Dhuoda
Encerramos o ano de 2022 com o lançamento do verbete Dhuoda, sobre essa que foi uma das primeiras filósofas do Medievo Latino Cristão. Ela nasceu na primeira metade do século IX e, embora sua origem seja controversa, algumas referências indicam que teria pertencido a uma família aristocrata de origem franca. Em 824 ela recebeu o título de Duquesa de Septimania ao se casar com Bernardo de Toulouse, Duque de Septimania. Do casamento com Bernardo Dhuoda teve ao menos dois filhos, Guilherme, o primogênito, e Bernardo. No entanto, ela viveu separada dos filhos, motivo que a fez, em 841, começar a elaboração de um manual destinado à educação de seu primeiro filho, Guilherme, à época com 15 anos, intitulado Manual para meu filho. Na época seu primogênito vivia na corte imperial, após ser enviado por seu pai, Bernardo, como prova de lealdade após a vitória do rei Carlos, o Calvo, na batalha de Fontenoy.
Logo no início do livro, Dhuoda fala a respeito do propósito da obra, o de servir como um modelo de educação a ser seguido por Guilherme, uma vez que a distância a impossibilitava de orientar a educação do próprio filho. A obra segue os preceitos de uma moral cristã, e entre os temas abordados estão: a ideia de que a vida provêm de Deus; a racionalidade humana como um ato da bondade de Deus; a necessidade de direcionar a vontade aquilo que é eterno e imutável e a apresentação das três virtudes: fé, esperança e caridade como conduta moral correta frente aos bens terrenos.
Meline Costa Souza é professora da Universidade Federal de Lavras. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia Medieval. Membro da Société Internationale pour l`Étude de la Philosophie Médiévale, do GT de História da Filosofia da Natureza e do Grupo de Pesquisa em Metafísica e Política. Coordenadora do Núcleo de Estudos em Filosofia Árabe (UFLA).
Ficou curiosa para saber mais sobre a vida e obra de Dhuoda? Então leia o verbete aqui.