Darwin 2.0*
Quando um paleontólogo escreve um excelente artigo de divulgação no NY Times só me restam duas coisas:
admiração e…inveja!!!
Douglas Erwin – “Darwin Still Rules, but Some Biologists Dream of a Paradigm Shift”
Imagem – do site do NY Times
*título “roubado” aqui.
NÚMEROS VELHOS
A reportagem, diziam, era especial.
E foi-o.
De uma humanidade que doeu porque relembra o fundamental, esquecido na dormência destes dias.
Contava a história dos pesados do tempo que o são também no país que merecemos.
Famílias que adoptam avós.
Que esse programa social não é mais divulgado e apoiado pelo homónimo Ministério.
5 milhões de euros por ano para 1200 carregados do Tempo.
Para além do nó constante na garganta apenas me soava na cabeça outro número lido pela manhã no jornal Correio.
“COMPRA DE 109 VIATURAS NOVAS (para o Ministério da Defesa) CUSTA 2,5 MILHÕES DE EUROS”
Metade.
6 meses de apoio a famílias que adoptam e cuidam dos velhos.
Números.
Apenas isso.
P.S. – dói-me o relembrar da família, que fora desse programa, faz o mesmo que as de acolhimento, sem nada receber do estado.
Apenas pelo dar.
Programa – vídeo (parcial, ainda não disponível na íntegra)
Programa – resumo
Imagem – Steve McCurry/Magnum Photos
Por mão própria…
Notas de Einstein sobre a Teoria da Relatividade.
Em leilão*.
E se naquele momento lhe tivesse faltado o papel?
Se tivesse sido chamado para beber uma cerveja com os amigos?
Ter-lhe-ia aparecido de novo a centelha?
P.S. – * na Christie’s, entre muito outros tesouros da História da Ciência.
Fonte – NY Times
Imagem – Christie’s
SARTRICES 68
Sartre dizia “O Inferno são os outros”.
Não sei se antes ou depois do Maio de 68.
Pouco importa.
Disse-o, de certeza, antes destes rapazes.
“I’m tired of, everyone I know
Of everyone… I see… on the street and on TV, yeah
On the other side, on the other side
Nobody’s waiting for me on the other side
I hate them all, I hate them all
I hate myself for hating them
So drink some more, I’ll love them all
I’ll drink even more…
I’ll hate them even more than I did before
On the other side, on the other side
Nobody’s waiting for me on the other side
I remember when you came
You… taught me how to sing
Now… it’s seems so far away
You… taught me how to say
I’m tired of
Being so judgemental of everyone
I will not go to sleep
I will train my eyes to see
That my mind is as blind as a branch on a tree
On the other side, on the other side
I know what’s waiting for me on the other side
On the other side, on the other side
I know you’re waiting for me on the other side.”
The Strokes – “On the other side”, First Impressions of Earth, 2006
Imagem:
Luis Azevedo Rodrigues, 2002
REVELAÇÃO GELADA*
No espaço de 5 minutos de filme duas cenas surrealistas:
-queimam-se os livros de uma biblioteca para manter uma lareira acesa;
-a fronteira México-EUA é encerrada devido ao enorme afluxo de emigrantes norte-americanos; centenas cruzam ilegalmente, a pé, o rio que separa os dois países.
São assim os filmes-apocalipse – imagens de um fim-de-mundo distante e perturbador.
* – 5 minutos de pausa a mirar na SIC “O Dia Depois de Amanhã”.
Imagem – ilustração da Divina Comédia de Dante “The Traitors in the Lake of Ice” a partir da British Library
GENTE MINHA
Pinta-se-me o regresso a Casa de cores de alegria pois a gente voltou.
Tal como Agosto na aldeia, os meus emigrantes voltam a casa no Natal. São diferentes daqueles dos anos 60.
Já não vivem nos guetos, físicos e mentais.
Apropriam-se dos seus refúgios e trazem-nos para Casa.
Foram e voltam pelos mesmos motivos.
Alegram-me o regresso.
Dá vontade de partir só pelo prazer da volta.
Quase se esquece tudo o mais da distância. Como é bom o Natal na minha Casa.
Fora de época, relembrei um texto meu publicado noutras paragens…
Tudo a propósito de parte da minha gente que partiu… Gente que compreende as plantas, ou que produz música ou ainda que fazem vídeos como este…
Imagem – Dorothea Lange ”Migrant Mother” (1936)
Peso dos Geólogos
Tem o mesmo peso a voz dos geólogos em Portugal?
P.S. – O AVE é o o comboio de alta-velocidade espanhol.
Imagem – La Vanguardia (diário catalão) – 3 de Abril de 2008
TEMPOS
You can’t have a better tomorrow if you are thinking about yesterday all the time.
Charles F. Kettering, 1876-1958
A man who dares to waste one hour of time has not discovered the value of life.
Charles Robert Darwin, 1809-1882
I live a day at a time. Each day I look for a kernel of excitement. In the morning I say: What is my exciting thing for today? Then, I do the day. Don’t ask me about tomorrow.
Barbara Charline Jordan
Imagem – John Vink/Magnum Photos
GEOLOGIA MÓRBIDA
Depois de ignorarem as linhas de água como locais ideais para lares anfíbios.
Depois de não evitarem a erosão costeira.
Numa das aulas de geologia de campo foi-me dito, não me recordo por quem, que quando os geólogos tentam descobrir zonas de falha em terrenos menos familiares, normalmente procuram saber onde está o cemitério da vila ou aldeia.
Isto não se deve a uma tendência científico-mórbido deste profissionais. Deve-se antes à observação do conhecimento ancestral do chamado Povo. Esta entidade abstracta, mas com um conhecimento real, sempre soube onde devia fundar os seus cemitérios; e quase sempre o fez em zonas de falha.
As zonas de falha (zonas de descontinuidade dos blocos rochosos) proporcionam uma maior infiltração de águas, bem como uma maior movimentação dos solos.
Estas condicionantes geológicas fomentam a necessária decomposição dos corpos dos entes queridos, o imprescindível deixar da corporalidade para que o luto seja devidamente feito.
Mas os patos-bravos que constroem as nossas cidades não falam com o Povo. Apenas o enterram em terrenos enfastiados…
“Cemitério de Carnide sem capacidade Terrenos muito argilosos e níveis freáticos elevados atrasam decomposição dos corpos Empreiteiro não aceita assumir responsabilidades Autarquia pede ao LNEC para estudar solução” |
Imagem – Ilkka Uimonen,Magnum Photos