Publicado
1 de dez de 2016
Pavor descreveria sua sensação ao se deparar no mar com um quetognato se você tivesse menos de 2 cm. Na verdade estes monstros marinhos só não são mais assustadores por casa de seu pequeno tamanho. Com o corpo em forma de dardo, os quetognatos possuem uma série de punhais ao redor da boca prontos para injetar um veneno asfixiante em suas presas. Para completar, são praticamente invisíveis porque têm o corpo transparente. Em geral eles se movem muito lentamente, mas as nadadeiras que flanqueiam seus corpos permitem arrancadas muito velozes para dilacerar a presa incauta.
Quem dera os designers de alienígenas holywoodianos fossem criativos como a natureza (Imagem: Zatelmar)
Sua anatomia quase invisível e muito pequena faz com que até hoje seja difícil posicioná-los na árvore genealógica dos animais. Ele já foi considerado um deuterostômio aparentado de nós vertebrados, um grupo de verme cilíndrico ou até algo semelhante ao ancestral de todos os animais bilaterais. O fato é que ninguém sabe exatamente onde eles se encontram na história evolutiva. Já nos oceanos, esses assassinos são fáceis de encontrar. Apesar de serem poucas espécies reconhecidas, quetognatos são muito numerosos no plâncton marinho. Ainda bem que não somos seus alvos na hora da caça.
Publicado
8 de nov de 2016
Muito cuidado com este inseto, mas não pelo motivo que você está pensando. (Imagem: Matthew Robinson)
Desde o começo do ano vem circulando pela internet, principalmente whatsapp e facebook, um alerta sobre um inseto indiano ou chinês que está transmitindo pelo simples contato um vírus ou fungo mortal que se manifesta primeiro por erupções na pele. A única coisa viral a respeito dessa história foi a velocidade com que a mentira se espalhou online, e parece que uma mais recentemente houve um novo surto.
Continue lendo…
Tags
alimentação, aparelho bucal, barata d'água, Belostomatídio, dieta, doença de pele, farsa, inseto, lenda urbana, Mentira, mordida, Percevejo, picada, Whatsapp
Publicado
1 de nov de 2016
Esta bizarra criatura habita o fundo dos mares, passa sua vida chafurdando na lama ou entre os grãos de areia. Acreditava-se que eles só viviam nos mares frios e profundos, mas, para desespero de todos, mais e mais pessoas têm relatado encontros com priapúlidos em águas rasas por todo o mundo.
Priapúlida, o bicho-piroca dos mares profundos (imagem: Shunkina Ksenia)
Seu estranho nome tem uma origem ainda mais assustadora. Priapus era o deus grego do pênis, uma referência direta a sua anatomia peculiar. De fato, vários humanos que já encontraram priapúlidos relatam que sua visão causou gritos e reações que oscilaram da euforia ao pavor em decorrência do corpo alongado, roliço e dotado de uma probóscide entumescente com uma abertura única (a boca) que explica a analogia entre os animais deste falo, digo, Filo e um órgão masculino. Para completar, diversas espécies (como a da foto) ainda têm filamentos semelhantes a pelinhos na extremidade posterior. Outra bizarrice é que esses animais vagam entre nós quase despercebidos desde o Cambriano médio, muito antes dos dinossauros, e permanecem até hoje quase idênticos ao que foram 400 milhões de anos atrás.
Os priapúlidos possuem uma simatria corporal bilateral como a nossa, o que demonstra um parentesco muito antigo com os humanos. O ancestral comum entre nós e eles provavelmente era um verme de corpo achatado semelhante a um platelminto. Apesar do baixo metabolismo, os priapúlidos são grandes o suficiente para precisar de um sistema circulatório e até de um pigmento de transporte de oxigênio, a hemeritrina. Os órgãos estão arranjados numa cavidade corporal que se assemelha à nossa cavidade abdominal, mas tem uma origem embrionária muito diferente, sendo um resquício da fase embrionária de blástula. Esses animais alimentam-se de matéria orgânica em meio ao sedimento ou predam outros invertebrados lentos. Por sua vez, servem de alimento para peixes. A despeito de todas as comparações entre priapúlidos e pênis, a maioria dos animais desse grupo não ultrapassa os 3 cm, embora alguns poucos afortunados possam chegar a quase 40 cm.
Publicado
27 de out de 2016
Criptozoologia é, supostamente, a “ciência” que estuda animais fantásticos. É ela a responsável pelas “pesquisas” sobre o pé-grande, a mula sem cabeça, o monstro do lago Ness e outras criaturas fantásticas derivadas de mentes criativas, desocupadas e carentes de atenção.
No entanto, existe toda uma série de animais que existem, mas que são muito pouco estudados, quase desconhecidos e ignorados pela maioria da humanidade. Nos próximos meses conheceremos a criptozoologia que existe, animais quase inacreditáveis, mas reais, e saberemos mais sobre o que eles têm a ver com você e comigo. Não percam, aqui, no Ciência à Bessa!
A imaginação gera obras maravilhosas, mas que fique claro que são imaginativas! (Imagem: Walmor Corrêa)
Publicado
18 de out de 2016
É primavera. Aqui no cerrado as chuvas começam a voltar. Na parte mais ao sul do Brasil são as temperaturas que sobem. Por todo lado a vida recomeça.
Sempre que o ambiente impõe condições difíceis demais à vida, uma opção disponível para os animais (e as plantas também) é abrir mão da vida. Não no sentido de se deixar, ou de se fazer, morrer, mas no sentido de abdicar dos processos vitais pelo menos enquanto as coisas andarem difíceis demais. Nesse caso, os organismos reduzem drasticamente seu metabolismo, o consumo de nutrientes, oxigênio e água, paralisam seu crescimento e o investimento reprodutivo e ficam ali, esperando as coisas melhorarem para retomar tudo isso depois. Estes processos são conhecidos por dormência.
Tem hora que não tem jeito, é preciso despertar. (imagem: John Connell)
Há diversos processos diferentes relacionados à depressão metabólica dos animais, como a diapausa, o torpor, a hibernação e a dormência. A duração, intensidade da economia energética e os gatilhos que desencadeiam cada processo de dormência diferem de um tipo para o outro.
Também existem diferentes espécies que entram em dormência metabólica nos mais diversos grupos animais. Mesmo protozoários podem se encistar para evitar a perda de água, a falta de um hospedeiro nas espécies parasitas ou a escassez alimentar. Outros animais que encistam (e insistem em continuar vivos) são os vermes nematóides e platelmintos, assim como os legendários e indestrutíveis tardígrados. Moluscos, minhocas e até peixes pulmonados evitam a morte por congelamento e a perda de água entrando em estivação. Mamíferos se escondem do frio e da desnutrição hibernando. Pequenos mamíferos e aves de metabolismo extremamente alto, como morcegos, camundongos e beija-flores, diariamente entram em torpor para evitar o desperdício energético. Os insetos e os embriões dos peixes anuais entram em diapausa durante períodos de seca intensa. Todos estes grupos são salvos da morte a cada ano (ou mesmo diariamente) graças aos processos de dormência.
A existência é um processo delicado que precisa se equilibrar numa corda bamba entre e existência e o desaparecimento. Cruelmente, a sina de todo ser vivo (pelo menos dos sexuados, mas isso fica para uma outra postagem) é sempre acabar morrendo, a diferença entre o sucesso ou o fracasso biológico está no que você conseguiu realizar enquanto se equilibrava. A dormência animal aparelha diferentes organismos a se manterem vivos ainda que o ambiente esteja hostil num dado momento, um verdadeiro alívio para a manutenção da biodiversidade. Todos passamos por isso, momentos mais difíceis nos quais suspendemos partes de nossas atividades e mantemos apenas o que for vital, mas chega uma hora em que é possível e necessário seguir em frente. O Ciência à Bessa está de volta!
Publicado
4 de abr de 2016
Vídeo novo do Ciência à Bessa. Em tempos de guerra ao mosquito quem morreu foi o Lineu!
Publicado
19 de mar de 2016
Clique na imagem que o infográfico interativo abre!
Publicado
14 de mar de 2016
A partir de hoje o Ciência à Bessa irá experimentar uma nova mídia que está bombando na Internet. Está no ar o primeiro vídeo da série. Espero que vocês gostem! Começamos com a história de como um peixe que se acreditava extinto desde o mesozóico apareceu em 1932 num museu da África do Sul graças ao trabalho de uma jovem e dedicada naturalista.
[youtube_sc url=”https://youtu.be/XEupEAHwC_g” title=”Celacanto”]
Publicado
11 de nov de 2015
O tubarão lagarto está extinto no Brasil, parte disso se deve ao fluxo de grandes navios. (Imagem: Elasmolab)
O tubarão lagarto é uma espécie considerada extinta no Brasil. Esse tubarão alimenta-se prioritariamente de crustáceos e habita águas de 10 a mais de 300 m. São fortemente dimórficos, sendo que os machos são esguios e as fêmeas mais pesadas; os machos também têm dentes maiores. Medem cerca de 70 cm, sendo uma espécie pequena de tubarão. O declínio dessa espécie foi atribuído a modificações das áreas reprodutivas devido ao tráfego naval. Dessa forma, preferir produtos nacionais a importados pode ser uma forma de estimular a economia do Brasil e ainda ajudar espécies em condições semelhantes à do tubarão lagarto.
Publicado
4 de nov de 2015
Este lindo primata está ameaçado pela fragmentação de nossa maior floresta. (Imagem: Udo Schröter)
O sauím de coleira é um pequeno primata que vive próximo à cidade de Manaus. Como é comum entre os primatas, rios servem de barreira geográfica e isolam populações. O sauím de coleira está isolado ao norte do Amazonas, leste do Negro e sul do Cuieiras. Uma espécie aparentada, Saguinus midas cerca o sauím de coleira e parece estar excluindo nosso personagem de hoje por competição. O sauím de coleira vive em grupos de cerca de dez indivíduos, apenas uma fêmea do grupo se reproduz e dá à luz dois filhotes no início e no fim do ano. Mesmo assim sua população vem declinando nos últimos anos, o que deixou essa espécie criticamente ameaçada de extinção. Isso se deve principalmente à fragmentação do habitat na periferia de Manaus. O controle de natalidade é uma saída para o crescimento populacional humano que ameaça essa espécie, assim como para a maioria das que apresentei nessa série.