Música Microfluídica
Algumas das técnicas e imagens que Charles Baroud, chefe do Laboratório de Hidrodinâmica da Ecole Polytechnique, capturou ficaram tão boas que a banda Mouse on Mars pediu para usá-las em um clipe para a música “They Know your Name”.
Charles então “comprou uma câmera de alta resolução – ele, como chefe do laboratório, pode fazer essas coisas”, a banda explica, “e gravou clipes sensacionais da gota vermelha – que batizamos carinhosamente de ‘Steve Verlaine’”. [via Nerdcore]
O Grande Vazio
Um modelo em escala do sistema solar, em doze volumes de 500 páginas. Na página 1 está o Sol, na página 6.000 ao final da coleção, Plutão. A largura de cada página representa um milhão de quilômetros, e o vídeo nos leva a uma viagem pelo Sol, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte e o Cinturão de Asteróides.
Sem surpresa, quase todo o livro é composto de um vazio, uma perspectiva muito difícil de apreciar, mas uma que todos deveríamos apreender pelo exercício de humildade que representa frente ao nosso lugar no Universo.
Na tela de um computador, já propomos aqui o exercício de Um pixel, da Terra à Lua, ao infinito e além.
[via Nerdcore]
Projeções topográficas de Jim Sanborn (e algo de como o Kinect funciona)
Situado a quase um quilômetro de distância, um projetor móvel lançou padrões geométricos artificiais sobre esta ilha irlandesa, destacando um belo contraste na arte de Jim Sanborn. Clique para mais fotografias da série em Design Boom.
Projeções em grande escala estão se tornando cada vez mais comuns em espetáculos – basta uma busca por mapped projection – mas elas também funcionam no sentido inverso, como a série de Sanborn sugere: pode-se descobrir a geometria de uma cena através de uma projeção. O acessório Kinect do Xbox funciona desta forma, projetando um padrão de pontos em infravermelho e aplicando computação para extrair a geometria da cena a partir da imagem resultante.
O padrão de pontos do Kinect pode parecer aleatório, mas não é, de fato ele se repete nove vezes. Sistemas anteriores ao Kinect geralmente projetavam padrões geométricos mais simples como os de Sanborn. Parte da mágica, e talvez a parte principal da mágica que torna o brinquedo da Microsoft tão mais barato e acurado que versões anteriores está no uso inteligente e inovador desse padrão estático de pontos. Inteligentemente, os segredos industriais por trás desse padrão de pontos não são descritos em detalhe nas patentes públicas do sistema.
A forma como eles parecem aleatórios mas ao mesmo tempo são repetidos lembra a matemática dos ladrilhos de Penrose, por sua vez vistos na natureza nos quasi-cristais que renderem um prêmio Nobel em 2011.
Uma olhada no site de Jim Sanborn revela como todas suas obras misturam ciência e arte, e uma das obras mais conhecidas de Sanborn é Kryptos, que contém textos cifrados e está localizada na própria Agência Central de Inteligência, a CIA dos EUA, em Langley, Virginia.
Arte e ciência, da CIA à Microsoft.
O Universo em uma Bolha de Sabão
Tom Storm descobriu por acaso que bolhas de sabão podem gerar imagens incríveis através de seu reflexo.
Ou reflexos, no plural, porque o que vemos na imagem é o reflexo na parte externa sobreposto ao reflexo na parte interna da bolha.
Daí porque as imagens estão duplicadas, e uma delas está invertida. A invertida é o reflexo da parte côncava da bolha no seu lado de dentro. [via Win]
“Iconatomy”: Celebridades e Reificação
O estudante de artes suíço George Chamoun mesclou retratos de ícones do cinema de duas eras diferentes no projeto “Iconatomy”, algo como “Iconatomia”, e o resultado é surpreendente principalmente porque nenhum dos rostos mesclados foi distorcido.
Chamoun simplesmente fez uma colagem de recortes de celebridades modernas sobre estrelas do passado. “As imagens não foram alteradas em nenhuma forma”, explica, “o que você vê é uma colagem de duas pessoas diferentes em cada imagem. Levou um bocado de tempo para que eu encontrasse as imagens certas? Claro que sim!”.
Aqui está o fascinante, porque a este autor parece que Chamoun conseguiu fazer com que a fusão dos rostos aconteça… em nosso cérebro!
Porque por mais que Audrey Hepburn tenha semelhanças fisionômicas com Natalie Portman:
O que deve surpreender é que elas não são tão fortes quanto a colagem de Chamoun inicialmente sugere à nossa massa cinzenta.
Levou algum tempo para que eu encontrasse as imagens originais que Chamoun usou? Claro que sim! Mas nem tanto. Aqui estão:
Hepburn usava um chapéu, e precisei espelhar horizontalmente a imagem de Portman. Lado a lado, desta forma, as diferenças devem se destacar mais, e convido você então a rever a colagem mais acima.
Como rostos diferentes puderam se mesclar tão bem? Isso só pode ser uma ilusão, no que este autor arrisca ser algo similar ao triângulo Kanizsa.
Nossa percepção preenche as lacunas e enxerga um triângulo que não está realmente lá. É o que a psicologia Gestalt chama da reificação, o aspecto construtivo da percepção, que não é algo passivo mas sim algo construído a partir dos estímulos que recebemos.
A colagem de Chamoun faz com que os dois rostos se unam justamente nas partes onde coincidem – no topo do cabelo, contornos da face. Algo como as extremidades do triângulo ilusório de Kanizsa, nossa percepção faz o resto e preenche as lacunas, fazendo com que duas estrelas de Hollywood se unam em um só rosto.
Esta ilusão apresenta mesmo o princípio Gestalt de multi-estabilidade, de forma que você pode ver ora um rosto mais próximo ao ícone do passado ou do presente.
Estes princípios da percepção em que arte mereceria mesmo um estudo científico acabaram me lembrando de outra ilusão em tempos de Internet, e uma que talvez não pareça tão culta.
É o que se tornou conhecido como “pornô para mórmons”.
Ou, como me atrevo a sugerir em um nome mais “acadêmico”, “pornografia Gestalt”.