Garrafadas

Bottled Water, photographs by James Worrell from James Worrell on Vimeo.

Escamas

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Dona Lurdes lamenta a reforma, mas para o marido é pior, desculpa-se.
“O homem não consegue ficar quieto.”
Também ela não pára, e prova-o o que seguro nas mãos.
Trabalha na Graça, não da capital continental, mas o de São Miguel, Açores. O Mercado da Graça.
“As da Juliana ou da Veja são as melhores”, diz-me, regalada com as suas meninas.
“De Abrótea também são muito boas, mas têm que ser de Abrótea velha!”, acrescenta, rindo-se, matreira.
A ictiologia artística não teria melhor taxonomia do que a feita por Dona Lurdes.
Fala das peças que produz, artesanato.
Quadros, apeliques, todos manuseados com material inusitado e pouco fidalgo.
A carne foi-se, ficaram as escamas, sendo elas parte do ganha-pão da Lurdes do Mercado.
No da graça também elas se vendem, que ninguém perdoa, nem mesmo as escamas.
Amanhadas por Dona Lurdes, as escamas ficam lindas.
Antes cobriam peixes dos Açores; hoje enfeitam vários pontos do mundo, carregados por turistas de outros mares.
Pena as fotos de telemóvel não lhe fazerem jus.
Nem à simpatia da Dona Lurdes.
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Imagens – Luís Azevedo Rodrigues, com telemóvel.

Faça a legenda…

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…nos comentários.
P.S.- Ainda de pousio, não resisti.
Imagem:
Luís Azevedo Rodrigues – em dia de trovoada, por Terras do Demo.

Ibéria

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Dennis Slice colocou-me uma pergunta pertinente:
“Por que é que Portugal existe, na Península Ibérica?”
A questão, assim colocada, poderia soar mais a provocação do que a um mero desfazer de uma dúvida.
Estávamos no I Iberian Symposium on Geometric Morphometrics, ele como Invited speaker, e ambos como membros do Comité Científico.
A pergunta deixou-me sem reacção.
Geograficamente não fazíamos muito sentido, pois éramos uma perturbação na geometria quase perfeita do rectângulo peninsular.
A questão linguística poderia ser a solução para o aparente dilema existencial, mas também existiam os catalães, galegos ou bascos, com línguas próprias.
Por que raio, então, existia Portugal?
Repesquei da memória as lições da história, os dramas edipianos de Afonso Henriques, o beneplácito papal, entre outros justificativos.
Ainda assim não fiquei satisfeito.
Por que existia Portugal?
P.S.1- curiosamente, hoje, é publicado um artigo no El Pais onde é detalhadamente analisado uma sondagem, feita em Portugal e Espanha, e na qual 40% dos portugueses afirmam serem favoráveis a uma união com Espanha.
P.S.2- antes de Setembro, e tão breve quanto possível, publicarei entrevistas a biólogos e antropólogos, que já havia conhecido anteriormente, e que de algum modo utilizam as técnicas de Morfometria Geométrica como ferramenta de estudo.
Tão breve quanto possível teremos pequenas conversas sobre a ciência com:
Paul O’ Higgins (Functional Morphology and Evolution Research Unit, Medical School Hull)
Jesus Marugán (Universidad Autónoma de Madrid/Natural History Museum of Los Angeles)
Dennis Slice (Department of Scientific Computing, Florida State University)
Diego Rasskin-Gutman (Universidad de Valencia)
Christian Klingenberg (Biological School of Sciences, University of Manchester)
Imagem:
daqui

Memória da Ciência

ejn_cartoon2 (Small).jpgA velocidade da publicação e divulgação científica é cada vez maior. obrigando a uma elasticidade que, por vezes, não está disponível.
Mas consegue-se.
Mas tão importante como a patine da novidade é a segurança da memória.
Que nos oferece segurança e credibilidade.
Nem sempre o antigo é bom e credível, muito menos em Ciência.
Ainda assim é fundamental relembrar ou descobrir os trabalhos científicos antigos.
E mesmo as controvérsias sociais geradas pelo deambular da investigação científica.
Um desses casos foi o Scopes Trial, no qual se julgava se a Evolução deveria ser ensinada em escolas do Tennessee.
comic-ejn_n12.jpgO Evolution: a journal of Nature oferece agora um repositório de artigos relativos a esse processo, que vão desde 1927-1938.
Para além dos artigos integrais em PDF, estão também disponíveis cartoons políticos relacionados com a controvérsia criacionista.
A serem consultados aqui.
Imagens:
“Evolution: a journal of Nature”

Escantor

GOVERNO – Meio Bicho e Fogo from 8 e Meio on Vimeo.

O multifacetado escritor valter hugo mãe (sim, com minúsculas) cola-se a Antony, mas supera-o, em tons cuja técnica é superada pela emoção.
Letra e música deixam-me com vontade saltar atrás de um nenúfar, de carpir como rochedo, de silenciar o vento.
Gosto.
Projecto musical: governo; tema: meio bicho e fogo

Decalcamentos

male.jpgNa investigação zoológica há, por vezes, trabalhos que remetem para o imaginário comportamental humano.
Outros ainda, parecem decalcados da história etológica do macho humano.
Ou não.
“Male personality, life-history strategies and reproductive success in a promiscuous mammal”
Referência:
Journal of Evolutionary Biology. Volume 22 Issue 8, Pages 1599 – 1607
Imagem:
daqui

Asas Velhas

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De um tempo em que não eram aves ou mamíferos os voadores.
Outros cavalgavam os ventos, em florestas cerradas.
Com alas imensas.
Ventos passados, outras asas.
“The largest insect to have ever lived was Meganeuropsis permiana, from the Early Permian of Elmo, Kansas, and Midco, Oklahoma (…). This magnificent griffenfly attained wingspans of approximately 710 mm, which dwarfs the largest odonates found today. Protodonatans were almost certainly predaceous, as all nymphal and adult odonates are today.
Most fossils of these insects consist only of wings, but among the few preserved body parts are large, toothed mandibles, enormous compound eyes, and stout legs with spines, thrust forward in a similar manner to Odonata – all indicative of their being aerial predators.”

Evolution of Insects, pp. 175-176

Referrências:
David Grimaldi and Michael S. Engel. Evolution of the Insects. Cambridge University Press 2005

Imagem:
Megatypus schucherti (Meganeuridae: Protodonata), Evolution of the Insects.

Resistir

ResearchBlogging.orgDeinococcus radiodurans (Small).jpgOs tempos actuais exigem níveis de resistência cada vez maiores.
Suportar a incerteza e o desânimo parecem atributos indispensáveis, embora tipicamente humanos, para permitir a sobrevivência económica e, sobretudo, moral.
Se aprendêssemos, ou pelo menos nos motivássemos, com a resiliência fora do comum de alguns seres vivos.
deinograph.gifDeinococcus radiodurans revela resistência à radiação gama, em doses milhares de vezes superiores às capazes de matar um ser humano.
Esta bactéria é o ser vivo conhecido mais resistente a radiações.
O genoma de D. radiodurans, constituído por dois cromossomas – um grande e um pequeno plasmídeo (2), tem sido detalhadamente estudado com vista a possíveis aplicações no tratamento de lixos nucleares.(1)
Resistir…parece ser o lema.
Referências:
1-Brim H, McFarlan SC, Fredrickson JK, Minton KW, Zhai M, Wackett LP, & Daly MJ (2000). Engineering Deinococcus radiodurans for metal remediation in radioactive mixed waste environments. Nature biotechnology, 18 (1), 85-90 PMID: 10625398
2-Denise G. Anderson, C. Evans, Jr. Roberts, Nancy N. Pearsall Martha T. Nester David Hurley, Clair N. Sawyer Microbiology: A Human Perspective.
McGraw-Hill (ISE) ISBN 0072473827 4th edition
Imagens:
daqui
daqui

Novas Fronteiras

NOVAS_FRONTEIRAS (Small).jpgNovas fronteiras: uma visão pessoal.
Imagem – Luís Azevedo Rodrigues