O Ministro Stephanes resolveu dar uma de Lobão
Perdidinha no meio do noticiário (alarmista e desorientador, diga-se de passagem) sobre a “Gripe Suína”, apareceu no Jornal do Brasil – on line essa reportagem, assinada por Lúcia Nório da Agência Brasil: Stephanes apresenta propostas para aperfeiçoar a legislação ambiental.
Oooops! O ministro da agricultura querendo aperfeiçoar legislação ambiental?… mau cheiro no ar… e a reportagem já começa assim:
Uma das sugestões é manter a permissão de atividades agropecuárias em áreas de preservação permanente (APPs) já consolidadas (topos de morro,
encostas e várzeas)
Peraí!… Afinal a área é para ser de “preservação permanente”, ou não?… Eu acho que o Ministro se confundiu e quer preservar permanentemente qualquer porcaria que estiver lá agora.
E a coisa piora:
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Para o ministro, se um agricultor já planta 20% da área para preservar nascentes de rios, não precisa manter a reserva legal. As APPs são locais de floresta e vegetação ao longo de rios, nascentes, várzeas, encostas e topos de morro. Já a reserva legal é o percentual de floresta que deve permanecer intacto em propriedades rurais e que varia de acordo com os biomas: 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% nos demais.
Sei lá!… Eu já acho que esses percentuais são baixos demais para a cobertura vegetal nativa.
O Minsitro ainda propõe que sejam considerados válidos, para efeitos de APA, o plantio de árvores frutíferas e “com florestas manejáveis, que tragam rendimento econômico, árvores que pudessem ser exploradas economicamente, como o babaçu e o dendezeiro”.
Bom… Eu não sou agrônomo, nem engenheiro florestal… Mas esse papo do Ministro Stephanes está me cheirando igualzinho àquele da “Coalizão do Clima Global“: “o meio ambiente que se dane; o (agro)negócio é mais importante”…
E o porco foi à forra…
Como é, leitor?… Aproveitou bem os feriadões?… Pois eu sofri mais que passarinho em mão de criança essa pouca-vergonha! Cheio de negócios urgentes que dependem de pessoas tomarem providências, estou desde a Semana Santa esperando a boa-vontade alheia… (e vem mais um feriadão no próximo fim de semana: 1º de maio…)
Aliás, um belo jeito de comemorar o “Dia da Terra”: curtindo um belo engarrafamento na estrada… Emissões e mais emissões, temperadas com um e outro acidentes, que Mamãe Natureza aproveita para selecionar um pouquinho mais a espécie.
Essa semana de merda atípica tinha tudo para ter como carro-chefe a apresentação do genoma devidamente sequenciado do gado vacum. Só que, lá do Oriente, veio a praga…
Caso seguinte: na astrologia chinesa, os anos são regidos por um animal (que mais ou menos corresponde ao “signo” da astrologia ocidental). Os chineses levam isso muito a sério, tal como a acupuntura. Os chineses são tão supersticiosos que insistiram em iniciar as Olimpíadas de Beijing no dia 08/08/08, porque o número 8 é tido como “auspicioso” (porque “oito” em alguma variante da língua chinesa, rima com “prosperidade”). E o ano de 2008 parecia ideal: era o “Ano do Porco”, tido como animal farto e próspero.
Só que o boi (que se segue ao porco na astrologia chinesa e é tido como um “signo” de trabalho árduo, cansativo e pouco produtivo), resolveu dar o ar sua graça antes do tempo e trouxe uma cagada crise econômica para sacanear a prosperidade porcina…
Agora, os porquinhos se vingaram: na hora em que o boi ia ganhar as primeiras páginas do noticiário, eis que chega a gripe suína e rouba a cena!
Vocês que desdenham do Intelligent Design, se esquecem das proféticas palavras de Chico Buarque:
O tal meteorito não causou a extinção dos dinossauros
Geólogos descobrem que o impacto não levou a uma extinção em massa há 65 milhões de anos
Essa é uma concepção artística do impacto do meteoro que criou a cartera de Chicxulub. |
27 de abril de 2009
A disseminada e antiga teoria de que a cratera de Chicxulub tem a chave para a extinção dos dinossauros, junto com 65% de todas as outras espécies, há 65 milhões de anos, é contestada em um artigo publicado neste 27 de abril no Journal of the Geological Society.
Quando esférulas resultantes do impacto foram achadas logo abaixo da fronteira Cretáceo-Terciária (K-T), foram imediatamente identificadas como a “arma fumegante” responsável pela extinção em massa que ocorreu há 65 milhões de anos.
Crédito e imagem ampliada
A mais nova pesquisa, conduzida por Gerta Keller da Universidade de Princeton em Nova Jersey, e Thierry Adatte da Universide de Lausanne, Suíça, com dados colhidos no México, vê indícios de que o impacto de Chicxulub antedate a fronteira K-T em até 300.000 anos.
Crédito e imagem ampliada
“O problema com a interpetação que aventa um tsunami”, explica Keller, “é que esse complexo de arenito não foi depositado dentro de horas ou mesmo dias por um tsunami. O depósito aconteceu ao longo de um grande período de tempo”.
Os cientistas também descobriram indícios de que o impacto de Chicxulub não teve o impacto dramático sobre a diversidade de espécies que foi sugerido.
Essa conclusão nem devia causar surpresa, diz ela. Nenhum outro grade evento de extinção em massa é associado com um impacto e nenhuma outra grande cratera é tida como associada a outro evento significativo de extinção.
Keller sugere que as maciças erupções vulcânicas no Trapps do Decan, na Índia, podem ser resposáveia pela extinção, liberando enormes quantidades de poeira e gases que podem ter bloqueado a luz solar e causado um significativo efeito estufa.
Música, Maestro!
US Department of Homeland Security – Science and Technology
Música cerebral
Pondo as trilhas sonoras do cérebro para funcionar
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Todo cérebro tem uma trilha sonora. Seu andamento e tom podem variar,
dependendo do ânimo, do estado de espírito e outras variáveis do próprio cérebro. Quando essa trilha sonora é gravada e reproduzida – para um operador de central de emergências, ou um bombeiro – ela pode aguçar seus reflexos durante uma situação de crise e acalmar seus nervos, depois.
Durante a última década, a influência da música no desenvolvimento cognitivo, no aprendizado e bem estar emocional emergiu como um campo “quente” de estudos científicos. Para explorar a potencial relevância da música para respostas a situações de emergência, o Diretório de Ciência & Tecnologia (S&T) do Departamento de Segurança Nacional começou um estudo sobre uma forma de neuro-treinamento chamado de “Música Cerebral” que usa música criada anteriormente a partir das ondas cerebrais do próprio ouvinte, para ajudá-lo a lidar com dificuldades comuns, tais como insônia, fadiga e dores de cabeça resultantes de ambientes estressantes. O conceito de Música Cerebral é usar a frequência, a amplitude e a duração de sons musicais para levar o cérebro de um estado de ansiosidade para outro de maior relaxamento..
O Gerente de Programa do S&T, Robert Burns, disse: “A tensão vem junto com um trabalho em respostas a emergências, de forma que estamos interessados em descobrir maneiras de tornar mais fácil para esses trabalhadores permanecerem no máximo de suas capacidades quando estiverem no serviço, e conseguirem um repouso de qualidade quando sairem de seus turnos. Nossa meta é descobrir novas maneiras de auxiliar os encarregados das primeiras respostas a terem o melhor desempenho possível, sem aumentar suas tarefas, treinamento ou níveis de estresse”.
Se o cérebro “compõe” a música, a primeira tarefa dos cientistas é escrever as notas e é exatamente isso que a Human Bionics LLC de Purcellville,
Virgínia, faz. Cada gravação é convertida em duas composições musicais únicas, projetadas para disparar as respostas naturais do corpo; por exemplo, aumentando a produtividade no trabalho, ou auxiliando o ajuste a uma escala de serviço cujo horário varia frequentemente.
Testes clínicos demonstraram que essas composições são capazes de provocar, em cada indivíduo, um dos dois seguintes estados mentais: relaxamento, para um estresse reduzido e um reposo melhor; e alerta, para uma melhor concentração e tomada de decisões. Cada trilha, com duração de 2 a 6 minutos, é uma música tocada em um só instrumento – usualmente um piano. A trilha de relaxamento, diz Burns, soa como “uma sonata tranquila e melódica de Chopin”, enquanto que a trilha de alerta pode ser parecer “mais com uma obra de Mozart”. (Parece que há um gênio — talvez dois gênios — da música erudita em cada um. Um exemplo de uma trilha sonora de alerta pode ser ouvida em www.dhs.gov/xlibrary/multimedia/snapshots/st_brain_music_active.mp3 )
Depois de ter suas ondas cerebrais transformadas em música, cada pessoa recebe uma lista de reprodução específica, personalizada a seu ambiente de trabalho e necessidades. Se empregada de maneira correta, a música pode aumentar os níveis de produtividade e energia, ou acionar as respostas naturais do corpo contra o estresse.
A música criada pela Human Bionics LLC está sendo testada como parte do Programa de Otimização da Prontificação (Readiness Optimization Program = ROP) da S&T, um programa de bem estar que combina a educação da nutrição com o neurotreinamento, para avaliar uma população de encarregados de respostas iniciais que inclui agentes federais, policiais e bombeiros. Um grupo selecionado de bombeiros locais será a primeira equipe de encarregados de respostas a emergências a fazer parte do projeto.
O componente “Música Cerebral” do ROP deriva de tecnologia patenteada, desenvolvida pela Universidade de Moscou, para emprego de ondas cerebrais como mecanismo de feedback para a correção de condições fisiológicas.
Como dizia Cervantes: “Quem canta, seus males espanta”.
Nota do tradutor: quem já leu a trilogia “Fundação” de Isaac Asimov, deve se lembrar da trama que leva o mutante “Mula” a dominar toda a Fundação — exatamente o domínio das emoções mediante o emprego de música. Asimov tem outra estória curta sobre o mesmo tema (me esqueci o título), onde “descobrem” que a música de “When the Saints Go Marchin’ In” tem o “poder” de acalmar e tirar da depressão um paciente.
Agora, que tem algo de muito sinistro nos fatos de, primeiro, ser uma tecnologia desenvolvida na Universidade de Moscou (leia-se: KGB) e adotada pelo Departamento de Segurança Nacional dos EUA, tem…
Deu no The New York Times: indústria ignorou os próprios cientistas sobre aquecimento global
A edição de 24 de abril do The New York Times vem com uma reportagem, assinada por Andrew C. Revkin, intitulada: Na questão climática, a indústria ignorou seus próprios cientistas.
Os primeiros parágrafos da reportagem dizem:
Por mais de uma década a Coalizão do Clima Global, um grupo que representava as indústrias cujos lucros eram ligados aos combustíveis fósseis, liderou uma agressiva campanha de relações públicas e lobbying contra a ideia de que emissões de gases de efeito estufa poderiam levar ao aquecimento global.
“O papel dos gases de efeito estufa nas mudanças climáticas não é bem comprendido”, afirmava a Coalizão em um “backgrounder” científico distribuído a legisladores e jornalistas no início da década de 1990, que acrescentava que “os cientistas divergiam” quanto à questão.
Porém, um documento anexado a um processo em uma corte federal mostra que, mesmo enquanto a coalizão trabalhava para desviar as opiniões, seus próprios experts técnicos e científicos estavam avisando que a ciência que apoiava o papel dos gases de efeito estufa no aquecimento global, não podia ser refutada.
“As bases científicas para o Efeito Estufa e o impacto potencial das emissões humanas de gases de efeito estufa, tais como o CO2, sobre o clima, estão bem estabelecidas e não podem ser negadas”, escreveram os experts em um relatório interno compliado para a Coalizão em 1995.
A coalizão era financiada por taxas pagas por grandes corporações e grupos de comércio que representavam as indústrias de petróleo, carvão e automotivas, entre outras. Em 1997, no ano em que foi negociado um acordo internacional sobre o clima que veio a ser conhecido como o Protocolo de Protocol, seu orçamento totalizot US$1,68 milhões, de acordo com registros de impostos obtidos por grupos ambientais.
O artigo prossegue (são duas páginas na Internet) mostrando que o lobby das indústrias poluidoras fez o que podia e não podia para – nem tanto para impedir, mas muito mais para retardar o quanto possível – a conscientização do público e as medidas dos governos que, já sabiam, seriam inevitáveis mais cedo ou mais tarde.
Só que eu notei uma enorme omissão nesse artigo: bem ao estilo da “nova-era-Obama”, não se faz qualquer referência ao governo W. Bush…
Em qualquer banana-country esse (des)governo já estaria sendo alvo de milhares de Comissões Parlamentares de Inquérito, Auditorias Fiscais e investigações criminais (de preferência, pela Corte de Haia).
Mas os Estados Unidos não podem “passar esse recibo”…
Os incêndios são uma parte importante e subsetimada das mudanças climáticas globais
Press Release 09-081 Fire is an Important and Under-Appreciated Part of Global Climate Change
Estudo identifica signficativas contribuições do fogo para as mudanças climáticas e identifica feedbacks entre os incêndios e as mudanças climáticas
Fumaça de incêndios nas matas do Sul da Califórnia se espalha pelo Oceano Pacífico. |
23 de abril de 2009
O fogo tem que ser levado em consideração como uma parte integrante das mudanças climáticas, segundo os 22 autores de um artigo publicado na edição de 24 de abril de Science. Os autores constataram que os incêndios para desmatamento por todo o mundo contribuem com um quinto do aumento das emisões vindas das atividades humanas de dióxido de carbono, um gás de efeito estufa que ajuda a aumentar as temperaturas globais.
O trabalho é o resultado de um encontro apoiado pelo Instituto Kavli de Física Teórica (KITP) e o Centro Nacional de Análises e Sínteses Ecológicas (NCEAS), ambos com base na Universidade da Califórnia, Santa Barbara e financiados pela Fundação Nacional de Ciências (NSF).
Os autores pedem que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) integre totalmente os incêndios em seus dados sobre mudanças climáticas globais e considere os feedbacks entre fogo e clima, os quais têm estado inteiramente ausentes dos modelos globais.
Incêndio em uma floresta de pinheiros na Sibérica. |
O artigo amarra várias “pontas soltas” de conhecimentos acerca de fogo que tinham, até agora, permanecido isoladas em campos diversos que incluem ecologia, modelagem global, física, antropologia e climatologia.
Um número crescente de incêndios descontrolados estão também influenciando o clima, segundo os autores. “Os trágicos incêndios em Victoria, Austrália, emfatizam a ubiquidade dos recentes incêndios descontrolados e os regimes de incêndios naturais, provavelmente em mutação, concomitantes com as mudanças climáticas antropogênicas”, declara David Bowman da Universidade da Tasmânia. “Nossa revisão é tanto oportuna, quanto de grande relevância global”.
Pesquisadores David Bowman e Jennifer Balch. |
O dióxido de carbono é o mais importante e o melhor estudado gás de efeito estufa emitido por plantas em combustão. Entretanto, o metano, partículas de aerossol na fumaça e o albedo modificado de uma paisagem calcinada, todos contribuem para mudanças na atmosfera causadas pelo fogo. Segundo os autores, as consequencias de grandes incêndios têm altos custos econômicos, ambientais e de saúde pública.
Os autores declaram: “A Terra é, intrinsecamente, um planeta inflamável devido a sua cobertura de vegetação rica em carbono, climas sazonalmente secos, oxigênio atmosférico e ignições por descargas elétricas e atividades vulcânicas. Mesmo assim, a despeito da tradicional aperciação pela espécie humana dessa inflamabilidade, o escopo global dos incêndios só foi revelado recentemente pelas observações por satélite que se tornaram disponíveis a partir do início da década de 1980”.
Eles observam, entretanto, que os satélites não podem capturar as atividades do fogo em ecossistemas com intervalos de incêndios muito grandes, ou aqueles com uma atividade de fogos muito variável.
Jennifer Balch, componente da equipe de pesquisa e associada pós-graduada do NCEAS, explica que estão acontecendo incêndios maiores e mais frequentes do Oeste dos EUA até os trópicos. Esses são “incêndios onde normalmente não havia incêndios”, disse ela, observando que é nos trópicos úmidos que estão acontecendo diversos incêndios de queimadas para desflorestamento, usualmente para a expansão das áreas de plantio e pecuária. “As úmidas florestas tropicais historicamente não experimentaram incêndios com a frequencia atual. Durante secas extremas, tais com as de 1997-98, os incêndios naturais na Amazônia queimaram 39.000 km² de florestas”.
Este incêndio queimou 28.000 acres de floresta no Arizona e matou seis bombeiros. |
Balch explica a importância do artigo: “Esta síntese é um pré-requisito para a adaptação à aparente intensificação recente de feedbacks do fogo, que tem sido exacerbado pelas mudanças climáticas, pela rápida modificação da cobertura das terras e pela introdução de espécies exóticas — o que, em conjunto, ameaça a integridade de biomas inteiros”.
Os autores reconhecem que sua estimativa da influência do fogo sobre o clima, é apenas um início e eles apontam grandes lacunas nas pequisas que devem ser resolvidas para que compreendamos a influência geral do fogo sobre o sistema climático.
Balch observa que é necessária uma “ciência holística do fogo” e aponta a real importância do fogo. “Não pensamos nos incêndios de maneira correta”, diz ela. “O fogo é tão elemental quanto o ar ou a água. Nós vivemos em um planeta de fogo. Nós somos uma espécie de fogo. Mesmo assim, o estudo do fogo vem sendo altamente fragmentado. Nós conhecemos um bocado acerca do ciclo do carbono, do ciclo do nitrogênio, mas sabemos muito pouco acerca do ciclo do fogo, ou como o fogo tem seus ciclos pela biosfera”.
Henry Gholz, um diretor de programa da NSF, declarou: “O grupo de autores, grande e diverso, tipifica uma tendência, cada vez mais forte, nas ciências. A NSF apoia explcitamente isso através do financiamento de ‘centros de síntese’, tais como o NCEAS e o KITP. Em lugar de dar ênfase à geração de novos dados, esses centros sintetizam os resultados de, literalmente, milhares de projetos de pesquisa completados em novos resultados, teorias e abordagens. As conclusões deste artigo — que o fogo é importante para o ciclo global de carbono e para o clima global, e que nossa ignorância acercado fogo é enorme — e não poderia ser obtida de outro modo”.
Ciscando pelo EurekAlert
Duas notícias sobre a Dengue:
Nova compreensão do vírus da dengue aponta caminhos para possíveis terapias e Cientistas identificam fatores no hospedeiro que são críticos para a infecção pelo vírus da dengue, ambas sobre uma pesquisa realizada por uma equipe da Universidade Duke, liderada por Mariano Garcia-Blanco, M.D., Ph.D., professor de genética molecular e microbiologia no Centro Médico da Universidade Duke, a ser publicada na edição de 23 de abril da Nature.
Garcia-Blanco e seus colegas conseguiram desabilitar o funcionamento dos genes envolvidos em células de mosca de fruta infectadas com uma cepa do vírus da dengue conhecida como DENV-2. O “trabalho de chinês” foi, simplesmente silenciar um gene de cada vez ( e eram, apenas, por volta dos 14.000) e indicar, com precisão, quais os genes eram essenciais ao crescimento do vírus e quais não eram. Eles usaram a mosca da fruta como modelo porque as ferramentas genéticas necessárias para realizar o mesmo trabalho em mosquitos ainda não foram desenvolvidas.
Diz Garcia-Blanco: “A dengue é uma doença perigosa e, até agora, não existe tratamento para ela, nem meios para prevenção. Mas, se pudermos achar uma fraqueza no vírus, podemos projetar uma estratégia para combatê-lo. Este estudo nos ajudou a identificar algumas brechas na couraça da dengue”.
O processo apresentou 116 fatores do hospedeiro que pareciam ser importantes para o sucesso da infecção nas moscas de fruta. Durante os testes com vários desses fatores na Universidade Johns Hopkins, os pesquisadores descobriram que ao menos um deles – e possivelmente um segundo – era necessário para que ocorresse a infecção por dengue nos insetos.
Os cientistas também infectaram células humanas com o vírus DENV-2 e descobriram que 82 dos genes do mosquito tinham seus análogos nos genes humanos. Cerca de metade deles se revelaram fatores específicos do hospedeiro importantes para a infecção em pessoas.
Com o título Plantas absorvem mais Carbono com céus nebulosos, vem o relato de um estudo realizado sob os auspícios do Conselho de Pesquisas sobre o Ambiente Natural da Grã-Bretanha, que envolveu cientistas do Centro de Ecologia & Hidrologia, do Met Office Hadley Centre, ETH Zurich e da Universidade de Exeter.
A autora principal do estudo, Dra Lina Mercado, do Centro para Ecologia & Hidrologiay, declarou: “Surpreendentemente, os efeitos da poluição atmosférica parecem ter melhorado a produtividade global das plantas em até ¼, de 1960 a 1999. Isso resultou em um aumento líquido de 10% na quantidade de carbono armazenado sobre as terras, decontados os demais efeitos”.
Um aumento nas partículas microscópicas liberadas na atmosfera (conhecidas como aerossóis) pelas atividades humanas e mudanças na cobertura de nuvens, causaram um declínio na quantidade de luz solar que atinge a superfície da Terra, desde a década de 1950s até a dácada de 1980 (um fenômeno conhecido como “Escurecimento Global”). Mas isso foi contrabalançado por uma maior difusão da luz solar, o que permitiu uma maior absorção dessa luz, uma vez que menos folhas ficaram efetivamente na sombra.
Um co-autor do estudo, o Professor Peter Cox da Universidade de Exeter resume assim as consequências do estudo: “Na medida em que continuarmos a limpar o ar na atmosfera inferior, o que temos que fazer pelo bem da saúde das pessoas, o desafio de evitar mudanças climáticas perigosas através de reduções das emissões de CO2, será ainda maior. Os diferentes agentes poluidores envolvidos nas mudanças climáticas têm diferentes efeitos sobre as plantas e esses efeitos têm que ser levados em consideração para que possamos tomar decisões sensatas sobre como lidar com as mudanças climáticas”.
E uma notícia vinda da Universidade de Michigan fala de um Concreto auto-reparante para obras de infraestrutura mais duráveis. Esse novo material, desenvolvido pela equipe de Victor Li, Professor de Engenharia Civil e de Ciência e Engenharia de Materiais, é projetado para se dobrar e rachar em fissuras bem finas, em lugar de quebrar e abrir grandes rachaduras. O melhor é que as únicas coisas necessárias para a “cicatrização” das fissuras são dióxido de carbono e água.
Fotos: Nicole Casal Moore (Clique na foto para ampliar)
Os asteróides se bronzeiam no vento solar
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O principal autor do estudo, Pierre Vernazza, diz: “Os asteróides parecem ‘se bronzear’ muito rapidamente, mas não com uma super-dose de radiação ultravioleta do Sol e, sim, com os efeitos de seu poderoso vento”.
Já se sabe, há muito tempo, que as aparência das superfícies dos asteróides variam com o tempo — os asteróides observados são muito mais avermelhados do que o interior do meteoritos encontrados na Terra¹ — porém os reais processos envolvidos nesse “sazonamento espacial” e as escalas de tempo correspondentes eram algo controverso.
Graças à observação de diferentes famílias de asteróides², com o Telescópio de Nova Tecnologia do ESO e o Telescópio Muito Grande de Paranal, assim como telescópios na Espanha e no Hawaii, a equipe de Vernazza conseguiu, agora, solucionar o enigma.
Quando dois asteróides colidem, criam uma família de fragmentos com superfícies “limpas”. Os astrônomos descobriram que essas superfícies recém-expostas são rapidamente modificadas e mudam de cor em menos de um milhão de anos — um período de tempo muito curto em comparação com a idade do Sistema Solar.
Vernazza diz que “as partículas carregadas e que se deslocam rapidamente, presentes no vento solar, danificam a superfície de um asteróide com uma rapidez impressionante³”. De forma diferente da pele humana que fica danificada e envelhecida pela continuada exposição à luz solar, são, de maneira até surpreendente, os primeiros momentos de exposição (dentro da escala de tempo considerada) — o primeiro milhão de anos — que causam a maior parte do “envelhecimento” dos asteróides.
Estudando diferentes famílias de asteróides, a equipe também demonstrou que a composição da superfície de um asteróide é um importante fator para o quão avermelhada sua superfície pode ficar. Depois do primeiro milhão de anos, a superfície “bronzeia” muito mais devagar. Nesse estágio, a cor depende mais da composição do que da idade. Além disso, as observações revelam que as colisões não podem ser o principal mecanismo por trás da grande quantidade de superfícies “novas” observadas nos asteróides rasantes. Em vez disso, essas superfícies “com ar de novas” podem ser os resultados de encontros com planetas, onde o puxão gravitacional do planeta tenha “sacudido” o asteróide, expondo o material inalterado.
Graças a esses resultados, os astrônomos agora podem entender mais facilmente como a superfície de um asteróide — que frequentemente é a única coisa que podemos observar — reflete sua história
Notas
[1] Meteoritos são pequenos fragmentos de asteróides que caem sobre a Terra. Quando um meteorito penetra na atmosfera da Terra, sua superfície pode se derreter e ser parcialmente calcinada pelo calor intenso. Não obstante, o interior do meteorito permanece inalterado e pode ser estudado em laboratório, fornecendo várias informações sobre a natureza e a composição dos asteróides.
[2] Uma família de asteróides é um grupo de asteróides que descrevem órbitas similares em torno do Sol. Acredita-se que os membros de uma determinada família sejam os fragmentos de um asteróide maior, destruído em uma colisão.
[3] A superfície de um asteróide é afetada pelas partículas altamente energéticas que formam o vento solar. Essas partículas destroem parcialmente as moléculas e os cristais na superfície, os rearranjando em novas combinações. Com o tempo, essas mudanças acabam por formar uma fina crosta de material irradiado com cores e propriedades específicas.
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Mais informações:
Este resultado foi apresentado em um artigo publicado na edição desta semana da Nature,
“Solar wind as the origin of rapid reddening of asteroid surfaces”, por
P. Vernazza et al. A equipe é composta por Pierre Vernazza (ESA),
Richard Binzel (MIT, Cambridge, EUA), Alessandro Rossi (ISTI-CNR, Pisa,
Itália), Marcello Fulchignoni (Observatório de Paris, França) e Mirel
Birlan (IMCCE, CNRS-8028, Observatório de Paris, França). Um arquivo no formato PDF está disponível para download em http://www.eso.org/public/outreach/press-rel/pr-2009/nature07956_proof1.pdf .
A medida em que o mundo se aquece, o nível de água nos principais rios cai
National Science Foundation
Press Release 09-075
Colorado, Amarelo, Ganges, e Niger entre os rios afetados
O Rio Colorado está entre os rios do mundo afetados pelo aquecimento da Terra. |
21 de abril de 2009
Os rios em algumas das regiões mais populosas do mundo estão perdendo água, segundo um estudo abrangente das correntes d’água do planeta.
A pesquisa, liderada pelos cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (National Center for Atmospheric Research = NCAR) em Boulder, Colorado, sugere que os fluxos reduzidos, em muitos casos, são associados com mudanças climáticas e constituem uma ameaça potencial para as disponibilidades futuras de alimentos e água.
Os resultados serão publicados em 15 de maio no Journal of Climate da Sociedade Meteorológica Americana. A pesquisa foi apoiada pela Fundação Nacional de Ciências (NSF), patrocinadora do NCAR.
Cliff Jacobs da Divisão de Ciências Atmosféricas da NSF declara: “A distribuição da água doce mundial já é um tópico importante que vai ocupar o lugar de destaque no cenário mundial nos anos vindouros, com respeito ao desenvolvimento de estratégias de adaptação para um clima em mudança”.
Os cientistas, que examinaram o fluxos das correntes no período que vai de 1948 a 2004, encontraram mudanças significativas em cerca de um terço dos maiores rios do mundo. Desses, os rios que tiveram sua vazão diminuída suplantaram os que tiveram a vazão aumentada na razão de 2½ para 1.
Muitos dos rios que estão debitando menos água servem a grandes populações, inclusive o Rio Amarelo no Norte da China, o Rio Ganges na Índia, o Rio Niger na África Ocidental e o Rio Colorado no Sudoeste dos EUA.
Em contraste, os cientistas relatam maiores vazões em torrentes que cruzam áreas despovoadas próximas do Oceano Ártico, onde a neve e o gelo estão derretendo rapidamente.
O principal autor do artigo, Aiguo Dai do NCAR, diz: “A vazão reduzida está aumentando a pressão sobre os recursos de água doce em grande parte do mundo, especialmente onde há uma maior demanda causada pelo aumento da população. Como a água doce é um recurso vital, as tendências na diminuição (das vazões) são uma grande preocupação”.
Muitos fatores podem afetar a vazão de um rio, inclusive barragens e o desvio das águas para a agricultura e a indústria.
Entretanto, os pesquisadores descobriram que as vazões reduzidas, em vários casos, parece estar relacionada com as mudanças climáticas globais que estão alterando os padrões de precipitação e aumentando as taxas de evaporação.
Os resultados são consistentes com pesquisas anteriores de Dai e outros que mostram um ressecamento que se alastra e secas mais frequentes em várias áreas de terras.
O estudo levanta maiores preocupações ecológicas e climáticas
A vazão dos maiores rios do mundo resulta em depósitos sedimentares de nutrientes e minerais dissolvidos sobre os oceanos. O fluxo de água doce também afeta os padrões globais de circulação das correntes oceânicas que são causados por mudanças no teor de salinidade e pela temperatura, e que têm um papel vital na regulação do clima do mundo.
Embora as recentes mudanças nas vazões de água doce sejam relativamente pequenas e possam ter impacto somente em torno das maiores fozes de rios, Dai lembra que o equilíbrio entre as águas doces debitadas nos oceanos e aquelas sobre as terras, tem que ser monitorado em busca de mudanças de longo prazo.
Os cientistas continuam incertos a respeito dos impactos do aquecimento global sobre os maiores rios do mundo. Estudos feitos com modelos computadorizados, mostram que vários rios fora da região Ártica podem perder água por causa da diminuição das chuvas, nas latitudes médias e mais baixas, e também or causa de uma maior evaporação causada por temperaturas mais altas.
Análises anteriores, menos abrangentes, indicavam, no entanto, que a vazão global dos fluxos d1água estaria aumentando.
Dai e seus coautores analisaram o fluxo de 925 dos maiores rios do planeta, combinando medições reais com modelos computadorizados de fluxos de correntes para preencher as lacunas nos dados.
Os rios incluídos no estudo pertencem a todas as maiores massas de terra, exceto a Antártica e a Groenlândia, e respondem por 73% de todos os cursos d’água do mundo.
No geral, o estudo descobriu que, de 1948 a 2004, o débito anual de água doce para o Oceano Pacífico caiu em cerca de 6%, ou 526 km³ – aproximadamente o mesmo volume de água que o Rio Mississippi debita a cada ano.
O fluxo anual para o Oceano Índico caiu em cerca de 3%, ou 140 km³. Em contraste, a vazão anual para o Oceano Ártico cresceu em cerca de 10%, ou seja, 460 km³.
Nos Estados Unidos, o fluxo do Rio Columbia diminuiu em cerca de 14%, durante o período estudado, entre 1948-2004, principalmente por causa da redução da precipitação e do aumento do uso de águas no Oeste.
Entretanto, o Rio Mississippi teve um aumento de 22% na vazão, durante o mesmo período, por causa do aumento da precipitação no Meio-Oeste desde 1948.
Alguns rios, tais como o Brahmaputra no Sul da Ásia e o Yangtze na China, mostraram fluxos estáveis ou crescentes. Mas eles podem perder volume no futuro com o gradual desaparecimento das geleiras do Himalaia que os alimentam, segundo os cientistas.
Outro coautor do artigo, Kevin Trenberth do NCAR, declara: “Como as mudanças climáticas vão continuar inevitavelmente pelas próximas décadas, provavelmente veremos impactos maiores em muitos dos rios e nos recursos hídricos que a sociedade se acostumou a depender”.
Ciscando pelo EurekAlert
Algumas notícias sobre o funcionamento do cérebro, em 20/4/09.
Nossos cérebros fabricam a própria maconha: no fundo, somos todos chincheiros
Novo estudo publicado no FASEB Journal mostra que nossos cérebros produzem proteínas que atuam diretamente sobre os receptores de maconha em nossas cabeças
Cientistas norte-americanos e brasileiros acabam de comprovar que um dos refrões mais famosos de Bob Dylan — “todo o mundo tem que ficar doidão” — está certo. Isso porque eles descobriram que o cérebro fabrica proteínas que funcionam como a maconha sobre receptores específicos no próprio cérebro. Essa descoberta,
publicada online no FASEB Journal (http://www.fasebj.org), pode levar à obtenção de novos medicamentos semelhantes à maconha para controlar a dor, estimular a larica o apetite e impedir o consumo abusivo de maconha.
Muitas opções de compra? Como influenciar as decisões dos consumidores
Fazer escolhas é difícil, especialmente em um ambiente competitivo de vendas. Um novo estudo publicado no Journal of Consumer Research lança algumas luzes sobre os processos de escolha dos consumidores entre várias opções.
Para ilustrar o fenômeno investigado, os autores Young-Won Ha e Sehoon Park (ambos da Universidade Sogang, na Coréia, e Hee-Kyung Ahn (Universidade de Toronto) montaram o seguinte cenário: Um consumidor tem que escolher entre dois pacotes de férias na França com o mesmo preço. O pacote A (“o competidor”) oferece estadia em hotéis de 4 estrelas que estão localizados de maneira inconveniente. O pacote B (“o alvo”) inclui estadia em hotéis de 2 estrelas próximos de museus e palácios famosos. Enquanto o consumidor pesa as diferenças entre o serviço e as conveniências, encontra um pacote C (“o chamariz”), que oferece estadias em hotéis de uma estrela convenientemente localizados como os do pacote B.
Pesquisas de consumo anteriores demonstraram que a presença de um chamariz aumenta a atratividade da opção alvo. Mais pessoas escolhem o pacote B (o alvo), quando o chamariz está disponível.
O novo estudo modificou as condições, incluindo o que os pesquisadores chamaram de uma “característica particular” — por exemplo: substituir a França pela Itália no pacote A. Os pesquisadores descobriram que, nesse caso, o poder do chamariz fica bastante reduzido.
Os consumidores costumam se aglomerar… e aí compram menos
Em um estudo publicado no Journal of Consumer Research, Sam K. Hui (Universidade de Nova York), Eric T. Bradlow e Peter S. Fader (ambos da Universidade da Pennsylvania) analisaram dados obtidos com um sistema de rastreamento colocado em carrinhos de supermercado e descobriram que os consumidores têm a tendência de se aglomerarem em determinadas zonas do mercado, mas, uma vez lá, ficam menos dispostos a fazer uma compra.
Eles descobriram que, quanto mais tempo levam em uma loja, mais os consumidores se ficam decididos e procuram os locais onde devem estar as coisas que já pretendiam comprar. E descobriram, também, que, após ceder a uma “tentação” (comprar algum produto que “faz mal à saúde”), os consumidores tendem a aplacar suas consciências comprando um produto “virtuoso” (uma comida “saudável”).
Foi o que descobriram Keith Wilcox (Universidade da Cidade de Nova York), Beth Vallen (Loyola College), Lauren Block (Universidade da Cidade de Nova York), ), e Gavan J. Fitzsimons (Universidade Duke).
Em uma série de quatro estudos, os pesquisadores descobriram que a mera presença de itens de comida saudável em um cardápio pode levar a uma consciência menos pesada na escolha de comidas menos saudáveis. Por exemplo, quando eram oferecidos como acompanhamentos com o mesmo custo: batatas fritas, nuggets de frango, ou batata assada, poucos escolhiam as batatas fritas. Mas, quando se introduzia no cardápio a opção por uma salada, mais pessoas escolhiam as batatas fritas… E eram justamente as pessoas que, na situação anterior, tinham demonstrado mais auto-controle, enquanto as de menor auto-controle “escorregavam” menos…