Entre os 36 e os 38ºC…

ResearchBlogging.org…era a temperatura corporal dos dinossauros, pelo menos de alguns.
Estes dados foram obtidos através de termometria isotópica, onde se analisa a composição química dos dentes e daí inferindo estes parâmetros fisiológicos.
Demais informação apenas quando tiver acesso ao artigo…
“Abstract
The nature of the physiology and thermal regulation of the nonavian dinosaurs is the subject of debate. Previously, arguments have been made for both endothermic and ectothermic metabolisms based on differing methodologies. Here, we used clumped isotope thermometry to determine body temperatures from the fossilized teeth of large Jurassic sauropods. Our data indicate body temperatures of 36 to 38°C, which are similar to most modern mammals. This temperature range is 4 to 7°C lower than predicted by a model that showed scaling of dinosaur body temperature with mass, which could indicate that sauropods had mechanisms to prevent excessively high body temperatures being reached due to their gigantic size.”

Referência:
Eagle, R., Tutken, T., Martin, T., Tripati, A., Fricke, H., Connely, M., Cifelli, R., & Eiler, J. (2011). Dinosaur Body Temperatures Determined from Isotopic (13C-18O) Ordering in Fossil Biominerals Science DOI: 10.1126/science.1206196

Da Graça e da Natureza

sh_130_slide_1.jpgDa graça e da natureza, mais uma achega.
Um vídeo terrivelmente belo.

Loom

A Árvore da Vida e o Pardal

No dia em que a minha ansiedade de há meses viu corroborada a sua existência, o recém consagrado “A Árvore da Vida”, recordou-me uma outra história, pequena e bonita, que julgo tem que ver com a de Terrence Malick.
O “Pardal” de Constantin Pilavios.

O Défice Certo

27_mythol_.jpgA necessidade de anestesiar o meu centro de tomada de decisões fez-me, uma vez mais, ligar a TV.
Pendentes imagens de flácidos corpos jorravam da caixa.
A visão de transformação corporal que aquela exibição ordenava acordou o órgão hibernante.
A crise económica actual da Europa, ou de parte dela, mais não é do que um prolongamento do concurso televisivo às realidades geográficas e sociais que são os países europeus.
Há que emagrecer, dizem os neo-económicos.
Cortem na Saúde que vos torna países menos bonitos em termos orçamentais.
Subsídios de desemprego são maus para a vossa capacidade de encantar, há que os reduzir. Educação pública faz com que vos olhem de lado na rua.
Cortem, cortem, cortem…
O reality show do momento é este: o FMI não vos deixará viver com a dieta dos últimos seis anos
Imagem: Peter Paul Rubens, “The Drunken Silenus” (1616-1617)

A Económica e a Executiva

36460.jpgPormenores, dirão alguns.
Importantíssimo, dirão outros.
Ainda não sei que direi, tendo em conta a velocidade das transformações que se estão a dar na Europa.
O caso é o seguinte, apresentado por este vídeo de Miguel Portas, deputado no Parlamento Europeu – a partir de 1’45”, embora todo o vídeo seja muito interessante em termos de ética política.

Ou seja, por uma questão ética e de exemplo, opinião minha, os deputados europeus deveriam viajar em classe económica, deixando de lhes serem pagas viagens em classe executiva, com algumas excepções, como a idade e estado de saúde do deputado, bem como a duração.
A proposta foi recusada por uma maioria de deputados europeus, tendo havido um empate entre os deputados portugueses.
Este assunto interessou-me deveras, mais do que pelas quantias absolutas em causa, mas pela possibilidade de uma verdadeira mudança nos políticos que nos representam enquanto proto-continente institucional.
Desconheço a argumentação que terá levado estes deputados a perderem a oportunidade de exprimir a sua solidariedade perante os cidadãos que representam, materializando assim uma vontade de partilhar esforços nestes tempos de dificuldades económicas.
Há dois dias questionei no Twitter a deputada europeia Edite Estrela sobre os motivos da sua abstenção. Se a princípio me ignorou estoicamente, a verdade é que após alguma insistência, a senhora me respondeu.
Os argumentos foram pouco claros na justificação da sua abstenção mas posso transcrevê-los:
@editeestrela
“posso estar enganada, mas votei na convicção de estar a ajudar empresas nacionais:TAP e agência de viagens.”
“abstive-me porque tive dúvidas qual o melhor para o meu país. Quem ia beneficiar? Um burocrata qualquer ou a TAP?”

Parece-me que os argumentos seria o de favorecer a TAP e/ou agências de viagens já que as mesmas seriam feitas para aquelas empresas portuguesas…
E que tal alugar uma casa em Bruxelas a emigrantes portugueses? Parece-lhe bem?
@editeestrela
“as pessoas falam por falar e porque em tempos de crise a inveja cresce. É humano.”
Claro, quando se questiona algo nos tempos que correm a melhor resposta é argumentar que a pergunta é fruto da crise económica e da inveja. Claro.
@editeestrela
“votei a favor da redução orçamental, mas disso ninguém fala. As viagens são mais mediáticas, claro!”
Parafraseando a resposta de @helderlib , reduzir o orçamento sem reduzir a despesa parece-me uma má opção, mas que sei eu de economia. Talvez a proposta de redução orçamental não seja tão má mediaticamente como parece…
@editeestrela
“teria sido mais simples votar a favor ou nem votar, para não me comprometer. Votei em consciência, sem certezas.”
Desconhecia que as funções de deputado europeu possibilitassem não votar, julguei mesmo que fosse essa uma das principais funções para que haviam sido eleitos, ou seja, representar os seus eleitores. Mas que sei eu, se calhar não é para isso que serve um deputado…
Escrita de outra forma, perguntei aquilo mesmo a Edite Estrela que me respondeu:
@editeestrela
“pergunte isso aos deputados portugueses que não votaram.”
Obrigado por ter contribuído para o meu esclarecimento sobre o funcionamento do Parlamento Europeu…
@CienAoNatural
De toda a forma, agradecido pela disponibilidade em me responder. Não creio nos seus argumentos, acho-os fracos, mas agradeço-os
Apesar de reconhecer que a resposta que a seguir transcrevo possa ter sido dada sem que Edite Estrela tenha lido a minha despedida, esta argumentação final revela o que não deve haver num político: sobranceria.
@editeestrela
“olhe, meu caro, não sei quem você é mas desafio a provar que trabalha mais do que eu e que defende mais o interesse do país.”
As minhas questões não pretendiam revelar qual de nós dois tem trabalhado mais e melhor pelo país; apenas perceber os motivos pelos quais os deputados portugueses no Parlamento Europeu votaram contra, se abstiveram ou nem sequer votaram a proposta de que aqueles passem a voar em classe económica, e não em executiva como continuarão a fazer.
Concluindo, continuo a:
não perceber as motivações dos deputados neste caso;
não ter melhor ideia, nem informação, sobre o Parlamento Europeu, nem dos seus deputados;
pensar que os políticos portugueses não gostam que se lhes coloquem questões directas e objectivas;
pensar que os políticos adoptam várias estratégias de fuga às perguntas, como falar de outros assuntos, atribuir às perguntas um pendor de ataque ou motivação pessoais, invocando defesa do país e bondade da sua actuação pessoal quando estas não foram sequer questionadas;
Como ponto positivo destaco a disponibilidade de Edite Estrela em dialogar.
Mas não serve o Twitter também para isso, servir de plataforma de disseminação de mensagem política…?
Já agora parecer-me-ia interessante saber as opiniões dos outros deputados, nomeadamente os que votaram contra a proposta.
P.S. as mensagens do Twitter de Edite Estrela são públicas tendo-as eu publicado por isso, sem a necessidade de autorização da referida.
As mensagens estão neste texto por ordem cronológica na sua maioria.
Imagem: Anjur

Filogenia de café

Afastada do balcão, a mesa estava pejada de figuras de dinossauros. De lado opostos, dois primatas falantes e de idades distintas, dissertavam sobre aqueles bonecos.
Mas este também tem quatro patas.“, argumentava o mais baixo, condizente com a idade.
Todos têm quatro patas.“, ouvi eu dizer ao mais velho, meu contemporâneo. “Isso não quer dizer nada. Este tem cornos na cabeça e este do pescoço comprido não, vês?”, rematava glorioso enquanto agarrava no bicho de plástico.
Está bem, mas podem-lhe ainda não ter nascido…“, devolveu a criança.
São qualidade diferentes, não estás a ver. São diferentes, logo são qualidades diferentes de dinossauros.“, terminou o mais velho enquanto eu terminava o segundo café da manhã ao balcão.
Esta argumentação, pouco diferente é das que os paleontólogos têm em congressos ou em revistas da especialidade.
Os grupos de dinossauros, como outros seres vivos, são agrupados consoante as semelhanças e diferenças físicas, indo-se de detalhe em detalhe até o animal ser colocado numa árvore onde estão representados todos os possíveis parentes – dos mais próximos, aos mais longínquos.
Os meus colegas paleontólogos provavelmente arrancarão cabelos com a esta minha heresia, mas a filogenia tanto pode ser feita no laboratório, com a ajuda de potentes computadores, como à mesa de um café, utilizando bonecos.
Esta última análise, mais simples, pode utilizar os mesmos princípios da sofisticada investigação.
Mas não deixa de ser uma filogenia.
De café.
Imagem – ilustração dos princípios de Sistemática Filogenética, do paleontólogo Matthew Bonnan
famtree_phylov.jpg

Aveiro style…

Não quero saber que seja um vídeo institucional, que seja bonitinho, ou que o raio que o carregue.
Gosto dele e dela, da minha terra, porque cada vez mais me dói estar longe.
Lamechices de sexta-feira?
Pode ser. Mas não quero saber.
Soube-me bem rever sítios onde cresci, em que fui feliz, onde chorei.
Lamechices?
Sim, mas com muito gosto.
Aveiro style.

Sarrazin, o anti-sarraceno

courb110.jpgNa leitura semanal que faço do jornal El País de domingo, um artigo com o perfil e excertos em discurso directo de Thilo Sarrazin, despertou-me para uma realidade desconhecida.
Que Angela Merkel havia já declarado que o multiculturalismo na Alemanha estava morto e era preciso enterrá-lo, já o sabia. A Chanceler tinha-o proferido publicamente. Em Portugal, quase ninguém o comentou, embrenhados que estamos em pensar no pão que poderá ainda vir dos bávaros e companhia, esquecendo os lírios sociais que despontam por aquelas bandas.
O artigo a que acima fiz referência aponta uma possível origem para as declarações da senhora Merkel.
Thilo Sarrazin, ex-dirigente do Bundesbank e ex- Ministro das Finanças da cidade de Berlim, publicou no ano passado um livro que continua a gerar muita discussão e polémica – para além de mais de um milhão de exemplares vendidos, coisa pouca…
No campeão de vendas “Deutschland Schafft Sich Ab“, Sarrazin defende a tese de que a Alemanha está à beira da extinção. Esta implosão social está a ser fomentada pela emigração turca, em particular, e pela muçulmana, em geral, defende Sarrazin.
Afirma este senhor que devido à baixa taxa integração social e enorme taxa de natalidade, os emigrantes muçulmanos estão a ameaçar a coesão social alemã.
Contudo, a perigosa retórica de Thilo Sarrazin vai mais longe; a fraca inteligência, originada pelo mau património genético dos emigrantes muçulmanos, está a contaminar a população alemã, sendo responsável pela extinção a que a Alemanha está condenada, afirma Sarrazin, sendo estes emigrantes “o coração do problema”.
Os critérios avaliadores da integração social de um grupo de emigrantes são, para este ainda militante do SPD:
1) o êxito dos jovens dessa comunidade no mercado laboral;
2) os resultados escolares desses jovens:
3) a percentagem de pedidos de apoios estatais por parte dessa comunidade emigrante.
Não li a obra, e pelas amostra impressa no El País não o conto fazer, mas
posso julgar, contudo, que ideias de Sarrazin manifestas no jornal são perigosas.
A saber:
1) que se caracterizem e infiram comportamentos sociais de determinados grupos com base em supostos padrões e tipificações genéticos é uma aberração, quer política, quer social. Acrescento que, à semelhança do que pensa o ex-Chanceler alemão Helmut Schimdt, misturar “tradições civilizacionais com herança genética” é, no meu entendimento, profundamente errado, quer científica, quer eticamente.
2) que uma recente sondagem do jornal sensacionalista alemão Bild, tenha revelado que 18% do inquiridos votaria Sarrazin se este se apresentasse a eleições.
3) as ideias do senhor Sarrazin, acrescenta o artigo do El País, têm vindo a ser profusamente difundidas entre a extrema direita alemã, como seria de esperar, acrescento eu…

Talvez fosse altura de olharmos menos para o pão que poderá ou não vir da Alemanha e mais para algum joio que poderá aparecer misturado naquele hipotético cereal.
Porque nem só de pão vive o homem…

Referências: El País, 20 de Março de 2011, suplemento Domingo, p.8-9.
Imagem: Gustave Courbet, “Les cribleuses de blé”

Fortaleza Europa

Genoese_fortress_in_Sudak_by_inObrAS.jpgOs pastores que não guardavam os seus rebanhos, e os seus cães de guarda, seus dos pastores que às ovelhas mordiam apenas, estão a cair. As rezes revoltaram-se, jogando o jugo para trás.
Os pastos vazios de anos de opressão não chegam agora às rezes sem guia e, como noutros tempos, viram-se para o outro lado do Mediterrâneo, em busca de melhor sorte.
Empurrados para a tolerante Europa, dão de caras com a fortaleza.
A Fortaleza Europa.
“Tunísia, Marrocos, Egito, Bahrei e Iémen continuam num clima de instabilidade e de contestação com os contestatários, liderados pela juventude, exigem profundas reformas políticas e constitucionais e lutam pela instauração da democracia no seu país.”

Referências: Asian Dub Foundation, “Fortress Europe”, Enemy of the Enemy, 2003
Imagem: daqui

1 000 000 000 de dólares

Algumas ideias de como gastar mil milhões de dólares, especulações de diversos cientistas, entre os quais um paleontólogo…
A ver…e a pensar.
O que fazer com este dinheiro?

Não sei se foi a banda sonora oficial destes depoimentos mas poderia-o muito bem ter sido…

Fonte: Scientific American