Christine de Pizan

Sabes por que mulheres conhecem menos que homens? […] é porque elas são menos expostas a uma larga variedade de experiências já que precisam ficar em casa o dia inteiro em nome do lar. Não há nada como uma gama completa de diferentes experiências e atividades para expandir a mente de qualquer criatura racional. (Pizan, Cidade das Damas, parte I cap. XXVII).” 

Defensora da educação das mulheres, Christine de Pizan ficou conhecida pela defesa de seus direitos no livro Cidade das Damas e por ser antecipadora da Querelles des Femmes, um conjunto de textos sobre o lugar social das mulheres.

Mas vocês sabiam que em seu relato autobiográfico Le livre de Mutacion de Fortune (1403), Pizan descreve sua transformação em um homem? Essa construção literária, que no texto aparece como sendo causada pela Forturna, tem a intenção de reclamar autoridade sobre sua atividade de escritora e intelectual. Como na época escrever e viver da escrita eram atividades majoritariamente masculinas, a descrição desta metamorfose mostra como Pizan percebia sua própria mudança de papel social. 

No verbete escrito por Ana Rieger Schmidt, você poderá conhecer mais sobre a vida e obra desta escritora que produziu mais de 40 obras de diversos gêneros literários e para diferentes públicos. Christine de Pizan foi aclamada ainda em vida por suas obras literárias mas sua contribuição filosófica ainda precisa ser reconhecida e mais divulgada. Esta filósofa italiana, nascida em Veneza no ano de 1364, engajou-se nos debates morais e sociais de seu tempo tornando-se pioneira na crítica à misoginia nas instituições e nos círculos intelectuais. Leia aqui o verbete.

Ana Rieger Schmidt é professora no Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e possui doutorado em História da Filosofia Medieval pela Universidade de Paris-Sorbonne IV (2014). Suas pesquisas e publicações versam, principalmente, sobre a metafísica e a lógica no século XIV. Atualmente se dedica aos estudos de Christine de Pizan e a expansão do cânone filosófico.

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