Gisèle Freund
O lançamento da semana traz a figura de Gisèle Freund (1908-2000), que foi uma fotógrafa, socióloga e filósofa judia nascida em Berlim, cuja vida e obra foram profundamente impactadas pelo2ws eventos da Segunda Guerra Mundial e pela ascensão do nazismo. A autora do verbete, Gabriela Evora, mostra que desde cedo, o pai de Freund a introduziu à fotografia, presenteando-a com sua primeira câmera, uma Voigtländer 6×9. Em 1929, Freund iniciou seus estudos em Sociologia na Universidade de Frankfurt, onde teve contato com pensadores da Escola de Frankfurt, como Theodor Adorno e Max Horkheimer. Em 1933, fugiu para Paris, onde continuou seus estudos na Sorbonne e desenvolveu sua tese de doutorado, La Photographie en France au XIX siècle (1936), considerada um marco na sociologia da fotografia. Durante sua estadia em Paris, Gisèle inseriu-se rapidamente no círculo intelectual, sendo amiga de Walter Benjamin e frequentando livrarias importantes da época, como a Maison des Amis des Livres e a Shakespeare and Company. Devido à invasão alemã em 1940, Gisèle Freund refugiou-se na Argentina, onde visitou diversos países da América Latina, documentando suas experiências em imagens e artigos. Sua obra Fotografia e Sociedade (1974) foi fundamental para a construção de uma identidade fotográfica latino-americana. Em 1953, retornou a Paris e, em 1980, foi a primeira fotógrafa a receber o Grand Prix National des Arts da França. Os principais conceitos abordados na obra de Freund, especialmente em Fotografia e Sociedade, incluem a fotografia como documento social e afirmação de classe, a fotografia como mercadoria, a democratização artística proporcionada pela fotografia e as mudanças que a técnica trouxe para a modernidade. Ela analisou a transição da fotografia amadora para a profissional, a ascensão dos “fotógrafos-artistas” e o impacto da industrialização na arte. Gisèle Freund foi uma das primeiras a perceber que a popularização da fotografia estava ligada à emergência da burguesia. Suas análises interdisciplinares, que mesclavam sociologia, filosofia e fotografia, forneceram uma compreensão única das transformações sociais e culturais do século XX, e sua metodologia continua relevante para o estudo da fotografia contemporânea.
Interessantíssimo, não é mesmo? Acesse aqui o verbete e aqui a entrevista com a autora do verbete!
Sobre a autora do verbete: Gabriela Reboredo Evora é graduada em Licenciatura plena em Filosofia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e mestra em Filosofia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) na linha de Subjetividade, Ética e Política. Atualmente, é doutoranda em História da Filosofia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Durante a graduação foi bolsista de Iniciação Científica pela FAPERJ na pesquisa acerca da história do movimento surrealista, com o título de “Arte e política nos limites da razão: o itinerário do movimento surrealista”, orientada por Pedro Hussak Van Velthen Ramos. Atualmente, é membra do grupo de pesquisa “Estética e Pensamento contemporâneo” conduzido pelo Dr. Pedro Hussak. Seus interesses estão ligados principalmente às áreas de Estética, Filosofia da Arte e Artes Visuais