Jessica Benjamin

Jessica Benjamin

(1946-)

por Virginia H. Ferreira da Costa,

 Professora de Filosofia na FFLCH-USP 

Lattes 

Jessica Benjamin – PDF 

Jessica Benjamin, na ocasião da “Palestra Sigmund Freud”, 2008, Viena.
Autor: Drhandel
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jessica_Benjamin.jpg

1. Influências e formação  

Nascida em Washington (EUA), em uma família de classe média judia politicamente “progressista”, Jessica Benjamin descreve a si mesma como tendo um forte senso de justiça social desde a infância. Inspirada por seus pais, quando jovem chegou a participar dos piquetes do “sit-in movement” iniciados em fevereiro de 1960 nos balcões de almoço racialmente segregados em Greensboro (Carolina do Norte) e que se espalharam por todo o país. Contudo, “o valor de dar a todos o poder de transformar as condições de suas próprias vidas, de criar essa agência junto com outros, era em nossa vida familiar paradoxalmente inseparável do senso de trauma e perseguição que veio com o macartismo” (Benjamin, 2013a, p. 4).

Ao ingressar na graduação em Teoria Social na Universidade de Wisconsin (1963-1967), seu interesse inicial pela Teoria Crítica, em especial em Herbert Marcuse, Theodor Adorno e Max Horkheimer, a conduziu à Psicanálise. O foco nas relações de dominação da Teoria Crítica e Psicanálise foi complementado por sua atuação política. Durante a faculdade, Benjamin foi ativa na organização feminista antiguerra: como não estavam resistindo ativamente ao recrutamento, seu grupo se perguntou se havia algo que pudesse fazer “como mulheres”. A partir da decisão de lerem juntas a obra de Simone de Beauvoir, Benjamin não deixou mais de refletir acerca de problemáticas feministas.

A autora carrega tal bagagem crítica para o seu mestrado (1968-1971), desenvolvido na Universidade de Frankfurt, berço da Teoria Crítica, onde aprofunda seus conhecimentos sobre o marxismo hegeliano, cuja dialética entre o senhor e o escravo Benjamin considera ser uma de suas principais ferramentas para desenvolver reflexões sobre oposições binárias. Desde então, a autora questiona o significado masculino por trás da constituição de subjetividades: 

o que constitui uma subjetividade será visto de forma muito diferente se seu modelo de subjetividade ainda for o do sujeito masculino. (…) Pois qual tipo de conhecimento constituía o modelo de todo o pensamento pragmático ocidental, social, político e da alteridade? Era o conhecimento de objetos, era o conhecimento de coisas que você controlava e que dominava. Esse foi meu primeiro interesse na teoria crítica. (Benjamin, 2006, p. 6)

Profundamente interdisciplinar, a autora articula reflexões próximas às de Simone de Beauvoir, Theodor Adorno, Max Horkheimer, Georg W. F. Hegel, Jürgen Habermas, Axel Honneth, Christopher Lasch, Georges Bataille, Max Weber, Evelyn Keller e Judith Butler. Já na psicanálise, sua atenção se desdobra principalmente sobre os trabalhos de Sigmund Freud, Dorothy Dinnerstein, Nancy Chodorow, e Donald Winnicott.

Atualmente, Jessica Benjamin é autora de quatro livros: The Bonds of Love (1988) [Os laços de amor], Like Subjects, Love Objects: Essays on Recognition and Sexual Difference (1995) [Sujeitos semelhantes, objetos de amor: ensaios sobre reconhecimento e diferença sexual], Shadow of the Other: Intersubjectivity and Gender in Psychoanalysis (1998) [Sombra do outro: intersubjetividade e gênero na psicanálise] e Beyond Doer and Done To: Recognition Theory, Intersubjectivity and the Third (2017) [Para além do algoz e da vítima: teoria do reconhecimento, intersubjetividade e o terceiro]. Ela também é supervisora do corpo docente do Programa de Pós-Doutorado em Psicoterapia e Psicanálise da Universidade de Nova York (NYU) e do Stephen Mitchell Center for Relational Studies, onde é fundadora e integrante do conselho. Além disso, Benjamin é cofundadora da International Association for Relational Psychoanalysis and Psychotherapy (IARPP). 

2. Desenvolvimento da psicanálise relacional

As origens de sua pesquisa recente remontam aos resultados de seu doutorado (1972-1978). Contudo, como a própria Benjamin adverte: “para escrever tal tese, foi necessário retornar aos Estados Unidos, onde o feminismo estava a todo vapor e eu poderia encontrar um lar não convencional no Departamento de Pós-graduação de Sociologia da NYU, onde os estudos femininos tinham acabado de ser introduzidos.” (Benjamin, 2013a, p. 2) Sua tese, intitulada “Internalization and Instrumental Culture” [Internalização e Cultura Instrumental], elabora uma  crítica à posição de Adorno, Horkheimer e Marcuse, para os quais a teoria freudiana seria exclusivamente intrapsíquica. Vê-se, então, o peso que o ambiente intersubjetivo comunicativo habermasiano (em especial da obra Conhecimento e interesse, lançado em 1968) teve sobre ela, uma intersubjetividade que Benjamin direciona para a psicanálise: 

O propósito da tese era mostrar como a perspectiva das relações objetais na psicanálise poderia ser desenvolvida em direção a uma teoria intersubjetiva que parecia mais apropriada para compreender a alienação do reconhecimento que envolve a cultura instrumental. (Benjamin, 2012a, p. 5) 

Seus estudos na Teoria Crítica a aproximaram de Andy Rabinbach, que conheceu em 1977 e com quem manteve um casamento por 26 anos, outro judeu novaiorquino e profundo conhecedor dos autores da primeira geração da Escola de Frankfurt.

A partir da segunda metade dos anos 1970, começam a surgir seus primeiros artigos de importância: “The end of internalization: Adorno’s social psychology” [O fim da internalização: psicologia social de Adorno] (publicado originalmente na revista Telos em 1977, mas cuja tradução só aparece em 2017 na revista Dissonância), seguido do texto de 1978, centrado em uma crítica a Horkheimer, intitulado “Authority and the Family Revisited: Or, a World without Fathers?” [Autoridade e família revisitado: ou um mundo sem pais?], que aparece na famosa New German Critique. Em ambos, a autora desenvolve os principais resultados de seu doutorado, indicando as falhas, sob a perspectiva feminista, de autores da Teoria Crítica que negam implicitamente a necessidade do reconhecimento e do processo intersubjetivo. Benjamin releva haver, ainda, uma defesa da autoridade paterna que aparece de forma implícita nas obras de Adorno e Horkheimer e explícita na de Lasch. 

Para a autora, o patriarca, sendo concebido como um paradigma de autocontrole, autonomia e racionalidade a ser seguido, ganha uma proeminência indevida no que se refere ao combate ao autoritarismo. Segundo a teoria horkheimiana sobre a falência da figura paterna (especialmente no texto de Horkheimer comentado por Benjamin, Autoridade e Família), alterações do capitalismo teriam gerado um declínio na autoridade do pai no interior das famílias burguesas, o que prejudicaria a internalização da norma paterna durante a infância e a consequente formação do superego. O resultado seria a produção de pseudoindivíduos dotados de egos fracos, id descontrolados e superegos externalizados em líderes sociais: justamente os ingredientes da “personalidade autoritária”. 

Embora Adorno tenha produzido uma dialética de aproximação mimética com o não-idêntico, Benjamin se apega aos seus textos em que o modelo racional a ser internalizado ainda aparece vinculado à autoridade paterna clássica das primeiras fases do capitalismo liberal. Assim, a saída para tal autoritarismo, segundo Horkheimer e Adorno, estaria no retorno da consciência moral para a internalidade, retirando o peso ético e cognitivo da autoridade externa, o que promoveria o reforço do ego racional e evitaria a manipulação social dos conteúdos inconscientes. Mas, Benjamin questiona: não haveria um modo mais saudável de vivenciar a falência da autoridade paterna que não recaísse necessariamente no autoritarismo?

Além disso, Horkheimer, Adorno e Lasch não se debruçaram sobre as relações intrínsecas entre o patriarcado e a exploração capitalista, que fomentam a dependência e submissão de membros da sociedade ao poder dominante. Ao mesmo tempo, contudo, dada a falência da figura paterna, estaríamos vivendo em um sistema “patriarcal sem pai” (Benjamin, 1978, p. 36): o capitalismo salvaguardaria o privilégio masculino, mesmo que a autoridade paterna tenha falido ou sumido do núcleo familiar — o que aproxima a família “burguesa” heterossexual de uma ideologia e faz da instituição familiar um meio de transmissão de desigualdade de gênero em prol da exploração capitalista.

A versão de Benjamin para uma solução ao problema do autoritarismo se encontra no desenvolvimento de uma perspectiva intersubjetiva no interior da psicanálise que privilegiaria reconhecimento mútuo no lugar da internalização, algo que será desenvolvido com profundidade a partir dos seus trabalhos futuros.

Com tais resultados de seu doutorado, ao lado de Angela Davis, Jessica Benjamin se torna uma das primeiras teóricas críticas a produzir críticas feministas internas à própria tradição. Os textos iniciais da autora permanecerão esquecidos por um tempo, talvez porque Benjamin tenha modificado significativamente os termos de sua crítica a Adorno, mantendo a acusação de “paternalismo” apenas sobre Lasch. No entanto, com o atual levante de gênero ocorrido em especial na filosofia brasileira, tais textos iniciais, bem como a sua obra como um todo, vêm sendo significativamente retomados. 

Paralelamente aos seus estudos de teoria social, Benjamin prosseguia com sua formação psicanalítica iniciada em 1971 e concluída por ocasião de seu pós-doutorado em Psicanálise e Psicoterapia na NYU em 1983, onde desenvolveu pesquisas sobre a infância em colaboração com Beatrice Beebe. Seu desenvolvimento psicanalítico centrado na intersubjetividade relacional visava escapar tanto de uma psicologia acadêmica influenciada por pesquisas comportamentais de viés positivista, quanto tentava complementar o modelo ortodoxo freudiano na psicanálise. 

Segundo a autora, o desenvolvimento de sua psicanálise relacional teria duas origens contextuais: a pesquisa empírica com bebês e o distanciamento em relação a feministas antipornografia.

No fim de seu doutorado, Benjamin seguia noções da teoria das relações objetais no interior da psicanálise. Mas tudo muda ao descobrir os trabalhos com bebês reais, considerados interpessoalmente ativos, realizados por Daniel Stern na esteira de Colwyn Trevarthen. Tal teoria desenvolvia concepções relativas ao reconhecimento da mãe pelo bebê no interior das teorias do apego, contradizendo as crenças pré-egoicas freudianas que tomavam a psique como um conjunto de impulsos parciais que se defendiam da hostilidade proveniente da invasão pelo mundo exterior, o que levaria ao banimento da alteridade na interioridade, junto com a expulsão das tensões psíquicas. Suas referências teóricas, no entanto, só eram aparentemente distantes: “Trevarthen, ao que parece, leu Habermas (1968) e então adotou seu uso do termo ‘intersubjetividade’ por falta de uma palavra melhor” (Benjamin, 2013a, p. 5).

O ponto de apoio na psicanálise para tais descobertas foi encontrado em Winnicott, que desenvolve uma teoria da construção da percepção da externalidade dos sujeitos, baseada no fato de que estes “sobrevivem” à sua destruição enquanto objetos psíquicos do bebê. Tal processo, que ocorre por exposição à agressividade do bebê, demonstra como a violência é considerada uma tentativa de evitar a onipotência psíquica, sendo um meio tanto de autoafirmação quanto de afirmação da alteridade: ao colidir com a resistência de outro sujeito, este outro poderá reconhecer, por sua vez, o bebê como sujeito. Isso tornaria possível a percepção do outro como um sujeito igual, base para uma relação de mutualidade, algo que dependeria, segundo Winnicott, da relação do bebê com uma “mãe suficientemente boa” – isto é, uma mãe que não reage demais, e nem deixa totalmente de reagir à agressividade do bebê. Relacionando Winnicott com Hegel, Benjamin conclui que sobreviver à destruição era exatamente o que o escravo não poderia fazer pelo senhor que não reconhecia sua subjetividade: “a segurança da sobrevivência não retaliatória significa que a incontrolabilidade e imprevisibilidade do outro pode se tornar uma fonte de alegria” (Benjamin, 2013a, p. 7).

Embora as contribuições de Winnicott tenham sido fundamentais para sua teoria, Benjamin percebeu uma limitação importante: a ausência da subjetividade materna. A partir disso, ela desenvolveu uma crítica feminista, que se tornaria uma das marcas de sua obra, como explica na longa citação: 

Nenhum dos trabalhos considerou a subjetividade da mãe, mesmo em discussões sobre mutualidade. Sua existência como uma pessoa separada foi de alguma forma sutilmente ignorada, como se o conflito com suas próprias necessidades e subjetividade não fosse um problema se ela fosse boa e dedicada o suficiente. (…) O [meu] esforço era fazer do reconhecimento mútuo um receptáculo para algo muito mais complexo, de fato a origem de tantos dilemas posteriores de intersubjetividade: negociar os compromissos e paradoxos (…) de uma díade na qual há mutualidade, mas assimetria; identidade de necessidades, mas conflito de necessidades; sintonia profunda, mas também diferença. Para minha sensibilidade, a inspiração mais profunda da teoria feminista foi (…) a luta hegeliana até a morte por reconhecimento na qual apenas um pode viver, o outro deve morrer (…). Em outras palavras, eu estava determinada a ter mãe e bebê ‘‘vivendo’’ na mesma teoria e assim reunir o feminismo e a psicologia da infância. (…) Um equilíbrio dinâmico que facilmente dá errado, em que, mesmo no seu melhor, o processo de acomodação mútua é caracterizado por conflito e mais frequentemente por colapso e restauração do reconhecimento. (Benjamin, 2013a, p. 6)

O desenvolvimento de tal perspectiva feminista na psicanálise relacional foi possível graças à influência dos trabalhos de Dinnerstein e Chodorow sobre o não reconhecimento da subjetividade materna na formação hegemônica da psique na ocidentalidade. 

Tal perspectiva que considera a subjetividade da mãe foi, de certa forma, transposta para o ambiente clínico, onde Benjamin considera o/a analista como um sujeito,  dando lugar há uma interação subjetiva entre dois sujeitos no consultório: 

     

você pode dizer que se o analista é o sujeito que sabe, e o paciente é o objeto que é conhecido, você não tem uma teoria intersubjetiva. Se você inverter isso e se concentrar no analista como o doador de empatia, como a psicologia do self faz, então você também tem a reversão em que o paciente é o sujeito e o analista é, de alguma forma, uma função, um doador de algo, uma fonte, um fornecedor, uma fonte de bondade. (…) Como você vai levar o sujeito para o mundo onde há dois sujeitos e onde cada pessoa pode ser um objeto, bem como um sujeito de desejo (…)? Como você vai movê-lo para isso? Bem, em certo sentido, a psicanálise não é sobre já estarmos lá, a psicanálise é sobre tentarmos encontrar nosso caminho até lá em um relacionamento humano que de alguma forma se assemelha ou recria a situação da criação parental inicial. (Benjamin, 2006, p. 6-7) 

Além da pesquisa empírica com bebês, outro fator que influenciou o desenvolvimento da psicanálise relacional de Benjamin foi sua análise de textos sadomasoquistas. Esse interesse surgiu em resposta a debates feministas sobre perspectivas antipornografia, principalmente aquelas expostas pela revista Ms., publicação feminista que data do início dos anos 1970 e que permanece em circulação ainda hoje. Contrariamente à posição que concebe a mulher como “vítima da revolução sexual”, Benjamin assume a complexidade psíquica que deseja se afastar do moralismo do “sexo limpo”. Para tanto, precisa assumir os desejos de exibicionismo, voyerismo, objetificação, dependência e submissão masoquista que também habitam o prazer.

Para aprofundar sua compreensão da relação entre reconhecimento e dominação, Benjamin também se voltou para a literatura. O principal texto analisado por Benjamin é História de O (1954), escrito por Dominique Aury sob o pseudônimo de Pauline Réage. Benjamin encontrou várias conexões desta obra com suas análises winnicottianas e hegelianas – embora durante seu pós-doutorado      não soubesse que Aury tinha feito parte do meio parisiense onde Alexandre Kojève movimentou a filosofia com suas aulas sobre a dialética do senhor e do escravo de Hegel. A grande questão da ficção de Aury aborda a impossibilidade de uma subjetividade não realizada (e submetida de forma masoquista) fomentar reconhecimento do outro, o que produz insatisfação contínua do senhor (sádico). Quanto a isso, lembremos que, se dominarmos e “consumirmos” o outro ao realizarmos o nosso desejo de reconhecimento, destruindo-o completamente, esta alteridade não poderá nos reconhecer, o que nos conduz à incorporação e identificação com essa morte. 

Tal ideia é reforçada por Bataille em sua reflexão sobre Hegel, o erotismo e a violação sexual, que auxiliou a autora a sobrepor uma visão pejorativa da perversão por uma noção mais complexa de alienação. Mais do que movida por uma fantasia agressiva, a violência racional, controladora, ritualizada e repetitiva do sadomasoquismo talvez remonte a certo impulso subjetivo diferenciador básico. 

Os resultados inovadores da pesquisa de pós-doutorado podem ser lidos no artigo “The bonds of love: rational violence and erotic domination” (1980) [Os laços de amor: violência racional e dominação erótica], publicado na renomada Feminist Studies, considerado uma espécie de ensaio geral de seu livro de estreia publicado em 1988, The Bonds of Love: Psychoanalysis, Feminism, & the Problem of Domination, que em português, publicado pela editora Quina no final de 2025 ganha o título de Laços de amor: Psicanálise, Feminismo e o Problema da Dominação.

Em 1982, quase no final de seu pós-doutorado, nasce o primeiro filho de Jessica Benjamin, 6 anos antes do segundo, que é “parido” praticamente junto com o lançamento de seu primeiro livro.

3. Os laços de amor e seus principais conceitos

Seu livro inaugural é incontornável para a boa compreensão da trajetória intelectual da autora e é considerado sua obra de maior importância, embora Benjamin tenha modificado alguns de seus pensamentos desenvolvidos naquela ocasião. No livro, ela retoma as ideias de seu pós-doutorado em uma teoria sistemática do reconhecimento mútuo que se desdobra em profundas concepções de dominação de gênero relativamente à cultura e racionalidade ocidental.

Seu intuito de desenvolver uma ética da reconciliação que atinge a epistemologia, a constituição subjetiva e a Teoria Crítica é destacado no livro, tendo como base psicanalítica a fase pré-edipiana de relação intersubjetiva de reconhecimento mútuo entre mãe-bebê. Este seria o momento de ênfase na tensão entre amor e agressividade durante a mutualidade, em vez do costumeiro e unilateral “dar ou receber” que reina na diferenciação entre criança e cuidador durante a fase do complexo de Édipo narrado pela psicanálise ortodoxa. 

Tal perspectiva de reciprocidade tensa na primeira infância leva, muitas vezes, a uma ausência da diferenciação clássica entre amor identificatório e amor objetal e reconfigura, no limite, as fronteiras entre sujeito e objeto que sustentam o complexo de Édipo clássico, as bases das relações heterossexuais e a própria epistemologia ocidental. Com isso, a autora visa produzir “algo diferente. Esse algo pode ser chamado de superinclusão, multiplicidade ou queerness, mas o que importa para mim é sua preservação da vivacidade emocional e reconhecimento” (Benjamin, 2013a, p. 13). Não se trata, com isso, de valorizar o irracional, ou de substituir a racionalidade pelo reconhecimento, mas de complementar os mecanismos defensivos de separação e individuação ao refletir sobre aspectos de inclusão ainda não considerados na Teoria Crítica e na Psicanálise.

Sua crítica incide sobre a polaridade de gênero, assumida como base para o não reconhecimento da alteridade pela racionalidade instrumental. Se esta, diagnosticada por Weber como o fundamento do capitalismo, reduz a reflexividade a um meio de relação ao objeto como produto, fomentando a despersonalização e o desencantamento, Benjamin enxerga tal processo como um “homólogo social” da rejeição masculina da mãe. Seguindo Keller, Benjamin afirma que a ênfase científica dirige a própria constituição de identidades supostamente autônomas a partir da valorização da impessoalidade. Tal forma de pensar é denominada por Benjamin como a hegemônica “racionalidade masculina”. 

Os elementos edípicos que separam mãe e bebê remontariam, então, à prevalência da racionalidade masculina que promove rivalidade, unilateralidade, polaridade e independência. Contudo, tal superdiferenciação edípica seria uma “falsa diferenciação”, uma vez que ela não acontece por meio da tensão de reconhecimento mútuo entre sujeitos, mas sim pela redução da mãe a um mero objeto passivo do desejo masculino. 

A diferenciação que ocorre sem qualquer apreciação da subjetividade da mãe é perfeitamente consonante com o desenvolvimento de faculdades racionais. Na verdade, parece acelerá-la. Racional ou cognitivamente, a distinção é clara; emocional e inconscientemente, a outra pessoa é simplesmente vivenciada como a projeção de uma imagem mental. (Benjamin, 1980, p. 149)

O objeto-mãe, de quem é importante se diferenciar para que se possa instrumentalizar, é confundido com a mãe-terra, uma forma sobre a qual Benjamin debate com Adorno e Horkheimer acerca da conquista da natureza pela racionalidade instrumental a partir de uma perspectiva feminista. 

Embora sustente a dualidade mãe-bebê em tensão, a autora também aponta para noções queer ao demonstrar como ser homem também é insistir nas separações estritas entre sujeito-objeto, masculino-feminino, sem admitir figuras intermediárias. Por isso, o autoritarismo seria, para a autora, carregado de forte viés masculinista dominador que remonta à negação da subjetividade de mulheres que são colocadas como cuidadoras quase que exclusivas nas primeiras vivências da constituição de seres humanos na ocidentalidade. 

No interior da Teoria Crítica, a noção de reconhecimento de Benjamin foi retomada por Honneth em Luta por reconhecimento (1992), em especial na primeira de suas três esferas – a dos afetos e da autoconfiança. Contudo, em tal retomada, a perspectiva feminista da autora, tão central para o seu pensamento, não foi mencionada.

4. Demais obras e os desenvolvimentos de reconhecimento em Terceiridade

O próximo livro de Benjamin, Like Subjects, Love Objects: Essays on Recognition and Sexual Difference (1995) [Sujeitos semelhantes, objetos de amor: ensaios sobre reconhecimento e diferença sexual], foi publicado      sete anos após sua obra de estreia, e      um conjunto de ensaios em que a autora produz uma revisão crítica das principais ideias de seu livro anterior, uma extensão de suas implicações e maturações de pensamento, e um novo esforço para situar suas ideias a fim de influenciar sua recepção. O título do livro “sugere a maneira complexa pela qual cada sujeito tem que ocupar posições simultaneamente diferentes ou contrastantes” (Benjamin, 1995, p. 7) entre sujeitos de desejo e objetos de amor. 

Destaca-se no livro a reflexão sobre “uma fase pós-edípica na qual o gênero se torna não convencional e transicional [apesar d]as estruturas e rigidez edípicas permanecerem vivas na cultura” (Benjamin, 2013a, p. 11). Trata-se da abordagem encontrada no Capítulo 4 (“Father and Daughter, Identification with Difference: A Contribution to Gender Heterodoxy” [Pai e Filha, identificação com diferença: uma contribuição à heterodoxia de gênero]) em que a autora desenvolve como “cada objeto de amor incorpora múltiplas possibilidades de semelhança e diferença, de masculinidade e feminilidade, e um relacionamento pode servir a uma infinidade de funções” (Benjamin, 1995, p. 128). Já no capítulo seguinte, “What angel would hear me? The erotics of transference” [Que anjo me ouviria? A erótica da transferência], Benjamin desconstrói as concepções tradicionais de gênero sobre a feminilidade que “acolhe e cuida” e a masculinidade de “penetração fálica”. 

A temática da pornografia/sadomasoquismo é retomada a partir de outras personagens: “Satã”, de Paraísos Perdidos (1667), obra de John Milton e “Mefistófeles” do Fausto (1808), de Johann W. Goethe, refletindo como “a liberdade de fantasiar pode contribuir positivamente para o metabolismo da agressão” (Benjamin, 1995, p. 196).

O terceiro livro de Benjamin, Shadow of the Other: Intersubjectivity and Gender in Psychoanalysis [Sombra do outro: intersubjetividade e gênero na psicanálise] é publicado em 1997 e seu título se refere a um trecho de Luto e melancolia (1917) de Freud em que “a sombra do objeto recai sobre o próprio eu”. De todos os seus livros, este é certamente o que Benjamin desenvolve mais debates filosóficos e, talvez por isso, ele tenha tido menor repercussão que os demais. Sua preocupação central é expandir a noção de intersubjetividade sob tensão com diversas escolas de pensamento. 

Destaque é dado ao primeiro ensaio, originalmente escrito para uma conferência ocasionada pelo centenário da publicação dos Estudos sobre histeria (1895), de Josef Breuer e Sigmund Freud, em que Benjamin revisita o caso de Anna O. (Bertha Pappenheim) demonstrando haver uma omissão, por parte dos autores, dos dados históricos extra-analíticos sobre a vida política pública da ativista feminista Pappenheim. A autora questiona o que leva os psicanalistas, em sua posição masculina, a tornar tal subjetividade feminina passiva:

a ideia que desenvolvi da qual mais me orgulho, que acho que de certa forma era única para mim, (…) embora se baseie no trabalho de Horney, era a ideia de que toda a posição que Freud constrói para a menina é o tipo de posição de filha na qual o pai, que em sua mente é essencialmente a mente do menino edipiano, vê a filha como o recipiente de toda a passividade e receptividade que ele gostaria que sua mãe tivesse, mas com toda a controlabilidade que ele gostaria que sua mãe tivesse, e é assim que obtemos aquelas filhas histéricas que Freud descreve. (…) Meu terceiro livro vendeu cerca de 1/100 das cópias do meu primeiro livro, mas a verdadeira inovação teórica na teoria de gênero está no meu terceiro livro, nessa ideia da posição de filha. (Benjamin, 2006, p. 8)

Nos capítulos subsequentes, ao tentar integrar aspectos da teoria feminista pós-moderna, teoria das relações objetais e intersubjetividade, Benjamin simultaneamente declara a sua dívida com o feminismo pós-moderno, mas sem rejeitar perspectivas clássicas. A autora retoma feministas francesas lacanianas como Luce Irigaray, Julia Kristeva e Juliet Mitchell, bem como feministas americanas Butler, Chodorow e Carol Gilligan. Ela desafia algumas de suas ideias enquanto integra outras com aspectos de seu próprio pensamento e os das intersubjetivistas Muriel Dimen, Adrienne Harris e Virginia Goldner, suas colegas no Programa de Pós-doutorado da NYU. 

Dentre tantos nomes, destaco o profícuo debate travado com Butler, que se inicia nesta obra. Como enfatiza Butler em Desfazendo gênero (2004), Benjamin tem sido uma aliada nas pesquisas pós-fálicas, defendendo que 

pode, e deve, se dar uma recuperação pós-edipiana de identificações sobre-inclusivas características da fase pré-edipiana, na qual as identificações com um gênero não implicam em repúdio ao outro; Benjamin é cuidadosa nesse contexto a fim de permitir diversas identificações coexistentes. (…) Tenho uma grande simpatia por esses movimentos, especialmente pela forma com que eles estão sustentados no segundo capítulo de Shadow of the Other, “Constructions of Uncertain Content”. (…) Acredito que o trabalho de Benjamin está caminhando em direção a uma psicanálise não-heterossexista nesse livro. (p. 232)

De fato, Benjamin produz uma teoria das pluralidades de sujeitos generificados que substitui as polaridades dicotômicas sujeito masculino x objeto feminino, algo que é retomado por seu colega na NYU (e ex-orientando) Ken Corbett. Em específico, a autora é bastante clara quanto à importância do seu conceito de “amor identificatório” para designar um amor homoerótico, amor pelo que é visto como ou desejado ser ‘‘semelhante’’. Essa relação de espelhamento, desejo de reconhecimento pelo ‘‘sujeito semelhante’’ seria diferente do amor edipiano do outro. 

Benjamin diferencia a sua concepção de amor identificatório da ideia butleriana de melancolia de gênero, justamente porque Benjamin produz um enfoque superinclusivo em que nada é perdido. Em complemento à perspectiva ek-stática de Butler, para quem os sujeitos são criados “de fora” por movimentos de exclusão e produção de abjeção, Benjamin enfatiza que nada pode ser repudiado da psique, demonstrando haver paradoxos e tensões na relação entre Eu e Id, assim como self e outro.

O essencial da crítica de Butler a Benjamin se encontra na compreensão da operacionalização do reconhecimento que parece permanecer como um ideal positivo ou “feliz”, como insiste em questionar: “se for o caso que a destrutividade pode se tornar reconhecimento, disso decorre que o reconhecimento pode deixar para trás a destrutividade. Isso é verdade?” (Butler, 2004, p. 228). Além disso, o reconhecimento se assemelha a uma transcendência ainda muito normativa (herança recebida de Habermas?), afastando-se de certa materialidade e concretude do desejo.

Nos anos subsequentes, Benjamin recebeu o devido coroamento de tão importantes reflexões. Em 2001, ela recebeu o Distinguished Scientist Award da Psychoanalysis Section [Prêmio de Distinção Científica da Seção de Psicanálise] ofertado pela American Psychological Association. Mas, seu reconhecimento definitivo veio com o famoso texto “Beyond doer and done to: an intersubjective view of thirdness” publicado em 2004 na Psychoanalytic Quarterly, sendo atualmente o quarto artigo de periódico mais citado no campo da psicanálise.

Por mais que o conceito de “terceiridade” já tivesse sido apresentado em seu livro anterior, é neste celebrado artigo que seus contornos ganham maior precisão. Após receber algumas críticas (inclusive de Butler) sobre a permanência de um pensamento binário em sua estrutura de reconhecimento, Benjamin desenvolve uma terceira posição que tende a romper com as complementaridades reversíveis e tencionar as polaridades que as fundamentam. A terceiridade seria “uma qualidade ou experiência de relacionamento intersubjetivo que tem como correlato um certo tipo de espaço mental interno; está intimamente relacionado à ideia de Winnicott de potencial ou espaço transicional” (Benjamin, 2004a, p. 7). Evitando vincular o terceiro a uma função (paterna e castradora no Édipo), seu terceiro é um espaço compartilhado. A metáfora privilegiada de ritmicidade, com criação de padrões harmônicos e sincronizados compartilhados por base de acomodação mútua, é retomada várias vezes pela autora. Assim, a terceiridade é o lugar onde a autorregulação e a regulação mútua se encontram.

Tal terceridade pode assumir diversas funções, como um aspecto de “terceiro moral”, de testemunho do sofrimento do outro. Tal conceito ganhou vias práticas mediante “The Acknowledgement Project” [O Projeto do Reconhecimento], realizado entre 2004 e 2010, quando Benjamin e Eyad el Sarraj iniciaram uma série de diálogos entre psiquiatras palestinos e israelenses. O propósito era permitir que palestinos e israelenses reconhecessem ter causado danos e ferimentos, bem como o sofrimento um do outro, enquanto estavam cientes da assimetria de poder. Os resultados teóricos de tais experimentos se encontram registrados no artigo “Acknowledging the Other’s Suffering: A Psychoanalytic Approach to Trauma in Israel/Palestine” [Reconhecendo o sofrimento do outro: uma abordagem psicanalítica ao trauma em Israel/Palestina], publicado em 2015.

Em 2008, Benjamin foi convidada para dar a prestigiosa “Palestra Sigmund Freud” no Freud Memorial, em Viena. E em 2015 ela recebeu o prêmio Hans Kilian por estudos humanísticos estabelecido pela Cátedra de Teoria Social e Psicologia Social da Universidade Ruhr Bochum, na Alemanha.

Finalmente, em 2017, Benjamin publica seu último livro, também intitulado Beyond doer and done to: Recognition Theory, Intersubjectivity and the Third [Para além do algoz e da vítima: teoria do reconhecimento, intersubjetividade e o terceiro], sua obra mais política. Pensando além de uma lógica de complementaridade “agressor x vítima”, o objetivo do reconhecimento é perceber que o objeto de nossos sentimentos, necessidades, ações e pensamentos é na verdade outro sujeito, um centro equivalente do ser. 

Retomando aspectos centrais de suas teorias prévias, em sua obra derradeira (até o momento) a autora reflete sobre realidades sociopolíticas – como o racismo nos EUA, o holocausto nazista, o apartheid na África do Sul e a situação em Gaza – demonstrando a importância de se perceber que há um lado vulnerável nos perpetradores que fica oculto quando estes se envolvem em atos de vitimização. Isso não significa que os perpetradores devem ser perdoados, mas que é necessário que a vítima perceba que os atos já ocorreram e são irreparáveis. O que também é necessário, no entanto, é que a visão do perpetrador sobre seus atos envolva o reconhecimento da perda de sua própria humanidade. Sua maior preocupação – proveniente justamente de falas de vítimas judias do holocausto que agora são os perpetradores de sofrimentos contra palestinos – é que as vítimas podem se tornar perpetradores ao insistirem em um certo tipo de pensamento binário que envolve a falha em reconhecer em si mesmo a tendência de ser violento. 

A falha, em geral, em reconhecer como há um lado vulnerável nos perpetradores e há um lado destrutivo nas vítimas seria derivado, para a autora, de certo individualismo irrestrito intensificado pelo neoliberalismo durante as últimas décadas. Isso resulta em posturas rivais, hierárquicas, separatistas e defensivas, bem como em “testemunhas falhadas”, isto é, em espectadores passivos diante das injustiças e violências. 

Decididamente, esta obra é a mais carregada de negatividade de sua trajetória. Um exemplo disso é a noção de que “só um pode viver” retomada em seu atualíssimo artigo sobre Donald Trump, “The Wolf’s Dictionary”: Confronting the Triumph of a Predatory World View” (2017) [“O Dicionário do Lobo”: Confrontando o Triunfo de uma Visão de Mundo Predatória]. Para a autora, tal fantasia está presente nos fundamentos do capitalismo, imperialismo, nacionalismo e racismo. Benjamin retoma Horkheimer, Marcuse e Adorno ao vincular fascismo e capitalismo ao analisar como o discurso de Trump se adequa à dominação neoliberal: ele é a figura autoritária que garante a seus seguidores que estes serão os únicos a sobreviver, embora o sistema queira prejudicá-los. 

A autora ainda responsabiliza parte da esquerda por não assumir plenamente a sua cumplicidade com a exploração econômica e racial, afastando-se do sofrimento concreto das pessoas e, com isso, falhando em oferecer uma alternativa aos trabalhadores. Além disso, ela procura por uma visão segundo a qual “mais de um pode viver”. Com isso, 

A análise benjaminiana tem o potencial de combinar uma crítica radical ao capitalismo, com uma prática política democrática, potencialmente oferecendo um diagnóstico aprofundado das contradições da estrutura, ao mesmo tempo em que oferece uma possível saída, embora ambivalente, arriscada e sempre em aberto. Afinal, como aponta Gandesha (2018), a solução intersubjetivista benjaminiana talvez não fosse mesmo tão distante da proposta tardia de Adorno. (Cesar, 2022, p. 126)

Obras da filósofa e as traduções disponíveis 

BENJAMIN, J. Acknowledgment, Harming, and Political Trauma: Reflections After the Plague Year. Psychoanalytic Perspectives, [S. l.], v. 18, n. 3, p. 401-412, 2021.

BENJAMIN, J. Acknowledging the Other’s Suffering: A Psychoanalytic Approach to Trauma in Israel/Palestine. Tikkun, vol. 30, n. 3, p. 15–26, 2015a.

BENJAMIN, J. Andy Rabinbach as an Inspiration for a Work of Feminist Theory. New German Critique, n. 117, p. 5–8, 2012a.

BENJAMIN, J. Authority and the Family Revisited: Or, a World without Fathers?. New German Critique, n. 13, Special Feminist Issue (Winter, 1978), p. 35-57, 1978.

BENJAMIN, J. Beyond doer and done to: an intersubjective view of thirdness. Psychoanalytic Quarterly, LXXIII, p. 5-46, 2004a.

BENJAMIN, J. Beyond Doer and Done To: Recognition Theory, Intersubjectivity and the Third. New York: Routledge, 2017a

BENJAMIN, J. Can We Recognize Each Other? Response to Donna Orange. Int. J. Psychoanal. Self Psychol, n. 5, p. 244-256, 2010a.

BENJAMIN, J. Credo: The Sufferings of the World. In: Salberg, J. (org.). Psychoanalytic Credos: Personal and Professional Journeys of Psychoanalysts. London and New York: Routledge, p. 96–104, 2022.

BENJAMIN, J. [Entrevista concedida a L. Granek]. Psychology’s Feminist Voices Oral History and Online Archive Project. New York, NY, 2006.

BENJAMIN, J. Facing Reality Together Discussion: With Culture in Mind: The Social Third. Studies in Gender and Sexuality, n. 12, p. 27-36, 2011.

BENJAMIN, J. From Many into One: Attention, Energy and the Containing of Multitudes. Psychoanal. Dial, n. 15, p. 185-201, 2005.

BENJAMIN, J. Intersubjectivity, Recognition and the Third: A comment on Judith Butler. In: Ricken, N.; Balzer, N. (org.). Judith Butler: Pädagogische Lektüren. Wiesbaden: Springer VS für Sozialwissenschaften, p. 283–301, 2012b.

BENJAMIN, J. & ATLAS, G. Jessica Benjamin Discusses Her Work with Galit Atlas. Psychoanalytic Inquiry. n. 42, p. 412-428, 2022.

BENJAMIN, J. Letter from Dr. Jessica Benjamin to Palestinians Living on the Stolen Land of 1948: https://www.pgmhn.org/statements/letter-from-dr-jessica-benjamin-to-palestinians-living-in, 2024.

BENJAMIN, J. Like Subjects, Love Objects: Essays on Recognition and Sexual Difference. New Haven, CT: Yale University Press, 1995.

BENJAMIN, J. Masculinity, Complex: A Historical Take. Studies in Gender and Sexuality, n. 16, p. 271-277, 2015b.

BENJAMIN, J. Non-violence as respect for all suffering: Thoughts inspired by Eyad El Sarraj. Psychoanalysis, Culture & Society, 2015c.

BENJAMIN, J. Shame and Sexual Politics. New German Critique, [S. l.], vol. 27, n. Women Writers and Critics, p. 151–159, 1982. 

BENJAMIN, J. Taking Personally. Contemporary Psychoanalysis, n. 58, p. 461-469, 2023.

BENJAMIN, J. The Bonds of Love: Looking Backward. Studies in Gender and Sexuality, 2013a.

BENJAMIN, J. The Bonds of Love: Psychoanalysis, Feminism, & the Problem of Domination. New York: Pantheon Books, 1988.

BENJAMIN, J. (1988). [no prelo] Os laços de amor: Psicanálise, Feminismo e o Problema da dominação. Tradução de Virginia H. Ferreira da Costa. São Paulo: Quina Editora, 2025.

BENJAMIN, J. The bonds of love: rational violence and erotic domination. Feminist Studies, vol. 6, n. 1, p. 144-174, 1980. 

BENJAMIN, J. The Decline of the Oedipus Complex. In: Broughton, J. M. (eds) Critical Theories of Psychological Development. Path in Psychology. Springer, Boston, MA, 1987.

BENJAMIN, J. The end of internalization: Adorno’s social psychology. Telos, vol. 32, p. 42–64, 1977.

BENJAMIN, J. O Fim da internalização: psicologia social de Adorno. Trad. Inara Marin e Bárbara Santos. Dissonância: Teoria Crítica e Psicanálise, n. 1, Campinas, p. 155-198, 2017.

BENJAMIN, J. Shadow of the Other: Intersubjectivity and Gender in Psychoanalysis. New York & London: Routledge, 1998.

BENJAMIN, J. The Riddle of Sex. In: Matthis, Irene. (ed.) Dialogues on Sexuality, Gender and Psychoanalysis. Karnac, 2004b.

BENJAMIN, J. The Wolf’s Dictionary: Confronting the Triumph of a Predatory World View. Contemporary Psychoanalysis, vol. 53, n. 4, p. 470-488, 2017b.

BENJAMIN, J. Thinking Together, Differently: Thoughts on Bromberg and Intersubjectivity. Contemporary Psychoanalysis, vol. 49, p. 356-379, 2013b.

BENJAMIN, J. What angel would hear me? The erotics of transference. Psychoanalytic Inquiry, [S. l.], vol. 14, n. 4, p. 535-557, 1994. 

BENJAMIN, J. Where’s the Gap and What’s the Difference? The Relational View of Intersubjectivity. Multiple Selves, and Enactments. Contemp. Psychoanal, vol. 46, p. 112-119, 2010b.

Literatura secundária 

ALLEN, A. Progress and the death drive. In: Allen, A., O’Connor, B. (orgs.). Transitional Subjects: Critical Theory and Object Relations. New York: Columbia University Press, 2019.

BUTLER, J. (2004) Desfazendo gênero. Tradução de Aléxia Bretas, Ana Luiza Gussen, Beatriz Zampieri, Gabriel Lisboa Ponciano, Luís Felipe Teixeira, Nathan Teixeira, Petra Bastone e Victor Galdino. Coordenação de tradução por Carla Rodrigues – São Paulo: Editora Unesp, 2022.

BUTLER, J. Longing for Recognition: Commentary on the Work of Jessica Benjamin. Studies in Gender and Sexuality, vol. 1, n. 3, p. 271–90, 2000.

CANSECO, A. E. P. Reconocimiento y exposición corporal: la propuesta de une nueva ontologia social en el pensamento de Judith Butler. (Tese de doutorado em Estudos de Gênero), Universidade Nacional de Córdoba, 2015. 

CESAR, J. A. C. Com a primeira geração da teoria crítica e para além dela: A intersubjetividade de Jessica Benjamin na análise crítica do autoritarismo contemporâneo, Dissonância, vol. 6, Campinas, p. 91-131, 2022.

CESAR, J. A. C. The intersections of psychoanalysis and critical theory: the intersubjective theory of Jessica Benjamin in the analysis of contemporary authoritarianism. (Tese de doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023. 

CINTA, E. M. U. Dominar, submeter-se, libertar-se: Jessica Benjamin e os laços de amor. Psicologia em Revista, v. 24, n. 3, Belo Horizonte, p. 686-704, 2018.

COSTA, V. H. F. Negatividade no reconhecimento: o debate entre Jessica Benjamin e Judith Butler. Perspectivas em diálogo, vol. 10, p. 72-90, 2023a.

COSTA, V. H. F. Releituras feministas do complexo de Édipo: entre o modelo pré-edípico de Whitebook e a subversão edípica de Butler. Discurso, vol. 53, p. 174-194, 2023b.

COSTA, V. H. F. Sobre o declínio da autoridade paterna: uma discussão entre teoria crítica e psicanalistas feministas. In: Silveira, L., Affortunati, A. (orgs.). Freud e o patriarcado. São Paulo – Hedra, 2020. 

GANDESHA, S. ‘Identifying with the aggressor’: From the authoritarian to neoliberal personality”. Constellations, vol. 25, n. 1, p. 147-164, 2018.

GREGORATTO, F. Pathology of Love as Gender Domination: Recognition and Gender Identities in Axel Honneth and Jessica Benjamin. Studies in Social and Political Thought, [S. l.], vol. 25, p. 82–98, 2015.

HONNETH, A. The struggle for recognition: the moral grammar of social conflicts. Massachusetts: The MIT Press, Cambridge, 1995.

MARIN, I. Narcisismo e Reconhecimento: Os Rumos da Psicanálise na Teoria Crítica. São Paulo: Editora Unifesp, 2022.

MARTINS, A. S. et. al. Recognition and indeterminacy. Psychology (Irvine), vol. 6, p. 1570-1579, 2015.

MEEHAN, J. Autonomy, recognition and respect: Habermas, Benjamin, Honneth. Constellations, [S. l.], vol. 1, n. 2, p. 270–285, 1994.

MEEHAN, J. Intersubjectivity on the couch, Recognition and Destruction in the Work of Jessica Benjamin. In: Allen, A., O’Connor, B. (eds.), Transitional Subjects: Critical Theory and Object Relations. Columbia University Press, p. 185-208, 2019. 

SANTOS, B. T. S. Amor como condição de liberdade de si e do outro: repensando reconhecimento, dominação e alteridade a partir de uma leitura de Jessica Benjamin. (Dissertação de mestrado). Faculdade de Filosofia, Universidade de Campinas, 2020.