Michèle Le Doeuff

No verbete “Michèle Le Doeuff”, Izilda Johanson escreve sobre essa filósofa feminista francesa que, mesmo sem o incentivo da família, ingressou na carreira de filosofia e se tornou professora. Ela chegou a escrever no famoso jornal feminista francês Questions Féministes (Questões Feministas) textos que expressavam já nos anos setenta sua concepção de um conhecimento que fosse comprometido com a libertação em relação às discriminações no âmbito acadêmico, discriminações essas que, na concepção de Le Doeuff, têm efeito no desenvolvimento do conhecimento.

Izilda Johanson mostra como a ligação entre os temas “mulher” e “filosofia” é a questão central da filosofia de Le Doeuff, para a qual a crítica ao sexismo é essencial quando o objetivo é impedir o fortalecimento de maneiras de pensar que reiterem e auxiliem na manutenção de estruturas de opressões.

Se a filosofia se constituiu majoritariamente por meio de um lógos do qual se apropriaram os homens, ela não pode, contudo, ser legitimada como unicamente masculina. É nesse sentido que Le Doeuff dedica grande parte de sua obra a mostrar que houveram sim mulheres filósofas, e a resgatar seus trabalhos. O intuito da autora é jogar por terra a falsa ideia de que a produção filosófica de mulheres é algo recente, e mostrar que sempre houveram mulheres filósofas, mesmo que suas existências — ocultadas por uma filosofia majoritariamente masculina — com frequência não apareçam.

Izilda Johanson é professora associada do curso e do programa de pós-graduação de Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além de coordenadora da área de igualdade de gênero e diversidade sexual do Escritório de Ações Afirmativas da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Unifesp. É também vice-coordenadora do GT Filosofia e Gênero da ANPOF e membra da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas. Seu trabalho de pesquisa concentra-se na área de filosofia contemporânea, com ênfase nos temas relacionados ao vital, à criação, à subjetividade, e também às questões de gênero e os estudos feministas e decoloniais. 

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