.

Fonte: daqui

What’s Up, Doc?

Uma prenda de Natal que recebi e ofereci, na 6ª feira dia 18 de Dezembro de 2009, na Universidad Autónoma de Madrid.
O doutoramento.
Foram anos de trabalho, milhares de quilómetros percorridos, bastantes tristezas, e muitas alegrias.
Agora vou descansar…
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Para quem estiver interessado no abstract da minha tese (PDF).

Referências:
“Sauropodomorpha (Dinosauria, Saurischia) appendicular skeleton disparity: theoretical morphology and Compositional Data Analysis”, Luis Azevedo Rodrigues
Dissertation presented for the PhD degree in Sciences with the Doctor Europaeus Mention
Unidad de Paleontología, Departamento de Biología.
UNIVERSIDAD AUTÓNOMA DE MADRID
Madrid, December 18, 2009
Supervised by Dr.
Ángela D. Buscalioni
Departamento de Biología
Unidad de Paleontología
Universidad Autónoma de Madrid
Co-Supervised by Dr.
Jeffrey A. Wilson
Department of Geological Sciences
Museum of Paleontology
University of Michigan

Jantares

PALEO_MEAL.jpgPartilhar uma refeição parece ser um dos indicadores de civilidade. Além das iguarias que são consumidas em conjunto, parte do prazer que os seres humanos retiram destes momentos são consequência das conversas que se têm.
Há, assim, dois patamares de prazer: o gastronómico, onde quer as papilas gustativas, quer o nariz e a visão, são estimuladas. O outro nível de prazer envolve, na maioria dos casos, as pessoas com quem se reparte a refeição, ou seja, os comensais.
Por vezes, imaginamos jantares onde se colocariam convivas de difícil coabitação – o nosso chefe à mesa com um cardume de piranhas…
Outras vezes desejamos ter assistido ou partilhado um jantar com personagens históricas ou mediáticas.
Um desses almejados jantares, pelo menos para mim, foi o que ocorreu a 29 de Outubro de 1836, pouco após o Beagle ter regressado a Inglaterra.
Charles Lyell foi o anfitrião desse repasto onde outros dois ilustres cientistas oitocentistas partilhariam a mesma mesa: Charles Darwin e Richard Owen. Lyell, conhecido de ambos, acabou por os apresentar. Darwin acabou por ceder a Owen alguns dos fósseis de mamíferos que havia recolhido na América do Sul.
Se de Darwin me omito referir a óbvia influência no pensamento biológico moderno, já Lyell e Owen são, digamos, um pouco menos populares.
O escocês Charles Lyell (1797-1875) é considerado com sendo um dos pais da Geologia moderna, devido sobretudo à sua obra em três volumes The Principles of Geology (1830).
Richard Owen (1804 – 1892), à altura um afamado anatomista, é conhecido actualmente por ter sido quem cunhou o termo Dinosauria.
Adoraria ter partilhado este jantar.
Poderia ter sido apenas a escutar, disfarçando como pudesse o mal-educado acto; mas tê-lo-ia feito à mesma…
Referências:
daqui
Imagem:
daqui

Ciência Pop

Depois de uma adolescência a admirar o som punk dos Bad Religion, que vim a descobrir mais tarde serem liderados pelo biólogo evolutivo Greg Graffin, os They Might Be Giants lançam agora o tema “I Am a Paleontologist”.
Apesar de estar cheio de lugares comuns sobre a Paleontologia, é um tema saltitante e, acima de tudo, fala de uma profissão que me diz muito…

Apesar de não ter ouvido o álbum, parece-me ser só sobre a Ciência.

Natura nusquam magis est tota quam in minimis

Natura_minimis.jpgNatura nusquam magis est tota quam in minimis
Plínio, o Velho (23-79 d.c.)
“em parte alguma encontramos a natureza na sua totalidade como nas suas mais pequenas criaturas”
(in O Polegar do Panda, S.J. Gould, Gradiva, 2002)
Imagem:
daqui

Darwin Tunes

Uma experiência científica, num contexto evolutivo simulado, de evolução cultural.
Na música.
A experiência está a decorrer e pede a participação.

Material bibliográfico:
aqui e aqui

Sereno’s Crocodilos

Mais uma excelente monografia sobre a vida na Terra.
Do passado dos Crocodylia, mais concretamente sobre o registo fóssil do Cretácico do Saara.
Kaprosuchus saharicus (Large).jpgDesta vez Paul Sereno é acompanhado por Hans Larsson na escrita de uma obra que vai ser uma referência futura.
Na imagem o novo género e espécie Kaprosuchus saharicus revela uma morfologia craniana e mandibular muito particulares.
A cereja em cima do bolo é que a monografia é grátis e está repleta de excelentes ilustrações e fotografias.
Aqui o PDF.
Abstract
Cretaceous Crocodyliforms from the Sahara
Paul C. Sereno, Hans C. E. Larsson
“Diverse crocodyliforms have been discovered in recent years in Cretaceous rocks on southern landmasses formerly composing Gondwana. We report here on six species from the Sahara with an array of trophic adaptations that significantly deepen our current understanding of African crocodyliform diversity during the Cretaceous period. We describe two of these species (Anatosuchus minor, Araripesuchus wegeneri) from nearly complete skulls and partial articulated skeletons from the Lower Cretaceous Elrhaz Formation (Aptian-Albian) of Niger. The remaining four species (Araripesuchus rattoides sp. n., Kaprosuchus saharicus gen. n. sp. n., Laganosuchus thaumastos gen. n. sp. n., Laganosuchus maghrebensis gen. n. sp. n.) come from contemporaneous Upper Cretaceous formations (Cenomanian) in Niger and Morocco.”
Referência:
Paul C. Sereno, Hans C.E. Larsson. ZooKeys 28: 1-143 (2009) doi: 10.3897/zookeys.28.325
Imagem:
da referência