Comportamento Animal, teoria e prática pedagógica – Sorteio
Faltam apenas alguns dias para o sorteio. Respondam nos comentários quem foi seu melhor professor e por que e garantam seu presente de Newtal.
Sorteio de Natal – Livro de Comportamento Animal
Semana passada ocorreu o lançamento do meu livro com a Prof. Ana Arnt, Comportamento animal, teoria e prática pedagógica, pela Editora Mediação. O livro foi escrito para professores de ensino fundamental e médio e traz uma coletânea de textos sobre o comportamento animal em suas diversas faces seguidos de atividades práticas simples para ilustrarem os conceitos apresentados.
Tem experimentos sobre socialidade com cupinzeiros, simulações do comportamento de predação usando confeitos de chocolate e várias outras sugestões para tornar as aulas mais agradáveis e compreensíveis. Todos os capítulos se pautaram por perguntas que poderiam muito bem ser perguntas científicas de etólogos. Sempre acreditei no comportamento animal como uma forma de encantar pessoas pela biologia por se tratar de eventos mais fáceis de ver no espaço (ao contrário da respiração celular na escala micro e da convergência evolutiva entre mamíferos sul-americanos e marsupiais australianos na escala macro, por exemplo) e no tempo (ao contrário do desenvolvimento embrionário, por exemplo).
Então lanço agora o desafio. Quero que vocês me contem nos comentários quem foi o melhor professor da vida de vocês e por que. Vou sortear dia 2 de dezembro dois exemplares para quem responder, assim chega de presente de Newtal. Não se esqueçam de deixar seu e-mail para eu entrar em contato com os ganhadores.
Quais os saberes biológicos e didáticos que o biólogo deve constituir?
Apontar tópicos específicos seria tão exaustivo quanto uma reunião pedagógica, para isso existem os documentos do MEC e CFBio, os índices dos bons livros textos e as ementas. O que um formando em biologia precisa é de ferramentas específicas e grandes temas. Eu listaria quatro temas centrais que as disciplinas de Ciências Biológicas deveriam rodear, estes quatro temas deveriam ser tão exaustivamente explorados ao longo de uma graduação que se sedimentariam naturalmente na consciência dos alunos: Evolução biológica, níveis de organização da vida desde célula até biosfera, diversidade biológica e leis da hereditariedade. Como toda lista, esta está incompleta e sujeita a críticas. Façam bom uso do espaço para comentários.
Fora esses tópicos eu sugiro que algumas ferramentas sejam fortemente recomendadas aos estudantes: senso crítico, raciocínio e busca pela informação. O senso crítico ajudará o profissional que está sendo formado a duvidar sempre, primar pelo método científico, não engolir argumentos de autoridade ou falaciosos em geral. O raciocínio significa estimular o estudante , não só a saber conceitos, mas também conectá-los de maneira a resolver problemas mais reais. O gosto pela informação o ajudará a manter-se atualizado numa situação de progresso do conhecimento tão acelerado que pouco tempo parado significa obsolescência cognitiva. Com estas ferramentas e conhecimentos os profissionais que se formarem estarão muito bem munidos para o futuro.
Que biologia deve saber um futuro professor de biologia?
As semanas que antecedem o início das aulas são características pela realização das reuniões pedagógicas. Essas reuniões podem ser maçantes e pouco produtivas, mas não precisam ser assim, é apenas uma questão de organização e proposição de objetivos. Aliás, para os leitores em algum grau ligados à realização de reuniões, sugiro o livro da série Você S/A “Administre seu tempo” e “Trabalho em equipe” e o livro de administração da vida acadêmica do Gilson Volpato. Há outras dicas boas neste site, de repente vale a pena mandar essas referências para seus chefes de um e-mail anônimo como uma crítica construtiva. Este ano, nossa coordenadora pedagógica nos sugeriu uma lista de reflexões que eu resolvi responder via Ciência à Bessa. Fica assim documentado que eu fiz o meu dever de casa.
Pergunta 1) Que biologia deve saber um futuro professor de biologia?
Acredito que o conhecimento que deva ser exigido de um futuro professor de Biologia seja como os oceanos do Cambriano, muito vastos, mas não necessariamente profundos demais. O profissional que se lança nessa carreira pegará amanhã aulas de ciências para a 5ª série fundamental sobre ciclo da água, depois um pré-vestibular em genética, a seguir botânica para o 1º ano, óptica para a 8ª série e por aí vai. A diversidade de temas cobrados será grande, portanto não será possível aprofundar-se em demasia.
Por outro lado, temo bastante as políticas do MEC para os cursos de licenciatura que preveem uma carga horária assombrosa de disciplinas pedagógicas enquanto que os assuntos daquela formação ficam resumidos a poucas aulas. Em biologia, por exemplo, o Conselho Nacional de Educação regulamentou acerca dos conteúdos mínimos para licenciados. Exige-se um mínimo de 400 horas de prática docente contra 40 horas de zoologia de vertebrados, a minha disciplina na UNEMAT. Acredito que esta medida visa formar excelentes professores, mas sabe-se lá do que! Pessoas pedagogicamente bem preparadas para lidar com a sala de aula, mas que terão muito trabalho em conhecer bem o conteúdo que ministrarão.
Qual a medida certa desta profundidade de conhecimentos então? Difícil responder, mas vou pela fala de uma professora minha que merece um pensamento de segunda. “O professor precisa saber, saber que sabe e saber acima de tudo que o aluno não precisa saber tudo o que ele sabe. O conhecimento do professor precisa ir até o ponto que lhe dê o conforto de saber tudo o que precisa ensinar e uma margem de segurança.” Era o que nos dizia a Prof. Sônia Lopes, autora de um dos livros-textos mais usados em Biologia.
No mais, acredito que o professor deva aprender sua própria maneira de encantar o estudante, mostrar como é belo o conhecimento, falar aos seus corações, além de seus cérebros. Sendo bem sucedido nisso, do resto o tempo toma conta.