Akiko Yosano 与謝野 晶子

No imperdível verbete desta semana, você vai conhecer a vida e a obra de Akiko Yosano, cujo nome de nascimento era Shō Hō ou Shō Ōtori, uma poeta, escritora, tradutora, crítica e educadora, figura proeminente na literatura japonesa do século XX. Nascida em Sakai, cidade portuária ao sul de Osaka, em 1878, ela cresceu em uma família próspera de comerciantes. Desde jovem, demonstrou grande interesse pela leitura, frequentando a biblioteca do armazém de doces de seu pai, onde lia e estudava entre suas obrigações familiares, o que fez com que, aos quinze anos, ela já conhecesse importantes obras e fosse versada na literatura japonesa clássica.

Em 1901, aos vinte e três anos de idade, ela publicou a coletânea “Midaregami” [Cabelos revoltos], uma obra que capturou a atenção do público ao explorar temas como a paixão, a sensualidade e a individualidade  femininas através de tankas, forma poética tradicional japonesa. Mas além de poesia, Akiko Yosano  também escreveu prosa e foi uma figura importante do feminismo no Japão, contribuindo significativamente para a revista “Seitō” [Meias azuis], primeira revista literária editada e escrita por mulheres do Japão. Sua influência se estendeu também à educação, onde desempenhou um papel crucial na fundação da Bunka Gakuin, uma escola inovadora em Tóquio que perdura até os dias atuais. No entanto, como nos mostra Karen Kazue Kawana, autora do verbete, Akiko Yosano não se deteve à escrita e à educação, ela também  traduziu para o japonês moderno o conhecido “Genji Monogatari”, de Murasaki Shikibu, além de escrever ensaios, ficção, histórias infantis e mais de vinte coleções de poemas, abrangendo desde o estilo tradicional até formas livres.

 

Sobre a autora do verbete:Karen Kazue Kawana é graduada em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas, possui mestrado e doutorado em Filosofia pela mesma instituição. Tem conhecimentos na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia francesa do século XVIII. Mestre em Língua, Literatura e Cultura Japonesa pela FFLCH/USP. Pesquisa e traduz textos de escritores japoneses, em particular, da primeira metade do século XX. Atualmente é doutoranda do programa de Teoria e História Literária do IEL/Unicamp.

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Akiko Yosano 与謝野 晶子

Akiko Yosano

与謝野 晶子

(1878 – 1942)

por Karen Kazue Kawana, doutoranda em Teoria e História 

Literária (IEL/Unicamp) e Doutora em Filosofia (IFCH/Unicamp) – Lattes 

 

Akiko Yosano – PDF

 

Fonte: Kokuritsu Kokkai Toshokan [Biblioteca Nacional da Dieta], NDL
Uma intelectual polivalente

 

Akiko Yosano — nascida Shō Hō [鳳 志やう], ou Shō Ōtori (Beichman, 2002), a depender da leitura do ideograma do sobrenome familiar — foi uma poeta, escritora, tradutora, crítica e educadora japonesa. Em 1901, quando ela tinha pouco mais de vinte anos, a publicação da coletânea Midaregami [Cabelos revoltos] causou sensação e a lançou no universo literário japonês. A obra tratava de temas como a paixão, a sensualidade e a individualidade femininas em poemas curtos de forma clássica, ou tanka. Embora o impacto de sua primeira coletânea ofusque um pouco sua produção posterior, Akiko Yosano tem uma extensa obra literária tanto em poesia quanto em prosa, além de ser uma figura importante do feminismo no Japão.

Ela fez contribuições para a revista Seitō [Meias azuis], a primeira revista literária editada e escrita por mulheres do Japão, escreveu ensaios sobre questões femininas, desempenhou um papel importante no estabelecimento da Bunka Gakuin — uma escola de conceito inovador na época que existe até hoje em Tóquio —, publicou quinze livros de ensaios e traduziu o Genji monogatari [Narrativas de Genji], grande obra da literatura clássica japonesa escrita pela dama da corte Murasaki Shikibu (978?–1031?) no período Heian (794-1185), produzindo não uma, mas duas versões dessa obra em japonês moderno. Escreveu ficção, relatos de viagens e histórias infantis. Como poeta, publicou vinte e uma coletâneas, tanto de poemas em estilo tradicional quanto em versos livres (shintaishi). 

 

Juventude

 

A autora nasceu em Sakai, cidade portuária ao sul de Osaka, em 7 de dezembro de 1878, em uma próspera família de comerciantes. Seu pai, Sōshichi Hō/Ōtori (1847-1903) era proprietário de segunda geração da Surugaya, uma loja especializada em doces tradicionais como o yōkan, feito com feijão azuki; sua mãe, Tsune (1851-1907), era filha de um respeitável comerciante local. 

Sakai era uma cidade comercial com muitas casas construídas para servirem como lojas ou pequenos ateliês que possuíam espaço para os empregados dormirem, e foi em uma delas que Akiko passou a infância e a adolescência. Ela tinha um irmão mais velho, Shūtarō (ou Hidetarō); um irmão mais novo, Chūsaburō; e a caçula, Sato, além de duas meia-irmãs do primeiro casamento do pai. Enquanto a mãe era uma mulher prática que se ocupava da administração do estabelecimento, o pai era um intelectual com veleidades artísticas que escrevia haiku e gostava de pintar. Ele passava muito tempo na biblioteca do segundo andar do armazém próximo da Surugaya onde mantinha uma grande coleção de obras clássicas japonesas e chinesas, além de textos sobre ciência e conhecimentos ocidentais.

Em 1888, a jovem Akiko terminou os estudos elementares e se matriculou em uma escola para garotas recém-estabelecida em Sakai. No ano seguinte, Hana, a mais jovem de suas meia-irmãs, se casou, e Akiko passou a ter mais responsabilidades na loja de doces, embora já ajudasse no trabalho desde criança. Depois de concluir os estudos formais em 1894, seu papel na administração do estabelecimento se tornou ainda maior, porém, isso não impediu que continuasse a aprofundar seus conhecimentos por meio da leitura, o que fazia na biblioteca do segundo andar do armazém, no quarto, ou na própria loja, durante as pausas do serviço. Nessa altura, ela já havia lido épicos históricos do período Heian como o Eiga Monogatari [Narrativa da glória] e o Ōkagami [O grande espelho], obras literárias como o Genji Monogatari [Narrativas de Genji], de Murasaki Shikibu, o Utsubo monogatari [Narrativas da árvore oca] e o Makura no sōshi [Livro do travesseiro], de Sei Shōnagon (966?-1025?); a poesia de Matsuo Bashō (1644-1694), as peças de Chikamatsu Monzaemon (1653-1725), entre outros. Aos quinze anos, ela já era bem versada em importantes obras da literatura japonesa.

Seu primeiro poema foi publicado em setembro de 1895, aos dezesseis anos, na respeitada revista literária Bungei Kurabu [Clube Literário]. Um dos 57 tanka selecionados para publicação pelo editor entre as submissões dos leitores no qual se lê: Tsuyu shigeki mugura ga yado no koto no ne ni aki wo soetaru suzumushi no koe [o canto dos grilos se junta ao orvalho nas moitas e ao som do koto no casebre intensificando o outono] (Yosano apud Beichman, 2002, p. 66, tradução nossa). Porém, ela nunca o mencionou em seus escritos, parecendo considerar seus primeiros poemas, inspirados em modelos e temáticas clássicas, como experimentos ainda insatisfatórios. Foi aos poucos, participando de grupos de poetas de Sakai, que Akiko foi refinando seu estilo até encontrar uma voz própria. 

A poesia japonesa tradicional passava por um movimento de modernização no final do século XIX, com Naobumi Ochiai (1861-1903) e o grupo Asaka propondo reformar o tanka — os poemas de forma clássica comumente compostos de 31 moras (ou sílabas) distribuídas em cinco versos de 5-7-5-7-7 moras —, e Masaoka Shiki (1867-1902) modernizando o que passaria a ser designado haiku (também conhecido como haicai no Brasil), o poema de 12 moras distribuídas em três versos de 5-7-5 moras. 

Tekkan Yosano (1873-1935), pseudônimo de Hiroshi Yosano, foi um discípulo de Naobumi que ganhou renome com suas primeiras coletâneas de tanka. Em 1900, ele fundou a Shinshisha [Nova Sociedade Poética] e passou a publicar a Myōjō [Vênus], revista da Sociedade, por meio da qual procurava popularizar suas ideias e promover uma poesia que enfatizava o papel da experiência e da expressão individuais. Akiko, então já conhecida nos círculos literários de Sakai, foi convidada a contribuir com alguns poemas, passando a figurar em suas páginas a partir de então. 

Tekkan Yosano realizou uma série de palestras e oficinas de poesia na região de Osaka, Kobe e Okayama nesse mesmo ano e Akiko teve a oportunidade de encontrá-lo pessoalmente pela primeira vez. O amor pela poesia, a inteligência e a espirituosidade compartilhada por ambos acabaram por aproximá-los. No entanto, na época, Tekkan vivia com Takino Hayashi (1878-1966) que estava grávida. Depois do nascimento do filho, a família Hayashi pediu que ele se separasse de Takino devido a rumores sobre um relacionamento pregresso de Tekkan e às trocas de poemas apaixonados entre ele, Akiko e a poeta Tomiko Yamakawa (1879-1909) na Myōjō.

Akiko se dirigiu a Tóquio em junho de 1901 para viver com Tekkan. E, apesar das dificuldades financeiras em que este se via para manter sua revista, em agosto, ele publicou a coletânea de poemas de Akiko. Os dois se casaram oficialmente em outubro, dois meses após a publicação de Midaregami. O casal teve treze filhos, dos quais onze chegaram à idade adulta.

 

Cabelos revoltos 

 

Na coletânea Midaregami, título que pode ser traduzido como “Cabelos revoltos”, uma coletânea de 399 tanka, Akiko Yosano trata de temas como arte, amor, juventude, natureza e sentimentos. Muitos dos poemas foram compostos enquanto a poeta e Tekkan Yosano se aproximavam e hoje são considerados autobiográficos, porém, Beichman (2002) observa que isso ocorre porque nós conhecemos a vida da autora, mas que, na época, poucas pessoas sabiam o que se passava entre os dois.

Os tanka da coletânea provocaram sensação devido ao frescor com o qual sua voz lírica se expressava com liberdade e sem pudores sobre temas como o corpo e o desejo femininos. Eles revelavam uma jovem que se entregava aos prazeres e desafiava as convenções. Muitas pessoas leram os poemas como um grito de liberdade: “Os poemas de Akiko foram lidos como as palavras de uma rebelde contra o pudor do período Tokugawa e os ditados feudais que forçavam o sacrifício da felicidade pessoal à pressão da ordem pública” (Beichman, idem, p. 176).

O período Tokugawa, ou Edo, compreende o período histórico em que o Japão foi governado pelos xoguns da família Tokugawa, entre 1603 e 1868. Com seu fim, o Japão entrou no período Meiji (1868-1912), quando o país iniciou um intenso processo de modernização tecnológica e científica, passando por reformas de todos os tipos: políticas, sociais, educacionais etc. Técnicas e ideias estrangeiras foram introduzidas e livros traduzidos. Mesmo a arte e a literatura passaram por transformações. No entanto, ao final do século XIX, a nova Constituição (1889) e o Código Civil (1898) revelaram a posição conservadora do Estado, especialmente em relação às mulheres. Elas foram colocadas sob a tutela do chefe de família, ou seja, do pai, marido ou filho. Apenas homens podiam reivindicar a posteridade e tinham reconhecimento legal. Maridos podiam dispor da propriedade das esposas como quisessem e eram livres para ter concubinas, já que o adultério era passível de punição apenas no caso das esposas (Sievers, 1983, p. 111). Por fim, em 1900, o artigo 5º da Lei de Vigilância e Segurança Pública [Chian keisatsu hō] proibiu as mulheres de organizarem e participarem de grupos e manifestações políticas. Em caso de infração, elas estavam sujeitas a multas e à prisão.

Não menos revelador em relação ao conservadorismo do Estado, era a ideologia do ryōsai kenbo, ou da “boa esposa, mãe sábia”, segundo a qual o papel feminino na sociedade seria o de apoiar o marido, cuidar do lar e criar os filhos para a nação. Abnegação, docilidade, modéstia e frugalidade eram consideradas virtudes femininas. Sievers (idem) observa que não é possível mensurar o quanto as mulheres aceitavam e se pautavam por essa ideologia, porém, a educação feminina oferecida na época se voltava para esse objetivo. A própria Akiko Yosano recebeu uma educação focada em economia doméstica e costura na última escola que frequentou. Tais conhecimentos eram considerados úteis para as mulheres. 

Nesse contexto, a própria publicação de uma coletânea de poemas escritos por uma mulher era algo ousado na época, especialmente uma que expressava sua sexualidade e individualidade confrontando as convenções sociais e apresentando uma figura feminina que era o oposto do modelo da “boa esposa, mãe sábia”. Alguém que mencionava o corpo e o prazer ao dizer coisas como: “Michi wo iwazu ato wo omowazu na wo towazu koko ni koi kou kimi to ware to miru [Sem tocar na moralidade, sem pensar no futuro, sem questionar quem somos, aqui estamos, amantes apaixonados] (Yosano, 2000, online, tradução nossa); ou ”Tsumi ooki otoko korase to hada kiyoku kurogami nagaku tsukurareshi ware [Eu, de pele alva e longos cabelos negros, feita para punir os homens por seus muitos pecados]” (idem, ibidem). A obra a tornou uma celebridade do universo literário, recebendo tanto elogios por sua originalidade quanto ataques de teor misógino nos quais era comparada a uma prostituta.

 

Irmão, não deves morrer!

 

Em 1904, Chūsaburō, irmão mais novo de Akiko Yosano, estava a serviço do exército imperial durante a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) em Port Arthur, na Manchúria. Segundo rumores, os soldados japoneses estavam se voluntariando para missões suicidas que visavam a tomada dessa base. Temendo pela sorte do irmão, Akiko lhe enviou um poema intitulado Kimi shinitamō koto nakare [Irmão, não deves morrer!], publicado no número de setembro da revista Myōjō. Nele, Akiko instava o irmão a pensar nos pais que o amavam e esperavam que ele retornasse e assumisse os negócios da família. 

O poema provocou uma série de respostas e críticas ao longo dos anos. No auge do conflito com a Rússia, a poeta foi considerada uma traidora e sua casa chegou a ser apedrejada (Rabson, 1991) porque ele expressaria uma crítica ao imperador em versos que diziam: “Irmão, não deves morrer! / Nem o imperador, ele mesmo, / não vai à guerra. / Com seu coração tão misericordioso / será que ele pediria / às pessoas para derramarem seu sangue e / morrerem como animais / julgando isso glorioso? (Yosano, 1929, online, tradução nossa). 

Décadas depois, o movimento de literatura proletária acusou a poeta de não confrontar os motivos da guerra que ocorria então e de se concentrar na família e na loja de doces que Chūsaburō deveria assumir, revelando uma “visão de mundo burguesa”. Contudo, a partir do final da Segunda Guerra Mundial, o poema passou a ser elogiado como um manifesto pacifista, a expressão de valores democráticos e das angústias femininas em relação à guerra. No entanto, Rabson (1991) observa que, apesar de hoje ele ser lembrado dessa forma, Akiko Yosano nem sempre escreveu contra a guerra durante sua carreira, especialmente depois da viagem que realizou à Manchúria e à Mongólia na primavera de 1928 na companhia de Tekkan. 

O casal, junto com outros escritores, artistas e acadêmicos, foi convidado a fazer uma viagem de quarenta dias por essas regiões pela Ferrovia do Sul da Manchúria, de propriedade japonesa. Ao retornar, Akiko Yosano passou a publicar poemas e ensaios nos quais expressava seu apoio ao envolvimento militar do Japão na China e na Guerra do Pacífico. 

Porém, isso não altera o fato de o poema Kimi shinitamō koto nakare ter sido acusado de constituir um ato de insubordinação à autoridade por questionar a necessidade de o irmão morrer pelo país e por mencionar o imperador na época em que foi escrito. 

 

O dia em que as montanhas se movem

 

Em setembro de 1911, quando o primeiro número da revista Seitō foi publicado, Akiko Yosano contribuiu com um longo poema intitulado Sozorogoto [Divagações]. A Seitō, criada pela escritora e crítica Raichō Hiratsuka (1886-1971) e outras intelectuais, foi a primeira revista literária editada e escrita por mulheres para mulheres e, quando deixou de ser publicada em 1916, ela havia se transformado em fórum de debates sobre questões que envolviam e interessavam diretamente ao público feminino. 

Akiko Yosano e Raichō Hiratsuka se encontram pela primeira vez em uma reunião da associação literária criada pelo escritor Chōkō Ikuta (1882-1936) da qual a última fazia parte, a Keishū Bungakukai [Sociedade das Mulheres de Talento]. Quatro anos depois, Raichō foi pessoalmente visitar Akiko para lhe pedir uma contribuição para o primeiro número da revista. 

Sozorogoto pode ser lido como uma sequência de doze poemas com diferentes números de versos e sem uma temática comum. Ele foi revisado pela poeta em 1929, e cada um dos poemas recebeu um título, o que reforçou a ideia de que constituiriam unidades autônomas, “divagações”, como sugere o título da seleção. O poema inicial, Yama no ugoku hi [O dia em que as montanhas se movem] foi interpretado como um manifesto feminista: 

 

O dia em que as montanhas se movem chegou.

Disse, porém ninguém me deu ouvidos.

As montanhas apenas estiveram adormecidas por algum tempo.

Essas montanhas que,

no passado, se moviam ardendo em fogo.

Não me importo se não acreditam nisso.

Mas, ah, ouçam bem!

Todas as mulheres adormecidas despertam agora e se movem (Yosano, 1911, online, tradução nossa).

 

Essas montanhas que se moviam ardendo em fogo no passado fariam alusão à tradição literária que remontaria a obras como o Genji monogatari de Murasaki Shikibu, escrito no período Heian, época áurea da literatura feminina no Japão. Outro poema da seleção que faz referência à mulher é o intitulado Onna [Mulheres]:

 

“Não esqueças o chicote!”,

disse Zaratustra.

Mulheres são gado, são ovelhas.

Talvez eu devesse acrescentar:

“Solte-as nos campos!” (Idem, ibidem)

 

Nele, a poeta se refere à obra Assim falou Zaratustra do pensador alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), especificamente ao capítulo “Das velhas e novas mulherezinhas” onde Zaratustra encontra uma idosa que o adverte: “Vais ter com as mulheres? Não esqueças o chicote!” (Nietzsche, 2011, p. 61). 

Curiosamente, o último poema da seleção, Ame no yoru [Chuva noturna], termina com o eu lírico feminino comparando seu rosto pálido a uma flor noturna em meio a detritos, o que contrasta com as mulheres comparadas a vulcões, ou a montanhas em fogo, do poema inicial. 

 

Ensaísta e crítica

 

Enquanto Akiko Yosano recebia pedidos de artigos de vários jornais e revistas, a reputação de seu marido, Tekkan Yosano, declinava. A Shinshisha [Nova Sociedade Poética] se dissolveu e a revista Myōjō deixou de ser publicada em 1908. 

Com o fim da Shinshisha e da revista, o casamento do casal passou por um período difícil e, para ajudar o marido a superar sua depressão, Akiko levantou fundos para que ele viajasse à Europa, o que ocorreu em agosto de 1911. Ela se juntou a Tekkan no ano seguinte, deixando os sete filhos que tinha na época sob os cuidados de membros da família. 

Na Europa, ela teve a oportunidade de comparar a situação das mulheres e os movimentos femininos locais com os do Japão, escrevendo artigos sobre suas impressões para revistas. Ao retornar em 1913, ela teve seu oitavo filho — que recebeu o nome de Auguste, inspirado no escultor Auguste Rodin —, publicou poemas e textos em prosa; trabalhou na tradução do Genji monogatari para o japonês moderno e começou a escrever o romance Akarumi e [Em direção à luz], serializado no Tōkyō Asahi Shinbun [Jornal Asahi de Tóquio] no verão de 1913, no qual ficcionalizava as dificuldades domésticas ocasionadas pela depressão de Tekkan após o fim da Shinshisha e da Myōjō, bem como os esforços feitos por ela para manter a família. 

Akiko Yosano se entregou furiosamente a suas atividades literárias nos anos que se seguiram e teve mais dois filhos até 1916, o que aumentou as dificuldades financeiras da família, que era sustentada por seu trabalho enquanto o marido procurava uma nova ocupação sem muito sucesso. 

Em setembro de 1916, ela deu à luz seu décimo primeiro filho, que morreu um dia depois. Apesar da exaustão e da dor da perda, ela continuou escrevendo no hospital. Rodd (1991b, p. 188) observa que, apesar de suas numerosas gravidezes, do apoio às ideias de Tekkan e do fato de ela ser o sustentáculo da família poderem ser interpretados como indícios de sua subordinação, a própria autora respondeu que a diferença entre subordinação e igualdade não seria uma questão de comportamento, mas de escolha. Ela era responsável por sua vida e as escolhas teriam sido dela, e não instigadas pelo marido, de quem se considerava uma igual.

Seus ensaios eram regularmente reunidos em volumes. Ela publicou sete entre 1916 e 1921, período em que era mais conhecida por seus ensaios e críticas do que por sua poesia. Seus artigos tinham um teor mais introspectivo, subjetivo, e versavam sobre suas experiências pessoais, como o nascimento dos filhos e a família, mas também tratavam das reformas políticas que ocorriam naquele momento e que afetavam as mulheres. Ela era crítica às teorias educacionais que visavam produzir “boas esposas e mães sábias” (Rodd, 1991b).

 

Debate sobre a proteção da maternidade

 

Akiko Yosano e outras intelectuais se engajavam ativamente no debate sobre os papéis femininos, as mudanças sociais e o futuro da família que começou nos números da revista Seitō dedicados à “nova mulher”, ou “atarashii onna”, em japonês. Alguns dos assuntos abordados envolviam desvincular o amor e o casamento da moralidade tradicional, assegurar os direitos políticos das mulheres, equilibrar trabalho e vida doméstica, elevar a conscientização feminina, garantir acesso igualitário ao trabalho e a salários etc. 

Uma das questões centrais era determinar o grau de intervenção do governo na vida das mulheres. A necessidade ou não de o Estado oferecer suporte na criação dos filhos, por exemplo, ganhou destaque no que ficou conhecido como “Debate sobre a proteção e o auxílio à maternidade” [bosei hogo ronsō].

A partir de 1915, Akiko Yosano começou a escrever uma coluna na revista Tayō [Sol] na qual expressava suas opiniões sobre várias questões sociais. Segundo Rodd (1991b), o “Debate sobre a proteção e o auxílio à maternidade”, que se estendeu por vários artigos e envolveu outras intelectuais, teria se iniciado na coluna de janeiro de 1916, quando ela criticou Tolstoy e Ellen Key por propagarem “a ideia de que era a missão e direito natural dos homens realizar tanto o trabalho físico quanto o mental, e que a atividade das mulheres era de natureza secundária” (Yosano apud Rodd, idem, p. 189, tradução nossa).

Ellen Key (1849-1926) era uma escritora feminista sueca cujo pensamento era contraposto ao da sul-africana Olive Schreiner (1855-1920) no Japão. Enquanto Key era associada à noção de “auxílio à maternidade”, Schreiner era vista como uma pensadora que defendia a independência econômica das mulheres. O movimento feminista se dividia entre esses dois posicionamentos, um ramo asseverava que a maternidade era uma vocação feminina e que o mundo da mulher devia ser o da família; enquanto o outro afirmava que as mulheres eram seres humanos com os mesmos direitos e privilégios dos homens, e com a mesma liberdade e capacidade que eles. 

Segundo Akiko, então com trinta e oito anos e que acabara de ter o nono filho, a maternidade não seria o centro de sua vida. Ela poderia assumir muitos outros papéis além daquele de mãe: 

 

Acredito que tornar a maternidade absoluta e conceder-lhe supremacia, como faz Ellen Key, entre todas as inúmeras expectativas e desejos que surgem quando a mulher oscila na superfície da vida, serve para manter as mulheres presas na velha irrealista forma de pensar que concede uma hierarquia aos inumeráveis desejos e papéis que deveriam ter igual valor para o indivíduo (Yosano apud Rodd, 1991b, p. 190, tradução nossa).

 

Enquanto Key afirmaria que ter filhos seria o objetivo do amor, Akiko acreditava que a relação do casal era igualmente importante. Raichō, leitora de Key, respondeu em um artigo publicado na Bunshō Sekai [Mundo Literário] de maio. Ela acusava Akiko de não ter realmente compreendido o pensamento de Key e concordava com a ideia desta de que a igualdade política e educacional para as mulheres era desejável porque as prepararia melhor para o papel de mãe, ressaltando, no entanto, que Key não deixava de valorizar as escolhas de vida e de carreira individuais. 

Akiko se desculpou por sua leitura descuidada, porém Raichō passou a prestar atenção aos artigos escritos por ela. Em março de 1918, Akiko publicou o artigo “Joshi no tettei shita dokuritsu” [A total independência feminina], na revista Fujin Kōron [Fórum Feminino], no qual expressava suas ideias sobre o tema:

A necessidade mais urgente agora é que homens e mulheres se esforcem de alguma forma e se tornem autossuficientes para se alimentar e se vestir, e para estabelecer e garantir a segurança material. […] Acredito que, se houver mulheres que reclamem a igualdade de direitos entre homens e mulheres, aprendam ciências e arte, e falem sobre as questões femininas sem pensar na sua própria independência profissional, elas sejam fantasistas que não compreendem a realidade mais premente da vida atual. Declaro que a independência profissional e a autossuficiência feminina devem ser o senso comum e a norma para as mulheres a partir de agora. 

Não posso concordar com as reivindicações expressas pelos movimentos feministas europeus que buscam proteções financeiras especiais do Estado para as mulheres na gravidez e no parto. 

Nós, que acreditamos ser uma moralidade escrava a mulher viver às custas dos homens por causa de nossa função reprodutiva, devemos recusar a dependência do estado pela mesma razão.

[…] a responsabilidade pela prole deve ser totalmente assumida pelo casal, tanto pelo marido quanto pela esposa (Yosano apud Fukuda, 1990, p. 329, tradução nossa).

 

Akiko Yosano rejeitava a ideia de que as mulheres fossem dependentes dos maridos e da sociedade e expressava a necessidade de elas se tornarem totalmente autossuficientes em termos materiais. Ela era um exemplo de que isso era possível — mãe de mais de dez filhos e bastião financeiro da família. 

No número de maio da Fujin Kōron, Raichō questionou as afirmações de Akiko, perguntando quantas mulheres no Japão teriam o mesmo gênio e talento para emulá-la, acusando a colega de estar divorciada da realidade. Seu caso seria uma exceção, não a regra para a maioria das mulheres, portanto, o governo teria o dever de proteger as mães e as crianças. Como as mães eram a origem da vida, era necessário ampará-las para o futuro da sociedade. A independência financeira era importante, mas um ideal pouco realista para quase todas (Rodd, 1991b, p. 193).

Akiko respondeu que ela não havia dito que as mulheres deviam se pôr a buscar essa independência de imediato, mas que esse seria um ideal futuro. Primeiro, era preciso mudar a mentalidade da sociedade. Também criticou Raichō por esta parecer valorizar a maternidade mais do que qualquer outro papel que uma mulher poderia assumir.

Kikue Yamakawa (1890-1980), ensaísta e ativista socialista, se juntou ao debate em um artigo publicado na Fujin Kōron em setembro no qual discordava tanto do posicionamento de Akiko Yosano, que valorizava o esforço pessoal e acreditava que os problemas sociais poderiam ser resolvidos pelo esforço individual, e o de Raichō Hiratsuka, que enfatizava as diferenças de gênero e a proteção da maternidade. Para ela, a solução se encontrava em uma revolução do sistema econômico, esse seria o pré-requisito para a reforma social. 

Uma quarta voz se somou às outras três quando Waka Yamada (1879-1957) publicou um artigo na Taiyō também em setembro. Waka havia sido sequestrada e traficada como prostituta nos Estados Unidos antes de ser resgatada e retornar ao Japão casada com um professor japonês. Em seu artigo, ela defendia o papel feminino da “boa esposa, mãe sábia”, pois acreditava que as mulheres deveriam cuidar do lar e ajudar os maridos. Ela também não via qualquer problema em que as mulheres recebessem ajuda financeira dos maridos ou do estado por serem mães.

O debate prosseguiu em outras publicações e terminou amigavelmente em 1919, com as participantes concordando que todas elas desejavam a liberação feminina, mesmo que tivessem opiniões diferentes sobre como seria possível alcançá-la. Elas consideravam o debate um meio de se encorajarem mutuamente e promoverem uma reflexão sobre o papel feminino na sociedade (Rodd, idem).

 

Bunka Gakuin 

 

Akiko Yosano continuou a escrever de modo prolífico sobre uma grande variedade de assuntos depois desse debate. Também dedicou suas energias para a educação dos jovens. Em 1921, ela foi uma das fundadoras do Bunka Gakuin, uma escola de Tóquio baseada no jiyū kyōiku [educação livre], ou seja, uma educação liberal e individualizada.

A Bunka Gakuin foi idealizada pelo pedagogo, arquiteto e filantropo Isaku Nishimura (1884-1963) que, insatisfeito com o tipo de educação oferecido às garotas na época, procurou a assistência de conhecidos para criar uma escola que não se resumisse a aulas de economia doméstica e costura, mas incluísse disciplinas acadêmicas como aquelas que compunham o currículo escolar dos estudantes do sexo masculino. 

Ele havia lido os artigos nos quais Akiko Yosano criticava a falta de conteúdo da educação feminina e expressava seu desejo de reforma, então procurou os Yosano para lhes expor seu plano e propor que Akiko fizesse parte da diretoria administrativa e pedagógica da instituição. Tekkan que, após um período de fracassos e depressão, havia obtido uma posição respeitável como professor em uma universidade, encorajou a esposa a aceitar a proposta de Nishimura. E, apesar do grande número de atividades nas quais ela já estava envolvida, Akiko aceitou, pois a escola representava valores que ela própria abraçava: estimular o talento e os interesses individuais e produzir seres humanos independentes.

A ideia inicial era oferecer aulas mistas, mas a escola não aceitou garotos nos primeiros quatro anos. O argumento foi que, comparado com as garotas, eles já teriam muito mais oportunidade para se educarem. O currículo dos anos finais do ensino fundamental incluía uma grade com disciplinas já oferecidas aos garotos (ética, matemática, ciências, língua e literatura japonesa e estrangeira), e outra que incluía escrita criativa, pintura, música japonesa e estrangeira, dança moderna ocidental, desenho e outras artes. Akiko dava aulas de literatura nas quais explicava as obras clássicas, pois, segundo ela, sem entendê-las, não seria possível compreender a literatura moderna japonesa (Rodd, 1991a).

Muitas pessoas do mundo artístico e literário compareceram à inauguração da escola e vários artistas e escritores lecionaram na Bunka Gakuin ao longo dos anos. Akiko Yosano foi sua diretora por quase duas décadas, até sofrer um derrame em 1940 que paralisou parte de seu corpo e a debilitou. Ela continuou a escrever até sua morte em 1942. 

A contribuição de Akiko Yosano para a literatura japonesa, como autora, tradutora e crítica, é indubitável. Seu modo ousado e inovador de empregar uma voz poética feminina representa um marco na poesia do início do século XX, e os artigos sobre questões relativas às mulheres escritos por ela a inserem na história do feminismo no Japão. 

Referências bibliográficas

Obras e traduções disponíveis: 

 

Yosano, A. (1911). Sozorogoto [Divagações]. In Seitō, n. 1. Recuperado de: https://www.aozora.gr.jp/cards/000885/files/59150_68035.html. Acesso em 13 maio 2024. 

 

Yosano, A. (1929). Kimi shinitamō koto nakare [Irmão, não deves morrer!]. In Yosano Shihen Zenshū. (s.l.): Jitsugyō no Nihonsha. Recuperado de: https://www.aozora.gr.jp/cards/000885/files/2557_15784.html. Acesso em: 12 maio 2024. 

 

Yosano, A. (2000). Midaregami [Cabelos revoltos]. (s.l): Shinchōsha. Recuperado de: https://www.aozora.gr.jp/cards/000885/files/51307_47033.html. Acesso em: 12 maio 2024. 

 

Yosano, A. (2001). Travels in Manchuria and Mongolia: a feminist poet from Japan encounters prewar China. Tradução de Joshua A. Fogel. New York: Columbia University Press.

 

Yosano, A. (2002). Tangled hair: selected tanka from Midaregami english-japanese bilingual edition. Tradução de Sanford Goldstein e Seishi Shinoda. (s.l.): ‎Cheng & Tsui Co.

 

Yosano, A. (2006). What is “womanliness”?. Tradução de Laurel Rasplica Rodd. In Woman critiqued: translated essays on japanese women’s writing; (pp. 40-46). Hawai’i: Hawai’i University Press.

 

Yosano, A. (2007a). Descabelados. Tradução de Donatella Natili e Álvaro Faleiros. Brasília: Editora UnB. 

 

Yosano A. (2007b). Poeta de la pasión. Tradução de José María Bermejo. España: Hiperión.

 

Yosano, A. (2010). Cheveux emmêlés. Tradução de Claire Dodane. Paris: Les Belles Lettres. 

 

Yosano, A. (2013a). River of stars: selected poems of Yosano Akiko. Tradução de Sam Hamil e Keiko Matsui Gibson. Boston & London: Shambhala. 

 

Yosano, A. (2013b). The girl with tangled hair: the 399 tanka in Midaregami. Tradução de Machiko Kobayashi e Jane Reichhold. (s.l.): Aha Books.

 

Yosano, A. (2018). Cabello revueltos. Tradução de Alberto Silva. Argentina: El Hilo de Ariadna. 

 

Yosano, A. (2020). Um espírito que anseia pelas alturas. Tradução de Karen Kazue Kawana. In (n.t.), n. 15, vol. especial, pp. 367-376. Recuperado de: https://www.notadotradutor.com/revista15.html. Acesso em: 11 maio 2024.

 

Yosano, A. (2021a). E vuelo del ave fénix. Tradução de Teresa Herrero. España: Satori Ediciones.

 

Yosano, A. (2021b). Viajes por Manchuria y Mongolia. Tradução de Dora Sales. España: La Linea del Horizonte Ediciones.

 

Yosano, A. (2022). O que é “feminilidade”?. Tradução de Karen Kazue Kawana. Brasil Nikkei Bungaku, n. 70, julho, pp. 78-89. 

 

Yosano, A. (2023a). Desde Paris. Tradução de Teresa Herrero Ferrio. España: Satori Ediciones.

 

Yosano, A. (2023b). Fragmentos de nubes. Tradução de Masako Kano e Mariana Alonso. Buenos Aires: 2023.

 

Yosano, A. (no prelo). Cabelos emaranhados: vermelho púrpura [título provisório]. Midaregami, v. 1. Tradução de Michelle Conterato Buss e Nathália da Silveira Martins. Porto Alegre: Bestiário. 

 

Literatura secundária: 

 

Bardsley, J. (2007). The bluestockings of Japan: new woman essays and fiction from Seitō, 1911-16. Ann Arbor: University of Michigan. 

 

Beichman, J. (2002). Embracing the firebird: Yosano Akiko and the birth of the female voice in modern Japanese poetry. Honolulu: University of Hawaii Press. 

 

Buss, M. C., & Martins, Nathália. da S. M. (2023). A primavera de Yosano Akiko: uma análise das flores e das cores em Midaregami. Cadernos de Literatura em Tradução, n. 26, pp. 175-198.

 

Fukuda, H. (1990). Bosei hogo ronsō: Yosano Akiko, Hiratsuka Raichō, Yamakawa Kikue, Yamada Wada [Debate sobre a proteção e auxílio à maternidade: Yosano Akiko, Hiratsuka Raichō, Yamakawa Kikue, Yamada Wada]. In Nihon no keizai shisō yon hyaku nen [400 anos de pensamento econômico japonês] (pp. 328-336). (s.l.): Nihon Keizai Hyōronsha. Recuperado de: https://bunkyo.repo.nii.ac.jp/?action=repository_action_common_download&item_id=690&item_no=1&attribute_id=37&file_no=1. Acesso em 17 maio 2024.

 

Horiguchi, N. J. (2012). Behind the guns: Yosano Akiko. In Women adrift: the literature of Japan’s imperial body; (pp. 51-80). Minneapolis, London: University of Minnesota Press. 

 

Kufukihara, R. (2017). Narrativas de Genji no período Meiji (1868-1912): do ponto de vista da relação literatura e estado. Estudos Japoneses, 37, pp.119-139

 

Larson, P. H. (1991). Yosano Akiko and the re-creation of the female self: an autogynography. Journal of the Association of Teachers of Japanese, 25 (1), pp. 10-26.

 

Morton. L. (2023). How dark is my flower: Yosano Akiko and the invention of romantic love. Ann Arbor: Michigan University Press.

 

Nietzsche, F. Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. Tradução de Paulo César de Sousa. São Paulo: Cia das Letras. 2011. 

 

Rabson, S. (1991). Yosano Akiko on war: to give one’s life or not — a question of which war. Journal of the Association of Teachers of Japanese, 25 (1), pp. 45-74.

 

Rodd, L. R. (1991a). Akiko and the Bunkagakuin: “educating free individuals”. Journal of the Association of Teachers of Japanese, 25 (1), pp. 75-89.

 

Rodd, L. R. (1991b). Yosano Akiko and the Taishō debate over the “New Woman”. In Bernstein, G. L. (org), Recreating Japanese women: 1600–1945; (pp. 175-198). Berkeley and Los Angeles: University of California Press.

 

Rowley, G. G. (2022). Yosano Akiko and The Tale of Genji. Michigan Monograph Series in Japanese Studies, Book 28. Ann Arbor: Michigan University Press.

 

Sievers, S. L. (1983). Flowers in salt: the beginnings of feminist consciousness in modern Japan. California: Stanford University Press.